sábado, 12 de abril de 2025

Spotify desafinou

Por Rodrigo Castro.

O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro apura suposto racismo religioso por parte do Spotify devido a cards em sua plataforma que associavam a umbanda a "ritual" e "bruxaria".

O caso diz respeito a uma campanha de retrospectiva do provedor de streaming por meio da qual usuários podem rever, de forma personalizada, um resumo das músicas, álbuns, artistas e podcasts mais ouvidos ao longo do ano. Na de 2024, eram indicadas até três "fases musicais" desses usuários no período. E, por meio de um sistema de inteligência artificial, relacionavam-se termos às canções da plataforma.

Só que uma das combinações recebidas por usuários juntavam umbanda com "ritual" e bruxaria". A situação chegou a ser reportada em redes sociais.

Ao MPF, o Spotify esclareceu que providenciou o bloqueio da combinação dos termos assim que tomou conhecimento dos fatos, poucas horas após o início da campanha, no dia 4 de dezembro. Pelo que apresentou ao órgão, o lançamento se deu às 10h, e o gerente de produtos instruiu a equipe de engenharia às 15h14. As mudanças foram implementadas às 16h12.

A empresa disse ainda que não houve qualquer reclamação formal aos canais de comunicação. E pediu que o procedimento fosse arquivado.

Mas o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP), representado pelo babalaô Ivanir dos Santos, está pleiteando uma audiência com o Spotify para tratar do assunto. A entidade foi responsável por reportar o caso à Procuradoria.

Em manifestação, a CEAP argumenta que, ao admitir a campanha difamatória em sua plataforma, ainda que por pouco tempo, "fica clara a incidência de racismo religioso". Os advogados Carlos Nicodemos e Lucas Albuquerque alegam que a empresa não pode se eximir da culpa sob justificativa de que a discriminação ocorreu por uma combinação involuntária de termos gerados automaticamente e que o problema foi rapidamente sanado.

Diz o documento:

"Mesmo que a discriminação não tenha sido criada voluntariamente pela empresa, ela ainda é responsável por seus serviços e pela divulgação deles, possuindo uma responsabilidade legal nos dados tratados em sua plataforma".

Fonte: https://oglobo.globo.com/blogs/lauro-jardim/post/2025/04/mpf-apura-suposto-racismo-religioso-do-spotify-por-relacionar-umbanda-a-ritual-e-bruxaria.ghtml

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