quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Deliciosa ironia

Ano que vem a Segunda Guerra Mundial completa 80 anos. E vemos estarrecidos o Velho Continente, supostamente mais avançado, educado e culto, voltando a adotar a política da extrema direita.
Uma das pautas visa promulgar leis que proíbam (ou dificulte) a imigração. Mas felizmente existe resistência.

Citando:

A convocação para a manifestação foi lançada inicialmente por 201 personalidades. O objetivo é pressionar o Executivo, que poderá promulgar rapidamente o texto votado na Assembleia Nacional em dezembro, com o apoio do partido de extrema direita Reunião Nacional, exceto censura completa e inesperada do Conselho Constitucional, em 25 de janeiro.

(https://www.diariodocentrodomundo.com.br/franca-se-mobiliza-contra-lei-de-imigracao-proposta-pela-extrema-direita/)

A França,  como outros países ditos desenvolvidos, esqueceu sua história e origens. Todos os países europeus são formados por imigrantes e miscigenados. Tem um filme que mistura comédia e drama, mostrando como seria a vida nos EUA sem os imigrantes.

E Macron tropeçou em outro problema. A baixa natalidade.
Citando:

“A infertilidade aumenta. E eu falo aqui de uma espécie de tabu do século, mas as coisas estão mudando. Fazemos filhos cada vez mais tarde”, declarou o presidente durante seu discurso e coletiva de imprensa no qual apresentou o roteiro de seu novo governo na terça-feira (16).

De fato, segundo o balanço demográfico anual do Insee, entre 2022 e 2023, a natalidade registrou uma queda de 6,6%. Além disso, pela primeira vez, a taxa de fecundidade baixou em todas as faixas etárias, inclusive entre os 30-34 anos, período em que as francesas mais têm filhos.

Diante do balanço, Macron anunciou “um grande plano de luta contra esse problema”. O objetivo, segundo, ele é “permitir um rearmamento demográfico” da França.

(https://www.diariodocentrodomundo.com.br/deixem-nossos-uteros-em-paz-feministas-se-revoltam-com-ideia-de-rearmamento-demografico-de-macron/)

Ah, a delícia da ironia. Os países europeus vão ter que anular as leis contra a imigração, se quiserem continuar a funcionar e produzir.

Parte da constituição humana

O Dia da Religião e do Combate à Intolerância Religiosa é celebrado neste domingo (21). A data, instituída em 2007, é uma homenagem à Iyalorixá Mãe Gilda, fundadora do terreiro de Candomblé Ilê Axé Abassá de Ogum, na Bahia, que enfartou e morreu, em 1999, após ser vítima de ataques de ódio e desrespeito.

Para o doutorando em educação e professor de teologia e filosofia na Universidade Católica de Brasília, Gidalti Guedes, independentemente do ser humano crer ou não crer, a religião – ou a experiência religiosa – faz parte da constituição do ser humano.

"A religião é um fenômeno sociocultural intersubjetivo, onde indivíduos cultivam cada qual sua espiritualidade, mas tendo por objeto a crença na mesma divindade, nos mesmos símbolos, ritos, doutrinas, cosmovisão e mesmo código moral" , diz o teólogo.

Em seus estudos, a partir da filosofia e da psicologia da religião, o professor construiu um conceito de espiritualidade. Segundo Gidalti Guedes, a espiritualidade é uma dimensão constituinte da subjetividade humana, que se desenvolve por meio da capacidade de crer das pessoas, em resposta ao desejo de transcendência e na busca por significado e sentido para a vida.

"A espiritualidade é uma experiência subjetiva do indivíduo, mas quando ele se propõe a eleger como sagrado os mesmos elementos que outros indivíduos [...] , nesse momento nasce a experiência religiosa, como uma experiência intersubjetiva", aponta Guedes.

Em sua análise, o pesquisador afirma que a espiritualidade é algo que todo o ser humano tem e não há importância se ele é ateu ou se possui qualquer religião. Para ele, a espiritualidade é uma forma de cultivar a fé, e ela é um dado antropológico.

Para o doutor em Estudos Orientais e Teologia pela Universidade de Oxford, Vicente Dobroruka, a religião é o conjunto de elementos culturais/simbólicos, que remetem a algum conceito de que o ser humano dispõe para "se entender" com os grandes temas da existência. Esses temas são, por definição, "misteriosos", e carecem de respostas que possam ser dadas pela natureza apenas.

"O ser humano não é só natureza, é também cultura e a religião é uma forma de entender o mundo em sentido amplo e de entender a si próprio", diz Dobroruka.

"Certas religiões podem enfatizar a 'iluminação pessoal', outras a ascese [desenvolvimento espiritual], outras ainda a magia. Mas, em todos os casos, trata-se de dar ao ser humano uma orientação acima do natural – daí 'sobrenatural' – quanto ao modo de se localizar e se entender no mundo" , diz o pesquisador.

Vicente Dobroruka enfatiza que sem a religião, o ser humano não teria tido as mínimas "bússolas" para se orientar no mundo. Para ele, o argumento de que o ser humano não necessita de religião para fazer o que é certo é falacioso, pois "ele acabará recorrendo a algum expediente metafísico para validar sua conduta".

"O ateu convicto e confesso não apenas reforça a ideia de religião [ao se posicionar contra ela], como também tem um conjunto de ideias metafísicas, conscientes ou não, que guiam sua conduta" diz Dobroruka.

O doutor em Estudos Orientais e Teologia Vicente Dobroruka aponta também que o argumento de que a religião seria uma "muleta da qual os sadios não dependem" é enganoso. Para ele, a vida norteada por esta ou aquela religião tende a ser vivida com mais facilidade e talvez, com mais felicidade, de modo geral.

Para o teólogo e professor Gidalti Guedes, a religião é um dos principais, se não o principal elemento, a principal experiência construtora de sentido para a vida, propósito, e significado para a nossa existência enquanto seres humanos.

"Essa construção de sentido, é algo muito importante, inclusive para a saúde. Existem práticas religiosas patogênicas e existem práticas religiosas salutíferas", diz Guedes.

Para ele, as pessoas que cultivam uma experiência religiosa possuem um sentido de vida mais fortalecido e solidificado, "possuem mais resiliência e são mais preparadas para enfrentar as contradições e os dilemas da vida", afirma.

Fonte, citado parcialmente: https://g1.globo.com/google/amp/df/distrito-federal/noticia/2024/01/21/dia-da-religiao-independentemente-de-crer-ou-nao-crer-a-experiencia-religiosa-faz-parte-da-constituicao-do-ser-humano-diz-especialista.ghtml

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Papel de vítima não convence

Mais uma postagem encontrada no Patheos, a página zumbi fundamentalista cristã.

Chryssy Marks escreve:

"Pessoas de diversas origens étnicas e culturas são protegidas contra assédio, intimidação e tratamento injusto. Contudo, os cristãos estão incluídos nesta proteção? Existe protecção suficiente para os indivíduos que se identificam como cristãos viverem abertamente sem medo de preconceitos, assédio verbal ou físico? Parece que nos últimos anos os cristãos têm sido injustamente discriminados e continuam a ser uma população desprotegida."

Como todo colunista cristão, Chryssy esquece do contexto. Onde o cristão é minoria, existe ações que podem ser consideradas "perseguição", mas conhecendo o comportamento cristão, eu entendo essas ações.

"Em 2022, manifestantes contra o aborto invadiram a Basílica de São Patrício, na cidade de Nova York, para protestar contra a decisão tomada pela Suprema Corte. Embora a fé católica seja conhecida pela sua posição sobre o aborto, esta igreja específica não teve nada a ver legalmente com a decisão do Supremo Tribunal."

Chryssy esquece da violência cometida por grupos católicos contra clínicas que faziam aborto. Mais do que uma mera "posição", a ICAR faz lobby político para evitar leis que legalizem ou regulem o aborto. A "posição" da Igreja não é apenas doutrinária, através de grupos conservadores e do cultivo do pânico moral, não querem e não permitem qualquer discussão ou diálogo. Assim, toda propriedade da Igreja é um território legítimo para que as pessoas protestem para terem seus direitos reprodutivos garantidos e respeitados.

"Recentemente, este ano, no Mall of America, em Minnesota, o segurança do shopping pediu a um jovem que tirasse sua camiseta. A camiseta que ele usava dizia 'Jesus é o único caminho'".

Chryssy ignora as regras básicas de convivência.
Isso é grosseria. Isso é arrogância e prepotência.
Eu escrevi algo sobre isso. Uma piada onde é dito que religião é algo pessoal, particular. Não é algo a se exibir em público.
Ou Chryssy iria gostar se alguém aparecesse no bairro onde ela mora com uma camiseta escrito "Satan é o único caminho"? Trate os outros como quer ser tratado.

"As recentes ações voláteis de Audrey Hale causaram alvoroço na comunidade cristã. Para recapitular, Audrey Hale, que se identificou como transgênero, era uma artista e ex-aluna da Covenant School em Nashville, Tennessee. Ela invadiu a escola e matou aleatoriamente três adultos e três crianças."

Isso aconteceu sem que isso tivesse qualquer relação com sua condição de pessoa transgênero. Nem suas vítimas foram alvejadas por qualquer condição específica. Nos EUA, onde o porte e posse de arma é cultural e liberado, tiroteios costumam acontecer cometidos por indivíduos que foram vítimas de bullying. Lembrando que a comunidade LGBT é a mais visada, a que mais sofre violência verbal, moral e física, por causa da homofobia inerente no Cristianismo, Hale pode realmente ser a única culpada?
Chega a ser hilário o ato falho da Chryssy ao perguntar:

"Se um cristão entrasse num ambiente LGBTQ+ e matasse seis indivíduos aleatoriamente, isso seria considerado um crime de ódio?"

Sim, é crime de ódio. Porque tem relação com a condição de quem cometeu o crime. Porque as vítimas foram alvejadas por causa de uma condição específica.
A Chryssy não se dá conta disso. Nem o Patheos.

Racismo religioso

A Delegacia de Combate à Intolerância de Porto Alegre está investigando pichações feitas na estátua da Mãe Oxum, divindade venerada por religiões de matriz africana na capital gaúcha.

Na última segunda-feira (21), inscrições em tinta branca no pilar do monumento proferiam mensagens como “Cristo vive” e “pagão”. A placa de identificação da estátua também foi vandalizada, formando a frase “monumento pagão”. A Federação das Religiões Afro-Brasileiras (Afrobras), responsável pelo monumento, informou que as pichações foram descobertas na data mencionada.

Em 2023, a estátua foi incluída no patrimônio histórico-cultural de Porto Alegre por meio de uma lei municipal. O presidente da Afrobras, José Antônio Salvador, classificou o episódio como uma “barbárie inadmissível” e registrou um boletim de ocorrência, categorizando-o como intolerância religiosa.

Fonte, citado parcialmente: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/racismo-religioso-monumento-de-mae-oxum-e-vandalizado-no-rs-cristo-vive/

Nota: existe lei que pune a intolerância religiosa. Só falta aplicar. Quando começar a prender gente, pode ter certeza que o cristão vai ficar choramingando que isso é perseguição religiosa e repressão contra a liberdade de expressão.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Abandonado pela Universal

Demitido da Record no final do ano passado, Arnaldo Duran revelou ter doado quase R$ 1 milhão para a Universal no período em que trabalhou na emissora. Em entrevista à coluna de Fábia Oliveira, do Metrópoles, o jornalista disse que acreditava no que a religião pregava e, por isso, realizou serviços voluntários nas igrejas e participou de ações publicitárias.

“Eu dava dinheiro pra Igreja Universal porque fui enganado, acreditava no que eles falavam, achava que era sério aquele negócio lá. Então, todo mês antes de pegar um centavo do meu salário, eu fazia um TED ou DOC do dízimo. E sempre dava a mais do que os 10%. Porque eles sempre pregavam dar mais”, contou.

O jornalista estima que doou quase R$ 1 milhão para a Universal, embora apenas metade desse valor tenha recibos, já que parte das contribuições foi feita em espécies: “Tenho tudo com recibo, fora o dinheiro que eu dava sem recibo. Grande parte era com recibo do banco. Doei o dinheiro porque acreditava muito no que eles falavam. Só depois que descobri que aquilo é uma grande mentira”.

O ex-funcionário da Record disse que fazia trabalhos para a igreja, como apresentações de programas e gravações de vídeos, porém, era necessário efetuar um pagamento se quisesse ter acesso ao resultado do seu trabalho. Arnaldo Duran ainda relatou que teve cheques protestados pela igreja.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/arnaldo-duran-diz-ter-doado-quase-r-1-milhao-para-a-universal-fui-enganado/

Papo verde

As plantas utilizam compostos transportados pelo ar para se comunicar e proteger, finos e invisíveis para nós. Funcionando como uma espécie de “cheiro”, eles servem para repelir herbívoros e avisar plantas vizinhas da chegada dos atacantes. A ciência conhece esse método desde pelo menos os anos 1980, descobrindo, desde então, pelo menos 80 espécies que apresentam o comportamento.

O que não havíamos visto, ao menos até agora, era a comunicação das plantas acontecendo ao vivo e a cores — cientistas da Universidade de Saitama, no Japão, desenvolveram uma técnica para mostrar, em tempo real, o recebimento e a resposta de espécimes ao alarme aéreo dado por suas companheiras de flora. Apesar de sabermos como as mensagens eram enviadas, essa é a primeira vez que vemos como elas são recebidas.

Para revelar o funcionamento do sistema, biólogos moleculares desenvolveram um mecanismo que joga compostos químicos emitidos por folhas de tomate e de Arabidopsis thaliana — uma erva da família da mostarda — sendo atacadas por lagartas-desfolhadoras (Spodoptera litura) até vizinhas próximas.

As receptoras foram modificadas geneticamente para ter biossensores que brilham em verde fluorescente quando detectam a chegada de íons de cálcio (algo que as células humanas também usam para se comunicar) para verificar as mudanças causadas pela mensagem. Através de um microscópio especial, foi possível gravar tudo, como você pode ver no vídeo acima.

Embora o processo não tenha sido natural — já que os compostos foram se acumulando em uma garrafa e foram jogados às plantas não ameaçadas constantemente —, isso permitiu que os cientistas observassem quais compostos químicos estavam presentes na mensagem de perigo.

As plantas receberam a mensagem em alto e bom “cheiro”, sinalizando com cálcio rapidamente através das folhas. Além de identificar os compostos Z-3-HAL e E-2-HAL, responsáveis pela indução dos sinais de cálcio, os pesquisadores também descobriram quais células respondem primeiro ao aviso de perigo, já que colocaram sensores fluorescentes em células-guarda, mesófilas e da epiderme.

Células-guarda têm um formato de feijão e se formam ao redor dos estômatos, pequenos poros que se abrem para a atmosfera quando as plantas “respiram” C02. Já as células mesófilas são o tecido interno das plantas, e as da epiderme ficam na parte mais externa, a “pele” das folhas. As células-guarda, ao receber os compostos Z-3-HAL, geraram os sinais de cálcio dentro de cerca de um minuto após as mesófilas absorverem a mensagem.

Ao tratar previamente as plantas com fitormônios (hormônios vegetais) que fecham os estômatos, a sinalização de cálcio diminui significativamente, mostrando que os estômatos são, de fato, as “narinas” das plantas. Segundo os cientistas, agora sabemos quando, como e onde as plantas respondem aos sinais de aviso — algo essencial para sobreviver rapidamente a ataques e garantir a permanência das espécies na natureza.

Fonte: https://canaltech.com.br/amp/meio-ambiente/video-mostra-plantas-conversando-em-entre-si-em-tempo-real-276043/

Nota: viu só, malvado vegano? Plantas sentem, conversam. E você aí, comendo partes esquartejada delas.🤭😏

Lei goiana é tortura

A lei sancionada pelo governo de Goiás obrigando a mulher grávida a ouvir os batimentos do feto antes do aborto viola a Constituição e representa uma “tortura”, segundo avaliação da Comissão da Mulher Advogada (CMA) da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil do estado (OAB-GO). A legislação polêmica entrou em vigor na última quinta-feira (11/1).

“É uma violência institucional, revitimiza a vítima, e é um tratamento desumano, uma verdadeira tortura”, avalia Fabíola Ariadne Rodrigues Oliveira, presidente da CMA da OAB-GO. A lei nº 22.537/2024 diz que o Estado deve fornecer o exame de ultrassom contendo os batimentos cardíacos do nascituro para a mãe, como “conscientização contra o aborto”.

Atualmente, há casos em que não há crime em realizar o aborto, como quando a mulher tem uma gestação fruto de estupro. Com a lei de Goiás, até mesmo moradoras do estado que engravidarem em decorrência de uma violência sexual teriam que ser “conscientizadas” contra o aborto, sendo submetidas a um ultrassom com as batidas do coração do feto.

Além de ver violência na legislação, a presidente da Comissão da Mulher Advogada entende que o texto é inconstitucional. “Ela viola diversos princípios constitucionais, como o da dignidade humana; a cidadania; a liberdade; a proibição de tortura ou o tratamento desumano e degradante; a saúde e o planejamento familiar das mulheres e os direitos sexuais e reprodutivos”, cita Fabíola.

A advogada também lembra que a lei vai contra a Norma Técnica de Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual Contra Mulheres e Adolescentes do Ministério da Saúde. “A Comissão da Mulher Advogada, ao tomar conhecimento, imediatamente começou uma análise da lei, um estudo com parecer recomendando a interposição de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), ao mesmo tempo que comunicamos a problemática à Diretoria da OAB.”

A diretoria da OAB-GO, juntamente com o Conselho Seccional, deve decidir sobre a propositura da ação e se posicionar nos próximos dias.

A lei polêmica

A legislação é autoria do ex-deputado estadual Fred Rodrigues (DC), hoje cassado, e traz uma série de determinações para se instituir a “Campanha de Conscientização contra o Aborto para as Mulheres no Estado de Goiás”.

O trecho mais polêmico da lei diz que o Estado deve fornecer o exame de ultrassom contendo os batimentos cardíacos do nascituro para a mãe, mas não deixa claro a partir de quando os hospitais vão começar a obrigar as grávidas a ouvir o coração do feto, informando que a medida será fornecida “assim que possível”.

A legislação também estabelece a data de 8 de agosto como Dia Estadual de Conscientização contra o Aborto, prevê “palestras sobre a problemática do aborto” e seminários, mobilizações e outras atividades sobre os “direitos do nascituro, o direito à vida e as imputações penais no caso de aborto ilegal”.

Em outro trecho, a lei estabelece como obrigação do Estado “estimular a iniciativa privada e ONGs” para recomendar “a manutenção da vida do nascituro” às mulheres grávidas que manifestem o desejo de abortar.

A legislação adotada no Brasil sobre o tema é de 1940. De acordo com o artigo 128, incisos I e II do Código Penal, ao aborto pode ser feito quando a gravidez representa risco para a vida da mulher e em casos de estupro/violência sexual. Também há permissão em caso de anencefalia, diante do julgamento da arguição de descumprimento de preceito fundamental 54 pelo STF.

Fonte: https://www.metropoles.com/brasil/comissao-da-oab-diz-que-lei-para-mae-ouvir-coracao-do-feto-e-tortura/amp

Marsha Trans no DF

Brasília será palco da primeira 'Marsha' Trans Brasil no dia 28 de janeiro. Organizada pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), a mobilização agrega mais de 40 instituições apoiadoras e pretende mobilizar a maior ocupação feita por pessoas trans e travestis do país. A concentração começa às 13h, em frente ao Congresso Nacional e segue em cortejo até a altura do Museu Nacional da República.

O Dia da Visibilidade Trans no Brasil completa 20 anos de celebração em 29 de janeiro e a organização convoca pessoas trans e travestis, toda a comunidade LGBTQIAP+ e pessoas aliadas para ocupar as ruas próximas ao centro do poder na capital do país. A mobilização tem como madrinhas as parlamentares Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG), as primeiras deputadas federais trans do Brasil.

A 'Marsha' recebe essa grafia em homenagem à ativista Marsha P. Johnson, ativista trans negra, artista e profissional do sexo, que foi uma das figuras mais proeminentes do movimento pelos direitos LGBTQIA+ nas décadas de 1960 e 1970, em Nova York.

De acordo com a organização da mobilização, entre as pautas da 'Marsha' estão o direito à educação, saúde pública, segurança, memória e acesso à Justiça e também a luta contra o novo RG, que reforça violências contra pessoas trans.

Fonte, citado parcialmente:  https://www.brasildefato.com.br/2024/01/22/brasilia-recebe-primeira-marsha-trans-do-brasil

domingo, 28 de janeiro de 2024

Hospital tem que ser laico

Durante conversa com a médica no Hospital São Camilo, em São Paulo, a comunicadora Leonor Macedo, 41, foi informada que o procedimento de inserção do DIU (dispositivo intrauterino) não poderia ser realizado ali devido aos valores religiosos da instituição.

"Fiquei em choque", afirmou Macedo, que contou sobre o caso no X (antigo Twitter). Após o relato viralizar, a instituição respondeu à publicação que, de fato, por diretriz institucional o local não realiza procedimentos contraceptivos tanto em homens quanto em mulheres.

"Quando é assim, orientamos que a pessoa busque a rede referenciada do seu plano de saúde que tenha esse procedimento contemplado", explicou o hospital na rede social.

Além da explicação pública, Macedo afirma que foi contatada pela instituição por telefone, que explicou que não se tratava de uma questão de gênero, uma vez que homens que procuram o hospital para fazer vasectomia também não são atendidos.

Ela foi informada ainda que o hospital autorizaria a inserção do DIU apenas em casos graves de saúde, como endometriose.

Em nota à reportagem, o hospital reafirma que, por ser uma instituição "confessional católica tem como diretriz não realizar procedimentos contraceptivos, em homens ou mulheres. Tais procedimentos são realizados em casos que envolvam riscos à manutenção da vida".

No documento, a instituição afirma que pacientes que procuram a Rede de Hospitais São Camilo e não apresentam riscos à saúde são orientados a buscar na rede referenciada do plano de saúde para encontrar hospitais que tenham esse procedimento contratualizado.

Após o relato na rede social, Macedo conta que teve dificuldade de tornar pública sua história, uma vez que recebeu críticas de pessoas que aprovaram a postura do hospital. "É uma hostilidade tremenda, o que torna difícil para que outras mulheres relatem ou denunciem o que passam nos consultórios", diz ela.

A reportagem procurou o Ministério da Saúde, que informou que não vai comentar sobre o caso, uma vez que o hospital é privado e não tem vínculo com a rede conveniada pública. A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo também foi procurada, mas não respondeu até a publicação desta reportagem.

Para o advogado Henderson Fürst, presidente da Comissão de Bioética da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil, seção São Paulo), a determinação do hospital é inconstitucional, fere direitos humanos e também fere a liberdade dos profissionais de medicina.

Fürst explica que a orientação viola o Código de Ética Médica, que estabelece que não só a questão da autonomia do médico, mas também determina que profissionais de medicina devem propor aos seus pacientes o melhor tratamento disponível. "O direito à saúde inclui também o direito ao planejamento familiar", diz.

"É um absurdo esse cerceamento que se faz a direitos de pacientes e da atuação dos profissionais de saúde", diz ele.

Fürst relembra que o planejamento familiar está previsto na Constituição Federal. Por fim, isso também viola direitos humanos. "O fato de ser um hospital confessional não pode cercear qualquer técnica que viabilize direitos fundamentais de saúde e que viabilize o planejamento familiar, que também é um direito de saúde, que também é um direito fundamental."

O advogado afirma ainda que a os preceitos religiosos não podem superar os preceitos do direito sanitário brasileiro. "Imaginemos o oposto. Uma religião que seja contra transfusão de sangue venha abrir um hospital. Nesse hospital só se poderiam fazer procedimentos sem transfusão de sangue? Isso é um hospital que está fadado a um cerceamento do exercício da ciência da saúde. E é o que está sendo feito neste caso."

O DIU é um pequeno dispositivo que, introduzido no útero, impede a fecundação ou a fixação do óvulo fecundado. Há dois tipos de DIUs no mercado, o de cobre e o hormonal. No primeiro caso, uma das desvantagens é a possibilidade de aumentar o fluxo menstrual. No segundo, é comum que cólicas e o fluxo diminuam.

Para Fatima Marinho, pesquisadora da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e assessora sênior da Vital Strategies, negar as mulheres o uso de métodos contraceptivos é um retrocesso. "Métodos modernos são seguros e não são abortivos, a necessidade da mulher ou do casal ter um planejamento familiar é um direito", diz ela.

Marinho aponta que, apesar de o DIU ser um dos métodos contraceptivos de longa duração com maior eficácia, apenas duas em casa 100 brasileiras utilizam o dispositivo.

A pesquisadora explica que, em geral, há desinformação sobre o DIU -um mito é de que seria abortivo. "O DIU moderno impede a fecundação do óvulo, nesse sentido não é abortivo. Os motivos religiosos também pesam devido ao mito do aborto e a crença de que não se deve usar métodos contraceptivos que não sejam os 'naturais', ou seja, os que tem menor eficácia", explica ela.

Marinho cita que, ao longo dos anos, governos desenvolveram políticas de saúde para garantir esses direitos e promover o planejamento familiar. Como resultado, a Pesquisa Nacional de saúde de 2019 mostrou que mais de 80% das mulheres de entre 18 e 49 anos disseram usar algum método contraceptivo.

"A atitude do São Camilo ecoa a negativa do governo do Brasil em 2019 de não assinar o documento da Organização Mundial de Saúde (OMS), que firmava compromissos sobre a saúde sexual e reprodutiva das populações", lembra ela.

A pesquisadora calcula que, mesmo com o alto uso de método contraceptivos no Brasil, mais da metade das gestações não são planejadas ou são indesejadas.

"Existem muitas falhas no uso de métodos de curta duração, como os contraceptivos hormonais orais, preservativos, diafragma, tabela e contraceptivo de emergência, porque as mulheres esquecem de tomar a pílula, não compraram, esquecem o diafragma, erram na tabelinha, entre outros motivos", diz ela.

Para a pesquisadora, a postura da rede de hospitais contribui para o aumento das gestações indesejadas e dos abortos induzidos pela gravidez não desejada, estresse e depressão, quando negam o uso do DIU ou outros métodos contraceptivos de longa duração.

"O esforço para garantir o direito ao planejamento familiar deve ser de todos na área da saúde. Não é uma questão de implantar ou não um DIU por convicção, mas de proteger a saúde das mulheres", diz.

(CLÁUDIA COLLUCCI E ISABELLA MENON/FOLHAPRESS)

Fonte: https://www.otempo.com.br/mobile/brasil/hospital-se-recusa-a-colocar-diu-em-paciente-e-alega-questoes-religiosas-1.3317371

Nota: aqui começa a campanha. Hospital tem que ser laico. Hospital, seja público ou particular, que se recusar a executar um procedimento por razões religiosas tem que ser descadastrado.

A crueldade da Igreja

Em 1766, em Abbeville, na França, um adolescente foi acusado de cantar canções que zombavam da Virgem Maria, danificar um crucifixo e permanecer de chapéu enquanto passava uma procissão.

Criticar a Igreja dava pena de morte.

O garoto Chevalier de La Barre,19, foi condenado a ter a língua cortada e a mão direita decepada, e a ser queimado na fogueira.

O escritor Voltaire tentou salvá-lo. O caso foi levado ao Parlamento de Paris.

O clero exigia a pena de morte, e o Parlamento mostrou misericórdia: sugeriu que o jovem fosse apenas decapitado.

Ainda assim, La Barre foi torturado para que se extraísse dele alguma confissão de pacto com o Satanás.

A decapitação ocorreu no dia 1º o daquele ano, o seu corpo queimado com um exemplar do Dicionário Filosófico, de Voltaire.

O caso passou para a história como intolerância religiosa do governo francês e se tornou um símbolo do combate à injustiça e à opressão durante o Iluminismo.

Com informação do livro Perseguições Religiosas, de James. A. Haught, e de outras fontes.

Publicado em: https://www.paulopes.com.br/2024/01/franca-de-1766-jovem-e-decapitado-sob.html

Desrespeito e intolerância

Na tarde desta segunda-feira (22), a Prefeitura de Vitória da Conquista foi informada sobre um possível ato de intolerância religiosa. De acordo com as informações recebidas pela Coordenação Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Coopir), vinculada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes), um indivíduo não identificado estava desamarrando e retirando os ojás dos troncos de árvores da praça Tancredo Neves e também na área em frente à Prefeitura.

O ojá é um tecido considerado sagrado entre os adeptos das religiões de matriz africana. Uma forma de utilizá-lo é amarrá-lo em árvores, pois, para os praticantes dos cultos afro-brasileiros, a natureza é sagrada. Em Vitória da Conquista, os tecidos brancos foram amarrados na noite do último sábado (20), durante a tradicional Alvorada dos Ojás, de modo a simbolizar as comemorações pelo Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado em 21 de janeiro. O ato foi coordenado pela Rede Caminho dos Búzios e apoiado pelo Governo Municipal.

A Coopir já solicitou à Guarda Municipal as imagens feitas pelas câmeras de monitoramento, a fim de identificar o responsável pelo ato e tomar as providências necessárias. A equipe do setor também entrou em contato com a yalorixá Mãe Graça, coordenadora da Rede Caminho dos Búzios, orientando-a a ir à Polícia e registrar um boletim de ocorrência.

Enquanto analisa as imagens do ocorrido, o Governo Municipal e a Rede Caminho dos Búzios discutem sobre a realização de ações conjuntas com o objetivo de denunciar o ato e reforçar a luta por tolerância e respeito à diversidade de crenças. “Agora, é aguardar com prudência o desenrolar dos fatos e reforçar as ações de combate à intolerância religiosa”, reforça Ricardo Alves.

Para a coordenadora da Caminho dos Búzios, a yalorixá Mãe Graça, as religiões de matriz africana precisam continuar com suas ações. “Isso aí é a prova cabal de que realmente a nossa religião é altamente perseguida e isso não é a primeira vez que acontece”, disse. Conforme destacou, em outras ocasiões já colocaram fogo em um ojá, cortaram e jogaram no espelho d’água da Tancredo Neves.

Para ela, essas atitudes demonstram a intolerância religiosa e o ódio aos praticantes dos cultos afro-brasileiros. “É um absurdo isso. Vamos dar queixa na delegacia e tentar a identificação desse pessoal, mas, de qualquer forma, tomaremos nossas providências”, declarou.

Fonte: https://www.pmvc.ba.gov.br/ojas-desamarrados-prefeitura-e-rede-caminho-dos-buzios-vao-investigar-possivel-ato-de-intolerancia-religiosa/

Realidade alarmante

Um levantamento conduzido pelo perfil Brasil em Mapas revelou que Mato Grosso do Sul está entre os três estados brasileiros com um número maior de igrejas evangélicas em comparação com escolas públicas.

Essa análise se baseou nos dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os números indicam que o estado possui 64,6 templos evangélicos para cada 100 mil habitantes, enquanto, em contrapartida, há apenas 55,7 escolas públicas na mesma proporção.

Mato Grosso do Sul ocupa a terceira posição nesse cenário, ficando atrás apenas do Espírito Santo (93,4) e do Rio de Janeiro (86,7).

Vale ressaltar que o último censo que abordou a classificação religiosa da população brasileira foi realizado em 2010, revelando que 648.831 indivíduos se identificaram como evangélicos na época.

Os números divulgados dão conta que no Brasil são inauguradas, em média, 17 igrejas evangélicas por dia, superando até mesmo a abertura diária de empresas, que totaliza 16 empreendimentos. A pesquisa destaca o crescimento progressivo das instituições religiosas evangélicas no país.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/no-mato-grosso-do-sul-numero-de-igrejas-evangelicas-supera-o-de-escolas/

sábado, 27 de janeiro de 2024

Contabilidade mórbida

Em todo o ano passado, 257 pessoas LGBTQIA+ tiveram morte violenta no Brasil. Isso significa que, a cada 34 horas, uma pessoa LGBTQIA+ perdeu a vida de forma violenta no país, que se manteve no posto de mais homotransfóbico do mundo em 2023. O dado foi divulgado neste sábado (20) pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), a mais antiga organização não governamental (ONG) LGBT da América Latina.

Há 44 anos, a ONG coleta dados sobre mortes por homicídio e suicídio dessa população LGBTQIA+ por meio de notícias, pesquisas na internet e informações obtidas com parentes das vítimas.

O número, no entanto, pode ser ainda maior. Segundo a ONG, 20 mortes ainda estão sob apuração, o que poderia elevar esse número para até 277 casos. “O governo continua ignorando esse verdadeiro holocausto que, a cada 34 dias, mata violentamente um LGBT”, disse o antropólogo Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia.

Do total de mortes registradas pelo Grupo Gay da Bahia, 127 se referiam a pessoas travestis e transgêneros, 118 eram gays, nove foram identificadas como lésbicas e três, como bissexuais. “Pela segunda vez em quatro décadas, as [mortes de] travestis ultrapassaram em número absoluto a dos gays. Isso é preocupante porque travestis e transexuais representam por volta de 1 milhão de pessoas e os gays representam 10% da população do Brasil, cerca de 20 ou 22 milhões de pessoas. Então, a chance ou o risco de uma trans ou travesti ser assassinada [no país] é 19 vezes maior do que para um gay ou uma lésbica”, ressaltou Mott.

O relatório da ONG revela ainda que a maioria das vítimas (67%) era de jovens que tinham entre 19 e 45 anos quando sofreram a morte violenta. O mais jovem deles tinha apenas 13 anos e foi morto em Sinop, Mato Grosso, após uma tentativa de estupro.

Dentre essas mortes, 204 casos se referiam a homicídios e 17 a latrocínios. O Grupo Gay da Bahia também contabilizou 20 suicídios, seis a mais do que foram registrados em 2022.

Para a ONG, esses números alarmantes reforçam a urgência de ações e políticas públicas efetivas para combater a violência direcionada à comunidade LGBTQIA+. A começar pela contabilização oficial dessas mortes. “O Grupo Gay da Bahia sempre solicitou ou reivindicou que o poder público se encarregasse das estatísticas de ódio em relação a LGBT, negros e indígenas. Mas, infelizmente, nem o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] incluiu os LGBTs no seu cnso de forma sistemática e universal, e muito menos as delegacias e secretarias de Segurança Pública deram conta de registrar, em nível nacional, todas as violências de assédio, bullying, espancamento e mortes de LGBT”, disse Mott.

“Consideramos que essa ausência do poder público em garantir a segurança da população LGBT é um dado grave, reflexo da homofobia e homotransfobia institucional e estrutural. E a inexistência de dados oficiais, que permitiriam políticas públicas mais eficientes, também é um dado que reflete homofobia e transfobia estrutural, institucional e governamental”, acrescentou.

O Grupo Gay da Bahia enfatiza que é importante esclarecer essas mortes. “Infelizmente, as autoridades policiais conseguiram elucidar os autores de apenas 77 casos de mortes violentas”, informou o relatório. “Esse quadro reflete a falta de monitoramento efetivo da violência homotransfóbica pelo Estado brasileiro, resultando inevitavelmente na subnotificação, representando apenas a ponta visível de um iceberg de ódio e derramamento de sangue.”

Fonte, citado parcialmente: https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2024-01/brasil-e-o-pais-mais-homotransfobico-do-mundo-diz-grupo-gay-da-bahia#:~:text=Em%20todo%20o%20ano%20passado,homotransf%C3%B3bico%20do%20mundo%20em%202023.

Nota: a notícia não aborda possíveis causas, mas eu aponto para o discurso de ódio, a homofobia, contida nos discursos de padres e pastores.

Alemães querem proibir extrema direita

Os protestos contra o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) estão ganhando força após a divulgação de que dois membros do alto escalão do partido participaram de uma reunião para discutir planos de deportação em massa de cidadãos de origem estrangeira.

Embora o partido há muito tempo se oponha aos imigrantes, as propostas de deportação de "cidadãos não assimilados" para "um Estado modelo no norte da África", relatadas pelo canal Correctiv, atingiram um ponto sensível na Alemanha. Alguns os compararam ao plano inicial dos nazistas de deportar os judeus europeus para Madagascar.

"O limite já foi ultrapassado há muito tempo", disse o manifestante Stephan Kalsh em uma manifestação em Colônia na noite de terça-feira, onde muitos manifestantes pediram que o partido fosse banido.

Essa foi a última de uma onda de protestos em todo o país que atraiu dezenas de milhares de pessoas desde que a história foi divulgada na semana passada. Alguns contaram com a presença de autoridades de alto escalão, como o chanceler Olaf Scholz e a ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock.

O AfD, que está em segundo lugar nas pesquisas nacionais, negou que os planos sejam uma política do partido. A co-líder Alice Weidel demitiu um de seus assessores que participou das conversas.

Ainda assim, o chefe de espionagem interna da Alemanha, Thomas Haldenwang, alertou sobre movimentos extremistas dentro do AfD, que está sob vigilância de segurança.

Os relatos sobre os planos atraíram a condenação generalizada de líderes políticos e de segurança. Scholz fez um apelo aos democratas para se posicionarem contra os "fanáticos" de extrema-direita, enquanto Haldenwang pediu que a "maioria silenciosa" acordasse.

Imagens de milhares de cidadãos enfrentando temperaturas abaixo de zero e neve para protestar contra o AfD em cidades de todo o país sugerem que eles podem estar acordando.

"Nazistas, não, obrigado", "Parece 1933, banimento da AfD agora!" e "Investiguem o banimento da AfD" eram as faixas em um protesto em Berlim na última sexta-feira.

Outros protestos foram programados para o final da quarta-feira em Berlim e para a sexta-feira em Hamburgo.

Na terça-feira, Weidel atacou o que ela chamou de uso do relatório Correctiv para deturpar o AfD. Ela disse que o partido pretendia esgotar todos os meios legais para evitar a imigração ilegal, restringir as nacionalizações e deportar os imigrantes suspeitos de terrorismo.

"Quem tem cidadania alemã pertence, sem dúvida, à nação alemã", disse Weidel em uma coletiva de imprensa. "E é exatamente por isso que a cidadania alemã não pode ser vendida a preço baixo e distribuída com um regador."

O partido passou a se mobilizar mais neste ano, antes das eleições para o Parlamento Europeu e das três eleições estaduais no leste da Alemanha em setembro, onde está em primeiro lugar nas pesquisas. Espera-se que isso torne muito mais difícil para os partidos tradicionais, que descartaram a possibilidade de trabalhar com o AfD, formar governos viáveis.

O apoio ao AfD, que tem 11 anos de existência, aumentou muito no último ano, pois capitalizou o descontentamento com a forma como a coalizão governista lidou com uma série de crises, desde a guerra na Ucrânia e a inflação até os serviços públicos sobrecarregados pela imigração.

As brigas públicas internas tornaram o governo de Scholz um dos menos populares da história moderna da Alemanha.

Ainda não há evidências de que o relatório Correctiv tenha prejudicado o apoio ao AfD, que permaneceu estável nas pesquisas divulgadas esta semana.

Analistas políticos afirmam que a força do AfD já influenciou o debate político, contribuindo para uma política e retórica mais rígidas em relação à imigração irregular.

Nesta semana, os políticos discutiram a possibilidade de pedir ao tribunal constitucional que proíba o AfD, embora a maioria tenha concordado que isso poderia não dar certo. Os obstáculos para uma proibição são grandes e o partido poderia ganhar ao se apresentar como vítima do establishment.

Fonte: https://www.brasil247.com/mundo/protestos-pedindo-proibicao-de-partido-de-extrema-direita-ganham-forca-na-alemanha

Nota: que a proibição seja mundial.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

PUC inaugura acervo LGBT

Em 2021 e 2022 foram lançadas as coleções temáticas negra e indígena na Universidade. O projeto das bibliotecas temáticas surge a partir de reivindicações dos estudantes e de reflexões realizadas no Grupo de Trabalho da Inclusão Social da PUC-SP, organizado pela Pró-Reitoria de Cultura e Relações Comunitárias, em parceria com a Biblioteca Central da PUC. Desde 2018, a ProCRC promove a interlocução com coletivos de estudantes, docentes e funcionários para discutir e atuar em temas de inclusão social, racial, de gênero e orientação sexual, assim como das deficiências e da saúde mental. Uma das demandas abordadas no grupo foi, justamente, a falta de obras de autores(as) negros(as), indígenas e Lgbtqiap+ na Biblioteca da PUC-SP.

A composição da coleção negra teve início em 2020, com um acréscimo de cerca 70 títulos às obras de autores negros já disponíveis na Biblioteca da PUC-SP. Este primeiro e significativo acréscimo foi obtido por meio de valores residuais do fundo de campanha da chapa que concorreu e saiu vencedora à Reitoria 2020-2024, a “PUC-SP somos todos”.

O histórico mais detalhado do projeto se inicia em 2018, com uma série de reivindicações à Reitoria feitas pelo Coletivo de estudantes negros (as): Negrassô. De acordo com o professor Pedro Aguerre, Assistente Especializado da ProCRC, a marca desses acervos é seu caráter participativo, tendo a sua curadoria compartilhada com a comunidade acadêmica”. “Os acervos contemplam obras de autoria negra, indígena e Lgbtqiap+ fundamentais na contemporaneidade e tem um caráter dinâmico, pois irão acolhendo novas obras, de acordo com as demandas dos projetos pedagógicos dos cursos e disciplinas”, afirma.

O docente ressalta ainda que, embora não ultrapasse algumas centenas de títulos, o acervo “organiza uma base epistemológica concreta, trazendo perspectivas críticas aos saberes tradicionais, os quais muitas vezes reproduzem valores de uma sociedade de forte fundo escravista e patriarcal, visibilizando autorias que, reagindo à sua invisibilização, marcam uma relevante renovação na produção científica e na literatura contemporâneas”. Levantamento feito pela Coordenação de Bibliotecas mostra que o acesso aos títulos da coleção negra teve evolução positiva, chegando, em 2022 e 2023 a 235 e 208, respectivamente.

O acervo indígena, composto por obras adquiridas pela PUC-SP e um conjunto de obras doadas pelo professor Benedito Prézia, ex-coordenador do Programa Pindorama, foi supervisionado pelo então assessor da ProCRC, professor Álvaro Gonzaga, da Faculdade de Direito. Lançado em 2022, o objetivo foi disponibilizar produções bibliográficas contemporâneas de temática e epistemologias indígenas, produzida preferencialmente por autorias indígenas, disponibilizando obras que possam contribuir nas disciplinas e nos programas dentro das áreas epistemológicas de atuação da Universidade.

Para a Pró-Reitora de Cultura e Relações Comunitárias, professora Mônica de Melo “temos que lembrar da importância de se constituir um processo, no Brasil e na América Latina, de decolonialidade, no qual a universidade nos leve a repensar a produção científica, que é eurocentrada, e requer de nós ações para dar visibilidade a autores e autoras indígenas”. Mais recente, esse acervo já vem sendo mais conhecido e utilizado pela comunidade acadêmica.

Por fim, em 2023 foi dado mais um passo, com a organização, pela comunidade LGBTQIAP+ da PUC-SP, de um terceiro acervo, favorecendo a circulação de saberes e conhecimentos relevantes não só para as agendas de produção científica, mas também como política de visibilidade, trazendo autorias de pessoas Lgbtqiap+ e fortalecendo o combate aos preconceitos e discriminações relacionados às questões de gênero e orientação sexual.

Para tanto, a docente Carla Cristina Garcia e a pesquisadora doutoranda Lucas Silva Dantas, que integra o Coletivo Trans da PUC-SP, e que atuam nessas agendas de pesquisa, foram convidadas para assumir a curadoria, em diálogo com coletivos e pesquisadores(as) da área. Assim, chegou-se a uma listagem de 64 títulos, que, após cotejo com o acervo geral, cotação e posterior aprovação pelo Consad, foram adquiridos pela Biblioteca Central e colocados à disposição da comunidade. Foi verificado, da mesma forma, que seus títulos já começaram a ser consultados e utilizados. Em breve, será programado evento de lançamento dessa terceira biblioteca temática, permitindo compartilhar com a comunidade acadêmica, reflexões sobre seu papel e importância.

Esses acervos se somam às inúmeras obras de referência nessas áreas e podem ser localizados no Portal Busca Integrada da Biblioteca. Para identificar e conhecer os acervos, basta escrever o nome da biblioteca no Portal (“biblioteca negra”, “biblioteca indígena”, “biblioteca Lgbtqiap+”) e acessar os títulos, permitindo fazer a reserva. O acervo das obras está disponível na Biblioteca do Câmpus Monte Alegre ou por Emprestimo entre bibliotecas, em todos os campi da universidade.

Segundo o Coordenador de Bibliotecas, Pedro Maricato, a iniciativa de constituição dos acervos temáticos, pode ser compreendida como política de visibilidade e valorização da diversidade na universidade, de incorporação de outras perspectivas epistemológicas, assim como para apoiar iniciativas de combate à discriminação, disponibilizando títulos relevantes para a produção acadêmica contemporânea. Dessa forma, contribui para avançar cada vez mais na construção de uma sociedade e Universidade inclusiva, multicultural e igualitária.

Texto escrito pelo prof. Pedro Aguerre.

Fonte: https://j.pucsp.br/noticia/puc-sp-inaugura-acervo-bibliografico-de-tematicas-e-autorias-lgbtqiap

Nota: eu encontrei essa notícia primeiro em uma página direcionada aos cacatólicos, fazendo escândalo e pânico moral. Esse preconceito e intolerância têm que acabar.

Picaretas em pânico

Duas notícias relacionadas.
Citando:

O Ministério da Fazenda, por meio do Secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, acabou com a isenção eleitoreira decretada por Jair Bolsonaro (PL) sobre ganhos de ministros de confissão religiosa, no qual se incluem os pastores.

O benefício fiscal se deu no dia 29 de Julho de 2022, às vésperas da eleição presidencial, junto à série de medidas eleitoreiras e desesperadas tomadas por Bolsonaro diante da iminente derrota na disputa contra Lula.

A medida, intitulada Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 1, previa a isenção de impostos em salários e remunerações pagas pelas igrejas aos pastores.

A medida, proposta por Bolsonaro, foi assinada pelo então secretário da Receita Federal Júlio Cesar Vieira Gomes, que atuou na tentativa de liberar as joias recebidas pelo ex-presidente que foram apreendidas pela alfândega no Aeroporto de Guarulhos. A isenção aos pastores virou alvo de investigação do Tribunal de Contas da União (TCU). Vieira Gomes foi exonerado da Receita no ano passado.

(https://revistaforum.com.br/politica/2024/1/17/governo-acaba-com-iseno-eleitoreira-de-bolsonaro-pastores-lideres-religiosos-152360.html)

A senadora bolsonarista Damares Alves (Republicanos-PR) foi às redes sociais defender os empresários da fé, que obtêm lucros exorbitantes no Brasil, especialmente no setor de igrejas evangélicas.

A declaração vem após a Receita Federal revogar uma decisão do governo Jair Bolsonaro, que havia instituído a isenção tributária sobre os salários de ministros de confissão religiosa, a exemplo dos pastores.

Em postagem na plataforma social X (antigo Twitter), a ex-ministra de Bolsonaro, que é evangélica, disse que o grupo é alvo de 'perseguição' e atacou o presidente Lula, comparando o governo federal à Nicarágua, onde padres católicos sofrem de repressão estatal.

(https://www.brasil247.com/brasil/damares-trata-como-perseguicao-religiosa-tributacao-de-empresarios-da-fe)

Como é de se esperar, o vigarista, o picareta, que explora a crença das pessoas vai chorar que é "perseguição religiosa".

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

PF adota classificações

A Polícia Federal (PF) incorporou os conceitos de “transgênero” e “cisgênero” à sua lista de informações sobre indivíduos que prestam depoimento, como testemunhas e investigados. Essas categorias agora são oficialmente utilizadas durante interrogatórios e em documentos oficiais, em conformidade com as diretrizes estabelecidas pelo governo Lula (PT) para questões relacionadas à comunidade LGBTQIA+.

Apesar de ainda não serem amplamente conhecidos pela população em geral, a PF fornece explicações detalhadas sobre esses termos. Além disso, a identificação inclui agora o campo “orientação sexual”, onde os depoentes são classificados como “heterossexuais” ou “homossexuais”.

O modelo adotado pela PF inclui informações como “Identidade de gênero homem (cisgênero; identificação com o gênero de nascimento), orientação sexual heterossexual, nacionalidade brasileira”, com a explicação entre parênteses.

De acordo com informações do Metrópoles, no caso de indivíduos transgêneros, a PF esclarece que essas pessoas não se identificam com o gênero atribuído ao nascimento.

Segundo fontes da PF, essa medida está alinhada com a política estabelecida por Lula para questões LGBTQIA+. Desde janeiro, o governo também passou a adotar o termo “todes” em eventos oficiais, sendo usado como um “pronome neutro” para se referir a pessoas que não se identificam nem com o gênero masculino nem com o feminino.

Em contrapartida, em 2021, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) proibiu o uso do pronome neutro em projetos culturais financiados pela Lei Rouanet.

Em 2016, um decreto assinado por Dilma Rousseff (PT) determinou, no âmbito da administração pública federal, o reconhecimento do “nome social” para travestis ou transexuais. Essa medida foi amplamente elogiada pelo movimento LGBTQIA+.

Recentemente, a escolha de Nicolas Niederauer como “atleta feminina 2023” em uma prestigiada premiação de games gerou críticas da oposição no Congresso Nacional. Parlamentares argumentam que é injusto permitir que pessoas nascidas como homens compitam na mesma categoria que mulheres, alegando identificação com o gênero feminino.

Em 2023, Elon Musk, empresário e proprietário do “X” (anteriormente Twitter), afirmou que a plataforma considerava os termos “cis” e “cisgênero” como calúnia. Na época, o bilionário foi acusado de “transfobia” por grupos que apoiam a causa.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/pf-adota-classificacoes-cisgenero-e-transgenero-em-dados-oficiais/

Intolerância religiosa no tribunal

Somente em 2023, o Brasil registrou 176.055 processos judiciais envolvendo casos de racismo ou intolerância religiosa, segundo dados da startup JusRacial, que atua pela democratização do acesso à Justiça. O número representa um aumento de 17.000 % nos últimos 14 anos.

O levantamento foi concluído no último mês e divulgado nesta segunda-feira (15).

Em 2022, os tribunais de todos os estados do país e do Distrito Federal somaram, juntos, 74.613 ações relacionadas aos dois temas. Para o fundador da JusRacial e coordenador do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro), o advogado Hélio Silva Jr, o aumento no número de processos é consequência da soma de alguns fatores, como uma maior consciência da importância de denunciar e o aumento do debate sobre esses crimes. Vale ressaltar também, de acordo com o advogado, a inclusão dos crimes de transfobia e homofobia na Lei de Racismo.

“Sem dúvida alguma, essa explosão na judicialização de conflitos decorrentes do racismo e do racismo religioso tem a ver com a ampliação de consciência, por parte das vítimas, e com o espaço que esse tema ocupa hoje na agenda pública do país”, afirmou.

Hélio também sustenta que a nova formação de advogados e advogadas negros é outro fator que influencia no aumento de registros. Em 2009, quando a JusRacial realizou seu penúltimo levantamento, foram apenas 1.011 casos. “Tem a ver, também, com essa geração de jovens advogados e advogadas negras que se formaram pela via das ações afirmativas, e que certamente sentem na pele e se dispõem a levar mais casos ao Judiciário”, diz o advogado.

Ainda assim, Silva também pontua que apesar do alto número em 2023, a subnotificação ainda é um desafio. Ele comparou o número de registros de crimes na Polícia Civil cuja motivação estava associada à intolerância religiosa, entre 2025 e 2019, com os registros do levantamento. Enquanto a polícia registrou cerca de 6.700 crimes, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro tramitavam apenas 1.500 processos.

Na pesquisa divulgada, o cenário não é diferente. “Não temos dúvidas de que 176 mil processos correspondem a uma fração ínfima dos casos de violações de direitos que diariamente assolam a população negra e adeptos das religiões afro-brasileiras, alvo preferencial do discurso de ódio e da intolerância religiosa“, afirmou o advogado.

Hélio ainda reforçou que os dados devem ser analisados com preocupação, uma vez que "as democracias são corroídas diariamente pelo discurso de ódio religioso que acabou indo para a política, mas que no Brasil tem DNA em alguns templos neopentecostais cuja equação discursiva básica visa proliferar o medo, materializando nas religiões de matriz africana a figura do mal".

O advogado ainda destaca que somos o país com maior população negra fora do continente africano, e que "temos nosso ethos marcado tanto pelo legado civilizatório africano quanto por sua satanização“.

Fonte: https://revistaforum.com.br/brasil/2024/1/16/mais-de-175-mil-processos-por-racismo-intolerncia-religiosa-foram-registrados-em-2023-152314.html

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

CPI das igrejas evangélicas já!

“E, quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo. 2 Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada. ”

Eis um trecho do capítulo do evangelho de Mateus, onde Jesus anuncia profeticamente a destruição do templo de Jerusalém, e enumera outras coisas que iriam acontecer como prenúncio do fim. Entre elas, o surgimento de falsos profetas que viriam em seu nome para enganar os incautos e desavisados.

Em se tratando da “igreja de Cristo” no Brasil, eu incluiria a essa lista de intempéries sócio religiosas uma CPI que investiga os abusos financeiros cometidos por boa parte das igrejas evangélicas brasileiras, sob a bênção de um Estado omisso que ainda garante a essas instituições religiosas o beneplácito da imunidade tributária, estendendo a renúncia fiscal para outras associações supostamente beneficentes ligadas a elas. Sem falar nas prebendas, o salário dos pastores, que foram isentas de imposto de renda numa canetada dada pelo governo Bolsonaro.

Uma CPI sobre essas igrejas evangélicas não deixaria pedras de Hebron sobre pedras de Hebron. As mesmas que foram transportadas em toneladas para a construção do Templo de Salomão, de propriedade do empresário da fé Edir Macedo, sem que a receita federal pudesse cobrar um centavo sequer de impostos sobre a importação.

Justiça seja feita, em 1997 a Receita Federal já havia tentado enquadrar a Igreja Universal cobrando impostos devidos e não pagos, sob a pertinente afirmação de que a referida instituição religiosa praticava atividades visando lucros, se aproveitando da imunidade tributária que a constituição oferece às igrejas.

Na época, os valores devidos foram estimados em R$ 98,360 milhões e uma notificação foi entregue à igreja. A autuação resultou de meses de investigação onde a Receita identificou atividades comerciais suspeitas realizadas pela IURD nos anos de 1991, 1992, 1993 e 1994, o auge do charlatanismo de Edir Macedo no Brasil. Período onde a sua empresa faturou rios jordões de dinheiro com dízimos, doações e outras estripulias ungidas. Donde concluiu-se que a igreja atuava como um banco e usava seus recursos para fazer empréstimos para vários de seus dirigentes.

O custo para a construção do suntuoso e farisaico Templo de Salomão, em São Paulo, foi avaliado em R$ 400 milhões e, mais uma vez, chamou a atenção da Receita Federal que em 2013 foi cobrar os impostos referentes a importação de materiais utilizados no adorno do castelo de Macedo. Foi calculado um débito total de 1,8 milhão de reais que seriam devidos no recolhimento do ICMS por esses produtos e 615.000 reais em outros impostos, como o IPI.

Se fizermos uma pesquisa mais detalhada, perceberemos que líderes religiosos de igrejas evangélicas estão entre os maiores sonegadores e devedores de impostos do país.

Silas Malafaia e sua voz nauseante que parece eclodir de um gargalo entupido, mantém uma dívida de R$ 4,6 milhões em impostos com a União, segundo matéria do UOL de 2021, cujas informações foram obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação.

Segundo outra matéria do UOL, também de 2021, a Igreja Internacional da Graça de Deus, empresa de propriedade de R.R Soares, cunhado de Edir Macedo, possui débitos inscritos na dívida ativa da União de R$ 162 milhões, de acordo com dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Algo que o deputado federal David Soares (DEM-SP), filho de R.R, cuidou de resolver criando o PL 1581/2020, uma emenda que regulamenta o acordo direto para pagamento com desconto ou parcelado de precatórios federais.

Outro homem de Deus que está enrolado em dívidas com a União é o apóstolo Valdemiro Santiago, aquele que gosta de usar chapéu de fazendeiro. As dívidas de impostos da Igreja Mundial do Poder de Deus, empresa de sua propriedade, triplicaram entre dezembro de 2018 e setembro de 2021, saltando de R$ 48,66 milhões para R$ 171,6 milhões.

A maioria das pendências está relacionada com a folha de pagamento da igreja, como contribuições previdenciárias e imposto de renda retido na fonte de FGTS. Ou seja, o ungido do senhor está dando calote nos direitos trabalhistas dos seus funcionários. Não por acaso, sua empresa foi surpreendida por uma greve onde os colaboradores cobravam os seus direitos. Vale lembrar que Valdemiro foi o primeiro a ser vítima de uma facada que o transformaria em mártir do evangelho de Cristo. Por pouco não vira presidente da república.

Marco Feliciano, o pastor deputado dos dentes de ouro, devia R$ 47.582,69 ao INSS em 2017, segundo matéria do site Repórter Brasil. Uma dívida que também deve ter aumentado consideravelmente, tendo em vista que o governo Bolsonaro do qual o sorriso mais caro do Brasil era apoiador, não cobrou essa fatura.

São apenas alguns dados que demonstram o porquê que não devemos ter líderes religiosos ocupando cargos públicos. A bancada evangélica no Congresso foi a responsável pela derrubada do veto presidencial ao dispositivo que concedia anistia aos tributos devidos por igrejas, que totaliza mais de R$ 1 bilhão em dívidas registradas com a União. Curiosamente, a derrubada do veto teve o apoio de quem o havia determinado, o então presidente Jair Bolsonaro.

Na Câmara, 439 deputados votaram pela derrubada do vetado, enquanto que no Senado 71 parlamentares ratificaram a decisão imoral. Uma demonstração de força de um segmento religiosos que pretende exercer o poder no país em todas as esferas, contando com a covardia de um Estado cada dia menos laico e com o bundamolismo do povo brasileiro que assiste passivamente a essa orgia abençoada pelo dinheiro público.

Qual é o nosso medo diante dessa patifaria? Será que acreditamos que Deus está ao lado dessa gente hipócrita e desonesta? Será que tememos Jesus voltar e nos castigar por ter feito os seus representantes comerciais pagarem os impostos que eles deviam?

Aliás, se esses mandriões da fé pregam a volta de Jesus, é porque eles não acreditam que ele esteja presente em suas igrejas. Se é a presença espiritual de Jesus que eles invocam para fazer os milagres que alardeiam, ele já deve estar entre nós. Não seria a sua presença física que iria alterar o curso de seus “projetos”.

A não ser que ele volte para destruir essa igreja que está corrompendo a fé das pessoas, sonegando impostos que poderiam ser utilizados em políticas públicas e projetos sociais em assistência aos mais pobres e vulneráveis – como Jesus pregava – e enriquecendo seus líderes em detrimento das necessidades de seus fiéis.

Tenho a certeza de que Jesus Cristo seria o primeiro a assinar essa CPI para investigar as igrejas evangélicas. Se Pilatos lavou as mãos diante da inocência do seu sangue, Malafaia, Macedo, Feliciano e afins, podem estar lavando dinheiro em troca do mesmo sangue.

Acabar com a imunidade tributária das igrejas, proibir que líderes religiosos exerçam cargos políticos e punir judicialmente instituições religiosas que fazem campanha política em seus templos sob a égide de um culto a um deus verdadeiro, é o novo evangelho de Cristo para esta nação.

O ideal de igreja sem partido deve ser propagado em nome de Jesus por todos aqueles que, independentemente de credo religioso, já estão fartos de verem o nome de alguém que nunca esteve envolvido em pilantragem, chafurdar na lama ungida por falsos profetas e doutores da lei religiosa deste tempo.

O sinédrio de hoje precisa pagar pelo que o sinédrio de ontem fez há dois mil anos. E vai pagar!

Fonte: https://www.brasil247.com/blog/cpi-das-igrejas-evangelicas-ja

Não se faz mais apologista como antigamente

Eu escrevo sobre os evanjegues. Essa é uma postagem aos cacatólicos.

Procurando por livros na Amazon (eu não estou ganhando um centavo com isso) eu encontrei uma série de livros infantis com o título “Never Let a Unicorn”.
Como a autora escreveria um livro desses com o título sugestivo de “Nunca Deixe um Unicórnio Pregar”?

Imediatamente eu lembrei da paródia religiosa feita pelo ateu, o unicórnio rosa invisível.
Usando o Oráculo Virtual (Google) eu encontrei um texto de um apologista “refutando” a paródia do ateu.

Citando:

1 A propriedade da cor é definida como uma propriedade visível.
2 Um objeto que tenha uma propriedade visível deve ser pelo menos visível nessa propriedade.
3 Um objeto invisível é definido como um objeto que não é visível (por exemplo, sem nenhuma propriedade visível).
4 O unicórnio rosa invisível tem a propriedade de cor (ou seja, a cor rosa).
5 O Unicórnio Rosa Invisível não tem qualquer propriedade visível.
6 Portanto, O Unicórnio Rosa Invisível é visível (de 1,2 e 4)
7 Portanto, O Unicórnio Rosa Invisível não é visível (de 3 e 5)

Retornando.
Pode rir. Não é piada. Isso foi escrito com intenção séria.

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Arrastão da Liberdade

O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, neste domingo (21), em Salvador, foi marcado pelo 1º Arrastão da Liberdade, promovido pelo terreiro Axé Abassá de Ogum, fundado por Mãe Gilda de Ogum, símbolo de resistência pela afirmação das religiões de matriz africana, após ter o terreiro ter sido invadido e depredado por representantes de outra religião.

A programação foi iniciada com um café da manhã, servido no terreiro, que fica no bairro de Itapuã. Em seguida, foi realizada uma caminhada com diversas representações religiosas, movimentos sociais, culturais e toda comunidade, com o encerramento do ato no palco montado no Busto de Mãe Gilda, na Lagoa do Abaeté, também em Itapuã.

Vestido de branco, o público participou do ato ao som dos atabaques e xequeres, samba de roda e ritmo de afoxé.

Além do bairro de Itapuã, um um grande Xirê - palavra Yorubá que significa roda, ou dança para a evocação dos Orixás conforme cada nação - e ritual de plantio de baobá ao som do Afoxé Omorobá e do Samba das Obás foi realizado no Parque Pedra de Xangô, no bairro de Cajazeiras 10.

O evento, organizado por Mãe Diala, do Ilê Asè Baba Ulufan Alá, e Pai Josias do Ilê Asè Obá Paleomon, contou com a presença das Matriarcas da Pedra de Xangô. A Pedra de Xangô é um sítio natural sagrado afro-brasileiro, sede de uma Área de Proteção Ambiental e patrimônio cultural reconhecido pela Fundação Gregório de Mattos (FGM) e patrimônio geológico de relevância nacional reconhecido pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM).

O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa foi estabelecido através da Lei Federal nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, e visa reforçar o enfrentamento a prática criminosa que teve a pena endurecida em janeiro de 2023, com até cinco anos de reclusão.

A mudança se deu através da Lei que equipara crimes de injúria racial a racismo, e que também protege a liberdade religiosa. Na Bahia, 94 casos de racismo religioso foram registrados nos últimos cinco anos pela Associacao Brasileira de Preservação da cultura afro-ameríndia (AFA).

O governador Jerônimo Rodrigues anunciou na última sexta-feira (19), a criação da Ronda Omnira de Proteção à Liberdade Religiosa, um ronda policial que tem o objetivo de combater a intolerância religiosa, atendendo as demandas de vítimas desse tipo de crime.

O anúncio foi feito durante a Sexta da Paz, evento alusivo realizado no Largo do Pelourinho, em Salvador, que antecedeu o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.

O governador entregou duas novas viaturas para o patrulhamento. A Ronda Omnira - expressão em yorubá para liberdade - é uma iniciativa do Grupo de Trabalho Permanente pela Igualdade Racial do Departamento de Promoção Social da Polícia Militar da Bahia (PM-BA), e é um serviço administrativo e operacional especializado na condução das ocorrências delituosas ligadas aos terreiros de matriz africana na capital baiana.

A operação será conduzida pelo Departamento de Promoção Social (DPS) da PM-BA que, através do Grupo de Trabalho Permanente pela Igualdade Racial (GTPIR), promoverá rondas circunscritas. Um efetivo de 22 homens e mulheres da Polícia Militar da Bahia atuarão em espaços de sacralidade de matriz africana e em questões ligadas à intolerância religiosa e ao racismo estrutural.

Há 17 anos, o 21 de janeiro se tornou o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Foi nessa data que morreu, no ano de 2000, Mãe Gilda. Ela chegou a ser agredida na cabeça com uma Bíblia. O terreiro no bairro de Itapuã também sofreu ataques e ela foi acusada de charlatanismo.

Gildásia dos Santos, conhecida como Mãe Gilda de Ogum, fundou o Ilê Axé Abassá de Ogum, Terreiro de Candomblé, em 1988, nas imediações da Lagoa do Abaeté.

Foi iniciada no Candomblé em 1976 no Terreiro de Oya, ao completar sete anos de iniciada na religião recebe o cargo de yalorixá e em 6 de outubro de 1988 registrou seu terreiro, de nação Ketu, na Federação do Culto Afro. Mãe Gilda foi uma ativista social e se destacou pela sua personalidade forte e grande participação em ações para a melhoria do bairro de Nova Brasília de Itapuã.

Com a saúde fragilizada em decorrência de agressões morais ocasionadas por intolerância religiosa, Mãe Gilda faleceu deixando seu legado com a filha Jaciara Ribeiro dos Santos.

Fonte: https://g1.globo.com/google/amp/ba/bahia/noticia/2024/01/21/atividades-e-caminhada-marcam-dia-nacional-de-combate-a-intolerancia-religiosa-em-salvador.ghtml

Desembargador anula lei alagoana

O desembargador do Tribunal de Justiça de Alagoas, Fábio Costa Ferrario, assinou na última quinta-feira (18) a suspensão da lei promulgada pela Câmara de Vereadores de Maceió, que obrigava as pacientes que procurassem o serviço de aborto legal na rede municipal a fazer encontros com os profissionais de saúde para ver vídeos, fotos e ilustrações de fetos.

A decisão de Ferrario é uma resposta a ação direta de inconstitucionalidade, que foi apresentada pela Defensoria Pública do Estado. A lei deverá retornar ao plenário do tribunal para discussão após o recesso Judiciário.

Segundo a Defensoria Pública, a lei municipal impunha "empecilhos ao gozo do direito ao aborto legal, como também ao próprio direito à vida e à dignidade das mulheres em situação de extrema vulnerabilidade psicológica”.

O texto foi sancionado em dezembro de 2023 pelos vereadores de Maceio. De autoria do vereador Leonardo Dias (PL), o texto obrigava que as gestantes deveriam fazer encontros com equipes de saúde com objetivo de alertar sobre os riscos do procedimento. Os riscos listados são criticados por entidades ligados aos direitos das mulheres, por serem, na sua maioria, riscos que qualquer procedimento cirúrgico possa causar.

Dias defendeu o projeto dizendo que a lei visa mostrar a gestante a "dimensão do ato que vai fazer, seja para a própria saúde mental e física."

O texto foi aprovado pela Câmara com 22 votos a favor e uma abstenção, reforçando que os pontos de saúde de Maceió devem "orientar e esclarecer às gestantes sobre os riscos e as consequências do abortamento nos casos permitidos pela lei, quando estas optarem pelo procedimento na rede pública."

Na objeção, a Defensoria Pública afirmou que a lei "não busca cuidar da saúde das mulheres, uma vez que não traz qualquer disposição de acolhimento humanizado e de se resguardar a autonomia e saúde à mulher que decida por realizar o procedimento”.

Segundo o órgão, o que o texto promove faz é desconsiderar as "consequências psicológicas e emocionais de se levar a termo, forçadamente, uma gravidez decorrente de uma violência sexual, por exemplo.”

A decisão do desembargador considerou os pareceres de inconstitucionalidade da lei, sendo um deles emitido pela própria equipe jurídica da Câmara dos Vereadores.

Para Ferreio, a medida é "indevida" e atinge profundamente na "autonomia da mulher”. O desembargador afirma que a lei só "aumenta o sofrimento psíquico e emocional” das pacientes, sem uma forma de amparo.

"Por melhor que tenha sido a intenção legislativa, termino que, em verdade, ressuscita uma culpabilização perpetrada contra essas mulheres que optaram por interromper a vida intrauterina, em decorrência de uma dolorosa e inesperada circunstância.”

A lei

Segundo o texto da lei sancionada, os pontos de saúde de Maceió devem "orientar e esclarecer às gestantes sobre os riscos e as consequências do abortamento nos casos permitidos pela lei, quando estas optarem pelo procedimento na rede pública."

Dessa maneira, os profissionais de saúde são obrigados a passarem por uma capacitação para poderem prestar "esclarecimentos" não apenas às gestantes, mas também aos familiares. Dentre os pontos que devem ser abordados são os "riscos do procedimento e suas consequências físicas e psicológicas ."

A apresentação deve ser feita "de forma detalhada e didática", sendo obrigatório a apresentação de "vídeos e imagens" dos "métodos utilizados para executar o aborto, se valendo, inclusive, de ilustrações, o desenvolvimento do feto semana a semana." Além disso, os profissionais devem apresentar às pacientes o programa de adoção.

"Caso a gestante decida por levar adiante a gravidez, mas não queira manter o vínculo materno, a unidade de saúde que esteja lhe acompanhando deverá comunicar à Vara da Infância e da Juventude, com o objetivo de auxiliar e promover a adoção do recém-nascido por famílias interessadas.", diz a lei.

Fonte: https://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2024-01-19/desembargador-derruba-lei-maceio-obrigacao-paciente-ver-imagem-feto-antes-aborto-legal.html.amp

Sapato para gado


Trecho de uma nota em uma postagem feita em 20/11/2022:

Mas falando em camiseta e seleção brasileira, tem um fabricante, o Team Six, que oferece a camiseta com a frase "nossa bandeira jamais será vermelha". Na mesma loja você pode escolher o seu modelito de apoio ao fascista genocida. Ali eu perguntei por que não, os donos deram uma resposta rasa. Eu refiz a pergunta, mas não publicaram.

Quem achou que essa doença teria fim, eis que um fabricante de Minas Gerais lançou uma linha de calçados tendo o fascista genocida como modelo e garoto propaganda.

Citando a notícia:

O ex-presidente Jair Bolsonaro virou nome de uma linha de calçados produzida por uma empresa que pertence a um grupo de apoiadores. Batizada de "Botinas Bolsonaro", a marca vende sapatos, botinas de couro e chinelos de borracha e tem o ex-presidente como "garoto-propaganda".

A empresa dona da marca está registrada no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) como RVMHS Comércio e Distribuição, com nome fantasia Kanastra, e pertence a três apoiadores do ex-presidente. O registro foi feito em abril de 2023.

Fonte, citado parcialmente: https://www.terra.com.br/amp/noticias/brasil/politica/bolsonaro-da-nome-a-marca-de-calcados-incluindo-botinas-e-chinelos-de-borracha,a920bf1dd64c562d9d56ef7f4d68f451f966eir2.html

Será que a empresa dá desconto se o bolsonarista comprar dois pares para calçar as quatro patas?
Será que terá um modelo rosa, como tem no Bofe de Elite?

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

O testemunho popular

Eu acabei de ler "Magia e Religião na Inglaterra Medieval" de Catherine Rider.

Antes eu li o livro "Magia no Mundo Grego Antigo", de Derek Collins. Fica bem nítido que as crenças antigas, as práticas populares, chamadas pejorativamente de "superstição", sobreviveram mesmo depois da imposição do Cristianismo.

Eu devo ter escrito sobre como o Cristianismo passou por uma adaptação, assimilando e sincretizando as crenças e práticas antigas. As pessoas acrescentaram ao seu repertório as ferramentas que o Cristianismo dispunha.

A fronteira entre a religião permitida e proibida, entre práticas autorizadas pela Igreja e o que foi chamada de "experimento", "magia", "heresia" e "bruxaria" não estava bem definida.
Foi por volta do século XV que começaram as denúncias e os testemunhos. Mesmo considerando as bulas do século XII e as ações da Igreja contra a heresia, a perseguição, prisão, tortura e morte de pessoas (inocentes) pelo chamado Santo Ofício (Inquisição) ocorreu no início da Era Moderna.

A prática de magia (heresia/bruxaria) tornou-se uma questão legal e jurídica depois que autoridades (seculares e clericais) viram que esse era um fenômeno arraigado.
Tornou-se um problema porque era (ou parecia ser) eficiente em sua execução.
O que era um problema. Muita discussão teológica aconteceu e os regimes tinham que tomar providências porque foram detectados atos de magia contra o rei.
As pessoas falavam sobre a existência de seres sobrenaturais, sobre ver fadas voando. A existência desse mundo paralelo somado ao folclore que sobreviveu de forma sincrética deu a imagem e a ideia inicial das bruxas, de seus rituais, de seu pacto com o "Diabo" e de suas "assembléias".
Tratados de e sobre bruxaria foram escritos (e praticados) pelos padres. Curiosamente medidas contra a ação da magia (bruxaria) envolvia práticas mágicas. Muitas das pessoas assassinadas no Santo Ofício eram pessoas contratadas (magos e bruxos) para combater a bruxaria, porque foram igualmente acusadas de heresia e bruxaria.
Foi embaraçoso para os pensadores e regentes da Era Moderna que o genocídio causado pela Inquisição tenha ocorrido ao mesmo tempo que se falava em Renascença e no Iluminismo. Por isso teve um esforço para acusar a Idade Média, a Igreja e tentaram desacreditar os testemunhos (muitos dados voluntariamente) sobre as bruxas e suas assembléias. Mas as mãos desses pensadores e cientistas também estavam manchados com o sangue dos inocentes.
Ainda nos nossos dias, pesquisadores, pensadores, céticos, descrentes, psicólogos e psiquiatras tentam negar, apagar, as bruxas e suas assembléias.
Quanto mais tentam esconder, omitir e negar, mais tornam evidente que isso é necessário porque funciona, porque é eficiente.
Quem tiver ouvidos, ouça. Quem tiver entendimento, entenda.

Tipos de vira - casacas

Recentemente, houve alguns casos notáveis de pessoas que, depois de se tornarem conhecidas como bruxas ou outras pessoas adjacentes ao Pagão, de repente voltaram ao Cristianismo. A professora de Nova Era Doreen Virtue foi provavelmente a mais proeminente a fazê-lo, em 2017. Mais recentemente, a tatuadora Kat Von D compartilhou um vídeo de seu batismo e falou sobre retornar ao cristianismo. Houve outras pessoas menos conhecidas que fizeram a mesma coisa.

Sempre que uma celebridade (na medida em que qualquer uma dessas pessoas pode ser considerada celebridade) faz uma mudança religiosa pública, alguém sempre grita “é tudo uma questão de dinheiro!” Talvez seja, em alguns casos. Não acho que esteja em nenhum desses dois, e não acho que esteja na maioria. As pessoas que insistem que a política tem tudo a ver com dinheiro ignoram algo importante: os políticos muitas vezes fazem coisas terríveis porque acreditam em coisas terríveis. Da mesma forma, as pessoas muitas vezes mudam de religião porque as suas crenças mudam.

O que se segue não é um estudo científico. Pelo contrário, vem de uma vida inteira de observações: na comunidade pagã, mas antes disso, nas comunidades cristãs onde cresci e observei pessoas convertendo-se e depois voltando ao que eram antes.

Identifiquei seis tipos de pessoas que abandonaram o paganismo e a bruxaria. Se você viu outros, sinta-se à vontade para listá-los nos comentários.

#1 Aqueles que estavam apenas visitando

Vamos ser sinceros: ser bruxa está na moda. Parece legal, parece legal e é fácil de fazer. Não, sério – é fácil de fazer. Basta começar a praticar bruxaria . Leva uma vida inteira para dominar, mas é fácil começar.

O paganismo não é tão popular como antes, mas houve alguns anos na adolescência em que ser politeísta era a coisa mais moderna a se fazer. Parece impossível agora, mas era verdade.

Quer as pessoas estejam perseguindo uma tendência ou apenas curiosas, muitas pessoas colocam os pés na água, sem saber exatamente no que estão se metendo. Alguns decidem que não é para eles e seguem em frente, e alguns simplesmente seguem em frente sem pensar seriamente no assunto.

“Para começar, eles nunca foram verdadeiros pagãos” é outra acusação comum lançada contra aqueles que voltam atrás. Em muitos casos, isso é uma falácia do tipo “Não há verdadeiro escocês”. Mas em alguns casos é verdade. Eles nunca se tornaram pagãos ou bruxos ou pagãos ou o que quer que seja. Eles estavam apenas de visita e não deveria ser surpresa quando decidirem voltar para casa.

#2 Aqueles que estavam procurando por algo que não podemos fornecer

O Paganismo fornece uma conexão com a Natureza, com nossos ancestrais e com as muitas Deusas e Deuses. Ensina valores e virtudes e depois nos desafia a vivê-los. A magia e a bruxaria fornecem ferramentas para obter o que precisamos e para aprender e crescer. Há muito que esse caminho pode proporcionar.

Mas não podemos fornecer certeza. Agora, não creio que a certeza religiosa seja possível . Mas algumas religiões – e algumas não-religiões (ou seja, o materialismo ateísta) – afirmam que podem. Pessoas que cresceram em uma religião de alto risco (“transformar ou queimar”) às vezes preferem a falsa certeza à incerteza honesta.

Outros procuravam algo menos metafísico e mais tangível. Poucos grupos pagãos possuem edifícios próprios, muito menos a infra-estrutura da igreja católica. Se você está procurando dezenas de programas planejados e facilitados por outra pessoa, provavelmente não os encontrará no Paganismo.

Nenhuma religião ou tradição pode ser tudo para todos, e tentar fazer isso é uma receita para o fracasso. Algumas pessoas entram no paganismo ou na bruxaria e gostam de algumas partes disso, mas não conseguem viver sem coisas que não podemos fornecer. E então eles voltam para o lugar de onde vieram.

#3 Aqueles que nunca lidaram com sua bagagem religiosa

Este é o grande problema.

Quando li o que Doreen Virtue e Kat Von D disseram (e quando li nas entrelinhas), acho que foi isso que aconteceu com elas. Eles nunca examinaram sua religião passada ou decidiram conscientemente o que manter e o que banir. E então, em algum momento, eles ficaram com medo.

Às vezes encontro pessoas que abandonaram o cristianismo e que dizem “Nunca acreditei em nada disso”. Bom para eles.

Se eles não estiverem mentindo para si mesmos.

Para a maioria de nós, frequentar a Escola Dominical quando criança e viver num ambiente cristão teve um impacto real. Acreditámos no que nos ensinaram, porque é isso que se faz quando se é criança. Particularmente nas denominações conservadoras, as doutrinas e credos e hinos e sermões penetram no nosso subconsciente numa idade precoce – eles não desaparecem só porque deixamos de ir à igreja.

E então eles levantam suas cabeças feias no pior momento possível. Em tempos de estresse, as pessoas voltam correndo para o que aprenderam quando crianças. Às vezes fazem isso por nostalgia, mas na maioria das vezes o fazem por medo.

“E se eu realmente for para o inferno?”

Eu choro por essas pessoas. Eles tinham algo bom, positivo e útil, mas abandonaram por medo.

Eu conheço esse medo. Levei anos para trabalhar nisso. Mas eu fiz , e você também pode .

#4 Aqueles que nunca passaram do Bruxaria 101

Para ser justo, conheço algumas bruxas felizes e comprometidas que nunca passaram do nível 101 de Bruxaria. Suspeito que a maioria delas não tinha muita bagagem religiosa para trabalhar e não precisam de muita teoria metafísica profunda para serem feliz. Bom para eles.

Mas quando as emissoras cristãs divulgam as “ex-bruxas” todo mês de outubro e eu ouço suas histórias, fica claro que elas nunca aprenderam muito sobre bruxaria, Wicca, ocultismo ou qualquer uma das tradições mágicas e pagãs. Elas podem ter sido a suma sacerdotisa de um coven (de cinco ou seis pessoas igualmente sem instrução), mas nunca leram mais de um livro… e esse livro pode ter sido ficção.

Talvez eles tenham tentado ser uma bruxa. Ou talvez eles apenas quisessem o título e a notoriedade que o acompanha. Mas, por alguma razão, eles nunca aprenderam realmente o seu ofício e, então, quando enfrentaram alguma dificuldade significativa – tangível, espiritual ou ambas – voltaram correndo para a sua religião anterior.

#5 Aqueles que não conseguiram superar a pressão familiar

Talvez se eu disser isso com bastante frequência, as pessoas finalmente aceitarão: religião é mais do que aquilo em que você acredita. Religião é o que você faz, quem você é e de quem você é.

De quem é você? Onde você pertence?

Minha família é composta em sua maioria por protestantes tradicionais. Eles podem não concordar com minhas escolhas religiosas, mas não permitem que isso atrapalhe nossos relacionamentos. Mas se você faz parte de uma das religiões mais conservadoras e especialmente das mais insulares, não é tão simples. Mudar de religião é rejeitar parte daquilo que torna a família uma unidade coesa.

Para mim, se a sua família não apoia você sendo quem e o que você é – seja em termos de religião, gênero e sexualidade, ou qualquer outra coisa – você precisa se afastar e construir uma nova família. Mas algumas pessoas não conseguem fazer isso. Os laços são muito fortes. Essas pessoas não querem abandonar o paganismo e a bruxaria, mas sentem que não têm escolha.

Algumas dessas situações são manipuladoras e abusivas e as pessoas realmente deveriam fugir. Outras são escolhas feitas livremente, ainda que com relutância. De qualquer forma, algumas pessoas revertem porque não conseguem superar a pressão das suas famílias.

#6 Aqueles cuja verdadeira vocação está em outro lugar

O paganismo não é uma religião de proselitismo . A bruxaria não é para todos. Embora eu não ache que alguém deva ser fundamentalista de qualquer tipo, o Cristianismo pode ser uma religião boa e útil. O mesmo pode acontecer com o Budismo. O mesmo pode acontecer com o ateísmo.

Algumas pessoas entram no paganismo, fazem um esforço honesto e sincero para aprender e crescer, fazem as coisas certas da maneira certa, lidam com a sua bagagem religiosa e ainda chegam à conclusão de que pertencem a outro lugar.

Isto é uma coisa boa. Eles partem depois de terem aprendido alguma coisa e feito alguns amigos, ainda partilhando os nossos valores, e tornam-se nossos apoiantes e defensores nas conversas com os membros menos esclarecidos das suas religiões.

Perder essas pessoas não é uma perda, embora muitas vezes pareça. É bom para eles e é bom para o resto do mundo.

Torne-se à prova de reversão

Ficamos desapontados quando vemos pessoas que antes compartilhavam nossas crenças e práticas voltando para uma religião que abandonamos propositalmente. Podemos ficar com raiva, especialmente se eles estão descaracterizando a bruxaria e o paganismo, ou mentindo abertamente sobre isso.

E se fosse você?

Não descarte a possibilidade, pelo menos não sem pensar bem.

Lide com sua bagagem religiosa, especialmente se você cresceu em um ambiente “somos o Único Caminho Verdadeiro”. Construa uma base intelectual sólida para o seu caminho, quer você considere religião, espiritualidade ou apenas “o que eu faço”. Estude e pratique diligentemente. Você não pode simplesmente descartar as más experiências religiosas – você tem que eliminá-las com boas experiências.

Preste atenção aos seus sonhos. Visitei o Outro Mundo em um sonho em 2018 – foi a primeira vez que tive certeza de que nunca voltarei. Embora, dada a falta de sonhos problemáticos, acho que cruzei essa linha muitos anos antes.

Talvez isso não seja uma preocupação para você. Talvez você tenha crescido em um ambiente pagão ou em um ambiente onde todas as religiões e abordagens religiosas positivas eram respeitadas. Se assim for, estou feliz por você – ninguém deveria ter que lidar com os medos que o cristianismo fundamentalista me infligiu quando era uma criança.

De qualquer forma, espero que você veja aqueles que abandonam o paganismo e a bruxaria com um olhar voltado para o discernimento e a compreensão.

Fonte: https://www.patheos.com/blogs/johnbeckett/2024/01/6-kinds-of-people-who-revert-out-of-paganism-and-witchcraft.html
Traduzido com Google Tradutor.

domingo, 21 de janeiro de 2024

Ritual xamânico em Davos

Eu encontrei essa boa notícia em páginas de conservadores e católicos. Que, evidentemente, fizeram escândalo.
Citando:

Na quarta-feira (15), como parte de uma sessão plenária intitulada ‘Clima e natureza: é preciso uma resposta sistêmica’, a chefe Putany, da tribo Yawanawá, do Acre, fez um ritual xamânico.

Depois de fazer invocações enquanto esfregava as mãos, a representante indígena soprou nas cabeças dos participantes, entre os quais a diretora administrativa do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, o diretor executivo da IKEA, Jesper Brodin, e o bilionário André Hoffmann.

A apresentadora do evento justificou a presenta da chefe Putany dizendo que “para olhar para o futuro, precisamos olhar para trás e ver quais eram os desejos de nossos ancestrais”.

Antes de fazer o rito xamânico, Putany disse que "podemos unir as nossas mãos, nossos corações, nossos pensamentos na mesma direção, da cura do planeta e a cura é espiritual". "Quando todos nós unirmos nossos pensamentos e nossos corações, a nossa Mãe Terra vai nos ouvir", disse.

Retornando.
Por motivos óbvios eu não vou indicar a fonte.
O que tem de errado? Nada. Tem ritual cristão em vários eventos, porque não um xamânico?
Esse preconceito e intolerância tem que acabar.