O Homem-leão é uma escultura de marfim de mamute, datada no Aurignaciano (Paleolítico Superior).
A imagem representa um corpo humano, revestido de uma cabeça de leão. É um dos exemplares escultóricos de vulto redondo dos mais antigos que se conhecem até ao presente. As suas dimensões são 29,6 cm de altura, um largo de 5,6 cm e uma espessura de 5,9 cm. Tem sete incisões horizontais e paralelas no braço esquerdo.
A obra foi descoberta rota em pedaços, em 1939, no estado alemão de Baden-Württemberg, na caverna de Hohlenstein-Stadel, situada no vale do rio Lone, donde a resgatou o arqueólogo Otto Volzing (1910-2001). Esta e outras centenas de peças ali encontradas foram doadas por Robert Wetzal, director das escavações, ao Museu de Ulm.
A Segunda Guerra Mundial interrompeu os trabalhos, não sendo até quase trinta anos depois do final da contenda mundial que começou a ser estudada. Foi restaurada ainda em 1997-1998, mas nesta primeira reconstrução a estatueta ainda carecia de cabeça, e não foi até após 2000 que se reconstruiu inteiramente. Este tardio redescobrimento é o que explica o desconhecimento quase geral da estatueta ao não ter ainda passado a livros de texto e divulgações.
A antiguidade estimada (por Carbono-14) é de 32.000 anos, o que a faz remontar ao período aurignaciano, como muitas das estatuetas das «Vénus paleolíticas».
Mesmo a correcta identificação é difícil. A esculturinha parece representar um humano masculino, mas também poderia ser uma fémea humana. Inicialmente foi denominado "homem-leão". Foi o pré-historiador Joachin Hahn quem propôs interpretá-la como um ser feminino dado que a cabeça era de leoa, passando a chamar-se "leão-mulher" (Löewenfrau). Mas o caso não está claro e continua a ser denominada maioritariamente como "homem-leão", ainda que em alemão é seja Löewenmensch, "humano-leão".
A interpretação é complexa. A sua caracterização híbrida apresenta semelhanças com certas representações da arte rupestre de cavernas francesas do período magdaleniano (ou seja, muito mais tardias) como o "Grande Feiticeiro" da caverna de Les Trois-Frères, que também apresentam seres hibridados.
Outra estátua similar, de menor tamanho, mas representando igualmente um homem-leão, foi encontrada na caverna de Hohler Fels, na mesma região, com outras esculturas de animais. E noutra caverna da zona, Vogelherdhöhle, foi encontrada uma cabeça de leão solta, mas com aspecto de ter tido corpo humano. Isto abre a possibilidade de que "o homem-leão" jogasse um papel de destaque na mitologia dos humanos do Paleolítico Superior.
O homem-leão expõe-se atualmente no Museu de Ulm, na localidade homónima da Alemanha.
Segundo uma das páginas acima indicadas, afigura-se claro que esta estatueta humano-leonina teve uso ritual, enquanto os outros items encontrados no mesmo local, a saber, representações de pássaros, cavalos e tartarugas, e leões, parecem ter constituído espólio que acompanhava os mortos.
A caverna onde a estátua humano-leonina foi encontrada está orientada para nordeste, em direcção a um pequeno rio.
De notar que na cultura védica, a primeira ariana da Índia, o Deus Vixnu aparece em forma humana mas com face leonina para proteger um dos seus fiéis e travar a falta de religiosidade.
Narasimha, aparentemente um avatar de Vishnu, tornou-Se numa Divindade especialmente adorada na Índia, tida como protectora em geral, particularmente contra os demónios, estando os Seus templos localizados sobretudo em grandes altitudes e em cavernas.
Várias outras culturas têm Divindades de forma humana com cabeça leonina, como é disso exemplo a egípcia Sekhmet e uma figura encontrada em templos do persa Mitra.
Fonte: Gladius
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