domingo, 11 de fevereiro de 2024

Diferença entre poder e autoridade

Nicholas Sheehy escreve, no Patheos, na seção Católico, na coluna Formation Matters:

"Jesus é mais poderoso que o Diabo e podemos confiar sempre em Jesus."

O frade está confundindo autoridade com poder.

Como é típico, ele se vale de trechos do texto sagrado para embasar seu argumento. Em momento algum se cogita a suspeita de falta de originalidade ou autenticidade.

"Na cidade de Cafarnaum, num dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar. Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei."

Assim como em nossos dias, em alguns cultos evangélicos, a leitura do texto sagrado fazia parte do culto na sinagoga. Após a leitura, seguia um sermão explicando o trecho lido. Evidente que os autores do texto sagrado aumentaram a conta.

Então, depois dessa péssima interpretação de texto, ele cita o trecho no qual se conta a expulsão de um espírito impuro. Mas como seus professores (e os autores dos textos sagrados), o frade aumenta e inventa. Troca espírito imundo por demônio. Entidades completamente diferentes. Mas o frade aproveita o ensejo para fazer escândalo e pânico moral.

O frade não aborda nem tenta explicar a existência do Diabo, dos demônios e de espíritos impuros. O suposto poder e autoridade de Jesus ficam diluídos quando analisamos a cena teatral da tentação. Sim, ali fica bem claro que aquilo é um roteiro de teatro. Temos um protagonista, um antagonista, papéis, diálogos e encenação.
Se Jesus encontrasse um demônio ou uma entidade de fora de sua crença, provavelmente seria feito em pedaços.

Zeus combateu e venceu Cronos, os Titãs, os Gigantes e Tifão. Isso é poder.
Zeus julgou e condenou Íxion, Sísifo e Tântalo. Isso é autoridade.

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