domingo, 9 de março de 2025

A saga do emprego

O Lorde Theodore Fluffybutt III, recém-libertado da prisão de alta segurança, pisou na rua de Plunderia com a mesma expressão de quem acabara de ser atacado por um enxame de abelhas particularmente fofas. Trinta anos atrás, ele era o terror das nações. Agora, era um ex-vilão em liberdade condicional, obrigado a encontrar um emprego e morar com sua prima distante, Lady Seraphina Fluffybutt II.

A primeira surpresa veio na forma de um carro. Um carro! Um monstro de metal reluzente, com rodas que giravam e um ronco que o fez lembrar vagamente dos rugidos de seus antigos dragões de pelúcia. Seraphina, sentada ao volante, parecia mais uma deusa pop do que a prima da realeza decadente que ele lembrava. Seus trajes, tão reveladores quanto uma pintura renascentista de uma ninfa em trajes mínimos, deixavam Theodore ligeiramente desconcertado.

"Bem-vindo ao século XXI, Theo," Seraphina disse, com um sorriso que poderia derreter glaciares de algodão doce. "Prepare-se para um choque cultural."

E choque cultural houve. O apartamento de Seraphina era uma maravilha tecnológica. Uma tela plana gigante emitia imagens coloridas e em movimento. Um objeto retangular, chamado "celular," tocava músicas estranhas e permitia que ela desse ordens a outros objetos sem precisar levantar um dedo. Theodore ficou fascinado, e ligeiramente aterrorizado, pela máquina de café que, com um simples toque, produzia uma infusão marrom deliciosa. Para ele, era mágica negra de alta tecnologia. A televisão era uma janela para um mundo de imagens vibrantes e sem fim; ele até viu um programa de culinária com uma competição de bolos em formato de bichos de pelúcia. Um sacrilégio em potencial, pensou ele, mas, secretamente, adorou.

A segunda surpresa veio na forma de Sir Reginald Fluffington. O antigo herói que o enfrentara em diversas batalhas épicas (envolvendo principalmente escudos de pelúcia e muita confusão desastrosa) agora trabalhava em uma loja de conveniência, usando um uniforme azul-claro que parecia absorver toda a sua antiga bravura. Theodore o encontrou atrás do balcão, estocando refrigerantes, com uma expressão de completa resignação.

"Reggie?" Theodore perguntou, sua voz ecoando a incredulidade.

O ex-cavaleiro encarou-o, os olhos arregalados. "Fluffybutt? É você mesmo? Meu Deus, você está... mais magro." Ele tossiu, envergonhado. “Olha, você precisa de alguma coisa? Temos uma promoção de doces em forma de coelhos."

O choque foi mútuo. Reggie, o herói de Plunderia, agora era um atendente de loja de conveniência. Theodore, o conquistador de reinos de pelúcia, um desempregado em busca de trabalho. O destino, pensou Theodore, tinha um sentido de humor particularmente cruel e hilário.

A busca por emprego se mostrou uma jornada difícil. Theodore, apesar de suas habilidades em liderar exércitos, não entendia os conceitos básicos de um currículo e entrevista moderna. Ele tentou explicar sua experiência em "conquistar o mundo inteiro" em várias empresas, mas foi recebido com olhares confusos e perguntas sobre suas referências.

Seraphina, observando a luta do primo, percebeu que poderia usar a situação a seu favor. Ela o ajudou a reescrever seu currículo, enfatizando suas habilidades de liderança e estratégia. Com sua influência e charme, ela conseguiu que Theodore tivesse algumas entrevistas, mas, no final, sua reputação o precedia.

No entanto, a experiência era incrivelmente engraçada. A ironia da situação, a queda do conquistador para um simples empregado, seu fascínio pelo mundo moderno - tudo isso era uma comédia involuntária que até mesmo o Conde Malcontent e a Duquesa DeVille encontrariam difícil superar em termos de humor negro.

Theodore continuou sua jornada, enfrentando os desafios do mundo moderno. E, no meio da turbulência, descobrindo uma nova forma de conquistar: não reinos, mas corações e mentes, através da risada provocada por sua própria, peculiar, e desastrosa, história. Afinal, até mesmo a conquista do mundo exige um bom currículo. E talvez, uma boa dose de algodão-doce.

Criado com Toolbaz. Com edição.

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