quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A mesmice de ser diferente

Em outro tópico eu brinquei comparando o clima meteorológico com o clima das festas de fim de ano.
Pois bem, um dos outros sintomas dessa época é a chamada "resolução de ano novo", onde as pessoas fazem um planejamento das coisas que querem realizar e das coisas que querem mudar. Algumas dessas mudanças são de ordem pessoal: mudança de hábitos, de costumes, de estilos de vida.
As pessoas querem melhorar, querem mudar, querem ser diferentes, mas esperam chegar o fim do ano para prometerem se esforçar em atingir esse objetivo...no ano que vem, quando por todo o ano que passou, tiveram essa oportunidade a cada dia!
Dependendo da situação e do contexto, ser diferente não é tão bom, pois isso carrega consigo um estigma, uma discriminação, um preconceito, que se manifestam através da exclusão ou de outras formas de agressão social, verbal ou fisicamente.
As mudanças ocorrem em diversas épocas de nossa vida, algumas são constantes e cíclicas, outras são um marco de passagem que irá transformar nossas vidas radicalmente.
A primeira mudança acontece quando trocamos o núcleo familiar por um núcleo grupal, trocamos o comportamento familiar por um comportamento grupal.
Nós ficamos tão obcecados em busca de uma identidade própria, de uma auto-afirmação que achamos que, para isso, precisamos entrar em choque, em conflito, com nossa família, com a comunidade.
Essa suposta contestação se reflete na linguagem, no vestuário, no gosto musical, na expressão artística, nos valores, na cultura e até na religião.
Nós queremos tanto sermos diferentes que não percebemos que acabamos nos tornando iguais. Ser diferente não é novidade alguma, essa mania da individualidade teve início na Renascença, com o Humanismo e o Iluminismo.
E no fim, nós apenas imitamos, nos tornamos iguais aos que pertencem à quele grupo, àquela "tribo urbana" que nós escolhemos, seja por afinidade, seja por modismo, seja por contestação.
A segunda mudança acontece quando nos vemos com outras responsabilidades, outros compromissos e outras prioridades, ampliamos nossos horizontes, nossas perspectivas, nossa noção de grupo.
Entramos em uma escola, em um curso, em uma faculdade, em um trabalho, novos ambientes sociais aos quais teremos que nos adaptar, nos adequar, nos modificar.
Pode-se dizer, então, que nós nos modificamos não para sermos diferentes, mas para sermos aceitos, reconhecidos por esse ambiente social.
Fazer mudança é uma opção, ser diferente é um compromisso. Para ser diferente é preciso ter auto-estima, determinação, persistência.
O respeito à esta opção vem com o tempo e com muito trabalho. A opção de se tornar neopagão não é uma curtição, se tornar bruxo não é da hora, se tornar wiccano não é bacana. Quem opta por esse caminho vai estar em uma sociedade sexualmente doente, governada por políticos corruptos e espiritualidade reprimida pela Igreja. Mas se você quer realmente o melhor para a humanidade, para a comunidade, saia das trevas e venha para a luz.

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