quinta-feira, 7 de maio de 2009

Questionando o "propósito de vida"

Algumas coisas ou situações acontecem no meu dia e eu tenho que lembrar que não existe coincidência. Como por exemplo ontem, enquanto eu via Naruto (ou outro anime) no Youtube e um personagem entrou com um discurso sobre seu "propósito de vida". Os animes, tirando os duelos sem sentido e absurdos, divulgam muitos valores que são considerados básicos, senão na sociedade japonesa, para toda a humanidade como amizade, honra, família.
Considerando que existem alguns tópicos na tarjeta "valores" que falam em honra e família no Paganismo, eu resolvi escrever sobre o "propósito de vida", simplesmente porque em algum momento eu me surpreendi ao ver uma mulher (que se dizia satanista) me acusar de não ter esse tal "propósito de vida" e imagino que deve ter muita gente se perguntando o mesmo e se pondo a busca-lo, como pude perceber ao digitar "propósito de vida" no grande oráculo virtual Google e encontrei 12 milhões de resultados.
Vamos começar com a idéia que constantemente somos bombardeados: "Todos nós temos um propósito na vida". Para começar, eu tenho que definir o que é esse "propósito de vida": "Um sentido profundo de que estão aqui para fazer ou aprender algo. Todos nós vivemos nossas vidas tentando incessantemente descobrir, compreender ou vislumbrar quem somos afinal de contas: quem deveríamos ser, o que estamos nos tornando, o que não deveríamos ser, o que nossos pais dizem que somos". O porque parece que temos tal "necessidade": "Descobrir do que precisamos para nos sentirmos completamente felizes". E qual vantagem existe em tal busca: "As pessoas que elegem determinados objetivos em suas vidas, sejam eles quais forem, vivem uma vida mais intensa e feliz."
Agora que temos um ponto de partida, eu pergunto aos leitores se efetivamente precisamos ter esse tal "propósito de vida". Eu escrevi há um bom tempo sobre a diferença entre necessidades reais ou ideais. Tudo que se pode ler sobre tal "propósito de vida" se encaixa no item "necessidade ideal" ou, se me permitem a piada, um despropósito.
Aparentemente estamos em busca de um foco, de um objetivo, de uma direção, mas mesmo todas estas questões se resumem em uma só: escolha. Desde o início, está em nossas mãos inúmeras alternativas, simplesmente pelo fato de estarmos vivos. cabe a nós, portanto querer ou não que nossa vida tenha esse tal "propósito de vida", para início de conversa. A própria questão de termos que escolher ou não é também uma opção. Nesse caso, nascemos com três coisas mais importantes do que o "propósito de vida" que são a própria vida, a liberdade de escolha que a vida nos dá e - por fim, mas não por último - nós mesmos.
Podemos escolher em questionar ou não se a vida tem um significado maior, podemos escolher qual seria esse significado maior e podemos escolher a forma em como podemos adquirir ou seguir esse significado maior. Esse é basicamente o sentido que existe no "propósito de vida" que, curiosamente, só tem significado se nós concedermos isso para ele. Muitas alternativas são oferecidas à granel pelas religiões, mas novamente a crença não deveria ser um acessório ou uma base do "propósito de vida", afinal muitos são os descrentes que tem seus próprios "propósitos de vida". Aliás, seria reduzir e empobrecer demais a religião se a colocarmos como sendo um mero caminho para preencher os nossos "propósitos de vida".
Resumindo, o "propósito de vida" é um assessório, algo que nós escohemos agregar à nossa vida para dar um certo tempero nela e com isso agregar à nossa personalidade os valores que adquirimos e observamos ao exercitar nosso "propósito de vida", muito embora o possamos fazer tudo isso pelos valores em si mesmos, sem que haja a necessidade de querer atingir esse "propósito de vida". A vida em si mesma tem muitos sabores para que sejam limitados ou restritos a modelos de "propósitos de vida". Nós mesmos somos mais importantes do que ter ou escolher em ter um "propósito de vida", nossa liberdade de escolha, a vida, devem ser matidas acima dessa "necessidade" de ter ou escolher em ter um "propósito de vida", do contrário a busca se torna uma obcessão que pode nos levar à ansiedade e frustração. Nesses casos, o "propósito de vida" se tornou um despropósito, porque se tornou um obstáculo à nossa felicidade e às respostas que supostamente tanto procuramos.
Nossa vida pode ser uma constante busca por respostas, realizações e felicidade. Mas cabe a nós escolher se existe uma pergunta, se há algo a realizar e o que é felicidade, para começar. Na maior parte das vezes, nós temos mais felicidade que muitos não tem, apenas não percebemos; nós buscamos por realizações fugazes que em nada nos acrescentam e - por fim - basta apenas viver e aproveitar a vida ao máximo, sem ter que nos preocuparmos em questionar os motivos de nossa existência.

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