Na Idade Clássica, os nossos antepassados tinham o costume de agregar ao seu nome o nome da cidade onde nasceram porque as cidades por serem o centro da riqueza e da sabedoria lhes conferiam prestígio.
Com o advento do Império Romano veio o conceito de gens, com os nomes vinculados ao nome de uma família, o que estipulava a situação social do indivíduo.
Foi no Império Romano que se fundou o vínculo entre Estado e Igreja. Por meio do decreto e da espada se fundiu o exercício da cidadania com a crença religiosa.
A riqueza e o poder do Império Romano certamente atraíram a cobiça e a ganância dos reis da então Europa bárbara e pagã.
Foi pelos sonhos destes reis por conquista, poder e riqueza que começaram as invasões destes povos, não em nome da reconquista de territórios ou pela independência das colônias romanas.
Esses reis tiranos, em troca do reconhecimento de suas coroas, ofereceram à Igreja Cristã Romana a alma dos seus súditos.
Então a Cristianização da Europa foi fundamental para a formação da unidade desses povos bem como para a formação da identidade em comum entre eles.
Cidades e reinos independentes sucumbiram nas guerras de unificação promovidas pelos tiranos seculares e sacerdotais.
Nesse contexto surgiu a idéia de que a Coroa (o rei) é a Pátria (a nação) e a defesa de ambos é um dever diante de Deus. Eram muito comuns cerimônias coletivas públicas de juramento de fidelidade ao rei, à Coroa, à Nação e à Deus.
A transição da Idade Clássica, marcada pelo Império Romano, para a Idade Média, marcada pelos Impérios Bárbaros, trouxe diversas mudanças para a cultura da Europa com a imposição do modelo romano.
A fortuna do indivíduo dependia de sua linhagem familiar e da intrincada relação de vassalagem. Os reis aumentaram seu poder e influência através das guerras, apelando ora à Pátria, ora à Coroa, ora à Deus.
Com o desenvolvimento do comércio, da ciência e da tecnologia o modelo econômico feudal deu espaço ao modelo econômico industrial, a estrutura social aristocrática de lugar à estrutura social burguesa, a política monárquica absolutista deu lugar à política democrática republicana, mas os mesmos ideais de pátria e nação foram mantidos através do juramento de fidelidade à Constituição, sem os quais os conflitos das Guerras Mundiais seriam impossíveis.
A guerra civil que ocorreu na então Yugoslávia é a maior evidência que essa identidade nacional é um engôdo. A Yugoslávia foi dividida em regiões autóctones conforme as "identidades" que os grupos majoritários arbitráriamente se arrogavam.
Portanto, a exacerbação do nacionalismo e do patriotismo fazem parte do fenômeno do Cristianismo e do Monoteísmo, sendo ideologias incompatíveis com o Neopaganismo e o Politeísmo.
Mesmo na época do Império Romano não tinha essa xenofobia contra o "estrangeiro" ou o "imigrante" como tem surgido nos governos contemporâneos.
Mesmo na época do Império Romano não tinha essa intolerância e fundamentalismo contra a diversidade das crenças religiosas como tem surgido nas religiões monoteístas contemporâneas. E nós nos julgamos mais cultos e civilizados do que eles.
Discriminação, exclusão, preconceito, intolerância, fanatismo, fundamentalismo, ódio e violência não são valores neopagãos e humanos.
As idéias de nação e pátria eram completamente desconhecidas por nossos antepassados.
ResponderExcluirNão é de todo verdade. A Nação, a Pátria, a Estirpe, o Povo, são referências fundamentais e centrais para todo o homem antigo, havendo disso inúmeros testemunhos.
Um que se afigura particularmente esclarecedor é este: quando os Espartanos mandaram emissários a Atenas para saber se os Atenienses iriam estar ao lado de Esparta na guerra contra o invasor persa, a resposta foi esta, orgulhosa e inequívoca:
to ellinikon eon omaimon te kai omoglosson
kai theon idrimata te koina kai thisiai
ithea te omotropa
the hellenic which is the similarity in blood and in language
and common institutions of the Gods and sacrifices
and the ethics move in the same way
O helénico que é a semelhança no sangue, na língua, nas comuns instituições dos Deuses e dos sacrifícios e na ética, move-se (movem-se todos) no mesmo caminho.
Com o advento do Império Romano veio o conceito de gens,
ResponderExcluirFoi completamente ao contrário. O conceito de gens é inerente à cultura latina e precede por isso, em muito, o Império Romano. Roma é que deriva dos Latinos e não o contrário.
Foi no Império Romano que se fundou o vínculo entre Estado e Igreja. Por meio do decreto e da espada se fundiu o exercício da cidadania com a crença religiosa.
ResponderExcluirTambém aqui foi ao contrário.
Na sociedade antiga, pagã, o político e o religioso estavam interligados. Os Deuses Nacionais eram cultuados pelo Estado, ou por toda a tribo, colectivamente.
Foi o Cristianismo que veio trazer a ideia de separação radical entre esfera do político e esfera espiritual.
Então a Cristianização da Europa foi fundamental para a formação da unidade desses povos bem como para a formação da identidade em comum entre eles.
ResponderExcluirErrado. Esses povos baseavam-se em fortes laços de sangue, de juramento e de crença, muito antes do surgimento do Cristianismo. E foi o Cristianismo que, com o seu universalismo anti-fronteiras, veio enfraquecer esta coesão nacional, étnica.
Há que se dar espaço neste blog aos comentários do Caturo, uma vez que os meus são recebidos no dele. Entretanto, os Espartanos não lutaram contra os Persas em nome da defesa do povo, mas em defesa DA LIBERDADE contra a tirania de Xerxes. Tanto é verdade que não havia tal identidade nacional em comum entre nossos antepassados que, até antes da ameaça do domínio de Xerxes, Atenienses e Espartanos conviviam com divergências tradicionais. Os Latinos, assim como os Celtas, eram um grupo de diversas tribos que viviam tendo apenas uma região em comum, a gens só pôde aparecer em um contexto de Estado formado, o que foi realizado pelos Romanos. Por isso é importante distinguir a noção de tribo da noção de Estado, enquanto nossos antepassados viviam em tribos não havia separação entre Estado/Religião porque sequer esses conceitos haviam sido formados, portanto eu continuo a afirmar que foi no Império Romano que houve a junção Estado/Igreja enquanto instituições. Vale a pena lembrar do caso da Yugoslávia para percebermos que essa identidade "nacionalista" é uma fraude.
ResponderExcluirA luta dos Espartanos contra os Persas foi mesmo uma luta em defesa do Povo, porque lutar pela Liberdade era, neste caso, lutar pelo Povo, para que o Povo não ficasse submetido a uma potência estrangeira. Isto nota-se perfeitamente na resposta que Leónidas deu a Xerxes I quando este lhe propôs o governo da Grécia em troca da submissão ao rei persa: «Se soubesses o que é bom na vida, irias abster-te de desejar coisas estrangeiras. Para mim é melhor morrer pela Grécia do que ser monarca dos meus compatriotas.».
ResponderExcluirNo que toca ao que diz sobre a Gens, há aí qualquer coisa que falha - é que a Gens é anterior ao Estado romano, a Gens é simplesmente a família alargada, o «clã», por assim dizer. A Gens está dentro da Frátria, que por sua vez está dentro da Tribo. Só mais tarde é que se forma o Estado romano.
Sobre a separação entre Estado e Religião, é óbvio que não existia, pois que os magistrados também tinham funções religiosas, o que, efectivamente, só confirma o carácter nacional da religião pagã.
Quanto ao exemplo da Jugoslávia, foi um dos piores que você podia ter dado em auxílio do seu ponto de vista: porque o desaparecimento da Jugoslávia foi precisamente o triunfo do Nacionalismo. A queda da Jugoslávia atesta que a identidade nacionalista é mais forte do que tudo, pois que o fim desse país artificial deu-se precisamente porque várias nações - Croácia, Eslovénia, Sérvia, Montenegro, mais a comunidade muçulmana da Bósnia - não podiam continuar a viver juntas debaixo do mesmo tecto.
Eu estou farto de ouvir essa bravata sobre os 300 de Esparta. Espartanos estavam tão contra os Persas que não hesitaram em pedir a ajuda destes ao lutar contra os Atenienses (sua prória "pátria") na guerra do Peloponeso. Mas decidi deixar registrado o comentário de Caturo por dois aspectos: as gens [o que merece ser pesquisado] e o que ele tristemente chama de triunfo nacionalista: a guerra civil da Yuguslávia. Lamentável porque ele não se ateve aos fatos históricos, apenas coligiu o que lhe interessava. Que os Deuses Antigos nos poupem dessa visão "nacionalista". No que consta das intenções desse blog e da minha vontade, o assunto está encerrado.
ResponderExcluirFiz uma fusão da ideia do escritor e da minha , e no fim percebi que a contemporaneidade é que mergulhou na perdição e numa tentativa de interpretar o passado esqueceu- se do presente e do onde está ?
ResponderExcluirQue humanidade temos agora eu me pergunto?
Na era nacionalista a coesao étnica era muito forte e submissa de tal forma que se regeu sempre pela obediência .
O pior problema da universalização , globalização e democrácia , será sempre a diversidade de ideias o que trará consequentemente conflitos e desrespeitos de ideias ,as contradições e tudo mais também contribuíram para que existisse esse protecionismo do idealismo , o que fez com que ele fosse imposto e não deixado a liberdade dos democratas , ou melhor apresentado como proposta. acho que antigamente valia de quem vinha a ideia por isso era imposta e não entregada as mãos do pensamento relativista !!!