O quesito religião, no Censo 2010, vem provocando confusões e manifestações pelo país. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) garante que não induz e nem restringe as respostas sobre credos. O coordenador técnico nacional do levantamento, Marco Antonio Alexandre, explica que todas as declarações serão registradas conforme anunciadas pelos entrevistados. Ele falou ontem com Zero Hora:
Zero Hora – As religiões listadas no computador de mão do recenseador foram escolhidas como?
Marco Antonio Alexandre – Essa lista nada mais é do que uma reprodução de tudo o que as pessoas declararam no Censo de 2000. Colocamos esses dados no que chamamos de banco descritor do PDA (computador de mão), facilitando a vida do recenseador. Quando ele vai a campo, pergunta a religião do recenseado. Ao digitar a resposta, o sistema busca a descrição semelhante no banco descritor e a apresenta ao recenseador. Ele pode clicar no nome correspondente à resposta ou continuar digitando até o final. O banco de dados de religiões tem 2.079 declarações diferentes.
Zero Hora – A Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) diz que não aparece neste banco de dados. O que ocorreu?
Alexandre – No banco de dados há somente a expressão Confissão Luterana do Brasil. Em 2000, o que nós recebemos de resposta foi Confissão Luterana do Brasil. Se alguém tivesse dito o nome completo, apareceria no banco de dados. Como a questão é autodeclaratória, as pessoas, às vezes, falam uma denominação que não corresponde ao termo correto da religião. É como elas conhecem e se referem a sua religião. Esse é nome que vai para o arquivo, que depois é classificado. Existem dezenas de denominação de umbanda, por exemplo. Tem umbanda do Brasil, de Iemanjá e assim por diante. O sistema irá agrupar essas denominações numa lógica e os identificará por meio de um código.
ZH – Algumas religiões estão fazendo campanha para que as pessoas falem corretamente o que são. Se as religiões serão agrupadas, como será possível identificá-las individualmente depois?
Alexandre – Para a divulgação, não há necessidade de desagregar todos os grupos. Não é usual para nós chegar a esse nível de detalhe. Quando precisar um estudo específico, o IBGE poderá fornecer um microdado daquele assunto. Se uma igreja quiser e se constituir um código específico, poderá saber a estimativa de fiéis.
Fonte: Zero Hora [link indisponível]
Nota da casa: A Lua d'Inverno perguntou-me sobre como os [Neo]Pagãos estariam sendo registrados no Censo 2010. Considerando que o [Neo]Paganismo apareceu recentemente no Brasil (por volta da década de 80, século XX), ainda não há população mesurável para o Censo, sem falar que há muita desinformação sobre o [Neo]Paganismo e crises de identidade entre os praticantes das diversas vertentes do [Neo]Paganismo. Portanto, o resultado do Censo 2010 tenderá a uma nomenclatura generalizante.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Religiões se mobilizam para o Censo 2010
Polêmica criada pela não inclusão dos luteranos na pesquisa se espalhou entre outras crenças.
A preocupação da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) em ser identificada corretamente no Censo 2010 não é isolada. Outras religiões também estão preocupadas com o levantamento nacional e mobilizam seus fiéis a fim de evitar distorções e marcar território no imenso campo da fé no país.
A polêmica publicada ontem em Zero Hora envolvendo a IECLB, que não estaria listada nos computadores de mão dos recenseadores, causou desconfiança ao sistema usado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O coordenador técnico do Censo 2010, Marco Antonio Alexandre, esclarece que não há uma lista fixa e que a base de dados das religiões declaradas em 2000 foi instalada nos computadores apenas para facilitar o trabalho dos pesquisadores:
– A questão é autodeclaratória. Não há opções definidas. As pessoas é que vão dizer a religião que seguem.
A importância de responder corretamente o questionário tirou o sono de outros religiosos no país. A Federação Espírita Brasileira se antecipou e procurou o IBGE antes mesmo dos recenseadores saírem às ruas. A partir disso, lançou uma campanha nacional pela internet e também junto às organizações estaduais para que seus seguidores se declarassem não somente como espíritas, mas complementassem sua opção com outras expressões como kardecistas, Kardecismo, Centro Espírita, Doutrina Espírita, Federação Espírita Brasileira e Espiritismo.
– Ao se declarar espírita somente poderíamos ser confundidos com outras religiões, como os espiritualistas – explicou a presidente da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, Maria Elisabeth Barbieri.
Crenças afros e ateus querem aparecer na pesquisa
As crenças afros também se uniram em razão do Censo. Representadas oficialmente no último levantamento feito em 2000 por apenas 0,03% da população, as autoridades religiosas e ligadas à defesa da raça negra montaram a campanha “Quem é de Axé diz que é”.
– Sempre fomos discriminados e historicamente as pessoas escondiam sua religião por medo de represálias. Acabavam se dizendo católicas, mas não eram. Estimamos que 10% da população segue crenças afro e queremos mostrar isso para o país – disse Baba Diba de Iyemonja, dirigente da Congregação em Defesa das Religiões Afro Brasileiras (Cedrab) e coordenador da mobilização no Rio Grande do Sul.
Até quem não acredita em Deus ou em um Ser superior também se preocupou com o Censo. Comunidades e fóruns na internet promovem uma campanha para que os pessoas sem religião se declarem como ateus. “É importantíssimo responder Ateu ao recenseador. Finalmente temos a chance de ser contados, vamos aproveitar”, escreveu um dos usuários do site Clube Cético.
Fonte: Zero Hora [link indisponível]
A preocupação da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) em ser identificada corretamente no Censo 2010 não é isolada. Outras religiões também estão preocupadas com o levantamento nacional e mobilizam seus fiéis a fim de evitar distorções e marcar território no imenso campo da fé no país.
A polêmica publicada ontem em Zero Hora envolvendo a IECLB, que não estaria listada nos computadores de mão dos recenseadores, causou desconfiança ao sistema usado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O coordenador técnico do Censo 2010, Marco Antonio Alexandre, esclarece que não há uma lista fixa e que a base de dados das religiões declaradas em 2000 foi instalada nos computadores apenas para facilitar o trabalho dos pesquisadores:
– A questão é autodeclaratória. Não há opções definidas. As pessoas é que vão dizer a religião que seguem.
A importância de responder corretamente o questionário tirou o sono de outros religiosos no país. A Federação Espírita Brasileira se antecipou e procurou o IBGE antes mesmo dos recenseadores saírem às ruas. A partir disso, lançou uma campanha nacional pela internet e também junto às organizações estaduais para que seus seguidores se declarassem não somente como espíritas, mas complementassem sua opção com outras expressões como kardecistas, Kardecismo, Centro Espírita, Doutrina Espírita, Federação Espírita Brasileira e Espiritismo.
– Ao se declarar espírita somente poderíamos ser confundidos com outras religiões, como os espiritualistas – explicou a presidente da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, Maria Elisabeth Barbieri.
Crenças afros e ateus querem aparecer na pesquisa
As crenças afros também se uniram em razão do Censo. Representadas oficialmente no último levantamento feito em 2000 por apenas 0,03% da população, as autoridades religiosas e ligadas à defesa da raça negra montaram a campanha “Quem é de Axé diz que é”.
– Sempre fomos discriminados e historicamente as pessoas escondiam sua religião por medo de represálias. Acabavam se dizendo católicas, mas não eram. Estimamos que 10% da população segue crenças afro e queremos mostrar isso para o país – disse Baba Diba de Iyemonja, dirigente da Congregação em Defesa das Religiões Afro Brasileiras (Cedrab) e coordenador da mobilização no Rio Grande do Sul.
Até quem não acredita em Deus ou em um Ser superior também se preocupou com o Censo. Comunidades e fóruns na internet promovem uma campanha para que os pessoas sem religião se declarem como ateus. “É importantíssimo responder Ateu ao recenseador. Finalmente temos a chance de ser contados, vamos aproveitar”, escreveu um dos usuários do site Clube Cético.
Fonte: Zero Hora [link indisponível]
Campanha pelo sacerdócio das mulheres
LONDRES, 26 Ago 2010 (AFP) -Os famosos ônibus vermelhos de Londres levarão mensagens a favor da ordenação sacerdotal das mulheres na Igreja Católica durante a visita do papa Bento XVI à Grã-Bretanha, em setembro, anunciaram os organizadores da campanha.
A associação Ordenação de Mulheres Católicas (CWO, na sigla em inglês) lançará sua campanha publicitária na próxima segunda-feira em 15 ônibus, que circularão durante quatro semanas pelas principais artérias da cidade com o slogan: "Papa Bento - Ordene mulheres agora!".
Bento XVI fará a primeira visita oficial de um pontífice ao eino Unido desde o cisma anglicano, no século XVI. Entre 16 e 19 de setembro, ele irá a Edimburgo, Glasgow, Londres e Birmingham.
"Esta é a única maneira de divulgar nossa mensagem, e uma boa oportunidade, já que o Papa estará no país", disse Pat Brown, porta-voz do grupo.
Fonte: G1
Nota da casa: Eu apóio essa campanha. Mas caso a Igreja continue negando, as católicas ainda podem optar por deixar a Igreja e escolher uma das muitas religiões do Paganismo. Aqui elas serão muito bem vindas.
A associação Ordenação de Mulheres Católicas (CWO, na sigla em inglês) lançará sua campanha publicitária na próxima segunda-feira em 15 ônibus, que circularão durante quatro semanas pelas principais artérias da cidade com o slogan: "Papa Bento - Ordene mulheres agora!".
Bento XVI fará a primeira visita oficial de um pontífice ao eino Unido desde o cisma anglicano, no século XVI. Entre 16 e 19 de setembro, ele irá a Edimburgo, Glasgow, Londres e Birmingham.
"Esta é a única maneira de divulgar nossa mensagem, e uma boa oportunidade, já que o Papa estará no país", disse Pat Brown, porta-voz do grupo.
Fonte: G1
Nota da casa: Eu apóio essa campanha. Mas caso a Igreja continue negando, as católicas ainda podem optar por deixar a Igreja e escolher uma das muitas religiões do Paganismo. Aqui elas serão muito bem vindas.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
A experiência com a Deusa
A DEUSA NÃO É UMA TELENOVELA…
A Deusa não é uma moda, não é uma montagem de cenários, nem um ritual.
Ela não é um culto nem uma prática, não é uma crença nem uma fé nem uma dança em círculo… nem um carnaval ou um Sabat.
A Deusa não é um folclore nem o uso de vestes particulares, colares e pulseiras a imitar as mulheres ou as sacerdotisas de qualquer culto antigo, templo ou lugar…
A Deusa não é um ritual pagão, nem Wicca, nem bruxa, nem profana…
A Deusa não é casta nem sensual, nem é Virgem nem Pecadora…
A Deusa não é um símbolo nem uma imagem para adorar ou adornar…
A Deusa não serve de imitação de nada nem pode ser um escape para a nossa frustração ou para o nosso ego...
A Deusa é a Terra Mãe onde nascemos, a fonte da Vida, a dadora de alimentos, a Mãe de todas as coisas. Ela é a Vida e a Morte, a Manifestação da Prima Matéria na Terra, tudo o que se manifesta através do Espírito Uno e é Verbo e se torna carne. A Deusa é cada Ser Humano na sua plenitude consciente da dualidade mas unidos os dois lados de tudo: feminino e masculino, sol e lua, dia e noite, prazer e dor…
A Deusa é toda a Terra e é ainda a parte reprimida da humanidade, a parte da humanidade não expressa, é a parte Feminina da Humanidade banida das leis e da sociedade, é a Natureza destruída pela mão do homem, é o Yin complemento do Yang, parte integrante do Tao, é a receptividade da humanidade, o lado direito do cérebro activo, é intuição, é oráculo, é o feminino por excelência manifestado na Natureza e em cada cardo, botão de rosa, animal, criança, mulher ou homem.
A DEUSA É CADA MULHER DE HOJE QUE SE TORNA CONSCIENTE DO FEMININO SAGRADO...
A Deusa é cada Mulher realizada na sua essência primeira, na união das duas mulheres que o patriarcalismo dividiu para reinar…é a mulher que através do resgate da mulher ancestral, da mulher que foi ocultada pela história dos homens e calada pelos seus padres, santos, professores e escritores e que dá voz viva aos mistérios sagrados, através dos seus sentimentos mais fortes e profundos e ousa ser ela mesma sem medo de represálias. Porque Ela é a mulher una, a Mulher Útero – abençoado o seu ventre - a mulher total cuja experiência é vivida no presente, no seu coração, em cada momento da sua vida e em cada dia, livre de preconceitos e de dependências.
A Deusa é a Vida e a Consciência Plena na Mulher que dá à Luz o Homem.
A Deusa é uma experiência viva, vivida na nossa carne, na nossa alma e no nosso SER INTEGRAL. É passado e futuro sobretudo presente e eternidade…
A Deusa é todas as memórias da Terra Mãe registadas no nosso ADN…e por isso devemos antes de tudo lembrar quem fomos e quem somos na nossa pele…
"Devemos lembrar-nos como e quando cada uma de nós passou por uma experiência da Deusa, e se sentiu sarada e integral por causa desta. São momentos santos, sagrados, intemporais, embora por mais inefáveis que se possam revelar, sejam difíceis de reter em palavras. Mas, quando qualquer outra pessoa menciona uma experiência semelhante, isso pode evocar as sensações que voltam a captar a experiência; se bem que só aconteça se falarmos da nossa vivência pessoal. É por isso que necessitamos de palavras para os mistérios das mulheres, o que parece exigir que uma de cada vez explicite o que sabe - como tudo o mais que é de foro feminino. Servimos de parteiras às consciências umas das outras.” Travessia para Avalon, de Jean Shinoda Bolen.
Autora: Rosa Leonor, publicado em Mulheres e Deusas
PS [da Rosa Leonor]:
A Deusa não é nenhum ritual nem está em nenhum lugar especial...Ela não pertence a ninguém e é de todos/as os que a integram como realidade sentimento no seu coração: a Deusa não é um paliativo nem um folclore antigo nem há que ir nenhum lugar para a experimentar: Ela manifesta-se dentro de cada mulher e de cada homem. Sem que Ela se torne numa experiência interior e seja a manifestação natural nas nossas vidas do dia a dia de nada adianta ir rezar ou evocá-la nas estações...e a lugares ditos sagrados...embora as vezes possam haver revelações, mas não confundir rituais e magias ou ter posturas que são apenas cópias do passado. O templo da Deusa no nosso Mundo será diferente, não obedecerá aos mesmos rituais nem fórmulas...aqueles que mimetizam a Deusa não prestam nenhum culto à Deusa mas ao seu ego.
A Deusa não é uma moda, não é uma montagem de cenários, nem um ritual.
Ela não é um culto nem uma prática, não é uma crença nem uma fé nem uma dança em círculo… nem um carnaval ou um Sabat.
A Deusa não é um folclore nem o uso de vestes particulares, colares e pulseiras a imitar as mulheres ou as sacerdotisas de qualquer culto antigo, templo ou lugar…
A Deusa não é um ritual pagão, nem Wicca, nem bruxa, nem profana…
A Deusa não é casta nem sensual, nem é Virgem nem Pecadora…
A Deusa não é um símbolo nem uma imagem para adorar ou adornar…
A Deusa não serve de imitação de nada nem pode ser um escape para a nossa frustração ou para o nosso ego...
A Deusa é a Terra Mãe onde nascemos, a fonte da Vida, a dadora de alimentos, a Mãe de todas as coisas. Ela é a Vida e a Morte, a Manifestação da Prima Matéria na Terra, tudo o que se manifesta através do Espírito Uno e é Verbo e se torna carne. A Deusa é cada Ser Humano na sua plenitude consciente da dualidade mas unidos os dois lados de tudo: feminino e masculino, sol e lua, dia e noite, prazer e dor…
A Deusa é toda a Terra e é ainda a parte reprimida da humanidade, a parte da humanidade não expressa, é a parte Feminina da Humanidade banida das leis e da sociedade, é a Natureza destruída pela mão do homem, é o Yin complemento do Yang, parte integrante do Tao, é a receptividade da humanidade, o lado direito do cérebro activo, é intuição, é oráculo, é o feminino por excelência manifestado na Natureza e em cada cardo, botão de rosa, animal, criança, mulher ou homem.
A DEUSA É CADA MULHER DE HOJE QUE SE TORNA CONSCIENTE DO FEMININO SAGRADO...
A Deusa é cada Mulher realizada na sua essência primeira, na união das duas mulheres que o patriarcalismo dividiu para reinar…é a mulher que através do resgate da mulher ancestral, da mulher que foi ocultada pela história dos homens e calada pelos seus padres, santos, professores e escritores e que dá voz viva aos mistérios sagrados, através dos seus sentimentos mais fortes e profundos e ousa ser ela mesma sem medo de represálias. Porque Ela é a mulher una, a Mulher Útero – abençoado o seu ventre - a mulher total cuja experiência é vivida no presente, no seu coração, em cada momento da sua vida e em cada dia, livre de preconceitos e de dependências.
A Deusa é a Vida e a Consciência Plena na Mulher que dá à Luz o Homem.
A Deusa é uma experiência viva, vivida na nossa carne, na nossa alma e no nosso SER INTEGRAL. É passado e futuro sobretudo presente e eternidade…
A Deusa é todas as memórias da Terra Mãe registadas no nosso ADN…e por isso devemos antes de tudo lembrar quem fomos e quem somos na nossa pele…
"Devemos lembrar-nos como e quando cada uma de nós passou por uma experiência da Deusa, e se sentiu sarada e integral por causa desta. São momentos santos, sagrados, intemporais, embora por mais inefáveis que se possam revelar, sejam difíceis de reter em palavras. Mas, quando qualquer outra pessoa menciona uma experiência semelhante, isso pode evocar as sensações que voltam a captar a experiência; se bem que só aconteça se falarmos da nossa vivência pessoal. É por isso que necessitamos de palavras para os mistérios das mulheres, o que parece exigir que uma de cada vez explicite o que sabe - como tudo o mais que é de foro feminino. Servimos de parteiras às consciências umas das outras.” Travessia para Avalon, de Jean Shinoda Bolen.
Autora: Rosa Leonor, publicado em Mulheres e Deusas
PS [da Rosa Leonor]:
A Deusa não é nenhum ritual nem está em nenhum lugar especial...Ela não pertence a ninguém e é de todos/as os que a integram como realidade sentimento no seu coração: a Deusa não é um paliativo nem um folclore antigo nem há que ir nenhum lugar para a experimentar: Ela manifesta-se dentro de cada mulher e de cada homem. Sem que Ela se torne numa experiência interior e seja a manifestação natural nas nossas vidas do dia a dia de nada adianta ir rezar ou evocá-la nas estações...e a lugares ditos sagrados...embora as vezes possam haver revelações, mas não confundir rituais e magias ou ter posturas que são apenas cópias do passado. O templo da Deusa no nosso Mundo será diferente, não obedecerá aos mesmos rituais nem fórmulas...aqueles que mimetizam a Deusa não prestam nenhum culto à Deusa mas ao seu ego.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Buscadores
Geralmente 'buscadores' é usado para descrever se alguém está procurando por um 'caminho mais tradicional'.
Buscadores é tudo o que somos.
Iniciados são buscadores movendo-se em um caminho de alguma forma bem trilhado, de vez em quando tem marcas e placas para você saber que está na direção certa e você terá a companhia de um coven neste caminho.
Mas se você se perder deste caminho tudo o que você terá são olhares perplexos das pessoas se afastando de você e estes não verão porque seus olhos terão mudado.
De alguma forma, você verá isto acontecer de vez em quando, quando um velho iniciado começar a justificar por um novo nome de tradição. São os mesmos assuntos do ego agindo quando um membro da família escolhe deixar a casa e começa a fazer a sua própria. Você deseja-lhes bem, talvez fazer algumas sugestões aonde você sabe que uma ponte está coberta de água ou uma estrada é pedregosa demais, mas no fim quem percorre um caminho diferente ou novo terá que encontrar formas de percorrê-lo sem você.
Então iniciados continuam sendo buscadores, apenas com mapas de rotas e companhia. Se você tiver sorte é uam compnahia alegre e haverá amor.
Você não verá o termo sendo muito usado na "comunidade" neopagã. Devido ao ego. Um buscador implica ao não-iniciado que alguém está perdido. E se há algo que a cmounidade neopagã tem certeza é que eles não estão "perdidos".
Esta palavra tem tom cristão que eles não gostam, então eles não estão perdidos, eles "encontraram" o que procuravam. Ponto final, fim da discussão.
Um buscador verdadeiro descobriu que a busca é o que alguém está procurando, a espiritualidade é uma estrada cigana interminável de pesquisa e aprendizado e se você tiver sorte, o lar é um grupo de corações todos buscando a mesma coisa juntos. Desenvolvendo uma linguagem ao longo da caminhada e encontrar outros com interesses iguais para dividir a alegria do caminho pela vida a qual no fim é uma contínua procura por novos mistérios.
O rebanho neo-pagão está convencido que existe um fim na busca, é família e iluminação e ficar junto ao rebanho para proteção.
Não se pode ver muito do centro de um rebanho senão trazeiros e poeira.
Eu prefiro menos companhia para viajar.
Autora: Vicki, publicado no forum da Amber and Jet.
Buscadores é tudo o que somos.
Iniciados são buscadores movendo-se em um caminho de alguma forma bem trilhado, de vez em quando tem marcas e placas para você saber que está na direção certa e você terá a companhia de um coven neste caminho.
Mas se você se perder deste caminho tudo o que você terá são olhares perplexos das pessoas se afastando de você e estes não verão porque seus olhos terão mudado.
De alguma forma, você verá isto acontecer de vez em quando, quando um velho iniciado começar a justificar por um novo nome de tradição. São os mesmos assuntos do ego agindo quando um membro da família escolhe deixar a casa e começa a fazer a sua própria. Você deseja-lhes bem, talvez fazer algumas sugestões aonde você sabe que uma ponte está coberta de água ou uma estrada é pedregosa demais, mas no fim quem percorre um caminho diferente ou novo terá que encontrar formas de percorrê-lo sem você.
Então iniciados continuam sendo buscadores, apenas com mapas de rotas e companhia. Se você tiver sorte é uam compnahia alegre e haverá amor.
Você não verá o termo sendo muito usado na "comunidade" neopagã. Devido ao ego. Um buscador implica ao não-iniciado que alguém está perdido. E se há algo que a cmounidade neopagã tem certeza é que eles não estão "perdidos".
Esta palavra tem tom cristão que eles não gostam, então eles não estão perdidos, eles "encontraram" o que procuravam. Ponto final, fim da discussão.
Um buscador verdadeiro descobriu que a busca é o que alguém está procurando, a espiritualidade é uma estrada cigana interminável de pesquisa e aprendizado e se você tiver sorte, o lar é um grupo de corações todos buscando a mesma coisa juntos. Desenvolvendo uma linguagem ao longo da caminhada e encontrar outros com interesses iguais para dividir a alegria do caminho pela vida a qual no fim é uma contínua procura por novos mistérios.
O rebanho neo-pagão está convencido que existe um fim na busca, é família e iluminação e ficar junto ao rebanho para proteção.
Não se pode ver muito do centro de um rebanho senão trazeiros e poeira.
Eu prefiro menos companhia para viajar.
Autora: Vicki, publicado no forum da Amber and Jet.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Fides et Amores
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad [vulgo "Armandinho"] declarou que o Brasil [ou seu "amigo" Lula] não devia se "intrometer" nos assuntos de "justiça" do seu país. Tudo porque o mundo pediu um ato humanitário e o Brasil ofereceu asilo para Shakineh Ashtiani, uma mulher que foi condenada a ser apedrejada até a morte [ou enforcada] por um julgamento marcado por irregularidades e fraudes processuais. Ou seja, Armandinho quer resguardar o "direito" do Irã de cometer assassinato institucionalizad, ginocídio, contra as adúlteras. E Armandinho e seus amigos vão continuar caçando os "infiéis", seja ao matrimônio, seja à religião.
A questão da (in)fidelidade conjugal surge na imprensa porque vivemos em uma sociedade onde a curiosidade pública gosta de meter o bedelho [e dar pitacos] na intimidade privada. Em pleno século XXI é impressionante que ainda se acredite na ideologia romântica do século XVIII. Depois de 50 anos que aconteceu a Revolução Cultural e Sexual, nós estamos voltando ao Puritanismo, ao Vitorianismo. Será que nada mudou?
De acordo com pesquisas recentes, o mito de que a mulher é a mais fiel que o homem está se desfazendo. As mulheres estão redescobrindo seu direito ao amor, ao desejo, ao prazer. E estão tendo a coragem de buscar uma vida erótico-afetiva plena e satisfatória. Em seus próprios termos.
A humanidade está redescobrindo e ressacralizando o amor, o desejo, o prazer. Nós estamos despertando nossa consciência para perceber que questões como família, monogamia, fidelidade e casamento são construções culturais e sociais que podem e devem ser repensadas e reconstruídas.
Nós somos a única espécie a sentir, exprimir e manifestar conscientemente o amor, nas suas mais diversas formas. Recusar, negar ou rejeitar essa nossa natureza é a verdadeira traição, a real infidelidade.
Independentemente de nosso estado civil, nós continuaremos apreciando a beleza, a aproveitar a vida. Cabe a cada um estabelecer suas prioridades, perceber suas necessidades, determinar seus objetivos e definir seus relacionamentos. Cabe a nós dar o tempo e o espaço em nossas vidas para a alegria, o prazer e o amor.
A questão da (in)fidelidade conjugal surge na imprensa porque vivemos em uma sociedade onde a curiosidade pública gosta de meter o bedelho [e dar pitacos] na intimidade privada. Em pleno século XXI é impressionante que ainda se acredite na ideologia romântica do século XVIII. Depois de 50 anos que aconteceu a Revolução Cultural e Sexual, nós estamos voltando ao Puritanismo, ao Vitorianismo. Será que nada mudou?
De acordo com pesquisas recentes, o mito de que a mulher é a mais fiel que o homem está se desfazendo. As mulheres estão redescobrindo seu direito ao amor, ao desejo, ao prazer. E estão tendo a coragem de buscar uma vida erótico-afetiva plena e satisfatória. Em seus próprios termos.
A humanidade está redescobrindo e ressacralizando o amor, o desejo, o prazer. Nós estamos despertando nossa consciência para perceber que questões como família, monogamia, fidelidade e casamento são construções culturais e sociais que podem e devem ser repensadas e reconstruídas.
Nós somos a única espécie a sentir, exprimir e manifestar conscientemente o amor, nas suas mais diversas formas. Recusar, negar ou rejeitar essa nossa natureza é a verdadeira traição, a real infidelidade.
Independentemente de nosso estado civil, nós continuaremos apreciando a beleza, a aproveitar a vida. Cabe a cada um estabelecer suas prioridades, perceber suas necessidades, determinar seus objetivos e definir seus relacionamentos. Cabe a nós dar o tempo e o espaço em nossas vidas para a alegria, o prazer e o amor.
domingo, 15 de agosto de 2010
Nemorália - Festival de Diana
Dia 13 de Agosto é marcado pela celebração da Nemorália (também conhecido como «Festival das Tochas»), mais tarde adoptado pelos católicos como Festa da Assunção.
Este festival é realizado ou no dia 13 ou no dia 15 de Agosto ou na Lua Cheia de Agosto, em honra de Diana.
Neste dia, colocavam-se cornos de vaca - simbolismo de Hércules - na parte da frente do templo da Deusa.
Ovídio (século I a.c. ou VI A.U.C.) descreve esta celebração do seguinte modo:
«No vale Ariciano,
Há um lago rodeado de florestas com sombra,
Consideradas sagradas por uma religião dos tempos antigos...
Numa longa cerca, pendem muitas peças de novelos feitos de fios de linho entrelaçados,
E muitas tábuas estão lá colocadas
Como ofertas de gratidão à Deusa.
Muitas vezes, uma mulher cujas preces foram por Diana respondidas,
Com uma grinalda de flores coroando-lhe a cabeça,
Vai a pé desde Roma carregando uma tocha ardente...
Lá, uma corrente flui, sussurando, do seu leito rochoso...»
Durante a celebração, os adoradores formavam uma luminosa procissão de tochas e velas à volta das escuras águas do Lago Nemi, ao qual se chamava «Espelho de Diana». As luzes das suas velas juntavam-se às luzes da Lua, dançando, reflectindo-se sobre a superfície da água.
O festival é levado a cabo à maneira grega, isto é, Grecu Ritu, de cabeça descoberta.
Centenas juntavam-se junto ao lago, usando grinaldas de flores.
De acordo com Plutarco, parte do ritual (antes da procissão em torno do lago) consiste na lavagem do cabelo e na sua decoração com flores.
É um dia de descanso para mulheres e para escravos. Os cães também são honrados e adornados com flores. Os viajantes entre os bancos do norte e do sul do lago são transportados em pequenos barcos iluminados por lanternas. Candeias similares eram usadas pelas vestais e foram encontradas imagens da Deusa em Nemi, por isso Diana e Vesta são por isso, algumas vezes, consideradas como sendo a mesma Deusa.
Um poeta do primeiro século d.c. (oitavo século A.U.C.), Propertius, que não foi ao festival mas que o observou de fora, disse, a alguém que amava:
«Ah, se tu ao menos pudesses andar por lá nas tuas horas de ócio.
Mas não nos podemos encontrar hoje,
Pois que te vejo exaltada com uma tocha ardente
Em direcção ao bosque de Nemi foste tu
Levando uma luz em honra da Deusa Diana»
Pedidos e ofertas a Diana podem incluir:
- pequenas mensagens escritas em laços atados ao altar ou a uma árvore;
- pequenas estatuetas feitas de barro cozido ou de pão, representando partes do corpo que precisem de cura; pequenas imagens de barro de mãe e filho;
- finas esculturas de veados; dança e canto;
- fruta, como, por exemplo, maçãs.
Oferendas de alho são feitas à Deusa da Lua Negra, Hécate, durante o festival.
É proibido matar ou caçar qualquer animal durante a Nemorália.
Importa agora saber Quem é Diana.
Diana é uma Deusa Itálica celestial e luminosa. O Seu nome parece provir da palavra «Dius», que expressa a ideia de brilho relacionado com o céu. Diana tem um carácter nocturno e lunar, não sendo no entanto o mesmo que a Lua, como mais tarde veio tantas vezes a ser identificada. Há também aqui uma relação etimológica com os teónimos Janus (Deus dos Inícios) e Anna Perena, outras Duas Deidades latinas. Esta última pode estar relacionada com um monte hindu de nome Anna Purna. «Anna Perena» significaria «Anna Que fornece».
É possível que Anna e Diana, sendo teónimos de certo modo «pan-indo-europeus», fossem originalmente genéricos entre os Ítalos e agrupassem Deidades de distintos santuários como se Estas fossem aspectos diferentes da mesma Divindade, e aqui havia espaços para importações, sincretismos, etc.
É, desde cedo, uma Deidade protectora da virgindade e das meninas, embora também pudesse presidir aos partos, sob o nome de Diana Lucina, isto é, «Diana Que faz vir à luz», tendo este epíteto, Lucina, em comum com Juno.
Diana pode ter sido em tempos a parceira de Júpiter; todavia, na época histórica conhecida a esposa deste Deus é Juno.
Apesar de, por ter sido considerada equivalente à helénica Ártemis, ter adquirido, na mente dos cultuadores, um aspecto florestal de caçadora, nunca perdeu o Seu carácter propriamente lunar, o qual a própria Ártemis também possui. Tal como Ártemis, tem uma faceta violenta e sanguinária, vingativa, embora Se notabilize pelo Seu lado mais pacífico e protector.
Os Seus santuários mais antigos ficavam em Cápua - onde é conhecida como Diana Tifatina, ou Diana de Tifata, montanha situada a norte de Cápua, e onde Lhe é consagrada uma corça, símbolo de longevidade, garante da existência da cidade, o que traz repentinamente à memória o facto de que o romano Sertório conseguiu a estima e a admiração dos Lusitanos ao afirmar que se comunicava com uma corça mágica, e é de notar que a Deusa Diana foi das Deidades mais adoradas na Lusitânia - e em Arícia, povoação vizinha de Roma. Nesta última localidade, o Seu templo estava situado mais precisamente no bosque de Nemus. O facto de este local de culto estar associado a escravos pode ter a ver com a total liberdade de que estes gozavam no dia 13 de Agosto.
Aqui, no bosque de Nemus, onde Lhe chamam Diana Nemorensis, o Seu aspecto florestal é talvez mais marcado, pois que «Nemus» significa «bosque» com sentido sagrado, o que parece especialmente interessante, se se tiver em conta que «Nem», nas línguas célticas, significa ao mesmo tempo «Sagrado» e «Céu» e está na raiz da palavra «Nemeton», a qual por sua vez significa precisamente «Bosque Sagrado». Esta semelhança etimológica não surpreende quando se sabe que o Latim e o Celta são da mesma origem: partem do grande ramo Celto-Italiota da família Indo-Europeia ocidental. Em território hoje português, pouco a norte do Douro, viveram os Nemetati. Na Galiza registou-se uma «Nemetóbriga» já nos tempos da Romanização. Na Ásia Menor, actual Turquia, existiu uma povoação com o nome de Drunemeton.
O santuário de Nemi, perto de Roma, de origem latina, teria sido, de acordo com a tradição romana, fundado por Egerius Baebius ou Laevius, ditador latino que representava várias povoações, tais como Aricia, Tusculum, Tibur e Lanuvium, entre outras. Outro possível fundador poderá ter sido Manius Egerius. Entretanto, uma tradição estrangeira atribuía o surgimento do santuário ao herói helénico Orestes, o qual, depois de matar o rei Thoas do Queroneso Táurico (Crimeia), fugira com a sua irmã para Itália, trazendo consigo o culto de Diana Táurica. Em Nemi havia uma outra Deidade, associada a Diana, que era Vírbio – e Vírbio tinha com Diana uma relação similar à de Hipólito e Ártemis: um Deus jovem e moribundo e uma Deusa Mãe telúrica que O ressuscita, esquema assaz conhecido e divulgado no Mediterrâneo Oriental, classicamente representado pelo mito de Cíbele e Átis, Osíris e Ísis, Afrodite e Adónis…Aparentemente, os Romanos achavam que Vírbio era o mesmo que Hipólito.
Segundo Estrabão e Ovídio, vivia nos montes da floresta de Nemi um sacerdote-rei (Rex Nemorensis) que, em determinadas circunstâncias, tinha de lutar com quem o desafiasse, isto porque quem quisesse ocupar o lugar deste monarca tinha de o matar, golpeando-o com um ramo arrancado de certa árvore. Pode haver aqui uma semelhança com mitos célticos.
O templo de Diana mais importante foi o do monte Aventino, edificado antes de 509 a.c. ou 244 A.U.C. pelos Romanos com o intuito de colocar a confederação das cidades do Lácio sob a protecção da Deusa.
A igreja tentou abafar o Seu culto com a instituição da Assunção de Maria, no dia 15 deste mês - mas Diana permaneceu viva nas tradições populares dos povos meridionais onde a Romanidade deixou vestígios.
Nas colónias ou províncias imperiais, o culto de Diana assumiu diferentes formas.
Na obra «Guia Arqueológica de España», pode ler-se:
«Os Romanos conquistaram a povoação e chamaram-lhe Saltus Dianae, ou Santuário de Diana, mas na escavação arqueológica do local não se encontrou até ao momento nenhum templo, apenas inscrições e moedas romanas.»
É possível que o topónimo Font Janina (em Catalão) ou Ribagorza Fonchanina (em Castelhano), seja vestígio da Deusa, visto que se encontra nessa zona uma montanha com silhueta de mulher.
E que dizer do caso português?
Para começar, a Crónica Geral de Espanha, texto medieval, dá a conhecer um mito segundo o qual o nome «Lusitânia» deriva do facto de Hércules ter por aqui passado e resolvido dedicar jogos à Deusa Diana (Ludi + Diana = Lusitânia).
Entretanto, o templo de Évora é popularmente conhecido como o «templo de Diana», apesar de provavelmente ter sido local de culto imperial. Porque se estabeleceu então a ideia de que o templo era de Diana?
É de lembrar que na Antiguidade tardia ou nos primórdios da Idade Média, um certo evangelizador denunciava o culto das Dianas.
Fonte: Gladius
Nota da casa: E ainda tem gente [que se auto-intitula pagão e bruxo] que elogia a Igreja e o Cristianismo.
Este festival é realizado ou no dia 13 ou no dia 15 de Agosto ou na Lua Cheia de Agosto, em honra de Diana.
Neste dia, colocavam-se cornos de vaca - simbolismo de Hércules - na parte da frente do templo da Deusa.
Ovídio (século I a.c. ou VI A.U.C.) descreve esta celebração do seguinte modo:
«No vale Ariciano,
Há um lago rodeado de florestas com sombra,
Consideradas sagradas por uma religião dos tempos antigos...
Numa longa cerca, pendem muitas peças de novelos feitos de fios de linho entrelaçados,
E muitas tábuas estão lá colocadas
Como ofertas de gratidão à Deusa.
Muitas vezes, uma mulher cujas preces foram por Diana respondidas,
Com uma grinalda de flores coroando-lhe a cabeça,
Vai a pé desde Roma carregando uma tocha ardente...
Lá, uma corrente flui, sussurando, do seu leito rochoso...»
Durante a celebração, os adoradores formavam uma luminosa procissão de tochas e velas à volta das escuras águas do Lago Nemi, ao qual se chamava «Espelho de Diana». As luzes das suas velas juntavam-se às luzes da Lua, dançando, reflectindo-se sobre a superfície da água.
O festival é levado a cabo à maneira grega, isto é, Grecu Ritu, de cabeça descoberta.
Centenas juntavam-se junto ao lago, usando grinaldas de flores.
De acordo com Plutarco, parte do ritual (antes da procissão em torno do lago) consiste na lavagem do cabelo e na sua decoração com flores.
É um dia de descanso para mulheres e para escravos. Os cães também são honrados e adornados com flores. Os viajantes entre os bancos do norte e do sul do lago são transportados em pequenos barcos iluminados por lanternas. Candeias similares eram usadas pelas vestais e foram encontradas imagens da Deusa em Nemi, por isso Diana e Vesta são por isso, algumas vezes, consideradas como sendo a mesma Deusa.
Um poeta do primeiro século d.c. (oitavo século A.U.C.), Propertius, que não foi ao festival mas que o observou de fora, disse, a alguém que amava:
«Ah, se tu ao menos pudesses andar por lá nas tuas horas de ócio.
Mas não nos podemos encontrar hoje,
Pois que te vejo exaltada com uma tocha ardente
Em direcção ao bosque de Nemi foste tu
Levando uma luz em honra da Deusa Diana»
Pedidos e ofertas a Diana podem incluir:
- pequenas mensagens escritas em laços atados ao altar ou a uma árvore;
- pequenas estatuetas feitas de barro cozido ou de pão, representando partes do corpo que precisem de cura; pequenas imagens de barro de mãe e filho;
- finas esculturas de veados; dança e canto;
- fruta, como, por exemplo, maçãs.
Oferendas de alho são feitas à Deusa da Lua Negra, Hécate, durante o festival.
É proibido matar ou caçar qualquer animal durante a Nemorália.
Importa agora saber Quem é Diana.
Diana é uma Deusa Itálica celestial e luminosa. O Seu nome parece provir da palavra «Dius», que expressa a ideia de brilho relacionado com o céu. Diana tem um carácter nocturno e lunar, não sendo no entanto o mesmo que a Lua, como mais tarde veio tantas vezes a ser identificada. Há também aqui uma relação etimológica com os teónimos Janus (Deus dos Inícios) e Anna Perena, outras Duas Deidades latinas. Esta última pode estar relacionada com um monte hindu de nome Anna Purna. «Anna Perena» significaria «Anna Que fornece».
É possível que Anna e Diana, sendo teónimos de certo modo «pan-indo-europeus», fossem originalmente genéricos entre os Ítalos e agrupassem Deidades de distintos santuários como se Estas fossem aspectos diferentes da mesma Divindade, e aqui havia espaços para importações, sincretismos, etc.
É, desde cedo, uma Deidade protectora da virgindade e das meninas, embora também pudesse presidir aos partos, sob o nome de Diana Lucina, isto é, «Diana Que faz vir à luz», tendo este epíteto, Lucina, em comum com Juno.
Diana pode ter sido em tempos a parceira de Júpiter; todavia, na época histórica conhecida a esposa deste Deus é Juno.
Apesar de, por ter sido considerada equivalente à helénica Ártemis, ter adquirido, na mente dos cultuadores, um aspecto florestal de caçadora, nunca perdeu o Seu carácter propriamente lunar, o qual a própria Ártemis também possui. Tal como Ártemis, tem uma faceta violenta e sanguinária, vingativa, embora Se notabilize pelo Seu lado mais pacífico e protector.
Os Seus santuários mais antigos ficavam em Cápua - onde é conhecida como Diana Tifatina, ou Diana de Tifata, montanha situada a norte de Cápua, e onde Lhe é consagrada uma corça, símbolo de longevidade, garante da existência da cidade, o que traz repentinamente à memória o facto de que o romano Sertório conseguiu a estima e a admiração dos Lusitanos ao afirmar que se comunicava com uma corça mágica, e é de notar que a Deusa Diana foi das Deidades mais adoradas na Lusitânia - e em Arícia, povoação vizinha de Roma. Nesta última localidade, o Seu templo estava situado mais precisamente no bosque de Nemus. O facto de este local de culto estar associado a escravos pode ter a ver com a total liberdade de que estes gozavam no dia 13 de Agosto.
Aqui, no bosque de Nemus, onde Lhe chamam Diana Nemorensis, o Seu aspecto florestal é talvez mais marcado, pois que «Nemus» significa «bosque» com sentido sagrado, o que parece especialmente interessante, se se tiver em conta que «Nem», nas línguas célticas, significa ao mesmo tempo «Sagrado» e «Céu» e está na raiz da palavra «Nemeton», a qual por sua vez significa precisamente «Bosque Sagrado». Esta semelhança etimológica não surpreende quando se sabe que o Latim e o Celta são da mesma origem: partem do grande ramo Celto-Italiota da família Indo-Europeia ocidental. Em território hoje português, pouco a norte do Douro, viveram os Nemetati. Na Galiza registou-se uma «Nemetóbriga» já nos tempos da Romanização. Na Ásia Menor, actual Turquia, existiu uma povoação com o nome de Drunemeton.
O santuário de Nemi, perto de Roma, de origem latina, teria sido, de acordo com a tradição romana, fundado por Egerius Baebius ou Laevius, ditador latino que representava várias povoações, tais como Aricia, Tusculum, Tibur e Lanuvium, entre outras. Outro possível fundador poderá ter sido Manius Egerius. Entretanto, uma tradição estrangeira atribuía o surgimento do santuário ao herói helénico Orestes, o qual, depois de matar o rei Thoas do Queroneso Táurico (Crimeia), fugira com a sua irmã para Itália, trazendo consigo o culto de Diana Táurica. Em Nemi havia uma outra Deidade, associada a Diana, que era Vírbio – e Vírbio tinha com Diana uma relação similar à de Hipólito e Ártemis: um Deus jovem e moribundo e uma Deusa Mãe telúrica que O ressuscita, esquema assaz conhecido e divulgado no Mediterrâneo Oriental, classicamente representado pelo mito de Cíbele e Átis, Osíris e Ísis, Afrodite e Adónis…Aparentemente, os Romanos achavam que Vírbio era o mesmo que Hipólito.
Segundo Estrabão e Ovídio, vivia nos montes da floresta de Nemi um sacerdote-rei (Rex Nemorensis) que, em determinadas circunstâncias, tinha de lutar com quem o desafiasse, isto porque quem quisesse ocupar o lugar deste monarca tinha de o matar, golpeando-o com um ramo arrancado de certa árvore. Pode haver aqui uma semelhança com mitos célticos.
O templo de Diana mais importante foi o do monte Aventino, edificado antes de 509 a.c. ou 244 A.U.C. pelos Romanos com o intuito de colocar a confederação das cidades do Lácio sob a protecção da Deusa.
A igreja tentou abafar o Seu culto com a instituição da Assunção de Maria, no dia 15 deste mês - mas Diana permaneceu viva nas tradições populares dos povos meridionais onde a Romanidade deixou vestígios.
Nas colónias ou províncias imperiais, o culto de Diana assumiu diferentes formas.
Na obra «Guia Arqueológica de España», pode ler-se:
«Os Romanos conquistaram a povoação e chamaram-lhe Saltus Dianae, ou Santuário de Diana, mas na escavação arqueológica do local não se encontrou até ao momento nenhum templo, apenas inscrições e moedas romanas.»
É possível que o topónimo Font Janina (em Catalão) ou Ribagorza Fonchanina (em Castelhano), seja vestígio da Deusa, visto que se encontra nessa zona uma montanha com silhueta de mulher.
E que dizer do caso português?
Para começar, a Crónica Geral de Espanha, texto medieval, dá a conhecer um mito segundo o qual o nome «Lusitânia» deriva do facto de Hércules ter por aqui passado e resolvido dedicar jogos à Deusa Diana (Ludi + Diana = Lusitânia).
Entretanto, o templo de Évora é popularmente conhecido como o «templo de Diana», apesar de provavelmente ter sido local de culto imperial. Porque se estabeleceu então a ideia de que o templo era de Diana?
É de lembrar que na Antiguidade tardia ou nos primórdios da Idade Média, um certo evangelizador denunciava o culto das Dianas.
Fonte: Gladius
Nota da casa: E ainda tem gente [que se auto-intitula pagão e bruxo] que elogia a Igreja e o Cristianismo.
sábado, 14 de agosto de 2010
Casamento em massa na Índia
Para tentar compensar meu desapontamento com a Bienal do Livro deste biênio, fraquíssima, com as editoras focando apenas nos livros de alta vendagem, a oferta mínima de livros alternativos, estandes vazios, muitos estandes para o público infantil, o inevitável aumento da presença "evangélica" e "espírita", além de dois curiosos estandes de divulgação do Islam [quem não te conhece que te compre!], eu encontrei uma notícia no G1 para comentar:
Indianos realizaram um casamento em massa neste sábado em Hyderabad, na Índia. Ao todo, segundo a imprensa local, 64 casais celebraram a união durante a cerimônia. Inicialmente, os organizadores esperavam cem casais, mas alguns não apareceram.
Este pagão que lhes escreve pergunta [afinal, perguntar não ofende]: as núpcias ou as luas-de-mel também serão coletivas?
Indianos realizaram um casamento em massa neste sábado em Hyderabad, na Índia. Ao todo, segundo a imprensa local, 64 casais celebraram a união durante a cerimônia. Inicialmente, os organizadores esperavam cem casais, mas alguns não apareceram.
Este pagão que lhes escreve pergunta [afinal, perguntar não ofende]: as núpcias ou as luas-de-mel também serão coletivas?
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Mulheres 'santas' pagãs
Eu não gosto de comprar briga, mas tem Cristão que pede. Gostam de lembrar da condição das mulheres na Antiguidade [que, por sinal, era causada por uma sociedade patriarcal e machista como a atual] e de como o Cristianismo foi "melhor" para a mulher. Listam uma grande quantidade de mulheres santificadas pela Igreja para mostrar como esta preza a mulher.
Há alguns textos aqui sobre a evidente misoginia da Igreja e o blog Sexismo e Misoginia, da Adília, foi citado aqui como fonte. Há textos da própria bíblia e dos doutores da Igreja que provam o quanto a Igreja e o Cristianismo é misógino. Mas isso não é suficiente, os Cristãos me pediram que citasse nome de mulheres que foram grandes mitos na história de gregos e romanos.
Para dar uma referência bíblica, que tal a Rainha de Sabá?
No Iraque, antes chamado de Suméria, que tal Enheduana, sacerdotisa e a primeira escritora?
Que tal no Egito, com as rainhas Hashepsut, Nefertiti, Cleópatra VII?
Na Síria, antes chamada de Palmira, que tal a rainha Zenóbia?
Na Grécia, que tal Telesila, a poetisa e guerreira que derrotou os Espartanos?
Ou Diotima de Mantinea, aquela que ensinou a Sócrates?
Ou Agnodice, que ficou famosa por seu conhecimento em medicina, especializando-se em ginecologia e obstetrícia?
Ou Aristocréia, sacerdotisa que foi tutora de Pitágoras?
Ou Hipácia, a matemática e filósofa que foi trucidada pelos Cristãos?
Ou Hipárquia, a primeira "feminista" da história?
Na Turquia, antes onde havia a cidade de Tróia, que tal a rainha Helena?
Isso sem citar as inúmeras Deusas e outras figuras míticas da Antiguidade.
Há alguns textos aqui sobre a evidente misoginia da Igreja e o blog Sexismo e Misoginia, da Adília, foi citado aqui como fonte. Há textos da própria bíblia e dos doutores da Igreja que provam o quanto a Igreja e o Cristianismo é misógino. Mas isso não é suficiente, os Cristãos me pediram que citasse nome de mulheres que foram grandes mitos na história de gregos e romanos.
Para dar uma referência bíblica, que tal a Rainha de Sabá?
No Iraque, antes chamado de Suméria, que tal Enheduana, sacerdotisa e a primeira escritora?
Que tal no Egito, com as rainhas Hashepsut, Nefertiti, Cleópatra VII?
Na Síria, antes chamada de Palmira, que tal a rainha Zenóbia?
Na Grécia, que tal Telesila, a poetisa e guerreira que derrotou os Espartanos?
Ou Diotima de Mantinea, aquela que ensinou a Sócrates?
Ou Agnodice, que ficou famosa por seu conhecimento em medicina, especializando-se em ginecologia e obstetrícia?
Ou Aristocréia, sacerdotisa que foi tutora de Pitágoras?
Ou Hipácia, a matemática e filósofa que foi trucidada pelos Cristãos?
Ou Hipárquia, a primeira "feminista" da história?
Na Turquia, antes onde havia a cidade de Tróia, que tal a rainha Helena?
Isso sem citar as inúmeras Deusas e outras figuras míticas da Antiguidade.
Cicciolinas brasileiras candidatas
Nem dançarinas de funk, jogadores de futebol ou lutadores de boxe. As personagens brasileiras aspirantes a um cargo político que chamaram a atenção dos franceses foram três profissionais do sexo. Uma atriz pornô que faz campanha dançando com roupas mínimas, uma stripper e uma empresária de swing de Fortaleza, Ceará, foram citadas no site de notícias francês Mediapart nesta semana. Em tom de chacota, o texto ressalta que as moças são da cidade “conhecida mundialmente como um dos melhores destinos para o turismo sexual”.
Citado no site, o vídeo de campanha da atriz pornô e candidata a deputada estadual Maria Isabel Gomes Barroso – ou Adriele Fatal, como deve aparecer na urna – foi divulgado em 2008, quando ela se candidatou a vereadora, e assistido quase 140.000 vezes. O slogan de 2010 é “Seu voto é fatal” e ela já adiou o lançamento do filme “Ela Vai pelos Ares com o Vizinho” para evitar problemas com a justiça. Mas, ainda assim, a candidatura de Adriele, que tem 38.000 reais em bens declarados, está ameaçada. O Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE) negou o registro por falta de documentos. A atriz recorreu ao TSE.
Quem também foi barrada pela justiça eleitoral foi Kátia Heffner, ou Maria Adelina Nascimento Holanda, que, apesar de ser dona de uma casa de swing (troca de casais), declara não ter nenhum bem. O TRE negou seu pedido de registro porque ela não apresentou vários documentos. Kátia ainda pode recorrer ao TSE.
Caso de sucesso – Entre as profissionais do ramo sexual do Ceará, Edvania Matias Goes, a Deborah Soft, é a mais bem-sucedida. Em 2004, com o slogan “vote com prazer”, a stripper recebeu mais de 11 mil votos e assumiu uma vaga na Câmara dos Vereadores de Fortaleza. Sua atuação por lá serviu para ela desistir de vez da antiga profissão e dividir a tribuna com os engravatados. Neste ano, Soft quer ser deputada estadual – e o TRE liberou sua candidatura.
Como diz o site francês, as profissionais do sexo cearenses que postulam um cargo político inspiram-se na atriz pornô italiana Cicciolina, eleita para o parlamento da Itália em 1987. Mesmo após assumir o cargo, a atriz estrelou filmes e, em 2005, posou para a Playboy da Sérvia, aos 53 anos. Ser capa da revista masculina, aliás, é um dos sonhos de Deborah Soft, “se programado e com uma assessoria”, como disse em uma entrevista quando foi eleita. Depois de conseguir 11 mil votos com uma campanha nada discreta, que ninguém duvide das aspirações da candidata.
Fonte: Veja [link morto]
Nota da casa: Eu noticiei no texto "Horário Eleitoral" da candidata ao Senado na Austrália. Quando é nos países do "Velho Mundo", é chique, é moderno...quando é no Brasil, é vulgar, é promiscuidade...santa ignorância.
Citado no site, o vídeo de campanha da atriz pornô e candidata a deputada estadual Maria Isabel Gomes Barroso – ou Adriele Fatal, como deve aparecer na urna – foi divulgado em 2008, quando ela se candidatou a vereadora, e assistido quase 140.000 vezes. O slogan de 2010 é “Seu voto é fatal” e ela já adiou o lançamento do filme “Ela Vai pelos Ares com o Vizinho” para evitar problemas com a justiça. Mas, ainda assim, a candidatura de Adriele, que tem 38.000 reais em bens declarados, está ameaçada. O Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE) negou o registro por falta de documentos. A atriz recorreu ao TSE.
Quem também foi barrada pela justiça eleitoral foi Kátia Heffner, ou Maria Adelina Nascimento Holanda, que, apesar de ser dona de uma casa de swing (troca de casais), declara não ter nenhum bem. O TRE negou seu pedido de registro porque ela não apresentou vários documentos. Kátia ainda pode recorrer ao TSE.
Caso de sucesso – Entre as profissionais do ramo sexual do Ceará, Edvania Matias Goes, a Deborah Soft, é a mais bem-sucedida. Em 2004, com o slogan “vote com prazer”, a stripper recebeu mais de 11 mil votos e assumiu uma vaga na Câmara dos Vereadores de Fortaleza. Sua atuação por lá serviu para ela desistir de vez da antiga profissão e dividir a tribuna com os engravatados. Neste ano, Soft quer ser deputada estadual – e o TRE liberou sua candidatura.
Como diz o site francês, as profissionais do sexo cearenses que postulam um cargo político inspiram-se na atriz pornô italiana Cicciolina, eleita para o parlamento da Itália em 1987. Mesmo após assumir o cargo, a atriz estrelou filmes e, em 2005, posou para a Playboy da Sérvia, aos 53 anos. Ser capa da revista masculina, aliás, é um dos sonhos de Deborah Soft, “se programado e com uma assessoria”, como disse em uma entrevista quando foi eleita. Depois de conseguir 11 mil votos com uma campanha nada discreta, que ninguém duvide das aspirações da candidata.
Fonte: Veja [link morto]
Nota da casa: Eu noticiei no texto "Horário Eleitoral" da candidata ao Senado na Austrália. Quando é nos países do "Velho Mundo", é chique, é moderno...quando é no Brasil, é vulgar, é promiscuidade...santa ignorância.
Dia de celebrar Hecate
O dia 13 de agosto era uma data importante no antigo calendário greco-romano, dedicada às celebrações das deusas Hécate e Diana, quando Lhes eram pedidas bênçãos de proteção para evitar as tempestades do verão europeu que prejudicassem as colheitas.
Na tradição cristã comemora-se no dia 15 de agosto a Ascensão da Virgem Maria, festa sobreposta sobre as antigas festividades pagãs para apagar sua lembrança, mas com a mesma finalidade: pedir e receber proteção.
Com o passar do tempo perdeu-se o seu real significado e origem e preservou-se apenas o medo incutido pela igreja cristã em relação ao nome e atuação de Hécate.
Essa poderosa Deusa com múltiplos atributos foi considerada um ser maléfico, regente das sombras e fantasmas, que trazia tempestades, pesadelos, morte e destruição, exigindo dos seus adoradores sacrifícios lúgubres e ritos macabros.
Para desmistificar as distorções patriarcais e cristãs e contribuir para a revelação das verdades milenares, segue um resumo dos aspectos, atributos e poderes da deusa Hécate.
Hécate Trivia ou Triformis era uma das mais antigas deusas da Grécia pré-helênica, cultuada originariamente na Trácia como representação arcaica da Deusa Tríplice, associada com a noite, lua negra, magia, profecias, cura e os mistérios da morte, renovação e nascimento.
”Senhora das encruzilhadas” - dos caminhos e da vida - e do mundo subterrâneo, Hécate é um arquétipo primordial do inconsciente pessoal e coletivo, que nos permite o acesso às camadas profundas da memória ancestral.
É representada no plano humano pela xamã que se movimenta entre os mundos, pela vidente que olha para passado, presente e futuro e pela curadora que transpõe as pontes entre os reinos visíveis e invisíveis, em busca de segredos, soluções, visões e comunicações espirituais para a cura e regeneração dos seus semelhantes.
Filha dos Titãs estelares Astéria e Perseu, Hécate usa a tiara de estrelas que ilumina os escuros caminhos da noite, bem como a vastidão da escuridão interior.
Neta de Nyx, deusa ancestral da noite, Hécate também é uma “Rainha da Noite” e tem o domínio do céu, da Terra e do mundo subterrâneo.
“Senhora da magia” confere o conhecimento dos encantamentos, palavras de poder, poções, rituais e adivinhações àqueles que A cultuam, enquanto no aspecto de Antea, a “Guardiã dos sonhos e das visões”, tanto pode enviar visões proféticas, quanto alucinações e pesadelos se as brechas individuais permitirem.
Como Prytania, a “Rainha dos mortos”, Hécate é a condutora das almas e sua guardiã durante a passagem entre os mundos, mas Ela também rege os poderes de regeneração, sendo invocada no desencarne e nos nascimentos como Protyraia, para garantir proteção e segurança no parto, vida longa, saúde e boa sorte. Hécate Kourotrophos cuida das crianças durante a vida intra-uterina e no seu nascimento, assim como fazia sua antecessora egípcia, a parteira divina Heqet.
Possuidora de uma aura fosforescente que brilha na escuridão do mundo subterrâneo, Hécate Phosphoros é a guardiã do inconsciente e guia das almas na transição, enquanto as duas tochas de Hécate Propolos, apontadas para o céu e a terra, iluminam a busca da transformação espiritual e o renascimento, orientado por Soteira, a Salvadora.
Como deusa lunar Hécate rege a face escura da Lua, Ártemis sendo associada com a lua nova e Selene com a lua cheia.
No ciclo das estações e das fases da vida feminina Hécate forma uma tríade divina juntamente com: Kore/Perséfone/Proserpina/Hebe - que presidem a primavera, fertilidade e juventude - Deméter/Ceres/Hera – regentes da maturidade, gestação, parto e colheita - e o Seu aspecto Chtonia, deusa anciã, detentora de sabedoria, padroeira do inverno, da velhice e das profundezas da terra.
Hécate Trivia e Trioditis, protetoras dos viajantes e guardiãs das encruzilhadas de três caminhos, recebiam dos Seus adeptos pedidos de proteção e oferendas chamadas “ceias de Hécate”.
Propylaia era reverenciada como guardiã das casas, portas, famílias e bens pelas mulheres, que oravam na frente do altar antes de sair de casa pedindo Sua benção.
As imagens antigas colocadas nas encruzilhadas ou na porta das casas representavam Hécate Triformis ou Tricephalus como pilar ou estátua com três cabeças e seis braços que seguravam suas insígnias: tocha (ilumina o caminho), chave (abre os mistérios), corda (conduz as almas e reproduz o cordão umbilical do nascimento), foice (corta ilusões e medos).
Devido à Sua natureza multiforme e misteriosa e à ligação com os poderes femininos “escuros”, as interpretações patriarcais distorceram o simbolismo antigo desta deusa protetora das mulheres e enfatizaram Seus poderes destrutivos ligados à magia negra (com sacrifícios de animais pretos nas noites de lua negra) e aos ritos funerários.
Na Idade Média, o cristianismo distorceu mais ainda seus atributos, transformando Hécate na “Rainha das bruxas”, responsável por atos de maldade, missas negras, desgraças, tempestades, mortes de animais, perda das colheitas e atos satânicos.
Essas invenções tendenciosas levaram à perseguição, tortura e morte pela Inquisição de milhares de “protegidas de Hécate”, as curandeiras, parteiras e videntes, mulheres “suspeitas” de serem Suas seguidoras e animais a Ela associados (cachorros e gatos pretos, corujas).
No intuito de abolir qualquer resquício do Seu poder, Hécate foi caricaturizada pela tradição patriarcal como uma bruxa perigosa e hostil, à espreita nas encruzilhadas nas noites escuras, buscando e caçando almas perdidas e viajantes com sua matilha de cães pretos, levando-os para o escuro reino das sombras vampirizantes e castigando os homens com pesadelos e perda da virilidade.
As imagens horrendas e chocantes são projeções dos medos inconscientes masculinos perante os poderes “escuros” da Deusa, padroeira da independência feminina, defensora contra as violências e opressões das mulheres e regente dos seus rituais de proteção, transformação e afirmação.
No atual renascimento das antigas tradições da Deusa compete aos círculos sagrados femininos resgatar as verdades milenares, descartando e desmascarando imagens e falsas lendas que apenas encobrem o medo patriarcal perante a força mágica e o poder ancestral feminino.
Em função das nossas próprias memórias de repressão e dos medos impregnados no inconsciente coletivo, o contato com a Deusa Escura pode ser atemorizador por acessar a programação negativa que associa escuridão com mal, perigo, morte.
Para resgatar as qualidades regeneradoras, fortalecedoras e curadoras de Hécate precisamos reconhecer que as imagens destorcidas não são reais, nem verdadeiras, que nos foram incutidas pela proibição de mergulhar no nosso inconsciente, descobrir e usar nosso verdadeiro poder.
A conexão com Hécate representa para nós um valioso meio para acessar a intuição e o conhecimento inato, desvendar e curar nossos processos psíquicos, aceitar a passagem inexorável do tempo e transmutar nossos medos perante o envelhecimento e a morte.
Hécate nos ensina que o caminho que leva à visão sagrada e que inspira a renovação passa pela escuridão, o desapego e transmutação.
Ela detém a chave que abre a porta dos mistérios e do lado oculto da psique; Sua tocha ilumina tanto as riquezas, quanto os terrores do inconsciente, que precisam ser reconhecidos e transmutados.
Ela nos conduz pela escuridão e nos revela o caminho da renovação.
Porém, para receber Seus dons visionários, criativos ou proféticos precisamos mergulhar nas profundezas do nosso mundo interior, encarar o reflexo da Deusa Escura dentro de nós, honrando Seu poder e Lhe entregando a guarda do nosso inconsciente.
Ao reconhecermos e integrarmos Sua presença em nós, Ela irá nos guiar nos processos psicológicos e espirituais e no eterno ciclo de morte e renovação.
Porém, devemos sacrificar ou deixar morrer o velho, encarar e superar medos e limitações; somente assim poderemos flutuar sobre as escuras e revoltas águas dos nossos conflitos e lembranças dolorosas e emergir para o novo.
Autora: Mirella Faur
Publicado em Mundos da Mi
Nota da casa: Enquanto isso, crianças petulantes e convencidas de sua "bruxidade" tentam iludir os peregrinos [como gostam de chamar seus leitores] falando como as "bruxas" fazem uso dos Santos cristãos.
Na tradição cristã comemora-se no dia 15 de agosto a Ascensão da Virgem Maria, festa sobreposta sobre as antigas festividades pagãs para apagar sua lembrança, mas com a mesma finalidade: pedir e receber proteção.
Com o passar do tempo perdeu-se o seu real significado e origem e preservou-se apenas o medo incutido pela igreja cristã em relação ao nome e atuação de Hécate.
Essa poderosa Deusa com múltiplos atributos foi considerada um ser maléfico, regente das sombras e fantasmas, que trazia tempestades, pesadelos, morte e destruição, exigindo dos seus adoradores sacrifícios lúgubres e ritos macabros.
Para desmistificar as distorções patriarcais e cristãs e contribuir para a revelação das verdades milenares, segue um resumo dos aspectos, atributos e poderes da deusa Hécate.
Hécate Trivia ou Triformis era uma das mais antigas deusas da Grécia pré-helênica, cultuada originariamente na Trácia como representação arcaica da Deusa Tríplice, associada com a noite, lua negra, magia, profecias, cura e os mistérios da morte, renovação e nascimento.
”Senhora das encruzilhadas” - dos caminhos e da vida - e do mundo subterrâneo, Hécate é um arquétipo primordial do inconsciente pessoal e coletivo, que nos permite o acesso às camadas profundas da memória ancestral.
É representada no plano humano pela xamã que se movimenta entre os mundos, pela vidente que olha para passado, presente e futuro e pela curadora que transpõe as pontes entre os reinos visíveis e invisíveis, em busca de segredos, soluções, visões e comunicações espirituais para a cura e regeneração dos seus semelhantes.
Filha dos Titãs estelares Astéria e Perseu, Hécate usa a tiara de estrelas que ilumina os escuros caminhos da noite, bem como a vastidão da escuridão interior.
Neta de Nyx, deusa ancestral da noite, Hécate também é uma “Rainha da Noite” e tem o domínio do céu, da Terra e do mundo subterrâneo.
“Senhora da magia” confere o conhecimento dos encantamentos, palavras de poder, poções, rituais e adivinhações àqueles que A cultuam, enquanto no aspecto de Antea, a “Guardiã dos sonhos e das visões”, tanto pode enviar visões proféticas, quanto alucinações e pesadelos se as brechas individuais permitirem.
Como Prytania, a “Rainha dos mortos”, Hécate é a condutora das almas e sua guardiã durante a passagem entre os mundos, mas Ela também rege os poderes de regeneração, sendo invocada no desencarne e nos nascimentos como Protyraia, para garantir proteção e segurança no parto, vida longa, saúde e boa sorte. Hécate Kourotrophos cuida das crianças durante a vida intra-uterina e no seu nascimento, assim como fazia sua antecessora egípcia, a parteira divina Heqet.
Possuidora de uma aura fosforescente que brilha na escuridão do mundo subterrâneo, Hécate Phosphoros é a guardiã do inconsciente e guia das almas na transição, enquanto as duas tochas de Hécate Propolos, apontadas para o céu e a terra, iluminam a busca da transformação espiritual e o renascimento, orientado por Soteira, a Salvadora.
Como deusa lunar Hécate rege a face escura da Lua, Ártemis sendo associada com a lua nova e Selene com a lua cheia.
No ciclo das estações e das fases da vida feminina Hécate forma uma tríade divina juntamente com: Kore/Perséfone/Proserpina/Hebe - que presidem a primavera, fertilidade e juventude - Deméter/Ceres/Hera – regentes da maturidade, gestação, parto e colheita - e o Seu aspecto Chtonia, deusa anciã, detentora de sabedoria, padroeira do inverno, da velhice e das profundezas da terra.
Hécate Trivia e Trioditis, protetoras dos viajantes e guardiãs das encruzilhadas de três caminhos, recebiam dos Seus adeptos pedidos de proteção e oferendas chamadas “ceias de Hécate”.
Propylaia era reverenciada como guardiã das casas, portas, famílias e bens pelas mulheres, que oravam na frente do altar antes de sair de casa pedindo Sua benção.
As imagens antigas colocadas nas encruzilhadas ou na porta das casas representavam Hécate Triformis ou Tricephalus como pilar ou estátua com três cabeças e seis braços que seguravam suas insígnias: tocha (ilumina o caminho), chave (abre os mistérios), corda (conduz as almas e reproduz o cordão umbilical do nascimento), foice (corta ilusões e medos).
Devido à Sua natureza multiforme e misteriosa e à ligação com os poderes femininos “escuros”, as interpretações patriarcais distorceram o simbolismo antigo desta deusa protetora das mulheres e enfatizaram Seus poderes destrutivos ligados à magia negra (com sacrifícios de animais pretos nas noites de lua negra) e aos ritos funerários.
Na Idade Média, o cristianismo distorceu mais ainda seus atributos, transformando Hécate na “Rainha das bruxas”, responsável por atos de maldade, missas negras, desgraças, tempestades, mortes de animais, perda das colheitas e atos satânicos.
Essas invenções tendenciosas levaram à perseguição, tortura e morte pela Inquisição de milhares de “protegidas de Hécate”, as curandeiras, parteiras e videntes, mulheres “suspeitas” de serem Suas seguidoras e animais a Ela associados (cachorros e gatos pretos, corujas).
No intuito de abolir qualquer resquício do Seu poder, Hécate foi caricaturizada pela tradição patriarcal como uma bruxa perigosa e hostil, à espreita nas encruzilhadas nas noites escuras, buscando e caçando almas perdidas e viajantes com sua matilha de cães pretos, levando-os para o escuro reino das sombras vampirizantes e castigando os homens com pesadelos e perda da virilidade.
As imagens horrendas e chocantes são projeções dos medos inconscientes masculinos perante os poderes “escuros” da Deusa, padroeira da independência feminina, defensora contra as violências e opressões das mulheres e regente dos seus rituais de proteção, transformação e afirmação.
No atual renascimento das antigas tradições da Deusa compete aos círculos sagrados femininos resgatar as verdades milenares, descartando e desmascarando imagens e falsas lendas que apenas encobrem o medo patriarcal perante a força mágica e o poder ancestral feminino.
Em função das nossas próprias memórias de repressão e dos medos impregnados no inconsciente coletivo, o contato com a Deusa Escura pode ser atemorizador por acessar a programação negativa que associa escuridão com mal, perigo, morte.
Para resgatar as qualidades regeneradoras, fortalecedoras e curadoras de Hécate precisamos reconhecer que as imagens destorcidas não são reais, nem verdadeiras, que nos foram incutidas pela proibição de mergulhar no nosso inconsciente, descobrir e usar nosso verdadeiro poder.
A conexão com Hécate representa para nós um valioso meio para acessar a intuição e o conhecimento inato, desvendar e curar nossos processos psíquicos, aceitar a passagem inexorável do tempo e transmutar nossos medos perante o envelhecimento e a morte.
Hécate nos ensina que o caminho que leva à visão sagrada e que inspira a renovação passa pela escuridão, o desapego e transmutação.
Ela detém a chave que abre a porta dos mistérios e do lado oculto da psique; Sua tocha ilumina tanto as riquezas, quanto os terrores do inconsciente, que precisam ser reconhecidos e transmutados.
Ela nos conduz pela escuridão e nos revela o caminho da renovação.
Porém, para receber Seus dons visionários, criativos ou proféticos precisamos mergulhar nas profundezas do nosso mundo interior, encarar o reflexo da Deusa Escura dentro de nós, honrando Seu poder e Lhe entregando a guarda do nosso inconsciente.
Ao reconhecermos e integrarmos Sua presença em nós, Ela irá nos guiar nos processos psicológicos e espirituais e no eterno ciclo de morte e renovação.
Porém, devemos sacrificar ou deixar morrer o velho, encarar e superar medos e limitações; somente assim poderemos flutuar sobre as escuras e revoltas águas dos nossos conflitos e lembranças dolorosas e emergir para o novo.
Autora: Mirella Faur
Publicado em Mundos da Mi
Nota da casa: Enquanto isso, crianças petulantes e convencidas de sua "bruxidade" tentam iludir os peregrinos [como gostam de chamar seus leitores] falando como as "bruxas" fazem uso dos Santos cristãos.
A história de nós
Todos ansiamos por histórias. As histórias dão formas aos nossos desejos, sentimentos e objetivos, moldando nossas opiniões sobre tudo – dos nossos próprios corpos ao que é sagrado ou profano, bom ou ruim, possível ou impossível. As histórias nos oferecem figuras com quem rivalizar, a quem emular, imitar, admirar ou abominar. E é a partir das histórias que nos são contadas que nós construímos, inconscientemente, os roteiros de nossa vida.
Por isso há atualmente tanto interesse pelos mitos antigos e novos. O mais importante é que deriva da consciência cada vez maior de que como imaginamos nossas trajetórias, pessoais e sociais, pode afetar profundamente tanto nossas vidas quanto as dos outros. Isto não quer dizer que basta mudarmos as histórias e as imagens.
A revolução da consciência consiste nisso: a desconstrução e reconstrução gradual das histórias e imagens que por tanto tempo moldaram nossas mentes. Corpos e almas para se ajustarem às exigências de um sistema ativado pela punição, medo e dor. A revolução na consciência passa atualmente para um segundo estágio animado pela tomada de consciência de que temos escolhas, de que podemos fazer mudanças e que tais mudanças são essenciais nesta era de alta tecnologia.
Não há garantias de que conseguiremos nos libertar dos mitos e estruturas que ainda nos ligam a maneiras disfuncionais, injustas dolorosas de viver e morrer. A tentativa já é uma aventura extraordinária: uma hornada que é ao mesmo tempo interna e externa, conduzindo-nos a níveis cada vez mais profundos de consciência e a caminhos cada vez mais amplos e satisfatórios. Quanto mais integrados nos tornamos ao nos esforçar para construir o roteiro de nossa vida, mais abertos nos tornamos para as mudanças na consciência. Quanto mais tentamos novos caminhos, mais abrimos caminhos que tornam possível experimentar a vida de uma maneira que antes acreditávamos impossível.
Se perseverarmos, algumas das histórias daqueles que hoje têm a coragem de questionar, a vontade de escolher e a determinação de recuperar, o poder humano exclusivo de dar e receber amor serão os fundamentos para os novos mitos: mitos que, contra todos os obstáculos, assentam os alicerces de uma estrutura social que promoverá a grande capacidade para o prazer em relações afetivas que nos foi concedida.
Se conseguirmos completar a mudança de um mundo dominador para um de parceria, a realidade e os mitos de nosso futuro serão muito diferentes do que são agora. Nesse mundo seremos muito mais capazes de utilizar plenamente todos os nossos sentidos e capacidades para criar novas formas institucionais e mitos que nos permitirão expressar plenamente o milagre, o mistério e a alegria do que os místicos chamaram de a verdade sagrada de nossa unidade no amor. Haverá muito mais mitos de reverência, da admiração e do êxtase que nos foram concedidos sentir, inclusive a alegria, a admiração e o êxtase do amor físico. Haverá histórias sobre como os humanos foram concebidos no prazer e êxtase e não no pecado. Haverá imagens espiritualizando o erótico, em vez de erotizando a violência e a dominação. Ao invés de mitos sobre nossa salvação através da violência e da dor, haverá mitos sobre nossa salvação através do afeto e do prazer. Nesse mundo haverá vários ritos que conferirão significado à vida diária, inclusive rituais com flores, velas, música e vinho. Alguns poderão ser ritos em que a união do homem e da mulher será um ato extático, mágico. Esses ritos reconhecerão que o toque mas sagrado é o toque que dá prazer.
Ainda temos um longo caminho pela frente antes de alcançarmos este mundo, onde a espiritualidade voltará a ser erótica e o erótico, espiritual, onde o sexo poderá ser um sacramento e nossos corpos, santuários, onde saberemos, através da vida diária e não apenas em momentos de iluminação espiritual, que é através do amor que nos expandimos para abraçar os outros ao mesmo tempo que nos envolvemos neles e na unidade a que os místicos e amantes se referem como uma experiência de paixão intensa e perfeita paz. O caminho para este mundo é o caminho que muitas mulheres e homens escolheram seguir: o caminho da cura espiritual, sexual e social. Embora a maioria de nós talvez nunca veja este mundo, sua promessa nos estimula a prosseguir a jornada, enquanto continuamos a criar e viver a história humana.
Riane Eisler, O Prazer Sagrado, Editora Rocco, pg. 476-511. Citado livremente.
Por isso há atualmente tanto interesse pelos mitos antigos e novos. O mais importante é que deriva da consciência cada vez maior de que como imaginamos nossas trajetórias, pessoais e sociais, pode afetar profundamente tanto nossas vidas quanto as dos outros. Isto não quer dizer que basta mudarmos as histórias e as imagens.
A revolução da consciência consiste nisso: a desconstrução e reconstrução gradual das histórias e imagens que por tanto tempo moldaram nossas mentes. Corpos e almas para se ajustarem às exigências de um sistema ativado pela punição, medo e dor. A revolução na consciência passa atualmente para um segundo estágio animado pela tomada de consciência de que temos escolhas, de que podemos fazer mudanças e que tais mudanças são essenciais nesta era de alta tecnologia.
Não há garantias de que conseguiremos nos libertar dos mitos e estruturas que ainda nos ligam a maneiras disfuncionais, injustas dolorosas de viver e morrer. A tentativa já é uma aventura extraordinária: uma hornada que é ao mesmo tempo interna e externa, conduzindo-nos a níveis cada vez mais profundos de consciência e a caminhos cada vez mais amplos e satisfatórios. Quanto mais integrados nos tornamos ao nos esforçar para construir o roteiro de nossa vida, mais abertos nos tornamos para as mudanças na consciência. Quanto mais tentamos novos caminhos, mais abrimos caminhos que tornam possível experimentar a vida de uma maneira que antes acreditávamos impossível.
Se perseverarmos, algumas das histórias daqueles que hoje têm a coragem de questionar, a vontade de escolher e a determinação de recuperar, o poder humano exclusivo de dar e receber amor serão os fundamentos para os novos mitos: mitos que, contra todos os obstáculos, assentam os alicerces de uma estrutura social que promoverá a grande capacidade para o prazer em relações afetivas que nos foi concedida.
Se conseguirmos completar a mudança de um mundo dominador para um de parceria, a realidade e os mitos de nosso futuro serão muito diferentes do que são agora. Nesse mundo seremos muito mais capazes de utilizar plenamente todos os nossos sentidos e capacidades para criar novas formas institucionais e mitos que nos permitirão expressar plenamente o milagre, o mistério e a alegria do que os místicos chamaram de a verdade sagrada de nossa unidade no amor. Haverá muito mais mitos de reverência, da admiração e do êxtase que nos foram concedidos sentir, inclusive a alegria, a admiração e o êxtase do amor físico. Haverá histórias sobre como os humanos foram concebidos no prazer e êxtase e não no pecado. Haverá imagens espiritualizando o erótico, em vez de erotizando a violência e a dominação. Ao invés de mitos sobre nossa salvação através da violência e da dor, haverá mitos sobre nossa salvação através do afeto e do prazer. Nesse mundo haverá vários ritos que conferirão significado à vida diária, inclusive rituais com flores, velas, música e vinho. Alguns poderão ser ritos em que a união do homem e da mulher será um ato extático, mágico. Esses ritos reconhecerão que o toque mas sagrado é o toque que dá prazer.
Ainda temos um longo caminho pela frente antes de alcançarmos este mundo, onde a espiritualidade voltará a ser erótica e o erótico, espiritual, onde o sexo poderá ser um sacramento e nossos corpos, santuários, onde saberemos, através da vida diária e não apenas em momentos de iluminação espiritual, que é através do amor que nos expandimos para abraçar os outros ao mesmo tempo que nos envolvemos neles e na unidade a que os místicos e amantes se referem como uma experiência de paixão intensa e perfeita paz. O caminho para este mundo é o caminho que muitas mulheres e homens escolheram seguir: o caminho da cura espiritual, sexual e social. Embora a maioria de nós talvez nunca veja este mundo, sua promessa nos estimula a prosseguir a jornada, enquanto continuamos a criar e viver a história humana.
Riane Eisler, O Prazer Sagrado, Editora Rocco, pg. 476-511. Citado livremente.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
A Deusa Serpente e o Deus Touro
A serpente deixou sua impressão impregnada de religiosidade em toda a área mediterrânea, desde o Atlântico até o Indo e inclusive se prolonga por muitas outras áreas, por todas onde seu vigor, ainda se conserva, a cultura caracterizada pela adoração da Deusa Mãe e pela vida sedentária, agrícola e às vezes matriarcal de seus adoradores.
O touro e suas representações aparecem desde a pré-história como um símbolo no qual se reúne crenças religiosas com realidades cratofânicas, ou seja, manifestaçõe/revelações de poder e força do divino.
Da serpente divinizada provém a atribuição de sua tripla faculdade: origem da vida, sustento das almas depois da morte e previsão do futuro.
Pode-se dizer que a consideração do touro como símbolo, epifania ou manifestação de algo sagrado ou divino aparece no Crescente Fértil (Anatólia, litoral sírio-palestino, Mesopotâmia, Egito e mundo egeu) coincidindo com a irradiação do Neolítico e os testemunhos de agrarização a partir de 9 mil AC. Isto tem dado base para pensar que certos cultos ao youro se configuram a partir do Neolítico junto com práticas ritualísticas ou religiosas relacionadas com mitos referentes à potência tribal, à dos Deuses, à da fecundidade ou fertilidade e a poderes superiores que se manifestam no firmamento, na natureza e no mundo subterrâneo ou telúrico.
Toda uma série de representações que vão desde os tempos mais remotos até os mistérios helênicos, testemunham o ascendente cultural da Mãe Tellus e se extasiam diante de do atributo de seus seios fecundos ou diante da portadora desta virtude, a serpente.
Cultos relacionados com o touro, que em princípio repousam em um cerimonial propiciatório da fecundidade terrestre e humana, se acham nas altas culturas mesopotâmicas.
O substrato do ritual de uma cerimônia frequente na Antiguidade coincide: uma sacerdotisa ou uma jovem entra desnuda na caverna ou bosque, morada da serpente, levando-lhe uma oferenda. Se a serpente aceita e come, as espigas se inclinarão pelo peso dos grãos, as uvas amadurecerão, em uma palavra, o ano será fértil. O feito de apresentar-se desnuda confirma a eficácia fecundante do rito em terreno agrário e humano, admitida na Grécia, Roma, Babilônia, etc.
A linguística aplicada tem comprovado que gu(d) em sumério, nome de um bovino, significa "touro", "forte" e "valoroso" por extensão. Encontramos na Suméria a expressão consagrada "ama-an-ki" (touro selvagem do céu e da terra), na qual "ama" significa "touro selvagem" e "senhor". Daqui se tem que o touro seja o emblema da força soberana, que desde antigamente se considera assistida por poderes sobrenaturais.
Citado, traduzido e editado livremente dos textos do Canal Social, sobre a Deusa Serpente e o Deus Touro.
O touro e suas representações aparecem desde a pré-história como um símbolo no qual se reúne crenças religiosas com realidades cratofânicas, ou seja, manifestaçõe/revelações de poder e força do divino.
Da serpente divinizada provém a atribuição de sua tripla faculdade: origem da vida, sustento das almas depois da morte e previsão do futuro.
Pode-se dizer que a consideração do touro como símbolo, epifania ou manifestação de algo sagrado ou divino aparece no Crescente Fértil (Anatólia, litoral sírio-palestino, Mesopotâmia, Egito e mundo egeu) coincidindo com a irradiação do Neolítico e os testemunhos de agrarização a partir de 9 mil AC. Isto tem dado base para pensar que certos cultos ao youro se configuram a partir do Neolítico junto com práticas ritualísticas ou religiosas relacionadas com mitos referentes à potência tribal, à dos Deuses, à da fecundidade ou fertilidade e a poderes superiores que se manifestam no firmamento, na natureza e no mundo subterrâneo ou telúrico.
Toda uma série de representações que vão desde os tempos mais remotos até os mistérios helênicos, testemunham o ascendente cultural da Mãe Tellus e se extasiam diante de do atributo de seus seios fecundos ou diante da portadora desta virtude, a serpente.
Cultos relacionados com o touro, que em princípio repousam em um cerimonial propiciatório da fecundidade terrestre e humana, se acham nas altas culturas mesopotâmicas.
O substrato do ritual de uma cerimônia frequente na Antiguidade coincide: uma sacerdotisa ou uma jovem entra desnuda na caverna ou bosque, morada da serpente, levando-lhe uma oferenda. Se a serpente aceita e come, as espigas se inclinarão pelo peso dos grãos, as uvas amadurecerão, em uma palavra, o ano será fértil. O feito de apresentar-se desnuda confirma a eficácia fecundante do rito em terreno agrário e humano, admitida na Grécia, Roma, Babilônia, etc.
A linguística aplicada tem comprovado que gu(d) em sumério, nome de um bovino, significa "touro", "forte" e "valoroso" por extensão. Encontramos na Suméria a expressão consagrada "ama-an-ki" (touro selvagem do céu e da terra), na qual "ama" significa "touro selvagem" e "senhor". Daqui se tem que o touro seja o emblema da força soberana, que desde antigamente se considera assistida por poderes sobrenaturais.
Citado, traduzido e editado livremente dos textos do Canal Social, sobre a Deusa Serpente e o Deus Touro.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Casamentos sagrados
Duas notícias dadas no G1, certamente por causa da visão provinciana e preconceituosa quando se fala das crenças e costumes de outros povos.
Os agricultores do norte de Bangladesh atingidos pela seca recorreram ao "casamento" de rãs em uma tentativa desesperada de atrair chuvas de monção para salvar a colheita, informaram nesta quarta-feira as autoridades locais.
Bangladesh registrou em julho os mais baixos níveis de precipitação de pelo menos três décadas, levando os camponeses a recorrer ao rito ancestral, declararam as autoridades.
"Houve muitos casamentos de rãs já que tivemos pouca chuva aqui, mesmo sendo a estação da monção", comentou o administrador do distrito de Sadullahpur, Ariful Haq.
Durante uma das celebrações na aldeia de Ramchandrapur, 300 pessoas vestiram suas melhores roupas para assistir à "cerimônia", declarou um participante, Tajul Islam.
"A noiva e o noivo foram ricamente decorados com uma marca vermelha na cabeça, tendo sido transportados em uma cesta especial até uma folha de bananeira", acrescentou.
"Os aldeões cantam, fazem oferendas de arroz e ervas, e, após a cerimônia, as rãs são libertadas em uma lagoa da aldeia", detalhou Tajul Islam.[G1]
TAIPEI, Taiwan, 11 Ago 2010 (AFP) -Um homem taiwanês casou-se com uma deusa, alegando que ela apareceu para ele em um sonho ordenando que fizesse isso, informou a mídia local nesta quarta-feira.
O homem, identificado por seu nome de família, Lin, disse que a Fada Lotus, uma deidade taoísta, começou a aparecer em seus sonhos depois que ele visitou seu templo. Ele fora em busca de bênçãos, após uma série de decepções amorosas, indicou o canal CTS TV.
A deusa instruiu Lin, de 40 anos, a se casar com ela - e ele prontamente organizou uma cerimônia para cumprir seu desejo, durante a qual um jovem segurava uma estátua da Fada Lotus para representar a noiva.
Depois da cerimônia, realizada no templo da deusa, Lin assinou uma certidão de casamento e presenteou a noiva com uma aliança.
A estátua da Fada Lotus agora vive na casa de Lin, no centro de Taiwan. Ele contou à imprensa que a adora todos os dias, e que ela o protege de doenças e acidentes.[G1]
Os agricultores do norte de Bangladesh atingidos pela seca recorreram ao "casamento" de rãs em uma tentativa desesperada de atrair chuvas de monção para salvar a colheita, informaram nesta quarta-feira as autoridades locais.
Bangladesh registrou em julho os mais baixos níveis de precipitação de pelo menos três décadas, levando os camponeses a recorrer ao rito ancestral, declararam as autoridades.
"Houve muitos casamentos de rãs já que tivemos pouca chuva aqui, mesmo sendo a estação da monção", comentou o administrador do distrito de Sadullahpur, Ariful Haq.
Durante uma das celebrações na aldeia de Ramchandrapur, 300 pessoas vestiram suas melhores roupas para assistir à "cerimônia", declarou um participante, Tajul Islam.
"A noiva e o noivo foram ricamente decorados com uma marca vermelha na cabeça, tendo sido transportados em uma cesta especial até uma folha de bananeira", acrescentou.
"Os aldeões cantam, fazem oferendas de arroz e ervas, e, após a cerimônia, as rãs são libertadas em uma lagoa da aldeia", detalhou Tajul Islam.[G1]
TAIPEI, Taiwan, 11 Ago 2010 (AFP) -Um homem taiwanês casou-se com uma deusa, alegando que ela apareceu para ele em um sonho ordenando que fizesse isso, informou a mídia local nesta quarta-feira.
O homem, identificado por seu nome de família, Lin, disse que a Fada Lotus, uma deidade taoísta, começou a aparecer em seus sonhos depois que ele visitou seu templo. Ele fora em busca de bênçãos, após uma série de decepções amorosas, indicou o canal CTS TV.
A deusa instruiu Lin, de 40 anos, a se casar com ela - e ele prontamente organizou uma cerimônia para cumprir seu desejo, durante a qual um jovem segurava uma estátua da Fada Lotus para representar a noiva.
Depois da cerimônia, realizada no templo da deusa, Lin assinou uma certidão de casamento e presenteou a noiva com uma aliança.
A estátua da Fada Lotus agora vive na casa de Lin, no centro de Taiwan. Ele contou à imprensa que a adora todos os dias, e que ela o protege de doenças e acidentes.[G1]
Despertando do transe dominador
Durante a Segunda metade do século XX, as pessoas começaram a falar de uma revolução da consciência: de mudanças radicais na maneira de ver o mundo.
O mesmo período testemunhou mudanças importantes nas atitudes e comportamentos sexuais. Também ocorreram mudanças fundamentais na estrutura da família. E houve um ressurgimento do feminismo, com as mulheres do mundo inteiro contestando as relações e os papéis estereotipados dos sexos e os cinco mil anos da dominação masculina.
Todas foram mudanças importantes. No entanto, fazem parte de um drama muito maior, que só pode ser entendido dentro do contexto mais amplo da história moderna e da história da consciência. Como veremos, representam somente a última fase do nosso despertar gradativo – como se de um transe demorado e doloroso – dos efeitos embotadores da mente e do corpo de milênios de história registrada ou dominadora.
Na verdade, no Ocidente, essas mudanças na consciência tiveram início na Renascença e no final da Idade Média. Mas foram muito aceleradas nos últimos estágios da Revolução Industrial, que acarretou mudanças tecnológicas e econômicas maciças que forçaram mudanças importantes não somente nos hábitos de trabalho, mas também de pensamentos e de vida. No processo, muitas coisas que haviam sido ensinadas como inevitáveis começaram a ser reexaminadas e rejeitadas.
Se reexaminarmos a história moderna de uma perspectiva na qual as relações íntimas não são consideradas meramente incidentais, o que aparece é um quadro cada vez maior e mais realista. Vemos então que a consciência cada vez maior com que fazemos mudanças fundamentais na maneira como os homens se relacionam com as mulheres e em como os pais (e outros adultos) se relacionam com as crianças está inteiramente relacionada à consciência moderna de que as mudanças fundamentais nas relações econômicas e políticas são possíveis.
Por milhares de anos, a necessidade humana de conexão – de elos forjados pelo amor e pela confiança, e não pela força e medo da dor – foi desvirtuada e reprimida. Ainda assim, o anseio por conexão persiste. Somente nos tempos modernos, o forte anseio humano por conexão recomeçou a encontrar a expressão coletiva.
A mudança pré-histórica de uma orientação de parceria para uma de dominação impôs uma reestruturação fundamental da família. Para sermos bem-sucedidos nos esforços para inverter essa mudança, precisamos entender melhor como a construção social da família e de outras relações íntimas é um fator importante em como todas as relações sociais são construídas. Nossas relações mais íntimas são um fator importante na construção social de todas as nossas relações.
Na verdade, a maneira como vemos a nós mesmos e nossas relações com os outros não é algo moldado primordialmente na chamada esfera pública da política e da economia. Em última análise, como nos vemos em relação aos outros e ao mundo é amplamente moldado na chamada esfera privada de nossa família e em outras relações íntimas.
O progresso real só pode se dar quando as pessoas começarem a despertar do transe social. A aculturação, em vários aspectos, opera como a hipnose e o transe cultural do conformismo condicionou, durante muito tempo, as pessoas a aceitar, racionalizar e legitimar instituições injustas, lideranças opressivas e modelos de papéis e imagens distorcidos. Uma vez [que] nos tornemos realmente conscientes de como fomos aculturados, podemos aprender a transcender nosso condicionamento.
Se temos de mudar para uma organização social em que a necessidade humana de conexão afetiva deixe de ser distorcida e pervertida através de sua associação com a coerção e a inflição ou aceitação da dor, precisamos interromper a repetição desse tipo de dinâmica psicossomática. Precisamos paralisar a reprodução do tipo de mentalidade condicionada culturalmente que faz com que o abuso e a violência pareçam inevitáveis, ao mesmo tempo que os torna invisíveis.
A mudança pessoal, familiar e social envolve muito mais do que a percepção do que nos aconteceu quando crianças. Mas o conhecimento cada vez maior do lado oculto da infância teve um papel muito importante na revolução moderna da consciência.
Quando a revolução da consciência passa para o segundo estágio, as mudanças nas crenças, comportamentos e instituições foram aceleradas.
Uma vez [que] as pessoas se tornem conscientes das atitudes, comportamentos e relações doentias, podem, consciente e deliberadamente, mudá-los em qualquer estágio de sua vida. A construção social da sexualidade e a construção social dos papéis e relações dos sexos masculino e feminino estão inextricavelmente unidas e ambas afetam e são afetadas por todas as instituições.
Na medida em que nos libertamos cada vez mais do transe dominador milenar, percebemos que muito do que era visto como realidade de fato era socialmente construído – portanto, que pode ser desconstruído e reconstruído. Um fator decisivo para seguirmos adiante será não somente empreendermos a fundo nossa desconstrução, mas também deslocar a ênfase totalmente para a reconstrução – particularmente para a reconstrução das crenças mais arraigadas em relação aos sexos masculino e feminino, ao sexo e ao nosso corpo. Somente então teremos fundamentos sólidos para a mudança sustentável tanto na esfera privada como na pública. Se conseguirmos completar com êxito a mudança cultural de uma organização social e ideológica dominadora para uma de parceria, aí sim, veremos uma verdadeira revolução sexual – na qual o sexo deixará de ser associado com dominação e submissão para ser associado com a total expressão do poderoso anseio humano por conexão e prazer erótico. Será uma sexualidade que tornará possível expressarmos e experimentarmos mas completamente a paixão sexual como um estado alterado de consciência. Também acarretará o reconhecimento de que o prazer erótico está impregnado de uma espiritualidade tanto imanente como transcendente.
Riane Eisler, O Prazer Sagrado, Editora Rocco, pg231-258.
O mesmo período testemunhou mudanças importantes nas atitudes e comportamentos sexuais. Também ocorreram mudanças fundamentais na estrutura da família. E houve um ressurgimento do feminismo, com as mulheres do mundo inteiro contestando as relações e os papéis estereotipados dos sexos e os cinco mil anos da dominação masculina.
Todas foram mudanças importantes. No entanto, fazem parte de um drama muito maior, que só pode ser entendido dentro do contexto mais amplo da história moderna e da história da consciência. Como veremos, representam somente a última fase do nosso despertar gradativo – como se de um transe demorado e doloroso – dos efeitos embotadores da mente e do corpo de milênios de história registrada ou dominadora.
Na verdade, no Ocidente, essas mudanças na consciência tiveram início na Renascença e no final da Idade Média. Mas foram muito aceleradas nos últimos estágios da Revolução Industrial, que acarretou mudanças tecnológicas e econômicas maciças que forçaram mudanças importantes não somente nos hábitos de trabalho, mas também de pensamentos e de vida. No processo, muitas coisas que haviam sido ensinadas como inevitáveis começaram a ser reexaminadas e rejeitadas.
Se reexaminarmos a história moderna de uma perspectiva na qual as relações íntimas não são consideradas meramente incidentais, o que aparece é um quadro cada vez maior e mais realista. Vemos então que a consciência cada vez maior com que fazemos mudanças fundamentais na maneira como os homens se relacionam com as mulheres e em como os pais (e outros adultos) se relacionam com as crianças está inteiramente relacionada à consciência moderna de que as mudanças fundamentais nas relações econômicas e políticas são possíveis.
Por milhares de anos, a necessidade humana de conexão – de elos forjados pelo amor e pela confiança, e não pela força e medo da dor – foi desvirtuada e reprimida. Ainda assim, o anseio por conexão persiste. Somente nos tempos modernos, o forte anseio humano por conexão recomeçou a encontrar a expressão coletiva.
A mudança pré-histórica de uma orientação de parceria para uma de dominação impôs uma reestruturação fundamental da família. Para sermos bem-sucedidos nos esforços para inverter essa mudança, precisamos entender melhor como a construção social da família e de outras relações íntimas é um fator importante em como todas as relações sociais são construídas. Nossas relações mais íntimas são um fator importante na construção social de todas as nossas relações.
Na verdade, a maneira como vemos a nós mesmos e nossas relações com os outros não é algo moldado primordialmente na chamada esfera pública da política e da economia. Em última análise, como nos vemos em relação aos outros e ao mundo é amplamente moldado na chamada esfera privada de nossa família e em outras relações íntimas.
O progresso real só pode se dar quando as pessoas começarem a despertar do transe social. A aculturação, em vários aspectos, opera como a hipnose e o transe cultural do conformismo condicionou, durante muito tempo, as pessoas a aceitar, racionalizar e legitimar instituições injustas, lideranças opressivas e modelos de papéis e imagens distorcidos. Uma vez [que] nos tornemos realmente conscientes de como fomos aculturados, podemos aprender a transcender nosso condicionamento.
Se temos de mudar para uma organização social em que a necessidade humana de conexão afetiva deixe de ser distorcida e pervertida através de sua associação com a coerção e a inflição ou aceitação da dor, precisamos interromper a repetição desse tipo de dinâmica psicossomática. Precisamos paralisar a reprodução do tipo de mentalidade condicionada culturalmente que faz com que o abuso e a violência pareçam inevitáveis, ao mesmo tempo que os torna invisíveis.
A mudança pessoal, familiar e social envolve muito mais do que a percepção do que nos aconteceu quando crianças. Mas o conhecimento cada vez maior do lado oculto da infância teve um papel muito importante na revolução moderna da consciência.
Quando a revolução da consciência passa para o segundo estágio, as mudanças nas crenças, comportamentos e instituições foram aceleradas.
Uma vez [que] as pessoas se tornem conscientes das atitudes, comportamentos e relações doentias, podem, consciente e deliberadamente, mudá-los em qualquer estágio de sua vida. A construção social da sexualidade e a construção social dos papéis e relações dos sexos masculino e feminino estão inextricavelmente unidas e ambas afetam e são afetadas por todas as instituições.
Na medida em que nos libertamos cada vez mais do transe dominador milenar, percebemos que muito do que era visto como realidade de fato era socialmente construído – portanto, que pode ser desconstruído e reconstruído. Um fator decisivo para seguirmos adiante será não somente empreendermos a fundo nossa desconstrução, mas também deslocar a ênfase totalmente para a reconstrução – particularmente para a reconstrução das crenças mais arraigadas em relação aos sexos masculino e feminino, ao sexo e ao nosso corpo. Somente então teremos fundamentos sólidos para a mudança sustentável tanto na esfera privada como na pública. Se conseguirmos completar com êxito a mudança cultural de uma organização social e ideológica dominadora para uma de parceria, aí sim, veremos uma verdadeira revolução sexual – na qual o sexo deixará de ser associado com dominação e submissão para ser associado com a total expressão do poderoso anseio humano por conexão e prazer erótico. Será uma sexualidade que tornará possível expressarmos e experimentarmos mas completamente a paixão sexual como um estado alterado de consciência. Também acarretará o reconhecimento de que o prazer erótico está impregnado de uma espiritualidade tanto imanente como transcendente.
Riane Eisler, O Prazer Sagrado, Editora Rocco, pg231-258.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Tartessos e Turdetania
Tartessos era o nome pelo qual os gregos conheciam a primeira civilização do Ocidente. Herdeira da cultura megalítica andaluza, que se desenvolveu no triângulo formado pelas actuais cidades de Huelva, Sevilha e São Fernando (Cádiz), pela costa sudoeste da Península Ibérica, teve por linha central o rio Tartessos, que os romanos chamaram logo de Baetis e os árabes Guadalquivir. Os tartessos poderão ter desenvolvido uma língua e escrita distinta da dos povos vizinhos, com influências culturais de egípcios e fenícios.
Não é certo que tenha existido uma cidade com este nome, dado que ainda não se encontrou sua localização, ainda que estejam perfeitamente documentados outros povoados ao longo do vale do Guadalquivir, território de expansão da civilização dos Tartessos. A sua provável capital talvez fosse Turpa, no lugar que hoje ocupa o porto de Santa Maria, na desembocadura do Guadalete, de cuja raiz “tr” sairiam todas as formas de Tartessos. Provavelmente, a cidade e a civilização já existiam antes de 1000 a.C., dedicadas ao comércio, a metalurgia e a pesca. A posterior chegada dos fenícios e seu establecimento em Gadir (actual Cádis), talvez tenha estimulado o seu imperialismo sobre as terras e cidades ao seu redor, a intensificação da exportação das minas de cobre e prata (Os Tartessos converteram-se nos principais provedores de bronze e prata do Mediterrâneo), assim como a navegação até às ilhas Casitérides (Ilhas Britânicas ou mais concretamente as ilhas da Sicília), de onde importaram o estanho necessário para a produção de bronze, ainda que também o obtivessem pela lavagem de areias que continham estanho.
A sua forma de governo era a monarquia, e possuiam leis escritas em tábuas de bronze. Heródoto fala de 6.000 anos.
No século VI a.C., Tartessos desaparece abruptamente da História, seguramente varrida por Cartago que, depois da batalha de Alalia, o fez pagar assim sua aliança com os gregos. Outros dizem que foi refundada, sob condições pouco claras, com o nome de Carpia. Os romanos chamaram à ampla Baia de Cádiz Tartessius Sinus, mas o reino já não existia mais.
Quando o viajante Pausanias visitou a Grécia no século II a.C. (Paus. Desc. 6.XIX.3) viu duas câmaras num santuário de Olímpia, que a gente de Elis afirmava realizadas con bronze tartesso.
«Dizem que Tartessos é um rio na terra dos Iberos, chegando ao mar por duas desembocaduras e que entre esses dois locais se encontra uma cidade desse mesmo nome. O rio, que é o mais longo da Ibéria, e tem marés, chamado em dias mais recentes Baetis, e há alguns que pensam que Tartessos foi o nome antigo de Carpia, uma cidade dos Iberos»
O solar de Tartessos se perdeu e provavelmente está enterrado sob camadas de sal marinho que substituiram antigos estuários e dunas na moderna desembocadura única do Guadalquivir. Actualmente o delta fluvial foi bloqueado gradualmente por uma enorme faixa de areia que se estende desde o rio Tinto, próximo de Palos de la Frontera, até a ribeira oposta em Sanlúcar de Barrameda. A área está protegida actualmente sob o nome de Parque Nacional de Doñana.
O nome de Carpia sobrevive em um lugar num dos meandros do Guadalquivir. De todas as formas, o nome foi associado ao seu monumento mais característico, uma torre mourisca erguida em 1325 pelo construtor responsável do Alcázar de Sevilha.
Os Turdetanos foram um povos ibero da Hispânia bética, que habitava a Turdetânia, região a oriente do rio Guadiana e junto ao curso médio e inferior do rio Guadalquivir, do Algarve em Portugal até Serra Morena, coincidindo com os territórios da antiga civilização de Tartessos.
Tartessos tivera uma grande influência grega, que supostamente conduziu ao desaparecimento da sua monarquia às mãos d dos feio-púnicos como vingança pelo seu apoio os focenses após a Batalha de Alália no século VI a.C. Deste desaparecimento surgiu uma nova civilização que, descendente de Tartessos, adaptou-se às novas condições geo-políticas da sua época.
Perdida a ligação comercial e cultural que Tartessos mantinha com os gregos, a Turdetânia ficou sob influência cartaginesa, embora desenvolvesse uma evolução própria da cultura anterior, de modo que a população turdetana sabia-se descendente dos antigos tartésios e, à chegada dos romanos, ainda mantinha as suas senhas de identidade próprias.
Descendentes históricos dos Tartessos, tinham uma personalidade própria dentro da cultura dos iberos. Esta caracterizava-se por um tipo de cerâmica, pintada e com decoração geométrica, escultura animalística que à época romana continuou-se com figuração humana.
À queda de Tartessos, o poder monárquico desagregou-se e surgiram pequenos reis. É difícil seguir a esta monarquia até a chegada de Roma. Sabe-se que houve diferentes alianças entre cidades. Os historiadores da época nomeiam os reis que tiveram algum tipo de relação nas guerras Púnicas, como a Culchas. Apesar disto, acredita-se que os turdetanos bem como o restante dos povos iberos, tinham um caráter pacífico.
Parece ser que existia uma vida urbana importante neste povo, vendo a grande quantidade de cidades que continha, mais que em nenhum outro povo pré-romano da península.
Há evidências da existência não de escravos mas de uma servidão comunitária, explorados por uma classe dominante. É possível que estes servos se dedicassem às tarefas agrícolas e mineiras. O poder político era baseado no poder militar, exércitos de mercenários segundo algumas referências. Constatou-se a existência de uma elite que vivia luxosamente graças aos recursos mineiros e as riquezas naturais desta região.
Há poucas fontes dos autores clássicos, e pouca documentação arqueológica. Ainda não se estabeleceu uma relação clara entre elementos simbólicos plasmados na sua cerâmica, por exemplo, onde mostram todo tipo de figuração e seres fantásticos, e a sua religião.
Há divindades de finais da Idade do bronze que se vão assimilando com os deuses trazidos de fora pelos Fenícios e cartagineses nas diferentes colonizações. Estrabo fala do santuário fenício dedicado a Melkart-Hércules em Gadir, outro dedicado a Tanit e um oráculo dedicado a Menesteio. Encontraram-se em diferentes cavernas de Serra Morena grande série de oferendas votivas, sobretudo pequenas esculturas de bronze. Isto pode significar a existência de diferentes santuários na zona, pois se encontram em sítios elevados, mas de fácil acessibilidade.
Através de gerações nos chegaram documentos que falam dos lendários líderes de Tartessos.
Gerião - Primeiro rei mitológico de Tartessos. Segundo a lenda, era um gigante tricéfalo, que pastoreava suas ovelhas pelas proximidades do Guadalquivir.
Norax - Neto de Gerião, conquistou o sul da Sardenha, onde fundou a cidade de Nora.
Gárgoris - Primeiro rei da segunda dinastia mitológica tartessa. Inventou a apicultura.
Habidis - Descobriu a agricultura, atando dois bois a um arado. Formulou as primeiras leis, dividiu a sociedade em sete classes e proibiu o trabalho aos nobres. Sob seu reinado se estabelece um sistema social em que uns poucos vivem às custas do trabalho e da miséria de uma maioria pobre.
Sobre estes dois monarcas se escreveu a Tragicomédia de Gárgoris e Habidis, que menciona um sistema social baseado na exploração do homem pelo homem, nascido depois do descobrimento da agricultura. Trata-se de personagens mitológicos, cuja existência real é tão duvidosa como a de Héracles.
Argantonio - Primeiro rei do qual se tem referências históricas. Último rei de Tartessos. Viveu 110 anos, segundo Heródoto, ainda que alguns historiadores pensem que possam referir-se a vários reis conhecidos pelo mesmo nome. Propiciou o comércio com os gregos, que criaram várias colónias costeiras durante seu reinado.[wikipédia, compilado e editado de: Tartessos e Turdetanos]
Não é certo que tenha existido uma cidade com este nome, dado que ainda não se encontrou sua localização, ainda que estejam perfeitamente documentados outros povoados ao longo do vale do Guadalquivir, território de expansão da civilização dos Tartessos. A sua provável capital talvez fosse Turpa, no lugar que hoje ocupa o porto de Santa Maria, na desembocadura do Guadalete, de cuja raiz “tr” sairiam todas as formas de Tartessos. Provavelmente, a cidade e a civilização já existiam antes de 1000 a.C., dedicadas ao comércio, a metalurgia e a pesca. A posterior chegada dos fenícios e seu establecimento em Gadir (actual Cádis), talvez tenha estimulado o seu imperialismo sobre as terras e cidades ao seu redor, a intensificação da exportação das minas de cobre e prata (Os Tartessos converteram-se nos principais provedores de bronze e prata do Mediterrâneo), assim como a navegação até às ilhas Casitérides (Ilhas Britânicas ou mais concretamente as ilhas da Sicília), de onde importaram o estanho necessário para a produção de bronze, ainda que também o obtivessem pela lavagem de areias que continham estanho.
A sua forma de governo era a monarquia, e possuiam leis escritas em tábuas de bronze. Heródoto fala de 6.000 anos.
No século VI a.C., Tartessos desaparece abruptamente da História, seguramente varrida por Cartago que, depois da batalha de Alalia, o fez pagar assim sua aliança com os gregos. Outros dizem que foi refundada, sob condições pouco claras, com o nome de Carpia. Os romanos chamaram à ampla Baia de Cádiz Tartessius Sinus, mas o reino já não existia mais.
Quando o viajante Pausanias visitou a Grécia no século II a.C. (Paus. Desc. 6.XIX.3) viu duas câmaras num santuário de Olímpia, que a gente de Elis afirmava realizadas con bronze tartesso.
«Dizem que Tartessos é um rio na terra dos Iberos, chegando ao mar por duas desembocaduras e que entre esses dois locais se encontra uma cidade desse mesmo nome. O rio, que é o mais longo da Ibéria, e tem marés, chamado em dias mais recentes Baetis, e há alguns que pensam que Tartessos foi o nome antigo de Carpia, uma cidade dos Iberos»
O solar de Tartessos se perdeu e provavelmente está enterrado sob camadas de sal marinho que substituiram antigos estuários e dunas na moderna desembocadura única do Guadalquivir. Actualmente o delta fluvial foi bloqueado gradualmente por uma enorme faixa de areia que se estende desde o rio Tinto, próximo de Palos de la Frontera, até a ribeira oposta em Sanlúcar de Barrameda. A área está protegida actualmente sob o nome de Parque Nacional de Doñana.
O nome de Carpia sobrevive em um lugar num dos meandros do Guadalquivir. De todas as formas, o nome foi associado ao seu monumento mais característico, uma torre mourisca erguida em 1325 pelo construtor responsável do Alcázar de Sevilha.
Os Turdetanos foram um povos ibero da Hispânia bética, que habitava a Turdetânia, região a oriente do rio Guadiana e junto ao curso médio e inferior do rio Guadalquivir, do Algarve em Portugal até Serra Morena, coincidindo com os territórios da antiga civilização de Tartessos.
Tartessos tivera uma grande influência grega, que supostamente conduziu ao desaparecimento da sua monarquia às mãos d dos feio-púnicos como vingança pelo seu apoio os focenses após a Batalha de Alália no século VI a.C. Deste desaparecimento surgiu uma nova civilização que, descendente de Tartessos, adaptou-se às novas condições geo-políticas da sua época.
Perdida a ligação comercial e cultural que Tartessos mantinha com os gregos, a Turdetânia ficou sob influência cartaginesa, embora desenvolvesse uma evolução própria da cultura anterior, de modo que a população turdetana sabia-se descendente dos antigos tartésios e, à chegada dos romanos, ainda mantinha as suas senhas de identidade próprias.
Descendentes históricos dos Tartessos, tinham uma personalidade própria dentro da cultura dos iberos. Esta caracterizava-se por um tipo de cerâmica, pintada e com decoração geométrica, escultura animalística que à época romana continuou-se com figuração humana.
À queda de Tartessos, o poder monárquico desagregou-se e surgiram pequenos reis. É difícil seguir a esta monarquia até a chegada de Roma. Sabe-se que houve diferentes alianças entre cidades. Os historiadores da época nomeiam os reis que tiveram algum tipo de relação nas guerras Púnicas, como a Culchas. Apesar disto, acredita-se que os turdetanos bem como o restante dos povos iberos, tinham um caráter pacífico.
Parece ser que existia uma vida urbana importante neste povo, vendo a grande quantidade de cidades que continha, mais que em nenhum outro povo pré-romano da península.
Há evidências da existência não de escravos mas de uma servidão comunitária, explorados por uma classe dominante. É possível que estes servos se dedicassem às tarefas agrícolas e mineiras. O poder político era baseado no poder militar, exércitos de mercenários segundo algumas referências. Constatou-se a existência de uma elite que vivia luxosamente graças aos recursos mineiros e as riquezas naturais desta região.
Há poucas fontes dos autores clássicos, e pouca documentação arqueológica. Ainda não se estabeleceu uma relação clara entre elementos simbólicos plasmados na sua cerâmica, por exemplo, onde mostram todo tipo de figuração e seres fantásticos, e a sua religião.
Há divindades de finais da Idade do bronze que se vão assimilando com os deuses trazidos de fora pelos Fenícios e cartagineses nas diferentes colonizações. Estrabo fala do santuário fenício dedicado a Melkart-Hércules em Gadir, outro dedicado a Tanit e um oráculo dedicado a Menesteio. Encontraram-se em diferentes cavernas de Serra Morena grande série de oferendas votivas, sobretudo pequenas esculturas de bronze. Isto pode significar a existência de diferentes santuários na zona, pois se encontram em sítios elevados, mas de fácil acessibilidade.
Através de gerações nos chegaram documentos que falam dos lendários líderes de Tartessos.
Gerião - Primeiro rei mitológico de Tartessos. Segundo a lenda, era um gigante tricéfalo, que pastoreava suas ovelhas pelas proximidades do Guadalquivir.
Norax - Neto de Gerião, conquistou o sul da Sardenha, onde fundou a cidade de Nora.
Gárgoris - Primeiro rei da segunda dinastia mitológica tartessa. Inventou a apicultura.
Habidis - Descobriu a agricultura, atando dois bois a um arado. Formulou as primeiras leis, dividiu a sociedade em sete classes e proibiu o trabalho aos nobres. Sob seu reinado se estabelece um sistema social em que uns poucos vivem às custas do trabalho e da miséria de uma maioria pobre.
Sobre estes dois monarcas se escreveu a Tragicomédia de Gárgoris e Habidis, que menciona um sistema social baseado na exploração do homem pelo homem, nascido depois do descobrimento da agricultura. Trata-se de personagens mitológicos, cuja existência real é tão duvidosa como a de Héracles.
Argantonio - Primeiro rei do qual se tem referências históricas. Último rei de Tartessos. Viveu 110 anos, segundo Heródoto, ainda que alguns historiadores pensem que possam referir-se a vários reis conhecidos pelo mesmo nome. Propiciou o comércio com os gregos, que criaram várias colónias costeiras durante seu reinado.[wikipédia, compilado e editado de: Tartessos e Turdetanos]
Horário eleitoral
Aproveitando que estamos em ano eleitoral e nesse nosso Brasil, a Terra em Transe do Gláuber, é a mesma a politicagem e continuismo, nada melhor que esperar que, entre as cadidaturas exóticas, apareça alguma mulher como Marianne Leishman [aka Zahra Stardust].
A próxima eleição na Austrália promete ser picante. Zahra Stardust (cujo nome de batismo é Marianne Leishman), stripper que foi campeã australiana de pole dancing em 2009, é candidata a uma vaga ao Senado pelo Sex Party no pleito de 21 de agosto.
A campanha da loura de 27 anos já começou:
"Tenho também dançado nos postes de rua para mostrar às pessoas o que posso fazer", disse Zahra, segundo o "Sun".
Além de stripper e dançarina, Zahra já trabalhou como modelo-vivo, trapezista e malabarista com fogo.
Sua plataforma: melhorar a educação sexual em escolas, legalizar o casamento gay e atender às necessidades sexuais do eleitorado australiano do século XXI.[O Globo][link indisponível]
Uma dançarina de 27 anos promete apimentar a campanha eleitoral australiana, em busca de uma vaga no Senado para o Sex Party.
A próxima eleição na Austrália promete ser picante. Zahra Stardust (cujo nome de batismo é Marianne Leishman), stripper que foi campeã australiana de pole dancing em 2009, é candidata a uma vaga ao Senado pelo Sex Party no pleito de 21 de agosto.
A campanha da loura de 27 anos já começou:
"Tenho também dançado nos postes de rua para mostrar às pessoas o que posso fazer", disse Zahra, segundo o "Sun".
Além de stripper e dançarina, Zahra já trabalhou como modelo-vivo, trapezista e malabarista com fogo.
Sua plataforma: melhorar a educação sexual em escolas, legalizar o casamento gay e atender às necessidades sexuais do eleitorado australiano do século XXI.[O Globo][link indisponível]
Uma dançarina de 27 anos promete apimentar a campanha eleitoral australiana, em busca de uma vaga no Senado para o Sex Party.
Zahra Stardust, nascida Marianne Leishman, abandonou a carreira legal em um escritório de advocacia em Sidney para se dedicar à pole dance, shows burlescos e acrobacias com fogo e trapézio. É campeã australiana de pole dancing em 2009.
Agora, ela busca angariar votos no Estado de New South Wales. O Sex Party quer tratar das "necessidades sexuais da Austrália no século 21", melhorando a educação sexual nas escolas e legalizando o casamento gay, disse ao tabloide britânico "The Sun".
"Até agora, distribuí camisinhas junto com instruções sobre como votar", disse ao jornal. "Também dancei um pouco em postes nas ruas para mostrar às pessoas o que posso fazer."
"Zahra gosta de usar as perversidades do palco como um espaço para promover igualdade de gênero, direitos humanos e justiça social", afirma em seu website. Atualmente, ela escreve sua tese de mestrado em estudos de gênero, mais especificamente sobre "ativismo político, subversão de gênero e feminismo em performances eróticas".[Folha]
Eu quero mudar minha zona eleitoral para a Austrália. Chega de aguentar Cristão recalcado, frustrado, traumatizado, neurótico.
PS: Eu mandei uma mensagem ao "Sex Party":
Oh, Gods, I hope some local party have the same political propouse.
E eles responderam:
Thanks Roberto!
Why not start one yourself? I'm sure there are many people locally who feel the same way as you do...
Thank you for your support.
Regards, Sex Party Team
E assim, tem início o projeto do "Partido do Sexo" no Brasil, com Nana Odara para Alta Sacerdotisa, Musa e Presidente do Brasil... };)
PS: Eu mandei uma mensagem ao "Sex Party":
Oh, Gods, I hope some local party have the same political propouse.
E eles responderam:
Thanks Roberto!
Why not start one yourself? I'm sure there are many people locally who feel the same way as you do...
Thank you for your support.
Regards, Sex Party Team
E assim, tem início o projeto do "Partido do Sexo" no Brasil, com Nana Odara para Alta Sacerdotisa, Musa e Presidente do Brasil... };)