sexta-feira, 5 de abril de 2024

Pergunta e compreensão erradas

No Patheos, na seção Evangelical, Roger Olson, em seu blog, faz uma pergunta, mas não com a intenção de estabelecer um debate, mas sim de expor seu discurso.

Roger pergunta:
Crença Em Satanás Sem Deus?

Então dá início ao discurso:
Uma característica notável da cultura americana contemporânea (não falarei de nenhuma outra cultura) é uma crença comum e crescente em Satanás, sem qualquer crença correspondente em Deus.

Bom, Roger, desculpe estragar seu discurso, mas foram os cristãos, ou melhor dizendo, a teologia cristã, quem inseriu ou apresentou Satã para a cultura popular.
Isso é um problema, pois o conceito de Deus e do Diabo fazem parte da teologia cristã. Problema, porque é moral e eticamente discutível um Deus que cria o Diabo, o Inferno, o pecado e a condenação eterna.

Mas a "preocupação" do Roger não está na presença de Satã na cultura popular.

Citando:
Há alguns anos, um grupo de pais cristãos de crianças do ensino médio me pediu para falar com o conselho escolar sobre a Wicca como uma religião real, porque um professor estava exigindo que os alunos participassem de um jogo de role-playing onde eles assumiam o papel de bruxas, feiticeiros, bruxos, etc. Eles não queriam que seus filhos fossem obrigados a fingir ser aqueles. Estava claro para eles e para mim que SE um professor de uma escola pública, inclusive a deles, exigisse que as crianças fingissem ser discípulos, apóstolos, padres, missionários, etc., haveria um inferno a pagar (trocadilho intencional). Apresentei esse ponto ao conselho escolar, mas eles, por unanimidade, ignoraram o assunto e simplesmente trataram a mim e aos pais como loucos religiosos tentando censurar o professor.

Oh, bem, Roger, isso é algo que os cristãos terão que se adaptar e lidar. Leis e direitos são universais, não são privilégio dos cristãos. A Wicca é uma religião real e válida. Então, se os cristãos podem pedir para que as escolas tenham um espaço para o ensino da doutrina cristã, a escola deve dar o mesmo espaço para todas as outras crenças, inclusive o satanismo.

Citando:
O que quero dizer é que SE um romance, programa de TV ou filme faz de Deus um personagem central, ele é um produto cristão OU é criticado por críticos seculares como “cafona”, se não ofensivo.

Evidente, Roger. A população está sendo exposta massivamente à doutrina cristã. Não faltam canais "gospel", rádios, emissoras, revistas e jornais. Isso inclui os escândalos envolvendo padres e pastores. O público quer uma saída, uma alternativa e, graças aos Deuses, existem várias.
A cultura popular, ou melhor dizendo, as empresas que vivem disso, perceberam essa tendência e Satã tem tido bons contratos e cachê. 😏🤭

O que me faz lembrar do artigo escrito no OnlySky (futura/atualmente extinto) da La Carmina falando do satanismo no Japão. Um/a escritor/a ocidental comentando a cultura japonesa que adora fazer simulacros e imitações da cultura ocidental. 🤔🙄

Eu, que gosto muito de animes, sei que o otaku ocidental fica com a mente travada/bugada com os animes que retratam o Diabo, Satã, como um herói (anti-herói) ou o salvador da humanidade. Para o japonês não tem sentido algum esse maniqueísmo absolutista da doutrina cristã a respeito do Bem e do Mal. A crença japonesa, seja budista ou xintoísta, acredito na existência de espíritos em tudo e que esses espíritos podem ser/agir benéfica/maléficamente, dependendo da situação.
Aqui no Ocidente, é proibido falar no relativismo moral.🤔🤭😏

Respondendo ao Roger, sim, existe a crença em Satã sem Deus. Isso inclui tanto o satanismo de LaVey (não teísta) quanto o culto de Satã, no satanismo teísta. Sim, eu sei que é contraditório, principalmente levando em consideração que a demonologia/demonolatria surgiu e cresceu dentro do Cristianismo. Mas, enfim, somos humanos.
Não espere sermos puramente racionais.
Isso é coisa dos vulcanianos.😏🤭

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