sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Vida ideal - II

Crônicas de Furland.

Todos os personagens são fictícios, maiores de idade e zoomórficos.

Com a data e o horário marcados, eu toco a campainha da graciosa casa, em algum lugar do subúrbio de Yffiburg.

- Só um instante!

Barulho de coisa caindo, algo arrastando, portas abrindo, sons de louça e algo cheirando muito bem.

- Bom dia, senhor Sapo Bardo. Eu sou Kit Boodle. Por favor, entre.

O interior da casa era adorável. Cor da parede suave. Eu notei um papel de parede nos corredores e na escada que leva aos andares superiores.
Uma típica casa americana, como se vê em filmes. Do sagão de entrada, eu segui para a sala de visitas. Eu notei um grande quadro com um letreiro em bronze escrito "Boodles".

- Gostou? Essa é a nossa família. Gerações e gerações de Boodles.

Diante de mim estava a intrincada árvore familiar dos Boodle. Muitos canídeos. Eu espero que meus leitores saibam que raposas são canídeos também. Alguns felinos. Muitas linhas sobrepostas e cruzadas. Algo normal em Yffiburg.

- Venham, meninos, o chá está pronto!

Eu sou conduzido à sala do chá, um anexo próximo da cozinha, perto do quintal e alguns passos depois da escada.

- Seja bem, vindo, senhor Sapo Bardo. Eu sou Kay Boodle.

A música de Jimmy Hendrix, "Foxy Lady", ressoa em minha mente.

- Obrigado, senhora Kay. Não precisava se incomodar.

- Bobagem, bobagem. Sinta-se em casa.

O cheiro dos biscoitos, dos pães e das geléias. O cheiro do chá. Algo mais tem cheiro bom. Eu quero descobrir de onde vem esse cheiro.

- Então, senhor Sapo Bardo? Teve uma boa passagem de dimensão?

- Tranquila.

- Eu creio que deve ter muitas perguntas. Afinal, veio do mundo humano só para nos entrevistar.

- Ah, eu espero não ser muito indiscreto.

- Fique tranquilo, senhor Sapo Bardo, você pode perguntar qualquer coisa.

- Kit e Kay, é um prazer enorme ter vocês aqui hoje! Para começar, como vocês se conheceram e o que os atraiu um ao outro?

Kit: Risos Bem, eu estava passeando pela praça central de Yiffburg quando vi Kay sentada em um banco, lendo um livro sobre a história da arte furry. Achei a cena irresistível e tive que me aproximar.

Kay: E eu fiquei encantada com a sua ousadia!

- Yiffburg parece ser um lugar incrível para se viver. Qual é a parte que vocês mais gostam da cidade?

Kit: Definitivamente as festas! A energia é contagiante e sempre fazemos novos amigos.

Kay: E eu adoro a liberdade que temos aqui. Podemos ser nós mesmos sem julgamentos.

- Como Richard conheceu vocês?

Kit: Como todo humano, ele deveria estar se sentindo preso, amarrado, tolhido.

Kay: Pobrezinho! Ele precisava de uma boa transa. Nós o trouxemos para Yffiburg.

- Mas por que "furrianos" ?

Kit coloca um óculos e começa a fumar um cachimbo. Tentando parecer um intelectual.

Kit: Isso é óbvio, senhor Sapo Bardo. Veja a natureza. Os animais vivenciam sua sexualidade sem restrições. A homossexualidade é mais normal do que sua espécie imagina. A monogamia não é a regra. Pode-se dizer que os animais são promíscuos e que a gravidez é mais incidental do que intencional.

Kay: Hurray! Meu Kit é intelectual. Mas... acabou o chá e os biscoitos. E agora?

Kit: Nada tema, bela donzela. Eu vou comprar mais.

Assim que Kit sai, Kay começa a flertar comigo.

- Senhor Sapo Bardo, eu ouvi boatos sobre o senhor. Eu quero ver se é verdade.

- Mas... senhora Kay... você é a mulher (fêmea?) de Kit...

- E sempre serei. Isso não me impede de ter amigos. Kit também tem outros amigos. Como você mesmo diz. Todos tem o direito e a liberdade de amar quem quiser, quantos quiser.

Kay me aninha entre seus seios e coxas. Eu não consigo pensar. Kay me envolve em seus braços e não me larga enquanto eu não despejo uma boa quantidade daquele creme branco, espesso e quente.

Kay: (risos) Então era verdade. O Deus das Florestas vive dentro de você. Eu vou querer que venha me ver com frequência. Esse seu "creme de nozes" é de excelente qualidade.

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