sábado, 20 de dezembro de 2008

IO SATURNÁLIA!

O Natal genuíno tem origem na grande cerimônia da Saturnália, uma das celebrações mais festivas e desinibidas da Romanidade, que marcava o aniversário da dedicação do templo de SATURNO.
Durava sete dias e incluía o Solstício de Inverno.
Quem a preside é SATURNO, o Deus da semente e da semeadura (e, por extensão, do semen), derivando o Seu nome, provavelmente, de "Satus" ("brotado de" ou "semeado"). A Sua celebração ocorria no final da última semeadura do ano.
A Sua esposa é OPS, o recurso alimentar do qual os Romanos usufruíam após a colheita do Verão. A Opália tem lugar a 19 de Dezembro.

Na época romana, acreditava-se que tais Divindades, saídas das profundezas do solo, vagassem em cortejo por todo o período invernal, isto é, quando a terra repousava e era inculta por causa das condições atomosféricas. Deviam então ser aplacadas com a oferta de presentes e de festas em Sua honra e, além disso, induzidas a retornar ao outro mundo, onde teriam favorecido as colheitas da estação estiva. Tratava-se, em suma, de uma espécie de longo "desfile de carnaval".

O templo de SATURNO continha a estátua do Deus, recoberta de óleo, o que constituiria eventualmente uma técnica de preservação; estava além disso envolvida em laços de lã, que eram desfeitos no dia do Seu festival.
Macróbio diz que isto simboliza a semente que tinha estado nas entranhas e que brota no décimo mês, que era Dezembro, como o próprio nome do mês indica, isto no antigo calendário, no qual o primeiro mês do ano era Março.
O templo de SATURNO também continha o tesouro do Estado ("Aerarium Saturni").
A SATURNÁLIA, o "melhor dos dias" era iniciada neste templo com um grande sacrifício, no qual os senadores e os cavaleiros usavam as togas. Os sacrifícios a SATURNO eram realizados "Graeco Ritu", isto é, de acordo com o Rito Grego, ou seja, com a cabeça descoberta ("capite aperto"), segundo o que diz Plutarco em "Questões Romanas". Tal fato pode derivar da identificação de SATURNO com o grego CRONOS, Rei da Idade do Ouro, que é um aspecto de SATURNO especialmente importante durante a SATURNÁLIA.
A seguir ao sacrifício, realizava-se um banquete ("convivium publicum", ou "convivium dissolutum"), ao qual toda a gente podia ir e que parece ter sido estabelecido em 217 AC.
Lívio diz que se realiza nesta ocasião um "lectisternium", ou seja, um banquete oferecido aos Deuses em certas cerimónias solenes ou em sinal de reconhecimento, em que as estátuas dos Deuses são colocadas em leitos junto das mesas.
Neste dia, usavam-se roupas menos formais ("synthesis") e capas leves ("pilei"); as pessoas enchiam as ruas gritando "Io Saturnalia!".A alegria reinava; encerravam-se lojas, tribunais, escolas, e os aedis permitiam a jogatina em público.

Nas casas com servos, os donos tratavam-nos como iguais. No seio da família, juntamente com os escravos, escolhia-se um rei momo, ou "Saturnalicius Princeps", que usava máscara e trajava de vermelho (a cor dos Deuses), o que não deixa de fazer lembrar o atual Papai Noel. Na verdade, esta igualdade, e por vezes inversão social (escravos a serem servidos por senhores) seria mais simbólica e religiosa do que propriamente social e real, pois que na maior parte dos casos eram os escravos que preparavam o banquete e, por detrás da desordem festiva, permanecia a sólida ordem romana.
Ofereciam-se presentes, tais como pequenos objectos de cerâmica, incluindo bonecas de cerâmica ("sigillaria") às crianças (especialmente nos sextos e sétimos dias). Aos amigos, davam-se velas de cera ("cerei"). Catão recomendava que se concedesse aos subordinados uma ração adicional de 3+1/2 de vinho ("vinum familiae").[wikipédia]
Fonte: Gladius

Nota: Caturo faz excelentes textos, quando se atém ao assunto dos costumes e crenças antigas, mas não quando dá vasão aos seus impulsos xenófobos. A noção de que política e religião não se misturam é um ideal que está longe do real, mas isto fica para o próximo tópico.

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