domingo, 25 de dezembro de 2022

A filha do Papa

Alguns confundem os pecados dos “filhos da Igreja” com “pecados da Igreja”. É dogma de fé que a Igreja não tem pecado.
-Prof. Felipe Aquino

As pessoas que são as responsáveis por uma instituição escolhem e definem aquilo que é dogma, inquestionável, incontestável, indubitável.

A Cosa Nostra deveria adotar esse lema. 😏

Mas vamos falar da história da Igreja e dos Papas? Sim, os fatos incomodam muito, os conservadores, os direitistas, os reacionários e os cristãos fundamentalistas. Tem até uma página do Vaticano falando dos Papas que tiveram vidas pregressas. Páginas semelhantes, mantidas por Protestantes, contém detalhes mais sórdidos.
A pergunta que vale um milhão: por que ainda tem tanta gente frequentando a ICAR?

Enfim, dentre tantas histórias perversas, por que a Igreja teve tanto trabalho para esconder os filhos e filhas dos Papas? Por que tanto trabalho para negar que os Papas tiveram cortesãs?
Por que tanto esforço para apagar os abortos ocorridos nos conventos? Por que usaram o poder para refutar a lenda de um Papa envolvido em um incesto?

Eu estou falando da família Borgia, assunto de minissérie e de embaraço para a Igreja. Mais especificamente de Lucrécia Borgia.

Ou qual motivação teria o Papa Alexandre VI em colocar Lucrécia temporariamente em seu lugar (1501) quando foi viajar para Nápoles?

Filha de Rodrigo Borgia, sendo ele de origem espanhola e sobrinho de um cardeal (Alfonso Borja, de quem pegou o nome Borgia), Lucrécia foi colocada em um convento para ser educada (treinada?).

Sua mãe era amante de Rodrigo que, assim que se tornou Papa, cuidou de procurar por candidatos promissores para casar com ela.
Foi assim que, aos 13 anos, Lucrécia foi oficialmente casada com Giovanni Sforza, algo muito comum na época, as famílias barganhavam o dote das filhas por poder financeiro e político.

Como era um casamento de aparência, o Papa certificou-se de que o casamento não se consumiria e, quando o contrato deixou de ser lucrativo, o casamento foi anulado, debaixo de denúncia de adultério e incesto.

Lucrécia teve um filho, mas nasceu deformado, o que aumentou as suspeitas, mas rapidamente atribuíram a paternidade a Pedro Calderon, mensageiro do Papa.

Em 1497 seu irmão foi encontrado morto, a suspeita recaiu em cima de César, seu outro irmão, que serviu de modelo para as pinturas de Cristo. Essa suspeita só cresceu com as denúncias de incesto contra a família.

Em 1498 Lucrécia se casa com Afonso de Biscegli, com quem teve seu segundo filho. O casamento foi interrompido por César (ciúmes?), que matou Afonso, na crônica oficial, porque Afonso tinha se aliado à França.

Em 1502 Lucrécia se casa com Afonso D'Este, com quem teve filhos, sem contar os que ela teve com os amantes. Um deles foi Francisco II Gonzaga, marquês de Mântua e o poeta Pietro Bembo.

Lucrécia morreu em 1519 por complicações no parto de seu oitavo filho. Não obstante, seu nome e o nome de sua família ficou como sinônimo de assassinato por envenenamento.

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