Críticos da História da Bruxaria e da Wicca afirmam que não
havia restado qualquer tipo de culto ou prática pagã durante a Idade Média, mas
a história mostra diversos casos de padres, teólogos e sábios da Igreja que
mantinham práticas consideradas heréticas e proibidas, muitas destas carregavam
em si as crenças populares da época, resquícios do Paganismo, práticas estas
que em seu bojo constituem o que chamamos de Bruxaria Tradicional.
Existem lendas que contam de padres que usavam o prédio de
sua diocese para abrigar cultos pagãos, cultos a outros Deuses e até cultos de
bruxas. Pessoas que, em público, confessavam e andavam “conforme a cartilha”
tinham uma vida dupla, então não é nenhum escândalo ou surpresa que pessoas
supostamente cristãs, católicas ou protestantes, na privacidade de seus lares,
praticam outras formas de espiritualidade e crenças.
Na França aconteceram casos que foram relatados como “possessão
demoníaca”, mas evidente o que se contou ao Santo Ofício tinha mais com o
interesse político daquele país. O mais provável é que as freiras, sob
influencia de Urbano Grandier, quiseram restaurar algum antigo culto, tal como
viam sendo celebrados nos rincões mais rurais da França.
Vamos aos fatos, usando a enciclopédia virtual [Wikipédia]:
A Possessão das Freiras de Loudun foi um suposto conjunto de
possessões demoníacas que ocorreram em Loudun, França, em 1634. Este caso
envolveu as freiras ursulinas de Loundun que foram alegadamente visitadas e
possuídas por demónios:
Em 1632, a irmã Jeanne Agnes e dezasseis freiras dos
conventos ursulinos, alegadamente possuídas por demónios, sofreram convulsões e
proferiram linguagem abusiva. O padre Jean-Joseph Surin exorcizou os demónios,
convidando-os a entrar no seu corpo. Por causa disso, perdeu as suas
capacidades mentais. Cometeu Autoflagelação e tentou suicidar-se. Quando
descreveu a situação difícil pela qual passou, o padre disse que não conseguia
compreender o que lhe tinha acontecido quando o espírito desconhecido entrou no
seu corpo. Teve a sensação de que tinha duas almas e que a alma estranha possuía
uma segunda personalidade.
O padre Urbain Grandier foi condenado pelos crimes de
feitiçaria, feitiços maléficos e pela possessões que recaíram sobre as freiras
ursulinas, tendo por base as palavras preferidas pelas feiras. Até às
Possessões de Alix-en-Provence, as palavras pronunciadas por freiras possuídas
nunca teriam sido consideradas uma prova válida.
Primeiros Julgamentos e Conspiração
O pacto assinado alegadamente entre Urbain Grandier e o
Demónio, roubado do armário de pactos do demónio pelo demónio Asmodeus. Esta
página mostra a assinatura de todos os demónios que possuiram as freiras
ursulinas e uma nota acrescentada por Asmodeus.
Urbain Grandier foi nomeado padre da paróquia de
St-Pierre-du-Marche em Loudun, uma pequena cidade em Poitiers, França, em 1617.
Grandier era considerado um homem atraente, além de rico e com uma boa educação.
Esta combinação fez com que o padre chamasse a atenção das jovens de Loudun,
incluindo Philippa Trincant, filha do solicitador do rei em Loudun. As pessoas
de Loudun acreditavam que Grandier era pai do filho que esta jovem deu à luz.
Além de Trincant, Grandier também cortejou abertamente Madeleine de Brou, filha
do conselheiro do rei na cidade. A maioria da população achava que Madeleine
era amante do padre depois de este ter escrito um documento contra o celibato
dos padres para ela.
Grandier era também um homem que possuía boas ligações e
tinha grande importância no circulo político. Quando foi preso e considerado
culpado de imoralidade a 2 de Junho de 1630, as suas ligações voltaram a
colocá-lo no seu lugar com poderes plenos no mesmo ano. O caso foi liderado por
Chasteigner de La Roche Posay, bispo de Poitiers, um homem que assumidamente
não gostava de Grandier e admitiu que o queria expulsar da paróquia.
Existem duas histórias em relação ao que aconteceu a seguir.
Ou o bispo de Poitiers abordou o padre Mignon, confessor das freiras ursulinas,
e foi elaborado um plano para persuadir algumas das irmãs a fingir estar
possuídas para denunciar Grandier, ou o padre Mignon foi abordado pela madre
superior, Jeanne des Anges (Joana dos Anjos) que procurava ajuda.
Segundo a primeira história, o padre Mignon convenceu
imediatamente a madre superior, Jeanne des Anges, e uma outra freira e
participarem no plano. As duas afirmariam que o padre Grandier as tinha
enfeitiçado, cedendo a ataques e convulsões, sustendo a respiração e falando em
línguas estrangeiras.
A segunda história afirma que Jeanne tinha sonhos
pecaminosos com o padre Grandier que lhe aparecia na forma de um anjo radiante.
Na forma de anjo, seduzia-a para que participasse em actos sexuais, algo que a
fazia gritar em delírio à noite. Jeanne sofreu flagelações e cumpriu penitência
pelos distúrbios que causou durante a noite, mas os seus problemas não acalmaram
e descobriu-se que havia também outras freiras que eram assombradas por
alucinações e sonhos vulgares. Foi então que, segundo esta versão, a madre
superior Jeanne des Anges chamou o padre Mignon para que a confessasse e
livrasse o convento dos demónios.
Fosse qual fosse a forma como tal aconteceu, o padre Mignon
e o seu ajudante, o padre Pierre Barre, viram na actividade uma oportunidade
para expulsar Grandier.
Os padres Mignon e Barre iniciaram imediatamente um ritual
de exorcismo nas freiras possuídas. Várias delas, incluindo Jeanne des Anges,
sofreram convulsões violentas durante o procedimento, gritando e imitando
movimentos sexuais para os padres. Seguindo o exemplo de Jeanne des Anges,
muitas das outras freiras afirmaram ter sonhos pecaminosos. As acusadas
começavam a ladrar, gritar, dizer blasfémias e a contorcer os seus corpos
subitamente. Durante os exorcismos, Jeanne jurou que ela e outras freiras
estavam possuídas por dois demónios chamados Asmodeus e Zabulon. Estes demónios
foram enviados às freiras quando o padre Grandier atirou um buquê de rosas para
dentro dos muros do convento.
Estando por perto e ciente do perigo que corria, o padre
Grandier pediu ao oficial de justiça de Loudun que isolasse as freiras. As
ordens do oficial foram ignoradas e os exorcismos e denúncias continuaram.
Desesperado, Grandier escreveu uma carta ao arcebispo de Bordéus que lhe enviou
o seu médico pessoal para examinar as freiras. Nunca se descobriram provas de
que se tratava de uma possessão autentica e o arcebispo ordenou que acabassem
com os exorcismos a 21 de Março de 1633. As freiras foram presas nas suas
celas.
Tendo falhado a tentativa de expulsar Grandier, os seus
contemporâneos continuaram a reunir esforços. Um deles era Jean de
Laubardemont, um parente de Jeanne des Anges e amigo do poderoso cardeal
Richelieu. Laubardemont e um frade capuchinho, Tranquille, fizeram uma visita
ao cardeal para lhe dar as notícias sobre os exorcismos falhados e forneceu-lhe
mais provas contra Grandier, mostrando-lhe uma cópia de uma sátira difamatória
sobre Richelieu da sua autoria. Ciente de que uma parente sua, a irmã Claire,
estava na convento de Loudun, Richelieu exerceu o seu poder e organizou uma
Comissão Real para prender e investigar Grandier como bruxo. Laubardemont foi
nomeado chefe desta comissão.
Exorcismos Públicos em Loudun
Quando os exorcismos recomeçaram em Loudun, foram liderados
por especialistas como o padre capuchinho Tranquille, o padre franciscano
Lactance e o padre jesuíta Jean-Joseph Surin, e foram conduzidos em público.
Cerca de sete mil espectadores estiveram presentes. Os padres pronunciaram
comandos dramáticos, ameaças e rituais que levavam e incentivavam as freiras a
acusar o padre Grandier.
Para aumentar a histeria em massa estimulado pelos
exorcismos públicos, contavam-se histórias sobe as freiras e as antigas amantes
do padre Grandier. Tal como tinha acontecido nas Possessões de Louviers e nas
Possessões de Alix-en-Provence, as acusações dirigidas ao padre Grandier era
manifestamente sexuais e mostravam respostas fisicas visíveis. Uma vez que eram
exorcismos públicos e dramáticos, os cidadãos de Loudun e das regiões próximas
ficaram contra Grandier.
Além dos sonhos que Jeanne des Anges e outras freiras tinham
relatado, Jeanne acrescentou um terceiro demónio ao leque de entidades que
atormentavam as freiras: Isacarron, o demónio da depravação. Depois de ter
admitido a existência deste terceiro demónio possessor, Jeanne sofreu uma
gravidez psicológica. Ao todo, Jeanne e as outras freiras afirmarem ter sido
possuídas por vários demónios: Asmodeus, Zabulon, Isacaaron, Astaroth, Gresil,
Amand, Leviatom, Behemot, Beherie, Easas, Celsus, Acaos, Cedon, Alex, Naphthalim,
Cham, Ureil, e Achas.
Num esforço para limpar o seu nome, o padre Grandier
realizou ele próprio um exorcismo às freiras. Falou-lhes em grego, testando o
conhecimento que tinham por línguas que não falavam anteriormente (um sinal
afirmativo de uma possessão). As freiras tinham sido treinadas e responderam
que o seu pacto não lhes permitia falar grego.
Noutro exorcismo, realizado pelo padre Gault, o padre obteve
uma promessa do demónio Asmodeus para deixar uma das freiras que possuia. Mais
tarde, o pacto com o demónio, alegadamente escrito entre o Demónio e Grandier
foi apresentado em tribunal. Este pacto, roubado do armário de Lúcifer por
Asmodeus, estava assinado a sangue por Grandier e vários demónios. Asmodeus
tinha aparentemente escrito a mesma promesa que tinha dado ao padre Gault neste
pacto:
"Prometo que quando deixar esta criatura, deixarei uma
fenda debaixo do seu coração com a largura de um alfinete, para que esta fenda
rasgue a sua camisola, corpete e manto que ficarão sangrentos. E amanhã, dia
vinte de Maio, às cinco da tarde de Sábado, prometo que os demónios Gresil e
Amand deixarão uma abertura semelhante, mas um pouco mais pequena, e aprovo as
promessas feitas por Leviatam, Behmot, Beherie com os seus companheiros para
assinar, quando partirem, o registo da igreja de St. Croix! Escrito a 19 de Maio
de 1629".
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