sexta-feira, 29 de maio de 2020

Pacotão verde

A Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 16), em Cancún, no México, aprovou, na madrugada deste sábado (11) um pacote de decisões sobre ações para enfrentar as causas e efeitos das mudanças climáticas, apesar de a Bolívia ter rejeitado os rascunhos propostos.
A reunião final teve clima muito otimista. "O que a maioria das partes queria era fazer um número substancial de decisões aqui em Cancún, assim como nós, da União Europeia, para salvar todo esse processo, mostrar que ele pode trazer resultados. Acho que vimos isso aqui em Cancún", comemorou a negociadora-chefe do bloco europeu, Connie Heedegard.
"Criou-se o mecanismo de adaptação (dos países em desenvolvimento às mudanças climáticas), o REDD (mecanismo de pagamento por conservação de florestas) está colocado, o comitê do fundo de adaptação foi criado", exemplificou a ministra brasileira do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, ao enfatizar por que considerou a reunião exitosa.
Como já ficara claro mesmo antes do início da conferência, o "pacote balanceado" aprovado em Cancún não tem caráter vinculante (de cumprimento obrigatório), nem faz com que países assumam novas metas concretas de redução de emissões.
No entanto, apesar de não ter tanta força, foi muito elogiado como uma peça que pode servir de base para avanços futuros, o que já é um avanço comparado com a estagnação oferecida pelo vago Acordo de Copenhague, aprovado na COP do ano passado.
O texto reconhece a necessidade de "cortes profundos" nas emissões de gases causadores de efeito estufa para evitar que a temperatura aumente mais que 2 graus acima da época pré-industrial.

Financiamento

Uma das partes do pacote retoma o compromisso aberto pelo Acordo de Copenhague, de que os países desenvolvidos financiariam ações de redução de emissões e adaptação às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento, no valor de US$ 30 bilhões até 2012. Propõe ainda a formação de um fundo climático de US$ 100 bilhões ao ano até 2020. O Banco Mundial é convidado para ajudar a administrar ambos, pelo menos incialmente.

Protocolo de Kyoto

Antecipadamente já se sabia que um segundo período do Protocolo de Kyoto não será acordado em Cancún, já que o rascunho não prevê isso.
O grupo que negociava a segunda fase de compromisso, liderado por Brasil e Reino Unido, apresentou um texto em que se reafirma a necessidade da renovação do protocolo, ponto que nações como Japão e Canadá antes questionavam, mas sem assumir de fato o acordo. O texto diz que a questão deve ser definida " o mais rápido possível", a tempo de não permitir que os países desenvolvidos fiquem sem metas de redução de emissão de gases-estufa.

'Sem sentido'

A discussão sobre a continuidade do acordo era uma das mais acirradas na COP 16. Japão, Canadá e Rússia não queriam sua continuidade. O país asiático declarou não ver sentido num novo período de compromisso sob esse acordo, já que ele não se aplica a China e EUA, os dois maiores emissores de gases-estufa.
Aprovado em 1997, o protocolo é o único instrumento legalmente vinculante (de cumprimento obrigatório), em que países desenvolvidos se comprometem a reduzir suas emissões de gases causadores de efeito estufa. Como ele expira em 2012 e não há um acordo para substituí-lo, discute-se que seja prolongado.
Segundo Figueiredo, o texto preparado em Cancún deixa uma "mensagem clara" de que o Protocolo de Kyoto precisa ser prorrogado o mais rápido possível, para que não haja um período sem metas de redução de emissões de gases estufa.
Fonte: G1 (original perdido).
Texto resgatado com Wayback Machine.
Publicado originalmente em 11/12/2010.

terça-feira, 26 de maio de 2020

Campanha dos ateus no Brasil

Direto da Marreta do Azarão, uma notícia curiosa, para não dizer hilária, visto que eu não me canso de divertir com o humor dos meus amigos ateus.

Empresas de mídia barraram uma campanha publicitária com dizeres contra a religião patrocinada pela Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos). As firmas se recusaram a veicular os anúncios mesmo depois de o contrato já ter sido assinado. A Atea estuda as medidas judiciais cabíveis.
As peças de propaganda, com frases como "Religião não define caráter" e "A fé não dá respostas; ela só impede perguntas", deveriam circular em ônibus de Salvador, São Paulo e Porto Alegre pelo período de um mês. A recusa ocorreu primeiro em São Paulo e depois em Salvador, sob a alegação de que as mensagens poderiam violar dispositivos das respectivas leis de publicidade em espaços públicos. Há informações ainda não confirmadas de que a empresa de Porto Alegre também vai romper o contrato.
"As seguidas recusas de prestação de serviço são uma confirmação contundente da força do preconceito contra os ateus, e da necessidade de acabar com ele. Nossas peças nada têm de ofensivas, e o teor de suas críticas empalidece frente às copiosas afirmações dos livros sagrados de que ateus são odiosos, cruéis, maus e devem ser eliminados. Existe um duplo padrão em ação aqui", diz Daniel Sottomaior, presidente da Atea.
As chamadas campanhas do ônibus, com mensagens ateias, tiveram início no Reino Unido em 2009 e desde então se espalharam por outros países, com resultados distintos.
Nos EUA e na Espanha, a iniciativa deu certo, provocando a esperada polêmica. Na Itália, a veiculação foi proibida. Na Austrália, a companhia responsável por anúncios em ônibus também se recusou a exibi-los.
Metade dos cerca de R$ 10 mil que seriam utilizados na campanha brasileira vem de pequenas doações e de recursos da própria Atea. A outra metade vem de um único doador paulista que prefere permanecer anônimo.

OUTRO LADO

A empresa de publicidade Fast Mídia, de Salvador, informou que a desistência no negócio ocorreu exclusivamente por que as peças publicitárias vão de encontro á lei municipal que regulamenta o setor.
O representante da empresa, que preferiu se identificar apenas como Amaral, disse que enviou uma minuta de contrato para a Atea apenas para análise dos termos e que recebeu, para o mesmo objetivo, as peças publicitárias.
"Acreditamos que as peças contrariavam a Lei, principalmente em trechos como os que citavam como mitos os deuses hindu, cristão e palestino" diz Amaral.
O artigo 15º da lei municipal 12.640/2000, ao qual a Fast Mídia se refere, diz que é proibida a exibição de anúncio que favoreça ou estimule qualquer espécie de ofensa ou discriminação racial, sexual, social ou religiosa.
A empresa de Porto Alegre, responsável pelo contato com a associação, não foi localizada para comentar o assunto até às 20h40
Fonte [indicada pelo Azarão]: Folha (original perdido).
Nota da casa: Quer dizer que a Mitra Diocesana de Guarulhos pode fazer propaganda contra o aborto e contra a Dilma, mas ateus não podem fazer propaganda de sua descrença? E ainda tem gente que diz que o Brasil é um país laico.
Texto resgatado com Wayback Machine.

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Elfo é enforcado para o Natal

Direto do Caturo, mostrando como o Cristianismo é uma religião de paz, amor e tolerância.

Na igreja livre de Løkken, na cidade de Vendsyssel, Jutlândia, Dinamarca, o pastor Jon Knudsen ama de tal modo o Natal cristão que resolveu «enforcar um elfo de Natal», ou seja, colocar um boneco a imitar um elfo pendurado pelo pescoço no alto da sua igreja. Diz ele que o elfo é uma criatura que «vem do diabo».
Agarrado ao pescoço do elfo está uma placa a dizer «Rejeitamos Satanás e todos os seus trabalhos e todas as suas promessas vazias», em referência ao rito cristão do baptismo.
Alega o pastor dinamarquês, seguidor da religião do pastor alemão Lutero, que fazer decoração natalícia com imagens de elfos é «comparável a fazer decoração com bandeiras nazis» e descreveu os elfos de todos os tipos como «poltergeists que vêm do diabo e fazem com que as crianças adoeçam.»
Alguns dos seus paroquianos apoiaram-no; outros residentes da cidade protestaram e querem que o elfo seja retirado do local. Knudsen diz até que, bem humoradamente, lhe colocaram junto à casa vários gnomos de jardim, além de lhe terem enviado cartas «de elfos».
Os paroquianos fizeram uma vigília pela noite dentro para impedir que o boneco fosse retirado pelos que discordam da sua exposição pública. Todavia, na tarde de segunda-feira um residente conseguiu deitar abaixo a imagem e deixou escrito que o elfo «estava a ser mantido a salvo até depois do Ano Novo.» O pastor deu parte à polícia e o «culpado» confessou ter cometido «o crime», mas a polícia, assoberbada com outras tarefas, recusou-se a dar prosseguimento ao caso.
Fonte: Gladius (original perdido).
Texto resgatado com Wayback Machine.

terça-feira, 19 de maio de 2020

Além do aborto

Brasília, 5 dez (2010) (EFE).- A diretora de ONU Mulheres, Michelle Bachelet, afirmou que o debate sobre a saúde da mulher "vai além do aborto", que deve ser encarado segundo a "cultura" de cada país.
"Primeiro é preciso que haja políticas que outorguem direitos às mulheres" em relação a sua sexualidade, que devem estar dotadas de "elementos que vão desde a educação sexual até o planejamento familiar", disse a ex-presidente do Chile ao jornal "O Estado de São Paulo".
Em relação ao aborto declinou fixar uma posição universal, mas assinalou que "cada nação deve pensar o que as forças políticas e sociais determinam, para definir a que nível de profundeza pode chegar" em suas políticas.
"Cada país, a partir de suas culturas e tradições, deverá ver como conduzir esse tema", indicou.
Apontou, no entanto, que "na medida" em que o debate marca a questão do aborto, "isso significa que estamos chegando tarde".
Na opinião de Bachelet, "o aborto significa que não foi possível evitar uma gravidez não desejada, que não houve educação suficiente, que não foram usados os meios de prevenção conhecidos e que faltou o devido planejamento".
Segundo a diretora de ONU Mulheres, "com ou sem aborto, as taxas de mortalidade materna (no mundo) são altíssimas", o que classificou de "inaceitável".
Fonte: G1 (original perdido).
Nota da casa: Esta constatação da sra Bachelet combina e muito com as idéias de Riane Eisler [e as deste pagão] sobre a importância da conquista de direitos da mulher e a observação dos mesmos, especialmente quanto aos direitos de reprodução da mulher.
Texto resgatado com Wayback Machine.

sexta-feira, 15 de maio de 2020

A natureza ensina

Eu vejo com um costume mais do que usual ler textos de "sacerdotes" wiccanos dizendo aquela baboseira que a natureza ensina, blablabla.
Como pagão, eu concordo, mesmo quando aquilo que a natureza tem para nos "ensinar" possa nos ser prejudicial ou nos chocar.

Estudo de pesquisadores da Universidade de Zurique, na Suíça, indica que o incesto entre animais ajuda a acabar com agressões sexuais. A conclusão foi feita a partir de pesquisa com espécies em que os machos causam prejuízos a seus parceiros nas relações sexuais. As informações são do site da revista New Scientist.
Em algumas espécies, a competição entre os machos pode significar que as fêmeas são machucadas durante o sexo. Por exemplo, uma espécie de besouro, o caruncho do feijão, possui pênis com pequenos "espetos", que fura a parte interna da fêmea e, acredita-se, sirva para marcar a fêmea, depositando seu espermas nos furos, e evitando que outros machos se aproximem dela. Porém, a questão evolutiva entra em questão: se o macho prejudicar a fêmea de sua própria família, menos genes dela sobrarão, o que torna o incesto uma maneira de proteger a espécie e evitar a violência.
O estudo foi realizado em um sistema de computador em que os pesquisadores observaram se os machos eram mais ou menos agressivos com as fêmeas dependendo da proximidade familiar. O estudo descobriu que, em populações com parentes próximos, os machos machucam menos as fêmeas e são mais bem sucedidos em espalhar seus genes.
Fonte: Noticias Terra (original perdido).
Texto resgatado (parcialmente) com Wayback Machine.

terça-feira, 12 de maio de 2020

A tradição do casamento

Mais uma vez, o sr Ratzinger perdeu a oportunidade de ficar calado.

Cidade do Vaticano, 2 dez (2010) (EFE).- O papa Bento XVI disse nesta quinta-feira que a Europa "não seria mais a mesma se o casamento entre homem e mulher desaparecesse ou se tornasse outra forma de união sem base na história, na cultura e no direito europeu".

Mas será que a "base histórica, cultural e legal" do casamento na Europa é o católico? Definitivamente, não. Leiam o texto de Michel Rouche aqui.

O pontífice afirmou que o casamento e a família são imprescindíveis para um desenvolvimento "saudável" da sociedade civil, dos países e dos povos.

Certamente, especialmente que a família enquanto instituição e fundação social foi uma invenção dos Romanos, paganíssimos.

"O casamento deu à Europa seu aspecto e humanismo. A Europa não seria mais a mesma se essa célula básica da sua construção social desaparecesse ou fosse transformada", ressaltou o papa.

Ah, o sr Ratzinger e a mania de incutar medo, insegurança, ignorância e preconceito a nível mundial...

Bento XVI acrescentou que o casamento e a família correm riscos atualmente, devido "à erosão dos valores mais íntimos e à crescente liberalização do direito ao divórcio e do costume cada vez mais divulgado da convivência entre homem e mulher sem uma forma jurídica e a proteção do casamento".

Acontece que a Igreja foi contrária ao casamento, como eu citei no texto extraído da Psicopatologia Fundamental, no tópico "O modelo moral sexual da ICAR".

Também incluiu entre os "riscos" as "uniões que não têm nenhuma base na história, na cultura e no direito", em uma velada crítica aos casamentos homossexuais.

O sr Ratzinger não sabe coisa alguma da história da Europa.

"A Igreja não pode aprovar iniciativas legislativas que impliquem numa valorização de modelos alternativos de vida conjugal e de família. Essas iniciativas contribuem para debilitar os princípios do direito natural e da sociedade", ressaltou.

E o mundo não está nem aí com o que a Igreja aprova ou não.
APOSTASIA JÁ!
Texto resgatado com Wayback Machine.

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Por que no te callas?

Muitos têm se manifestado em defesa do sr Ratzinger, tentando explicar a declaração que ele deu e que causou uma comoção pública.
Eu tenho visto na Internet textos de católicos e defensores da Igreja dizendo que a Imprensa exagerou, aumentou ou inventou que o sr Ratzinger “liberou” o uso de preservativos. Então vamos aos fatos: A citação foi extraída do livro, A Luz do Mundo, publicado com entrevistas do sr Ratzinger com o repórter Peter Seewald. O trecho explorado pela Imprensa refere-se a uma questão feita pelo repórter quanto à declaração que o sr Ratzinger fez na ocasião de sua visita à África, afirmando que o preservativo não deteria o avanço do HIV no continente.
Na época, os “especialistas” da Igreja saíram em defesa do sr Ratzinger, citando “estudos científicos” que comprovavam a ineficácia do produto. Estudos que foram citados de forma distorcida, desonesta e tendenciosa. Então o Dr. Edwar Green surgiu com uma nova interpretação ao que o sr Ratzinger declarou na África, colocando o enfoque no comportamento do usuário. Neste momento eu escrevi ao Dr Green e compartilhei com ele meu desacordo com esta interpretação dada por ele, mas ele preferiu dar o “benefício da dúvida” ao sr Ratzinger.
Infelizmente nenhum repórter entrevistou o sr Ratzinger depois da infeliz declaração, mas ele teria dito o mesmo que os “especialistas” da Igreja, afirmando que o uso de preservativos não evita o contágio, sem falar qualquer coisa em relação ao comportamento.
Evidentemente a Igreja, o Vaticano e o sr Ratzinger assimilaram e assumiram a ajuda dada pelo Dr Green e passaram a usar esta desculpa esfarrapada para explicar, defender e justificar a posição da Igreja contra o uso de preservativos.
O que o Vaticano tenta ocultar da opinião pública é que o que está em questão é o poder e o controle da Igreja sobre o corpo [e a sexualidade] de seus seguidores. Para defender as doutrinas da Igreja que condena toda e qualquer forma de controle de natalidade, seja o preservativo, seja a pílula, seja o aborto, essa instituição é capaz de fazer qualquer coisa. Para a doutrina da Igreja, a concepção é sagrada e o uso de qualquer contraceptivo é um atentado contra a vontade de Deus.
Depois da polêmica, a divulgação da entrevista foi descrita pelos católicos e defensores da Igreja como sendo uma “opinião pessoal” do sr Ratzinger, não um discurso de autoridade de Bento XVI. Mas na prática, para milhões de católicos, tudo aquilo que o Papa fala deve ser ouvido e obedecido sem questionamento, por toda a humanidade. Tanto que, na época, os católicos criticaram a Lancet por ter contestado o discurso do Papa.
O fato é que na África ele condenou o uso de preservativos, não o comportamento de risco e na entrevista ele admitiu que o uso de preservativos é justificado em certos casos. O resto é fogo de artifício, um jogo com espelhos e fumaça. O sr Ratzinger se contradisse.
Como eu comentei no blog do Jorge Ferraz [acena], há algo de muito errado se, sempre que um alto signatário diz o que dá na telha, o Vaticano tem que explicar ou contradizer o que foi dito. O problema é que a classe clerical não sabe o que diz. Seja como opinião pessoal ou discurso de autoridade. Com tanta confusão pela ou por causa da Igreja, está na hora da humanidade gritar, em plenos pulmões, para o sr Ratzinger, para o Vaticano e para a Igreja: “Por que no te callas?”
Texto resgatado com Wayback Machine.