quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Deuses, irmãos e consortes

O nome de Isis, no original, é Aset/Ast.

O nome de Osiris, no original, é Asur/Aser/Asar.

O nome de Set, no original, é Setesh/Sutekh/Suty.

Os três são filhos de Geb e Nut [junto com Neftis], netos de Tefnis e Shu, bisnetos de Aton, Amon e Mut, trisnetos de Nun e Neunet. Alguns textos encontrados em pirâmides mostram que a Cosmogonia dos antigos egípcios fala das Águas Primordiais, bem como a luta entre Aton e Apophis, uma Deusa Serpente, como em muitas outras Cosmogonias. Isis e Osiris são a terceira geração de Deuses e estão intimamente ligados à civilização do Antigo Egito, como suas contrapartes Romanas e Gregas. Semelhanças demais para serem meras coincidências.

O drama de Osiris, Isis e Set pode ser visto na lenda judaica que conta o verdadeiro motivo pelo qual Caim matou Abel: cada qual foi comprometido pelos seus pais, ainda na infância, a suas irmãs, Qelimat e Lebuda, sendo que Caim estava apaixonado por Qelimat, prometida a seu irmão Abel. [“Caim era um gêmeo, pois com ele nasceu uma menina; e Abel foi um de três, pois com ele vieram duas meninas” - Genesis Rabbah]

Imouto complex, alguém? Osiris não teve a mesma sorte de Zeus e Jove, só para ficar nos mais conhecidos. A mitologia sumeriana pode ser considerada pornográfica demais para os padrões do mundo contemporâneo. Neftis foi prometida para Set por seus dedicados progenitores, mas ele queria Isis. Ou, se nos valermos dos mitos egípcios, Set apenas reagiu como homem ofendido quando Neftis flertou com Osiris.

Os Gregos Antigos e seu teatro dramático escreveram sobre Édipo e Electra [filhos/as tendo relações incestuosas com seus pais]. Relações incestuosas entre irmãos e irmãs são comuns nos mitos antigos, mas os mitos sumerianos falam de relações incestuosas entre pais e filhos/as, sem dramas, sem neuras. Muitas dinastias mantiveram a linhagem consumando esse tabu, o candidato ao trono se casava com sua mãe, irmã, prima e até mesmo sua filha. O tabu, então, tem o sentido de ser algo sagrado, não de algo proibido.

O Antigo Egito reconhecia o terceiro gênero. Embora seus mitos falem em homossexualidade, o adultério era severamente punido. Mulheres não casadas podiam ter tantos parceiros quantos quisesse e existia prostituição.

A despeito dos mitos trinitários, os povos antigos não conceberam mitos com, digamos, um Triângulo Amoroso. Osiris teria se mantido intacto. Isis poderia dividir Osiris com Neftis e esta dividiria Set com ela. As duas certamente se divertiriam muito juntas, mesmo sem seus parceiros. A antiga religião egípcia [agora chamada de Kemet] seria menos obcecada com a morte e talvez ajudasse a preservar os mitos e ritos sumérios voltados à sexualidade sagrada que, talvez, pudesse influenciar os Gregos e Romanos e, talvez, o mundo nunca tivesse adotado essa seita fundada por escravos, servos, covardes e fracos, onde o mundo, a natureza, o corpo, o prazer e o sexo são considerados malignos.

Se tivéssemos mantido as crenças de nossos ancestrais, nós poderíamos ver e celebrar junto com os Deuses de nossos ancestrais os mesmos rituais os mistérios das estações do ano. Eu até posso imaginar Isis visitando o Brasil, em pleno Carnaval, em suas roupas góticas, sondando quem vai ser o sortudo de ir para a cama com ela.

Definitivamente, o mundo estaria muito melhor, com menos conventos e mais hieródulos. As contendas entre os países seriam resolvidos não com armas, mas com amor. Nós economizaríamos bastante se, ao invés de uniformes militares, nós produzíssemos roupas íntimas. Ao invés de imagens violentas de um rabino mítico, imagens sensuais de uma sacerdotisa voluptuosa.

Com alguma sorte, nós poderíamos estar vivenciando a maior verdade:

Amor é o Todo da Lei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário