quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Tem que acabar com o fundamentalismo

Durante a Conferência Fiel Pastores e Líderes 2024, que aconteceu de terça-feira (8) à sexta-feira (11), o reverendo Heber Campos, um dos palestrantes do evento, fez um chamado à igreja evangélica para adotar uma postura mais firme contra o que ele chamou de “cultura progressista”. Campos enfatizou que somente a mensagem do Evangelho pode acabar com o que ele descreveu como “viadagem” no Brasil.

A Conferência Fiel Pastores e Líderes é um evento anual que reúne palestrantes fundamentalistas para discutir temas relacionados à atuação da igreja, oferecendo ferramentas e abordagens para pastores e líderes de ministérios locais, geralmente a partir de um viés ultra conservador e “antiprogressista”.

Com 50 anos de ministério, Heber Carlos de Campos é um dos pastores da Igreja Presbiteriana Paulistana, em SP e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Heber disse que a igreja precisa ser mais assertiva no enfrentamento da ideologia progressista, que inclui o movimento LGBT+, o feminismo, a ideologia de gênero e outros grupos.

“Temos que jogar a Escritura na cara deles. Porque a tentativa deles é fazer com que a Bíblia não é de fato contrária ao ‘LGBTQ-sei-lá-o-quê’; ‘não é, isso é preconceito nosso’. Não é! É opinião divina e nós temos que ter coragem de falar dessa turma”, durante um painel do evento.

E continuou ainda mais raivoso em sua crítica: “Desculpem a minha irreverência aqui. Essa ‘viadagem’ tem que acabar em nosso país. E nós temos que lutar contra ela, temos que pregar contra ela”.

Para André Musskopf, doutor em teologia e pastor consagrado pela Igreja Batista Nazareth, em Salvador, autor do livro "Via(da)gens Teológicas": “Não é novidade que se utilize o termo ‘viadagem’ para tentar diminuir, ridicularizar e criar pânico moral em torno das questões de diversidade sexual e de gênero. Esses usos e abusos precisam ser criticadas e denunciados por aquilo que são: discursos de ódio. Ao mesmo tempo, tanto nos movimentos sociais, quando no âmbito da religião, temos ressignificado e reivindicado esse termo como expressão de quem somos como cidadãs e cidadãos, inclusive no âmbito da fé e da experiência religiosa. Trata-se de uma estratégia de desestabilização das práticas de discriminação e violência e de afirmação de direitos. Por isso a nossa viadagem incomoda. Ela questiona o lugar de poder e privilégio de uma elite que se arroga a autoridade para definir a(s) forma(s) corretas de crer e que sequestra a religião como se fosse propriedade de alguns escolhidos”.

Consciente de que sua postura preconceituosa pode gerar reações, Campos afirmou que esses contratempos não devem intimidar a Igreja: “Quando nos tirarem o microfone, nos tirarem as redes sociais, nós temos que proclamar em alto e bom tom isso, porque nós temos sido covardes, temos tido vergonha de lutar moralmente contra o status quo”, induzindo o público a pensar numa falsa “cristofobia”, que nada mais é do que a reação dos que prezam pela dignidade humana às abjetas palavras ditas pelo religioso.

Fonte: https://revistaforum.com.br/lgbt/2024/10/14/pastor-diz-que-preciso-enfrentar-acabar-com-viadagem-no-brasil-167412.html

Nota: homofobia é crime. Falta lei que torna o discurso de ódio um crime. Falta lei que torna o fundamentalismo um crime.

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