1 - Os Zurradores, ou Logorréicos Uxoricidas, que bradam sua "verdade", ou cantam mantras até nos estourar os tímpanos, capazes de encher o saco de São Francisco, e também de ressuscitar os mortos.
2 - Os Frankeinsteinianos, ou Neowoodstocks, descuidados e imundos, só vivem no mundo do Nirvana e esquecem de comer e escovar os dentes. Geralmente têm chulé, fedem a incenso velho e apresentam coloração verde na pele.
3 - Os Prodigiosos, ou Multichatos, que tudo sabem e tudo fazem ao mesmo tempo: "venha experimentar uma sessão de astronumerotaroquirologia, e de brinde descubra o nome & poderes do seu Anjo da Guarda!". São a alegria das velhinhas.
4 - Os Bibelôs, ou Cafonas, abundantes em adornos talismânicos e pedras de toda a Terra; qualquer similitude com aquela árvore que você viu no Shopping no último mês de Dezembro, é mera inspiração.
5 - Os Catalogadores-Maníacos ou Dedões, que apontam o dedo e te marcam com clichês como se marcam vacas com ferro em brasa. Proliferam entre astrólogos, ou melhor, entre curiós da astrologia: "todos os arianos são violentos", "os piscianos são sensíveis", ou "os cancerianos sabem cozinhar bem". Podem ser Elogiosos, com o fito de nos comer, ou Cataclísmicos, quando nos conduzem ao suicídio, com suas análises "profundas".
6 - Os Bouquets, insaciáveis buscadores de novas variedades de florais-além-de-Bach, como os florais do deserto, os florais da Ilha de Páscoa, os florais da Groenlândia, etc. Ingerem essas novas variedades ditas "inertes" como quem bebe água (e às vezes mais que o próprio e popular H2O). Tá triste? Floral. Ficou nervoso com o cobrador de ônibus? Floral! Se chateou com o porteiro? Floraaal!
7 - Os Idiólatras, sempre venerantes e dotados de um entusiasmo canino para mestres, gurus e qualquer coisa que forneça respostas prontas e mastigadas, eximindo assim o idiólatra da responsabilidade de buscar dentro de si as suas próprias verdades.
8 - Os Ingênuos, ou Pollyanas, dotados de uma rósea visão da vida; todas as coisas são absolutamente boas, Deus é pura misericórdia, e na Nova Era uma Grande Luz alcançará nosso planeta, todos nos abraçaremos como irmãos, não haverá mais sofrimento ou dor, e, de quebra, a Terra passará para a nona dimensão.
9 - Os Ectoplásmicos, ou Encostos, que surgem de repente, sem avisar, e são adiposos: grudam em nós, com o fito de nos ajudar a todo custo, com as coisas mais mínimas. Reza, simpatia, análise da carta astral. Mudam a decoração de nossas casas sem autorização para que a energia fique mais "positiva" segundo as regras das energias do feng shui. Cobrem nossos espelhos, mudam nossos móveis de lugar, penduram sinos dos ventos pela casa inteira, ou nos presenteiam com coisas horrendas que somos obrigados a usar, por educação. Saravá!
10 - Os Gurus, ou Faisões, propagadores da verdade absoluta e criadores de clubes do Mickey Mântrico. Têm sempre uma resposta para tudo e colecionam fiéis, que conseguem com facilidade dentre o subgrupo dos idiólatras. Podem ser facilmente reconhecidos pelo uso abundante do pronome "eu", a exigência de silêncio quando cantarolam suas verdades, e por um sonoro farfalhar de penas douradas, um estufar de peito orgulhoso de si próprio, o olhar além do horizonte, o conhecimento de línguas mortas, quase sempre falando com o caps lock acionado; demonstram incrível talento para espalhar o boato de sua própria inteligência, e acabam montando mais uma igreja ou um 0900. Argh!
11 - Os Ufoexaustivos, ou Ufa! (graduação piorada), que veneram UFOs e aguardam a vinda de nossos "irmãos extraplanetários"; para essa classe, tudo o que vier de fora do planeta é indubitavelmente bom e belo, mesmo que seja um meteoro assassino. Vinde, Ashtar Sheran! Glória a George Adamsky!
12 - Os Piromaníacos, mais apropriadamente classificados como um subgrupo, sempre felizes, adoradores-da-chama violeta, vermelha, azul com bolinhas amarelas; um piromaníaco pode ser idiólatra ou guru, mas é quase sempre ectoplásmico. Parecem ter problemas de afirmação da identidade, pois vivem gritando "I AM" e veneram um tal Saint Germain, que se veste muito mal.
13 - Os Pseudointelectuais, que leram uns livros de Jung e deram uma passada de olho em textos de física quântica, capazes de verdadeiros shows de verborréia superficial, se fazendo valer do uso de termos complicados. Ótimos animadores de festa, alguns chegam a se formar em psicologia (tornando-se, assim, muito mais perigosos).
14 - Os Apocalípticos, opostos complementares dos ingênuos, constantemente proclamando o fim da realidade, a destruição do planeta, o niilismo do Universo, a volta da inflação, a terceira guerra mundial; são, em geral, precisos em datas, conduzem pessoas ao suicídio em massa, constróem abrigos nucleares ou casas em lugares altíssimos, instigam a paranóia, e, eventualmente, aproveitam a passagem de algum cometa para fugir. Especialistas em descobrir mensagens cifradas e códigos secretos do Apocalipse até em livros de Monteiro Lobato. Abundantes em todo final de século. Como o fim do mundo nunca vem, ou quando vem nunca é total, também são conhecidos como Otários.
15 - Os Oraculodependentes, como o próprio nome já revela, viciados em qualquer forma oracular, seja o tarot, a geomancia, e outros. São, em geral, vítimas dos prodigiosos e escravos virtuais dos faisões.
16 - Os Theletubbies, mal-educados e rabugentos, vivem tentando ser iguais a Aleister Crowley, cuja grande contribuição secreta para o mundo foi a invenção do Minoxidil. Vestem-se de preto, arrotam e coçam o saco (inclusive as mulheres), e masturbam-se pensando em comer os Pinky Wiccans.
17 - Os Pinky Wiccans, purpuríneos e borboléticos, veneram uma tal Deusa, cujo marido é um Corno, do que se supõe que Ela não seja lá tão boazinha quanto se acredita... Acreditam piamente que sua religião é a mais antiga do mundo, quando em verdade é o que há de mais moderno, prova viva de que o tempo inexiste. Vivem a se masturbar, pensando em dar para os Theletubbies. La-Lah é, na verdade, Babalon.
18 - Os Kaóticos, ou Analfabétikos - Não arrumam o quarto direito, não escovam os dentes, e insistem em escrever "ke" ao invés de "que", "naum" ao invés de "não". São o que há de fashion. São os McGivers do esoterismo, capazes de fazer feitiços com o que estiver à mão: pedregulhos, papel celofane, farinha de trigo Dona Benta, [absorventes], potes de chandelle.
Fonte: Entremundos [link morto]
Nota: Elário. Eu apenas modifiquei a palavra de um produto específico para uma palavra mais genérica.