sábado, 1 de fevereiro de 2020

Lavanderia Vaticano

–1. O papa Joseph Ratzinger, na próxima semana, deverá sentir odor de dinheiro sujo, ao tomar contato com uma carta rogatória que será enviada ao estado do Vaticano. Acostumado ao odor de santidade emanados dos altares, Ratzinger poderá ter náuseas.
A rogatória será expedida pelo estado italiano, por solicitação de magistrados do Ministério Público de Perúgia. Ratzinger, talvez, se assuste com a volta, para o Vaticano, dos fantasmas de Roberto Calvi e Michelle Sindona, conhecidos como banqueiros de Deus e da Máfia.
Não foi sem causa ter Ratzinger dito, no domingo passado (16/5/2010), que “o pecado na Igreja é o verdadeiro inimigo a se combater”.
Como se percebe, Ratzinger vive tempos difíceis. No domingo passado, contou com o apoio de 200 mil fiéis, na na praça de São Pedro. Tratatou-se de uma rede de solidariedade diante das suspeitas de ter Ratzinger, para evitar escândalos a macular a Igreja, se omitido diante de casos de clérigo pedófilos.
–2. A primeira carta rogatória cuida de (1) lavagem de dinheiro sujo por meio de instituições religiosas e (2) de movimentações em contas-correntes no banco do Vaticano, conhecido por “Instituto per Le Opere Religione” (IOR), nascido após o escândalo do banco Ambrosiano, onde pontificaram os supracitados Roberto Calvi e Michelle Sindona.
–3. Na mira dos magistrados de Perúgia estão a ‘Congregazione Missionari del Preziossimo Sangue di Gesù’ e a ‘Propaganda Fide’, esta fundada em 1622 para cuidar da evangelização dos povos. A ‘Propaganda Fide’ detém um patrimônio imobiliário no centro histórico de Roma avaliado em 9 bilhões de euros.
Da rogatória poderão constar, também, pedidos de quebras de segredos bancários dos monsenhores Francesco Camaldo e de Evaldo Biasini, respectivamente com 60 e 83 anos de idade.
–4. Os magistrados de Perúgia investigam concessões de obras e serviços públicos a favorecer uma “cricca” (bando) comandada pelo construtor Diego Anemone e pelo engenheiro Angelo Balducci, correntista do IOR, membro leigo da ‘Propaganda Fide’ e ex-presidente do Conselho Superior de Obras Públicas da Itália. Segundo as investigações, a Construtora Anemone já restaurou imóveis da ‘Propaganda Fide’, além de reformas de igrejas.
–5. Em troca de favores, a Construtora Anemone (dois irmãos são sócios), por prestações, trocava concessão de obras públicas por apartamentos de luxo ou feituras de via reformas estruturais e decorativas.
Segundo os magistrados de Perúgia, os beneficiários seriam políticos, prelados e altos funcionários públicos, como, por exemplo, o general Francesco Pitorru, carabineiro lotado no serviço secreto e que levou dois apartamentos, e Ercole Incalca, o homem forte do ministério da Infraestrutura.
–6. Diego Anemone, o mais exposto dos irmãos, também cuidava de prestar favores sexuais. Estes eram prestados nas magníficas e luxuosas instalações do Salaria Sport Village, um centro de relaxamento pertencente a Anemone, com duas brasileiras no quadro de empregados: Monica da Silva Medeiros, fisioterapeuta, e a promoter Regina Profeta.
–7. O monsenhor Camaldo goza de prestígio na alta sociedade italiana, tem blog, facebook e recita orações no You Tube. Camaldo, em função religiosa, é quem coloca o solidéu na cabeça de Ratzinger, estica-lhe os paramentos e segura o microfone. Como escriturário, Camaldo participa do secreto conclave de eleição do papa e elabora a ata.
Para Laid Hidri Fathi, motorista tunisiano do construtor, Camaldo abriu as portas do Vaticano para a dupla Anemone e Balducci. Sem saber que estava na mira das investigações, Camaldo, quando da prisão preventiva de Balducci, deu declarações à imprensa: “ É uma pessoa de absoluta transparência moral, conhecida e estimada no Vaticano”.
–8. O monsenhor Biasini, responsável pela direção financeira da Congregazione Missionari del Preziossimo Sangue di Gesù, fez dela, como confessou, um caixa 2 da construtora de Anemone.
–9. Um novo filão de apurações começará em breve, segundo vazado da procuradoria de Perúgia. Trata-se de suspeita de roubalheira no Ano Jubilar, onde o Estado italiano e a Igreja mantiveram parceria.
Fonte: Walter Maierovitch

Nota da casa: A "capivara" do Vaticano está aumentando: de omissão e negligência (para não falar coisa pior) com os casos de lavagem de dinheiro, corrupção, concussão, prevaricação.
Texto resgatado (parcialmente) com Wayback Machine.

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