A instrumentalização do funeral de Elizabeth II por Jair Bolsonaro para fins eleitorais repercutiu amplamente na imprensa europeia.
“Líderes mundiais chegam à Grã-Bretanha para prestar homenagem à rainha enquanto o governante populista de direita brasileiro Jair Bolsonaro agitou uma multidão que acenava com bandeiras enquanto realizava um comício das janelas da embaixada de seu país para ganhar votos em casa com vistas para as próximas eleições presidenciais do país sul-americano”, observa o Daily Mail, um dos mais populares jornais do Reino Unido.
“Um vídeo também mostra os apoiadores do homem forte do Brasil enrolados na bandeira nacional gritando contra manifestantes anti-Bolsonaro nos arredores”.
“Jair Bolsonaro usa visita a Londres para o funeral da rainha como palanque eleitoral”, destaca o The Guardian.
“Bolsonaro, que parece estar prestes a perder a eleição presidencial do próximo mês no Brasil, passou imediatamente para o modo campanha, apesar do momento de luto”, relata o correspondente do jornal britânico Tom Phillips.
“Os comentários carregados de Bolsonaro encantaram os apoiadores que vieram ouvi-lo no centro de Londres, mas provocaram raiva no Reino Unido e no Brasil”, afirma.
“Amigos e parentes do jornalista britânico e colaborador do Guardian Dom Phillips, que foi assassinado na Amazônia em junho com o indigenista Bruno Pereira, também se concentraram na parte de fora da residência do embaixador para expressar sua indignação diante da presença de Bolsonaro”.
“A sobrinha de Dom Phillips, Domonique Davies, também estava no ato anti-Bolsonaro, organizado por um grupo chamado Brazil Matters, em que manifestantes seguravam cartazes denunciando o presidente brasileiro. O pequeno grupo teve de ser protegido pela polícia enquanto os apoiadores de Bolsonaro os provocavam”, aponta.
A atitude de Jair Bolsonaro também chamou a atenção do britânico The Independent: “O controverso Bolsonaro usou a viagem a Londres para tentar convencer eleitores indecisos da sua estatura internacional”.
“Falando para 200 apoiadores concentrados na parte de fora da embaixada brasileira, Bolsonaro insistiu em que as pesquisas estão erradas e que ele poderia ganhar no primeiro turno”.
A deturpação repercutiu na França. O site da TF1, canal de televisão de maior audiência, considera o discurso de Bolsonaro como “agressivo”.
“Em Londres para o funeral de Elizabeth II, Jair Bolsonaro improvisa um discurso agressivo”.
“Mesmo no luto, a política nunca está muito longe. Vindo a Londres, onde deve assistir ao funeral da rainha Elizabeth II, o presidente Jair Bolsonaro não perde de vista as próximas eleições no Brasil, a duas semanas do primeiro turno. O chefe de Estado brasileiro de extrema direita se lançou domingo num ataque ao aborto, às drogas e à ‘ideologia de gênero’, sendo alvo das críticas de Lula, seu adversário às presidenciais”.
Em Portugal, não só o presidente brasileiro foi criticado, mas também seus seguidores.
“Mais uma vez em contramão com outros líderes mundiais, que têm exibido discrição e pesar, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, fez um comício eleitoral assim que chegou a Londres, este domingo para participar no funeral da rainha Isabel II. Também em contraste com a sobriedade dos britânicos neste momento de luto, centenas de brasileiros vestindo verde e amarelo e com bandeiras do seu país fizeram uma verdadeira festa à chegada de Bolsonaro à capital inglesa”, diz o jornal Correio da Manhã.
“Enquanto Bolsonaro discursava na varanda, os filhos e assessores faziam imagens na rua, em frente ao imóvel, para as usar na recta final da campanha eleitoral, pretendendo mostrar o apoio que o presidente supostamente também tem fora do Brasil.”
O comício foi repercutido também pela TSF, rádio pública de notícias do país: “Jair Bolsonaro faz campanha na ida ao funeral de Isabel II e é criticado por Lula da Silva”.
“O Presidente do Brasil e candidato às eleições fez um comício de apelo ao voto.”
O espanhol La Vanguardia reage com ironia. “Um grande funeral de campanha para Bolsonaro”.
“Há pelo menos um mandatário que aproveitou o funeral da rainha para fazer campanha eleitoral. O presidente de ultradireita brasileiro Jair Bolsonaro chegou cedo no domingo a Londres e antes de acudir ao caixão de Elizabeth II, saiu à varanda da embaixada do Brasil no Reino Unido, onde se hospeda, para fazer seu comício particular”.
“Uma pequena manifestação que não parecia muito espontânea, na qual os partidários de Bolsonaro cantaram o hino brasileiro e rezaram um pai-nosso”, descreve Robert Mur.
“E entoaram cânticos contra o ex-presidente Lula, favorito para vencer as eleições, pois todas as pesquisas fiáveis o dão com dez pontos de vantagem em relação ao mandatário de extrema direita.”
“Ao aparecer na sacada, Bolsonaro respondeu dentro do padrão, não sem antes lembrar que não viajou a Londres para fazer campanha mas para mostrar respeito a Elizabeth II”.
“Mas na sequência discursou: ‘Está manifestação que vocês fazem representa o que realmente acontece no Brasil’”, contrasta.
“E assegurou, como fez ao longo de toda a campanha, estar convencido de ganhar no primeiro turno. Uma reiteração que, junto com seu discurso inoportuno semeia a desconfiança nas urnas, levando seu roteiro a uma sequela do controverso final da presidência de Trump nos EUA”, compara.
Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/midia-europeia-critica-comicio-bolsonaro-funeral-rainha-elizabeth/
Nota: isso é doentio e perigoso. Tal como o Nazismo e o Fascismo, o Bolsonarismo há de continuar porque a mentalidade e a retórica do ódio independem de um líder.
Nenhum comentário:
Postar um comentário