segunda-feira, 14 de março de 2022

De Robert Cochrane para William Gray

Tradução: Gabriel Mallet Meissner.
Nota do tradutor:
Esta é uma série de cartas que o famoso bruxo tradicional Robert Cochrane (pseudônimo de Roy Bowers) escreveu para o ocultista William Gray na década de sessenta, correspondência esta que terminou com a morte de Cochrane em 1966. Nestas cartas há muitos pensamentos profundos, interessantes e polêmicos sobre a essência da Bruxaria.

Alguns destes pensamentos são muito pessoais de Roy Bowers e muitos bruxos, mesmo os mais tradicionais, discordariam de vários deles. Mas mesmos estes pensamentos valem a pena de serem lidos, pois suscitam alguns questionamentos muito importantes para se trilhar o caminho da Arte.
Não traduzi as cartas completas, e sim, apenas trechos. Cortei as conversas pessoais entre Roy Bowers e William Gray, bem como as fofocas de Bowers em relação à Gerald GardnerDoreen Valiente e gardnerianos em geral e outras partes das cartas que não eram em absoluto relevantes para a Arte. De modo que esta tradução apresenta somente aquilo que é essencial e realmente importante para aqueles que procuram entender melhor a linha de pensamento deste bruxo e da Tradição que ele representava, o Clan de Tubal-Cain.
1a Carta:[Trecho da 10ª carta a Bill]
(...)
"Shakespeare realmente conhecia a sua bruxaria. Eu tenho a teoria louca de que ele passou algum tempo em um dos mais avançados clãs; e que foi durante o seu aprendizado que adquiriu a língua prateada. Praticamente toda a bruxaria da escola a qual eu pertenço ocultam os seus segredos em versos brancos e kennings [Na literatura germânica medieval, uma kenning é uma figura de linguagem poética que substitui o nome habitual de uma pessoa ou coisa. Na sua forma mais simples, compreende dois termos, um dos quais (a 'palavra-base') é relacionado com o segundo formando um significado que nenhum dos termos possui individualmente.{Wikipédia}]. Robert Graves, em seu "White Goddess" escreve uma grande quantidade de besteiras a respeito de muitas coisas (principalmente porque ele tenta explicar tudo), mas ele estava absolutamente certo quando escreveu que a Deusa proteana era a verdadeira inspiradora do poeta e que toda a verdadeira poesia deveria tratar dos temas dos quais Ela é a Senhora.

Shakespeare nunca se desviou destes temas e em muitos dos seus trabalhos o paganismo é muito mais aparente do que o cristianismo. Suas "Esposas", por exemplo, derivam de uma muito antiga lenda Celta e fornece uma descrição acurada da bruxaria rural na sua forma mais simples. O mesmo tema aparece em `Lear', o qual para mim é puro paganismo na sua melhor e mais nobre forma. As personagens de Lear são arquétipos da lenda maior. O bobo da corte não é realmente um bobo, mas o deusLear é o antigo deus da morte. E mesmo Geoffrey de Monmouth não poderia confundir o assunto e a verdade essencial ainda está na sua miscelânea de mitologia e memória racial. Os wica de hoje em dia deveriam ler Shakespeare e então jogar Aradia fora."
"A nossa terra dos mortos, a Ilha das Maçãs, AvalonCaerochren... é um lugar que para a mente fixa na imagem aparece como um bosque interior do país, com uma árida praia. Após o vasto pasto se encontram os montes que tocam os seus topos no céu baixo. Na praia e depois dos bosques está um pequeno povoado;"
"Os bosques são sombrios e terríveis e entra-se neles atravessando um rio. Ali, o covarde se intimida, o pusilânime foge, pois é ali que Childe Rolande toca o corneta de chifre retorcido e encarar a face do inimigo que nenhum homem pode derrotar. Dos outros planos que eu não tenho conhecimento, exceto no meu subconsciente, como todos nós temos. A minha mente é quase que totalmente direcionada, dia após dia, para os registros akáshicos, aonde eu desembaraço o cordão de prata. Tanto conhecimento já foi perdido e há tão pouco tempo para encontrá-lo novamente..."
"Para trabalhar apropriadamente com a magia das bruxas, precisa-se trabalhar ao ar livre, fora das construções, pois a menos que a concentração de ectoplasma seja necessária, é inútil e destrói a 'Virtude'. Trabalhar ao ar livre é uma lei para nós e também a lei das correspondências é necessária para os maiores rituais. Nudez, embora nós não a pratiquemos, tem um bom efeito psicológico para os tipos inibidos que são os pagãos dos tempos de hoje. Eu compreendo, embora isto possa não estar correto, que eles também crêem ser a nudez essencial como um meio para o que eles descrevem como sendo poder. Obviamente, o açoitamento é também fortemente incentivado por causa disto. Novamente, supõe-se que isto produz "Poder".

Provavelmente algo ligado à adrenalina e os seus produtos que produzem efeitos psicológicos. Uma vez que parece que eles correm até estarem em um estado mental altamente sugestionável, a sugestão tem um papel maior nestes efeitos psicológicos do que o açoite. Eu pessoalmente tenho pouco tempo para tais comportamentos primitivos dos subtopians. Está "tudo no sangue", como me contou um deles. No passado, o açoite era usada por causa da sua correspondência simbólica. O "Demônio" e seu conjurador perseguiam os outros em um assustador jogo chamado "A Lebre e o Cão de Caça". Esta é uma boa maneira de criar a atração pela morte, assim como a atração pela vida(...). Uma vez que se aprende a simbologia desta forma, é improvável que eles a esqueçam novamente. É proibido utilizar esta técnica hoje, entretanto. Nada pode permanecer para sempre. O pensamento deve crescer ou se corromper. Apegar-se a um padrão primitivo seria corromper mentes e almas civilizadas."
(...)
(...) "o ensinamento principal das bruxas é o de que é preciso possuir o sangue bruxo para ser ouvido pelos Deuses e que o sangue bruxo se manifesta a cada segunda ou terceira geração e no mesmo padrão físico. Em outras palavras, apenas bruxos podem gerar bruxos e não ter uma herança é a mais terrível de todas as experiência para um bruxo. É literalmente tortura lenta. Eu pessoalmente preferiria fazer qualquer outra coisa do que encarar os treze anos de deserto novamente; mas apenas um bruxo poderia me entender." 
[Trecho da 10ª carta a Bill]
2a Carta:
(...)[Trecho da 1ª carta a Bill]
"Nas primeiras tentativas, eu achei difícil contatar os registros akáshicos, mas uma vez que eu encontrei o que estava procurando a informação fluiu diretamente. A principal a se considerar ao contatar qualquer coisa, eu suponho, é manter a mente concentrada em um só assunto, ou pelo menos achar uma ligação entre uma coisa e outra antes de mudar. Felizmente para mim, meu assunto abrange toda a história da humanidade ocidental, portanto eu posso mudar de um século a outro sem grandes perdas. (...)"

"Quando eu morrer, eu irei para outro lugar que eu mesmo e meus ancestrais criamos. Sem o trabalho deles, ele não existiria, uma vez que, na minha opinião, por muitos eons o espírito humano não tinha um lar e então o seu desejo de sobrevivência criou o caminho entre os mundos. Nada se obtém ao se fazer nada e o que quer que nós façamos agora cria o mundo em que nós existiremos amanhã. O mesmo se aplica à morte, o que nós criamos em pensamento nós criamos naquela outra realidade. O desejo, como você deve saber melhor do que eu, foi a primeira de todas as coisas a serem criadas."

"WhoaBilly boy! Quem falou alguma coisa sobre contatar as forças da natureza? Este tipo de bruxaria pertence ao xamã, não a nós. As forças naturais para nós são meios, não fins, e este tipo de coisa morreu com os primitivos, fazendeiros dos montes de Escócia e outros como eles. O tipo de coisa que nós praticamos tem pouco ou nada em comum com o panteísmo deste nível. Pelo que sei, isto acabou pelo menos no século doze e nós temos tanto em comum com isto quanto temos em comum com o catolicismo e, neste sentido, temos mais em comum com o catolicismo."
"Esta foi primeiramente a razão porque eu pareci um pouco convencido quando expliquei a origem do círculo. Eu suponho que seria melhor lhe contar um pouco sobre a história da arte como eu a conheço. Isto talvez não esteja necessariamente correto, mas tem muita bagagem histórica (...).

No século doze, os católicos romanos e o paganismo do campo se encontravam muito misturados e cada um tolerava o outro. Mas logo antes e durante a primeira cruzada, emissários e peregrinos da Pérsia vieram tanto para a Bretanha quanto para a Irlanda e o que eles tinham a ensinar foi um avanço para a arte naquele tempo. Eles foram forçados a fugir do oriente por causa do triunfo do mahommedismo e eles conheciam a verdadeira tradição de mistérios dos gregos, uma vez que os pitagóricos e outros foram até a eles após o triunfo dos cristãos. As ordens druídicas e bárdicas da Bretanha e Irlanda foram convertidas em uma nova ordem e foi com isso que o Deus Chifrudo chegou à sua ascendência.
Infelizmente, os cristãos viram esta nova onda de pensamento como uma ameaça à igreja institucionalizada e com a reforma acontecendo em Cluny, começou uma grande perseguição que atrasou o desenvolvimento da Europa ocidental em três séculos. A mais elevada ética pagã do século doze era melhor e mais definida do que a melhor dos cristãos, mas infelizmente o cristianismo e a ignorância ganharam. Provavelmente foi da mesma fonte que os Persas que a Qabala foi derivada, uma vez que poucos anos atrás Waite traçou história com muita competência até a Espanha daquele período.
Daí que as verdadeiras bruxas e você têm mais em comum do que geralmente percebem. Nós temos um sistema de árvore que é realmente baseado em árvores e nossos instrumentos de meditação e todo o resto são muito similares em muitos aspectos. (...)
Toda esta história de Grande Deus Pan, culto à natureza, Deuses do Fogo, danças da fertilidade e todo o resto morreu nos círculos oficiais após o século doze. O panteísmo ainda existe, mas é a força menor para um bruxo da minha tradição, não a maior. Nós não somos pessoas que querem se juntar ao culto de Dionísio, perdendo-nos em um tumulto de emoção não treinada, gritando `Evohevoh ha' no alto das colinas. Nós temos as nossas próprias disciplinas e a nossa própria simbologia e, até onde podemos acreditar, nós pensamos que nós podemos possuir os verdadeiros mistérios do passado. Aonde todo mundo erra é em acreditar que porque o sexo era e ainda é usado como parte de um antigo ritual, nós devemos, portanto, pertencer ao Deus Pan e suas ovelhas. Eu diria a qualquer um que antes de seguir esta idéia desse uma boa olhada em Osíris e se perguntasse porque a sacerdotisa Pythia sentava-se em uma trípode sobre uma serpente na terra.
Veja, basicamente uma segunda tradição de pensamento foi perdida, uma tradição dual na qual nada era como parecia ser. Este era o verdadeiro segredo por trás dos mistérios e camponeses dançarinos têm pouco em comum com aquela filosofia. As bruxas não morreram porque acreditavam que a sua morte fertilizaria o solo, mas para ganhar tempo pelo sacrifício, elas não dançavam ao redor de um círculo para imitar a passagem das estações, mas para liberar os seus corpos astro-físicos e elas não morriam na fogueira na crença de que apenas a sua magia faria o sol se levantar, mas porque elas prefeririam morrer a confessar a verdade do que elas sabiam. A atmosfera emocional catártica de um encontro de bruxas modernas as fariam rir e então sentirem-se um pouco incomodadas, uma vez que para uma bruxa silêncio, intento e vontade são tudo. O culto à natureza é uma coisa que pertence aos verdadeiros camponeses. O culto à natureza para mim é uma parte, não o todo."
(...)
"Através da poesia, os Grandes Deuses falam e através de inferência poética eles ensinam.
(...)
(NOTA) *** Os camponeses ingleses gritavam "E.O.I.A.U., EOIAU. Minha mãe lembra deles fazendo isto ao pular sobre arado com uma guirlanda ao redor dele. Una-se àquela tradição de Set e Osiris, leia "O Asno de Ouro" e você terá uma clara idéia do que é que nós acreditamos. ***[Trecho da 1ª carta a Bill]
3a Carta:[Trecho da 6ª carta a Bill]
(...)
"A lei básica por trás das técnicas de magia e destino é a de que natureza abomina o vácuo e é com isto em mente que tanto místicos quanto magistas procuram elevar o destino do mundo. Eles substituem o que estiver vazio ou negativo com aquilo que é positivo. O problema está na interpretação que muitos 'místicos por esporte' fazem da palavra 'amor'. Amor é a mais divina das forças, mas nós é obtida através de dor e discernimento."
(...)
"Nada é puramente bom ou mau, estes são termos relativos que o homem tem associado a incontáveis mistérios.

Para a minha crença particular, a Deusa, branca com os seus trabalhos benéficos, é também negra com os trabalhos das trevas, ainda que ambas sejam compassivas,se bem que a compaixão seja o disfarce da cruel falta de piedade da VERDADE. A verdade é um outro nome para o Divino. Masculino ou feminino, isto não importa, o que importa é o reconhecimento de que não há bondade ou maldade, branco ou preto, mas a aceitação da "vontade dos Deuses", a aceitação da verdade em oposição à ilusão.
Uma vez que nós nos desviamos da busca da verdade, então os nossos trabalhos não são nada, as nossas vidas são como os ventos do inverno. O que quer que nós façamos, nós não podemos escapar da Verdade, ela irá nos seguir e falar, não importa que barreiras nós construamos contra ela, não importa que histórias nós contemos a nós mesmos. A Verdade fala por si mesma, independentemente de sistemas, crenças religiosas, depois e antes do túmulo.
Os visionários, quer sejam estes Bernadette, Joana D'Arc, alguns antigos revolucionários ou Appolnorius (escrevi este nome corretamente?) são todos seres humanos que de alguma forma perceberam uma pequena parte da Verdade e que criaram algo a partir disto. Quaisquer que sejam as interpretações que outros tentem fazer e dar a estas 'visões', a explicação só pode ser achada na pessoa que viu ou sentiu a presençada 'Verdade'. Nós todos temos uma pequena partícula destas verdades em nós, o homem avança, na crista das ondas da 'vontade de Deus' sobre estas pequenas partículas. Ele partiu da lama e do lodo da evolução para as estrelas e as estrelas voltaram nos seus cursos para ajudá-lo e aquelas mesmas estrelas ainda brilham para o homem do século vinte.
Torne-se um com a Verdade e você certamente morrerá. Realize trabalhos baseados na verdade e você é um homem condenado,pois a raça humana como um todo não quer a verdade, mas o conforto da ilusão. Nós ainda somos bebês sugando um seio cujo leite é venenoso, e ainda assim nós pensamos que nós nos alimentamos de veneno. A verdade, não importa como nós a interpretemos, alimenta tanto os demônios quanto os santos."[Trecho da 6ª carta a Bill]
(...)
4a Carta:[Trecho da 9ª carta a Bill]
(...)
"Destino... destino é uma palavra que significa tanta coisa e é tanto real quanto irreal. Eu pessoalmente acredito fortemente no destino,mas embora eu possa vê-lo para outros e às vezes para as nações, eu sou um livro fechado para mim mesmo. Eu sei que há algo em ação,alguma força que me controla e não uma força que eu controlo.

Talvez o filho de um velho carpinteiro em algum lugar que está reunindo seus companheiros para dizer 'sigam-me!'. Eu ainda tenho a sensação de que nós estamos preparando o solo para uma colheita que nós não iremos colher, esperando por um alvorecer que pode nunca vir, mas esperar nós devemos. Nós somos a força para algo mais que irá acontecer, os criadores de opinião para um novo conceito que está surgindo em algum lugar no mundo.
Os Sãos Joãos Batistas, centenas, esperando,esperando, esperando. Até agora a nova palavra não chegou, mas chegará, disto eu estou certo. Eu também estou certo dos trabalhadores dos planos interiores.
O que eu vejo é um homem vestido com roupas do século dezesseis, coberto com um manto e com um sorriso cínico. Eu o ouvi falar e surpreendentemente ele falou com um sotaque que deve ter sido o do inglês do século dezesseis. Esta foi a primeira vez em que eu vi o Poder a que nós chamamos de Deus, ao menos uma representação Dela.
Naquela noite Jane e eu estávamos dormindo e eu acordei subitamente e vi que estava saindo do meu corpo, metade dentro dele, metade fora. Uma forma escura estava no quarto comigo e eu estava genuinamente apavorado. Protestando fracamente, eu fui puxado para fora de mim mesmo e levado a um bosque, aonde eu vi meu mestre pela primeira vez.
Ele estava vestido como eu o descrevi e disse 'Aí vem Lass. Vamos cultuá-La'. Eu olhei o chão aonde eu estava deitado (...) e vi vindo através das árvores de cavalo uma Luz branca e percebi que era uma mulher nua montada em um cavalo, mas também uma pura luz brilhante. Eu nunca senti nada como aquilo, antes daquilo ou depois, mas então eu fui atirado de volta a mim mesmo com uma pancada estridente e caí da cama, tremendo.
Levou muitos anos para eu entender que o que eu tinha visto era o poder cósmico do que nós chamamos Verdade. Entretanto, desde aquele tempo eu tenho acreditado muito fortemente nos Planos Interiores e ocasionalmente tenho visto o meu mestre.
Eu também sei que quando ele submete sua vontade para cumprir uma tarefa, não há nada o que se possa dizer, ela deve feita. É claro que tudo isto pode ter sido uma ilusão, mas como você eu tenho uma convicção interna de que algo mais forte do que os textos psiquiátricos jamais escreveram.
Nós fazemos o que nós somos ditos para fazer, protestando, reclamando, às vezes se lamuriando, mas nós fazemos o que somos ditos para fazer, não porque sejamos escravos de algo que está correndo nas nossas cabeças, mas porque o que quer seja que escreva as ordens da nossa companhia, sabe."
(...)
"Se você quer trabalhar magia natural, então você precisa trabalhar ao ar livre, preferencialmente perto de água corrente, ou falhar. Deve ser um lugar aberto aos quatro ventos, uma vez que eles carregam as sementes da vida e da destruição e que eles representam os quatro elementos. A terra deveria ser revolvida e preferencialmente deveria ser feito um pequeno sacrifício de farinha de trigo ou vinho.

Trabalhar no meio de árvores tende a gerar muita selvageria nos resultados, uma vez que é a floresta negra de Pan. Quanto mais água houver, melhor, as melhores fontes de todas estão perto dos cemitérios de igrejas do interior, mas tenha cuidado com estas fontes d'água, uma vez que você está sujeito a incomodar os "guardiães" e eles são algo com que nós temos que ajustar nossas contas depois."
"Não há regras simples e prontas, isto deve sentido naturalmente. O poder geralmente é notado pela sensação de pânico extremo, então vem o "encontro" em que você sente que está cercado por hostes de 'guardiães'. Você possivelmente os verá com o rabo do olho. Ignore-os e superará o pânico."
Então vem a fria rajada de vento e o poder a que se está pedindo para começar a sua manifestação, este irá aparecer na forma que você espera ver, a principal dificuldade está em segurá-lo, uma vez que (e eu falo por experiência) é muito parecido com a batida de um martelo. Geralmente luzes verdes, brilhantes, brilham e apagam no centro do espaço de trabalho.

Incidentalmente você verá uma peneira de metal colocada no ponto central faz com que a manifestação não cesse e age como uma forma de grade para a força que o poder está usando para transmutar a sua própria energia. Uma vez que ele se firmou, então é a hora de fazer suas perguntas e as respostas podem não vir naquele momento, mas elas virão. O que quer que você faça, resista à tentação de entrar em pânico ou de sentir que "tudo está dando errado".
O Fazendeiro tem a reputação de afetar os seres humanos desta maneira (daí as palavras "pânico", "pandemonium" etc).
"Basicamente, a magia natural é muito simples, é tão simples quanto o sexo, mas como todas as coisas simples, tem algumas fantásticas fortificações por trás dela. As bruxas acreditam que todas as coisas são Uma e que estão unidas. Para criar um efeito espiritual, deve-se criar um efeito físico e para trabalhar com magia natural deve-se primeiro fazer coisas naturais.
Há perigos, entretanto, e estes estão em deixar algo por fazer. Uma vez que você tenha alcançado o seu objetivo, deixe tudo como você o achou ou irá passar algumas noites desconfortáveis com espectros naturais rondando pelo seu quarto, importunando-lhe por ter-lhes incomodado.
Eles são elementais e não consciência da forma como nós temos. Entretanto, eles podem ser domados e mantidos ao seu lado como amigos.
Minha família teve um desses durante anos e ele se deliciava em nos pregar peças. Ele se comportava de acordo como ele era usado e eu acho que Tomkins era usado sem necessidade para trabalhos complicados. Uma vez ele teve um prazer maligno em aparecer para alguns amigos nossos e assustando-os, mas nós o castigamos daquela vez e ele se comportou. Há uma possibilidade de que ele tenha sido responsável por fazer Bobby cometer erros em seu mapa. Entretanto, ele é facilmente visto e não consegue resistir ao barulho de batidas e tinidos sobre objetos de metal (possivelmente uma reminiscência dos dias em que o ferro era um tabu para ele). Ele geralmente é visto como um grande gato preto ou um cachorro. Se você o pegar, dê uma bronca nele e mande-o de volta.(...) Eles são travessos, às vezes hostis, e não se pode confiar neles a menos que torçamos seus rabos. Eles irão gostar muito de fazê-lo andar em círculos e em serem aborrecedores. Você vai descobrir que uma vez que eles perceberem que você está para começar a trabalhar com magia natural, eles vão zoar ao seu redor o tempo todo, trapaceá-lo, fazê-lo andar em círculos e assim por diante. Uma vez que você comece, entretanto, eles ficarão quietos e até mesmo irão ajudá-lo a alcançar o seu objetivo. A posição cinco é a sua melhor defesa contra o seu lado insociável e a posição seis é a sua melhor maneira de se tornar amigo deles."[Trecho da 9ª carta a Bill]
5a Carta:[Trecho da 8ª carta a Bill]
(...)
"Mestre é um termo que nós usamos e muito freqüentemente. Eu mesmo sou o mestre de um pequeno clã, o demônio, de fato. Por outro lado, eu também reconheço a autoridade de outros que são mais elevados do que eu mesmo e esta autoridade, uma vez afirmada, é absoluta.

Adeptii dos planos superiores ou adeptii do plano físico são termos que não combinariam com facilidade com uma bruxa. Mestre é a antiga palavra para a função particular que todos nós (bruxos e bruxas) temos que cumprir. O meu trabalho é treinar e organizar, cumprir a lei, disciplinar e amaldiçoar, tão bem quanto enobrecer.
À Jane todos os homens devem absoluta lealdade, à mim (ou melhor, a lei que eu represento) ele devem serviço. Nós temos que treinar quaisquer novos membros até certos padrões, desenvolver quaisquer poderes ocultos que eles possam ter e finalmente ensiná-los a manipulação de várias imagens da virtude. Nós podemos ser os últimos da velha escola, mas nós ainda mantemos as antigas atitudes e esperamos as mesmas coisas.
Acima de nós há outra autoridade cujas ordens são muito mais antigas do que as nossas, à esta autoridade nós devemos absoluta lealdade, e cuja função é nos treinar e trabalhar conosco. Eu tive a afortunado posição de ter o sangue bruxo e, portanto, eu tenho um pouco da atenção dos deuses."
(...)[Trecho da 8ª carta a Bill]
6a Carta:[Trecho da 2ª carta a Bill]
(...)
"Eu acho que nós nos encontramos por um motivo... Da maneira como eu vejo vocês são filhos do sol e nós somos filhos da lua... vocês são luminosos... nós somos sombrios... vocês são abertos... nós somos reservados... o seu tipo de magia lida com a verdade intelectual, o nosso tipo lida com a natureza essencial da ilusão.

E ainda assim, apesar disso tudo, nós procuramos as mesmas verdades finais, a mesma finalidade de expressão e experiência. É realmente incrível como os nossos rituais se encontram em muitos pontos (pelo que vi em "A Cabala Mística") e então separam-se novamente e vão aos seus respectivos mundos. Deve haver um pilar do meio em que nós dois podemos ascender, um lugar aonde a lua e o sol podem brilhar juntos no céu do meio dia/da meia noite... isto soa como se eu o tivesse descoberto inconscientemente, uma descrição muito boa dos verdadeiros Planos Interiores."
(...)

Falando de Gardner e alguns de seus associados: Eles todos cometeram o erro fatal de acreditar que bruxaria era a relíquia de uma religião da fertilidade e entenderam mal o rito fálico dos quais os puritanos tanto têm medo.

Eu não deveria falar disto a ninguém, exceto para uma bruxa mulher, mas para este propósito eu vou considerá-lo como se fosse uma bruxa e uma mulher (...). Aí vai a verdadeira explicação por trás do aparente falicismo do culto das bruxas.
Como vocês, para começar qualquer trabalho, nós vamos à Kether, Tipharet, Yesod e Malkuth. É com Malkuth, entretanto, que nós atravessamos a ponte e abrimos o Portal. Hermes é o Guia neste momento. Agora, a despeito das evidências "históricas", Hermes NÃO era um Deus fálico, mas essencialmente o Guia através dos Submundos(...).
O falicismo aparece aqui, mas os historiadores, antiquários e tolos "quero ser bruxa" o entenderam mal. Lembre que eu disse que na bruxaria nada é como parece ser. Os rituais em que os órgãos sexuais masculino e feminino são usados são os rituais de (a) Magia, (b) Morte e (c) Ressurreição, no sentido de que a virtude, a nossa palavra para poder, pode ser passado de uma pessoa para outra (agora você sabe porque bruxos passam o poder de um homem para uma mulher). Esta virtude foi originalmente dada à "Hécate" na sua união com Saturno. Eles então geraram um filho, "Hermes", que agora, ao combinar a sua função com a de Guia, gera na bruxa uma virtude pelo mesmo processo e ela, por sua vez, a passa para um bruxo.
Agora lembre-se de que cada peça da filosofia das bruxas tem muitas interpretações diferentes e nunca é como parece ser e eu deixarei que você trabalhe neste tema daqui por diante. Eles, a despeito dos seus muitos nomes, são todos aspectos dos Dois Pilares ou, como nós os chamamos, da faca e da corda. Este ritual pode ser realmente realizado, mas com certas reservas, ou será transmutado em outra coisa, que é como nós o fazemos.
Obviamente, os quase selvagens aldeães do passado usavam a forma mais óbvia, mas nós somos homens do século vinte e não fazemos assim. Mas desta peça de conhecimento esotérico, você pode tirar muitas crenças sobre bruxas e seus atributos.
Eu, por exemplo, não posso morrer antes de passar minha virtude para alguém, eu carrego dentro do meu corpo físico a totalidade das bruxas e dos bruxos que estiveram na minha família e suas virtudes de muitos séculos.
Se eu chamar meus ancestrais, eu chamo as forças que estão dentro de mim mesmo e no exterior. Agora você sabe o que eu quero dizer quando falo sobre o fardo do tempo. Este é o motivo pelo qual as bruxas e os bruxos perdem o seu poder quando são feridos por um intruso, porque eles flutuam quando outros afundam (supõe-se que a virtude seja a força que nos permite voar), porque o ferro é uma boa defesa contra a virtude, uma vez que ele a aterra, porque isto e porque aquilo.
Entretanto, agora nós o trazemos de volta à forma masculina... Antes de nós retornarmos da nossa excursão pelos Submundos, eu gostaria de dizer que Hermes, Hécate e Saturno são apenas aproximações do que eles realmente significam. E nada mais a dizer."[Trecho da 2ª carta a Bill]
(...)
7a Carta:[Trecho da 2ª carta a Bill]
(...)
"Você e eu temos um ponto de discordância aqui... Pelo que sei, os cabalistas consideraram a Natureza como estando limitada a um fenômeno cíclico e não contendo em si mesma as causas deste fenômeno. Os bruxos discordariam filosoficamente deste conceito, dizendo que a Natureza É, e que o que quer que o Homem seja, da mesma forma é a Natureza, uma vez que o Homem e a Natureza, como as Feras e a Natureza, são uma e a mesma coisa.

Todas as relações conhecidas e algumas "desconhecidas" podem ser achadas dentro das leis naturais. O sobrenatural nunca é considerado. Os Planos são extensões do Lado Negro da Lua. Aonde a Natureza falha é que a Natureza é uma ilusão do modo como A vemos, mas não como ela realmente. O que um magista de qualquer escola descreveria como transmutação é, na verdade, apenas um aumento de percepção dos aspectos mais profundos da Natureza.
Toda percepção mística está baseada no fato de que nós vamos a Deus, não de que Deus vem a nós. Há tantas maneiras de se ver Deus quanto há criações de Deus e cada criação individual é a Totalidade, a Mão que Escreve e a própria Escrita. O que está faltando é a percepção, que é o que torna o Caminho tão penoso e longo (...)."
(...)
"Agora, o que você deve fazer com o feitiço? Eu irei lhe dizer após o raio-x. Mas lhe darei já um aviso: nunca interprete literalmente nada que um bruxo lhe diz quando eles estiverem trabalhando com você. Nós somos sujeitos a fazer todo tipo de trapaça psicológica e, como eu já mencionei antes, nada na bruxaria é exatamente como parece ser (...).

Concordo com você que é bom extravasar ocasionalmente e que a magia cabalística é altamente mental. É rígida demais, seguindo os padrões ao "estilo Dion Fortune" e tão inflexível que uma hora irá se fraturar como vidro. Não é que a Qabalah recomende esta atitude em particular, mas que alguns praticantes jogaram suas inibições e repressões não resolvidas nela.
Certamente, para uma pessoa ser boa ela não precisa ser também constantemente moral, não é? O Vaso que é realmente belo é freqüentemente aquele que tem pequenos desleixos na sua forma. Uma forma muito certinha pode ser a ruína de um objeto que de outra maneira seria perfeito. O modo como nós consideramos a "magia" é a de que ela é uma forma fluida, mutável, que normalmente começa com uma risada e termina em uma extrema seriedade. Na minha opinião, Violet Firth era tão obsecada com o perfeccionismo que (a) ela nunca considerou a possibilidade de uma pessoa encontrar divertimento durante a prática da sua magia e (b) ela estava sexualmente desarmonizada, daí o seu perfeccionismo.
Realmente,alguns homens mais desregrados poderiam ter feito dela uma mulher diferente, muito mais humana e mais fluida. Deixando de lado Violet Firth, entretanto, a menopausa é geralmente a causa por trás de muita pudicícia feminina e isto novamente não tem nada a ver coma "Natureza", mas com o bloqueio de energias básicas. Eileen Garret é a minha fêmea terrível favorita, ela não tem nenhum problema básico e é absolutamente leal. O que você deve admitir é que realmente há algo entre as tristes e sombrias fêmeas do mundo ocultista e espiritualista (com exceção de Bobbie e Sandra).
Eu não sei nada de "glamour", mas eu sei que uma amizade genuína pode fazer mais por um grupo do que qualquer outra coisa.
Estravazando, parte dois. Comportamento orgiástico. Oh, Irmão William, Irmão William, eu concordo plenamente em ocasionalmente cometer excessos, tomar um porre, comer demais, fazer cenas, dormir demais, fazer amor com lindas garotas, rir, falar demais, ir para a cama com a mulher que você ama e então dormir. Eu faço tudo isso, mas nunca quando eu sei que isso vai me trazer infelicidade ao despertar da confusão embriagante.
Infelizmente, a maioria das pessoas da nossa sociedade são incapazes de fazer qualquer uma das coisas acima sem se sentirem infelizes depois. A inibição puritana traz algumas confusões terríveis ao despertar (...) e a alegre companheira de ontem (...), o homem do século vinte tem nenhuma selvageria da qual vale a pena se falar e absolutamente nenhuma espontaneidade. Ele ou ela é um transgressor culpado(a) uma vez que eles deixem as coisas passarem um pouco."
(...)[Trecho da 2ª carta a Bill]
8a Carta:[Trecho da 5ª carta a Bill]
"(...) Paganismo é um panteísmo religioso, uma compreensão de que a Natureza é um reflexo das Mãos de Deus e que Deus está na Natureza. Bruxaria, por outro lado, é uma ciência, uma ciência oculta com assuas próprias tradições e filosofias particulares que nos seus estágios mais inferiores pode ser confundido com Paganismo, mas nos seus estágios mais elevados não é mais pagã do que a Qabbalah.

As suas origens estão no paganismo, mas até aí a origem de qualquer filosofia genuinamente preocupada com o espiritual também está. (...)Tudo isso aponta para uma tradição mágica comum baseada em um Deus transcendente, não um Deus do Sol ou dos campos, mas um Deus que representa o espírito transcendente do Homem, o Deus desconhecido, de fato. (...)
Agora... então o que é um bruxo? Um bruxo hoje é um praticante clandestino dos mistérios da bruxaria, uma vez que não há mais (fora um clã em Dorset) uma linhagem ininterrupta de tradição de disciplina. Como os bruxos chamam a si mesmos? Eles se chamam pelos nomes dos seus Deuses. Eu sou um homem de Od, uma vez que em mim vive o espírito de Od. (...)
Em outras palavras, há apenas uma maneira de reconhecer um bruxo, julgá-lo pela sua obra e pelo seu silêncio. Se uma pessoa disser que ele ou ela é um bruxo ou bruxa, então deve poder realizar as tarefas da bruxaria, ou seja devem ser capazes de chamar o espíritos e fazê-los aparecer, eles podem fazer o quente ficar frio, o frio ficar quente, fazer adivinhações com o bastão, os dedos e os pássaros, podem reivindicar o direito aos augúrios e então consegui-los. Acima de tudo eles podem dizer o Labirinto e atravessar o Lethe. (...)
Então, como eu me denomino? Eu não o faço. O termo bruxo é tão bom quanto qualquer outro, mas "Louco" seria o melhor termo. Eu sou uma criança de Tubal Cain (...)."
"Montanha descoberta e Halloween. Você tem certeza? Este é o nosso mais difícil ritual e o seu ritmo é matador. É também o mais compensador, aquele com um fenômeno objetivo. No último ano eu usei de medo ao ouvir o choro de um bebê, que profetizou uma morte que ocorreu depois naquele mesmo ano. Já que eu normalmente não tenho a visão, eu tenho que lhe dar outras descrições das coisas observadas. Uma mulher vestida de branco andando com a gente, uma caveira no Norte e muitas outras coisas, todas vistas pelo grupo inteiro.

Necromancia? Nunca, apenas a abertura dos portões do castelo, estas coisas aparecem apenas por um pequeno período de tempo e então os grandes acontecimentos começam. Não se consegue atravessar o Lethe sem vasculhar o próprio coração (...)."
"Eu não consigo sussurrar às ovelhas, gatos ou pássaros (exceto galinhas), mas eu posso fazer um cachorro realizar praticamente qualquer coisa. (...) Basicamente, isto está baseado em duas coisas, Amor (sexo ou amor puro) e dominação. Se você puder transmitir um desejo forte o suficiente para o animal, ele irá responder. Tente entrar em Selina, transferindo o seu desejo motriz para as suas energias motrizes e você provavelmente irá fazê-la realizar qualquer coisa. Eu não consigo de nenhuma maneira tocar gatos, eles são muito independentes. (...) Eu já domei cães ferozes e, honestamente, eu também já os fiz ficarem loucos com um pouco mais de conhecimento extra a respeito da linguagem deles. Eu posso curar queimaduras, sangramentos são um outro assunto que eu nunca tentei, ao menos não casos sérios. Dores são relativamente fáceis (...)."[Trecho da 5ª carta a Bill]
(...)
10a Carta:[Trecho da 7ª carta a Bill]
"Muito obrigado pela sua carta e a cópia da revista. Desculpe, mas eu olho para algumas das afirmações nela com suspeitas, não tanto o editorial, mas principalmente o artigo de Ariel.

Eu não acho que eu posso atravessar a linha que há entre eles e eu, uma vez que a nossa filosofia básica é tão diferente.
Eu realmente acho que é hora de se fazer uma distinção entre bruxaria e paganismo. Uma pessoa pode ser um cristão ardoroso e praticar bruxaria. Outra pessoa pode ser um pagão delirante e nunca tocar a pedra ou a corda.
O verdadeiro problema está na interpretação vitoriana dos Mistérios e nos filósofos que tolamente aceitaram tais escritos como sendo a última palavra sobre o paganismo. As bruxas existiram durante o reinado pagão e foram reconhecidas como tal e os mistérios da bruxaria também foram reconhecidos como sendo diferentes e distintos dos mistérios do paganismo.
A atitude do século dezenove que os misturou como se fossem uma só coisa foi refutada antes do advento do folclore e refutado por autoridades tais como Carl Jung, etc. Mesmo Shakespeare em "The Merry Wives", no qual ele se refere a algo muito similar à bruxaria moderna como "jogos rústicos".
A revista ainda parece cometer este erro básico e alegremente fala que nós todos deveríamos nos juntar e sermos amigos. Ariel também poderia dizer que católicos e magistas cerimoniais deveriam se unir e praticar a Missa juntos, em harmonia. Isto simplesmente não seria possível. Há uma distância muito grande entre a fé religiosa e a ciência religiosa.
Como você, eu tenho muito trabalho em achar pessoas que possam aceitar a disciplina de pensamento necessária para se alcançar a magia e é justamente isto que separa a mim e a Jane dos outros (...)
Noel parece ser um dos meus, eu gostaria de encontrá-lo e discutir mais profundamente sobre o que ele acha que são os mistérios. Há algo no pensamento da bruxaria moderna que faz com que os seus aderentes sejam incapazes de irem além das últimas variações de fertilidade, panteísmo e de rolar no orvalho. Noel soa como se ele tivesse começado a questionar além disso e de examinar algo da fé que ele pratica. Eu definitivamente gostaria de encontrá-lo, uma vez que ele e eu podemos estar no mesmo caminho através de uma passagem tortuosa e difícil e nós podemos ter alguma coisa em comum."
"Eu estou muito inclinado a concordar com você sobre aprendizes. As pessoas ou têm o desejo de aprender ou não têm. Se eles querem coisas fáceis, não há o que se fazer. Eu acho que o trabalho mais difícil é ensiná-los os primeiros passos básicos do pensamento abstrato. Todos eles parecem pensar que ações físicas terão resultados espirituais e que eles podem fazer milagres com uma mente indisciplinada. A bruxaria geralmente parece estar amaldiçoada com tipos que querem uma religião de nudismo, sexo e cerveja à vontade. Tentar e ensinar a eles o próximo passo além do desejo e do lamento da angústia.

Eu definitivamente fui além do ponto de querer ensinar alguém que apenas quer uma desculpa para tagarelices sem sentido sobre as suas fantasias particulares e eu realmente simpatizo com o fato de você tentar ensinar disciplinas ordinárias do caminho, uma vez que eu mesmo já tentei tanto isto. 'Magia' é somente ficção científica para a média dos interessados e eles esperam milagres a partir de coisas simples. Como você sabe, magia é sangue e lágrimas durante todo o caminho e sem descanso. Eu suponho que um forte instinto de auto-preservação do ego pessoal é responsável pela maioria dos percursos erráticos do estudante, pois quando a primeira luz desce, é tão brilhante e clara que o que nós temos é tão pequeno em comparação.
Eu acho que irei perguntar apenas uma coisa no futuro, que é "você realmente quer morrer?", e se a resposta for positiva, então eu terei alguém de quem aprender e para quem ensinar. Praticar magia genuína é literalmente jogar a sua vida fora sobre verdades imponderáveis e meio-aparentes, que você sabe que nunca irão se tornar claras até a morte surpreenda a todos nós. Magia é a rejeição da ilusão em favor do que talvez possa ser uma ilusão ainda maior. Ainda assim, em algum lugar, de alguma forma, alguém ouvirá e entenderá."[Trecho da 7ª carta a Bill]
Nota de George Knowles: a maior parte dos artigos e cartas de RC foram reimpressos por prosperidade. O "The Roebuck in the Thicket" de Robert Cochrane com Evan John Jones, editado e prefaciado por Michael Howard, contém seus artigos para [as revistas] Psychic News - (1963), Pentagram - (1964-66) e New Dimensions - (1965). Suas cartas podem ser achadas no livro "The Robert Cochrane Letters" por Robert Cochrane com Evan John Jones, editado e prefaciado por Michael Howard, este contém suas corespondências com Joe Wilson, seu contato original nos EUA, William Gray, um magista cerimonial e Norman Gills, um bruxo tradicional e um encantador [cunning man] do velho estilo.
Nota do blogueiro: Curiosamente as cartas de Robert Cochrane não estão (ainda) traduzidas em português. Alguns sites dispõem as cartas no original (em inglês) e com esse auxílio, eu identifiquei os trechos traduzidos por Gabriel. Fontes perdidas.
Repostado. Texto originalmente publicado em 08/09/2008. Resgatado com o Wayback Machine.

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