terça-feira, 10 de maio de 2016

Intriga à francesa

A Europa foi sacudida pela histeria e paranoia durante todo o período em que durou a Inquisição e o Santo Ofício, mas a França foi especial.
A França foi o palco de diversos casos de possessões demoníacas em conventos de freiras, com o envolvimento de um ou mais padres e supostos cultos de bruxas. Os franceses da época gostaram tanto disso que tornaram um simples caso de intriga palaciana em um caso de bruxaria.
A enciclopedia virtual [Wikipédia]dá a seguinte narrativa:

O "Caso dos Venenos" é um episódio ocorrido em Paris entre 1670 e 1682, e que sacudiu a capital francesa e a Corte.
Em 1672, com a morte do oficial de cavalaria, Godin de Sainte-Croix, descobrem-se em seu papéis peças acusando sua amante, Marquesa de Brinvilliers, de ter envenenado o próprio pai, seus dois irmãos e sua irmã, para apropriar-se de suas partes na herança. A Marquesa de Brinvilliers foi julgada e executada em 1676.
Em 1677, a investigação revelou que uma certa Marie Bosse fornecera venenos a esposas de membros do Parlamento que queriam envenenar seus maridos. Presa, Marie Bosse denunciou uma mulher, Montvoisin, dita "La Voisin", outros comparsas e um certo Lesage. Como as revelações dos acusados recaíam sobre pessoas notáveis, foi criada uma comissão especial para julgar, sem apelação, os acusados: a chamada câmara ardente. Personalidades importantes, principalmente mulheres, foram então citadas : Madame de Vivonne (cunhada de Madame de Montespan), Madame de La Mothe, Mademoiselle des Œillets e Cato (criadas de quarto de Madame de Montespan), a Condessa de Soissons, a Condessa du Roure, a Viscondessa de Polignac, a Marechala de Luxembourg e muitas outras.
O tenente de polícia La Reynie comandou uma investigação minuciosa, e juntou à acusação de envenenamento outros delitos : assassinato de crianças em missas negras rezadas por padres depravados (entre eles, Étienne Guibourg), profanações de hóstias e até mesmo fabricação de dinheiro falso.
Porém este zelo por parte de La Reynie escondia a luta que se travava entre Louvois, Ministro da Guerra, e Colbert, Ministro das Finanças da época. Louvois comandava uma investigação paralela e secreta por ordem do Rei, enquanto que os acusados mais ilustres eram pessoas próximas a Colbert.
Magdelaine de La Grange (c.1641-1679) foi uma cartomante francesa envolvida no Caso dos Venenos . Sua prisão em 1677 marcou a abertura da investigação oficial. Ela apelou para François-Michel Le Tellier, Marquês de Louvois alegando que ela tinha informações sobre outros crimes de grande importância. Louvois relatado ao Rei, que disse Gabriel Nicolas de la Reynie , que, entre outras coisas, era o chefe da polícia de Paris, para erradicar os envenenadores.

Magdelaine de La Grange trabalhou como uma cartomante após a execução de seu marido para receber bens roubados. Sua especialidade era revelar a clientes que estavam preocupados com a sua saúde que tinham sido envenenado, e oferecer-lhes antídotos. Desde 1669, ela viveu no luxo à custa dos ricos advogado Jean Faurye. Em 17 de agosto de 1676, Magdelaine de La Grange e um homem que se apresentou como Faurye apareceu antes de um caixeiro de lei. O homem disse que eles eram casados, e tinha uma vontade emitido para o benefício do seu cônjuge, Magdelaine de La Grange. Pouco depois, Jean Faurye morreu, e sua família relatou a matéria. A certidão de casamento provou ser uma falsificação emitida por Abbé prego, que apareceu como Faurye no escritório do caixeiro de lei. Depois de ter estabelecido uma ligação entre ela e Louis de Vanens , o caso convencido Gabriel Nicolas de la Reynie que existia uma rede de envenenadores em Paris, e de La Grange e Nial foram mantidos sem julgamento por meses para interrogatório. Ela nunca revelou nada de real importância, no entanto, e após a prisão de Marie Bosse em 1679, o julgamento contra ela foi autorizada a prosseguir.
Marie-Madeleine Marguerite d'Aubray, Marquesa de Brinvilliers (ou Brinvilliers-Lamotte), (Paris, 2 de julho de 1630 — Paris, 17 de julho de 1676) é apontada por estudiosos como a primeira mulher da história a cometer envenenamentos em série.
A marquesa viveu na França do século XVII e era descrita como uma dama educada e encantadora. Ainda jovem, restou insatisfeita com seu casamento e iniciou mórbidos estudos acerca de venenos, num tempo em que o divórcio era uma entidade desconhecida.
Há rumores de que tenha sido iniciada sexualmente por seus irmãos ou talvez pelo próprio pai, o qual teria sido sua primeira vítima. Pôs fim à vida do irmão e de duas irmãs - alguns autores alegam que o fez para se apoderar da herança de Madame Lafargue. Também o fez em relação ao marido, à filha e a outros membros da família dele.
Costumava testar o efeito de seus preparados em pacientes enfermos nos leitos de hospitais e em seus criados: ora provocava mortes fulminantes, ora lentas e marcadas por profunda agonia.
Ao se tornar suspeita, fugiu para a Inglaterra e, posteriormente, para os Países Baixos. Então, rumou para Liège, onde se refugiou num convento.
Em 1676, foi presa, torturada e julgada no Supremo Tribunal em Paris que a condenou à morte.
Após a execução de sua mãe, a filha de "La Voisin" pôs em cheque a posição de Madame de Montespan : esta mantivera relações com "La Voisin", sem dúvida para obter, assim pensava ela, certos pós apropriados para conseguir o amor de Luís XIV, além de haver participado de cerimônias de conjuração. A "câmara ardente" pronunciou, no Caso dos Venenos, 36 condenações à morte e outras tantas às galés. As personalidades destacadas foram poupadas. A "câmara ardente" foi dissolvida em 1682, por ordem de Luís XIV, sem que fossem julgados os acusadores de Madame de Montespan, os quais foram encerrados em fortalezas reais, como a Fortaleza de Saint-André, em Salins-les-Bains.
La Voisin foi julgada com 36 cúmplices, condenada à morte e queimada na Praça de Grève, em 2 de Fevereiro de 1680. Vários condenados foram presos na cidadela de Vauban du Palais, em Belle-Île-en-Mer. Quanto a Madame de Montespan, estando sob a proteção do rei, não foi molestada. Era mãe de vários filhos ilegítimos de Luís XIV e permaneceu na Corte. Bani-la seria evidenciar sua culpa, e o rei não queria que essa culpa (como a de Racine) se tornasse pública. Madame de Montespan, relegada a um modesto apartamento no Palácio de Versailles, caiu em desgraça, assim permanecendo por dez anos. O rei só passava em frente a seus aposentos quando de dirigia aos de Madame de Maintenon.
Étienne Guibourg ( ? 1610 – Janeiro de 1686) era um abade da Igreja Católica Apostólica Romana da França, tendo sido associado ao Caso dos Venenos.
Ele foi sacristão de Saint-Marcel em Saint-Denis, sendo ex capelão do Conde de Montgomery. Ele afirmava ser o filho ilegítimo de Henri de Montmorency. Teve um longo relacionamento com sua amante, Jeanne Chanfrain, com qual teve vários filhos.
Em 1680, Françoise Filastre, apos interrogação a respeito com o Caso dos Venenos, afirmou que Guibourg havia realizado uma missa negra para Catherine Deshayes entre 1672-3. Guibourg foi preso e confessou o ato junto com outros crimes. Foi condenado à prisão perpétua e morreu na cadeia em 1686.Marie Bosse, também conhecida como La Bosse (falecida em 8 de maio de 1679) foi uma envenenadora francesa, vidente e suposta bruxa. Ela era uma das acusadas ​​no famoso Caso dos Venenos. Foi Marie Bosse que denunciou a figura central no caso: Catherine Deshayes, conhecida como La Voisin.
Marie Bosse era viúva de um comerciante de cavalos, sendo uma das videntes de maior sucesso em Paris. Presumivelmente ela também era uma envenenadora, que fornecia venenos para pessoas que queriam cometer um assassinato com discrição. Em 1678, Marie Bosse participou de uma festa realizada por sua amiga, Marie Vigoreaux, que também era vidente e suposta bruxa. Durante a festa, ela ficou bêbada e vangloriou-se livremente de ter se tornado rica com a venda de venenos mortais para membros da aristocracia. Na época, a polícia estava investigando a venda de venenos em Paris. Um convidado da festa, o advogado Maitre Perrin, relatou a conversa à polícia. A polícia enviou a esposa de um policial até a casa de Marie Bosse, fingindo estar interessada na compra de um frasco de veneno. Marie vendeu-o para a mulher, afirmando que seria um veneno mortal e que jamais seria descoberto, com a vítima morrendo aparentemente de causas naturais.
Na manhã de 4 de janeiro de 1679, Marie Bosse foi presa. Além dela, sua filha Manon Boise e seus filhos, François e Guillame Boise também foram presos. Seu filho mais velho era um soldado da guarda real. De acordo com o relatório da polícia, quando a família foi presa, foram encontrados na única cama existente na casa, praticando atos de incesto. Marie Vigoreaux foi presa no mesmo dia, revelando ter estreitos laços com a família de Marie Boise. Suas confissões revelaram que a venda ilegal de veneno em Paris era praticada por um grupo de videntes. Tal fato levou à detenção de quase 40 pessoas, entre estes a figura central do caso, Catherine Deshayes, além da abertura do Caso dos Venenos, que envolveria também Madame de Montespan. Marie Bosse confessou ter fornecido o veneno usado por Marguerite de Poulaillon em sua tentativa de assassinato do marido.
Marie Bosse foi condenada à morte na fogueira e executada em Paris em 8 de maio de 1679. Seus filhos e associados também foram condenados à morte. Marie Vigoreux morreu durante o interrogatório sob tortura, em 9 de maio de 1679.
Claude de Vin des Œillets, conhecida como Mademoiselle des Œillets(Provença, 1637 - Paris, maio de 1687), foi a fiel dama de companhia de Madame de Montespan, à época amante do Rei Luís XIV de França. Ela era filha de Nicolas de Vin e de Louise Faviot.
Foi acusada, durante o episódio conhecido como "O Caso dos Venenos", de ter participado de Missas Negras representando sua patroa. Protegida pelo rei e por Colbert, ela não foi incomodada mas estas acusações contribuíram para afastar o Rei da marquesa de Montespan. Acabou seus dias em seu hôtel particular da Rua Montmartre, em Paris, onde levou uma vida retirada a partir de 1678, com um certo luxo, servidores e carruagens.

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