Devo ficar muito grato se, em todas estas existências pude, depois de algum tempo, recuperar parte da minha consciência verdadeira, a despeito das pressões que todos sofremos. Estou certo de que sou um privilegiado, por ter tido tanta capacidade de entender os princípios das Trevas, lá na minha preexistência. Tenho que procurar não ser tão arrogante. Quem sabe tenha sido com isso que me conduzi ao erro de magoar meus únicos e verdadeiros amigos e amigas, minha família,meu reino?
Exulto de felicidade ao saber que estamos vencendo a luta, lentamente. O Império das Luzes está perdendo a credibilidade. Dentro das próprias fileiras está havendo divisões, novas religiões de diferentes tendências surgiram para cultuar o mesmo deus repressor, algumas até aproximando-se das Trevas, mas ainda com muitos enganos. Esta divisão não nos ajuda, apenas multiplicará os adversários que teremos que vencer, mas já aparecem brechas na intransponível barreira de alienação ideológica que o Império das Luzes exerce sobre a humanidade, através de seus métodos de coerção e adestramento.
Temos de nos preocupar, entretanto justamente com estas, que se dizem favoráveis ao controle libertário e participativo das Trevas. Primeiro, por se colocarem como demonófilas. Isto já é um erro, já que a ideia de que as Trevas e seus habitantes tenham tais características, vêm justamente da infâmia que o Império das Luzes propagou sobre nós. Segundo, que seus métodos estão nos dando justamente a má fama que queremos evitar. Métodos de aniquilação e rituais satanistas, que mais se parecem com os usados pela Inquisição e os nazistas, que não são os nossos grupos, mas os do Império das Luzes. Terceiro, que concentram seus esforços em um dos do Conselho das Trevas por considerá-lo o grande chefe, o mais poderoso, o que tem o comando sobre todos os outros espíritos. Outro engano, este tipo de hierarquia e organização agrada somente aos participantes do Império das Luzes que, como todo Império, é centrado na figura de um deus único, onipresente e onipotente. As Trevas se assemelham mais a uma república, que é pública realmente, com ampla e total participação de todos os espíritos. Estes ajudam e apóiam o Conselho das Trevas que, como ministros legítimos e realmente interessados em servir aos seus amigos, decidem conjuntamente e com sabedoria. Para que isso possa acontecer, existe um orientador e observador, o Espírito das Trevas ou Leviathan, filho do Universo. Mas que, mesmo assim, não exerce poder algum, salvo se houver discórdia ou falsidade nas decisões do Conselho, diferente das exigidas pelo povo das Trevas. Leviathan é como o Primeiro Ministro desta república. Existe, portanto, uma democracia radical, uma sociedade real em suas intenções e em sua essência, numa anarquia sobre o poder e a hierarquia. Anarco Socialismo democrático simples e puro.
Justamente, por terem os mesmos interesses que os espíritos das Trevas, que são tão unidos e ao mesmo tempo individuais. Justamente assim é que se mantém um Conselho das Trevas, com estes representantes e o Espírito das Trevas, o Leviathan, como líderes, mas não como soberanos, pois a luta é árdua e o inimigo resistente. Pela continuidade e poder maior das Trevas sobre as Luzes, para que sejam profundas e consistentes e não fúteis e superficiais, todos nós lutamos pela vitória.
Sendo assim, aguardo que algum dia eles possam reconsiderar e ajudar-me. Este livro deve ser publicado algum dia, em alguma era, em algum lugar. Só assim descansarei satisfeito e espero que ele possa trazer a consciência na razão humana e a leve a pensar, ao invés de matar, explorar, dominar, repreender, de ser tão bestial.
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