Beto: Eu não vi qualquer pagão perseguindo, matando,
torturando ou queimando outro pagão por práticas ou crenças diferentes.
Mark Green: Você não deve ter ouvido dos Romanos.
Uma evidente distorção e deturpação da História. Se fosse um
cristão eu não ficaria espantado. Mas Mark alega ser “ateu pagão”. Vamos aos
fatos.
1) Roma
não tinha uma religião oficial única. A religião romana, tal como a grega,
tinha a sua expressão pública e a particular, a familiar.
2) Os
Romanos não se identificavam como pagãos nem sua religião como Paganismo. A
religião de Roma era tradicional, estava intrinsecamente conectada com a
cidadania romana e com a Urbe. O “pagão” era como o caipira da nossa época.
3) Roma
não tinha uma organização religiosa central, altamente hierarquizada ou com dogmas
centrais. Roma era politeísta, cada Deus tinha seu próprio templo, corpo
sacerdotal e ritual.
4) Roma
tinha uma tolerância com as religiões dos povos dominados. Muitas vezes os
Romanos adotaram ou assimilaram religiões e Deuses de outros povos.
Mesmo assim, Roma tinha uma política rígida.
Roma perseguiu e destruiu o culto a Dioniso. Um Culto de
Mistério, Iniciático e Estático. Não era um culto divergente da “religião
oficial romana”, nem tampouco pode ser considerada “pagã”, pelos termos da
época. O culto a Dioniso foi exterminado por que foi considerada uma ameaça à
sociedade romana, não por motivos religiosos.
O Senado mandou destruir o templo de Isis e Osíris, Júlio
Cesar mandou destruir os livros sibilinos e Tibério César ordenou a destruição
do templo de Isis e Serapis.
O culto de Isis e Osíris é Egípcio, portanto não é Romano,
portanto não pode ser considerado uma “pratica diferente” da religião romana. O
culto de Isis e Osíris era um culto que pertenciam às cidades do Egito,
portanto, não eram “pagãs”, pelos termos da época. As Sibilinas eram videntes
Gregas, portanto não são Romanas. Os Romanos possuíam seu próprio sistema de
vidência e os livros sibilinos não eram um “desvio” da crença romana. O culto
de Isis e Serapis foi instituído pelos Gregos e Macedônios, portanto não é
Romano. O culto de Isis e Serapis tinha seu centro na cidade de Alexandria, Egito,
portanto, não era Romano nem “pagão”, pelos termos da época.
O Senado ordenou a destruição do templo de Isis e Osíris
porque estava localizado na mesma colina onde estava o templo de Júpiter. Júlio
Cesar acabara de centralizar o poder, o livro sibilinos ameaçavam seu poder
máximo. Tibério Cesar ordenara a destruição do templo de Isis e Serapis por consequência
da derrota de Cleópatra.
Em contraponto, Roma ordenou que fosse trazido a estatua da
Magna Mater para que a Bonna Dea fosse adorada. Roma adotou o culto de Mithra no
seu exército. Roma adotou e assimilou a mitologia Grega, bem como rituais e
templos da religião grega. O culto de Isis chegou a se tornar uma religião de
massas graças a Roma. Quando Roma expandiu seu território e se tornou um
Império, permitiu que os povos dominados mantivessem sua religião.
Roma apenas se tornou religiosamente intolerante depois que
o Império Romano instituiu o Cristianismo como religião oficial. Foi nesta
época que se deu o nome de “pagão” e “paganismo” a todas as crenças antigas e
originais que existiram antes do Cristianismo.
Cristão ignorar que sua religião teve suas origens nas
diversas religiões antigas é até aceitável. Mas alguém que alega ser ateu pagão
ignorar a diferença entre as Religiões Antigas e o que nós orgulhosamente
chamamos de Paganismo Moderno, é inaceitável.
PS: eu encontrei o fato de que Roma proibiu e baniu os druidas em 54 AC e teve o episódio da perseguição aos cristãos no reinado de Domiciano. Mesmo assim, essas ações foram por motivos políticos, não religiosos. Mas se preferir, considere meu erro.