A Europa foi sacudida pela histeria e paranoia durante todo
o período em que durou a Inquisição e o Santo Ofício, mas a França foi
especial.
A França foi o palco de diversos casos de possessões
demoníacas em conventos de freiras, com o envolvimento de um ou mais padres e
supostos cultos de bruxas. Os franceses da época gostaram tanto disso que
tornaram um simples caso de intriga palaciana em um caso de bruxaria.
A enciclopedia virtual [Wikipédia]dá a seguinte narrativa:
O "Caso dos Venenos" é um episódio ocorrido em
Paris entre 1670 e 1682, e que sacudiu a capital francesa e a Corte.
Em 1672, com a morte do oficial de cavalaria, Godin de
Sainte-Croix, descobrem-se em seu papéis peças acusando sua amante, Marquesa de
Brinvilliers, de ter envenenado o próprio pai, seus dois irmãos e sua irmã,
para apropriar-se de suas partes na herança. A Marquesa de Brinvilliers foi
julgada e executada em 1676.
Em 1677, a investigação revelou que uma certa Marie Bosse
fornecera venenos a esposas de membros do Parlamento que queriam envenenar seus
maridos. Presa, Marie Bosse denunciou uma mulher, Montvoisin, dita "La
Voisin", outros comparsas e um certo Lesage. Como as revelações dos
acusados recaíam sobre pessoas notáveis, foi criada uma comissão especial para
julgar, sem apelação, os acusados: a chamada câmara ardente. Personalidades
importantes, principalmente mulheres, foram então citadas : Madame de Vivonne
(cunhada de Madame de Montespan), Madame de La Mothe, Mademoiselle des Œillets
e Cato (criadas de quarto de Madame de Montespan), a Condessa de Soissons, a
Condessa du Roure, a Viscondessa de Polignac, a Marechala de Luxembourg e
muitas outras.
O tenente de polícia La Reynie comandou uma investigação
minuciosa, e juntou à acusação de envenenamento outros delitos : assassinato de
crianças em missas negras rezadas por padres depravados (entre eles, Étienne
Guibourg), profanações de hóstias e até mesmo fabricação de dinheiro falso.
Porém este zelo por parte de La Reynie escondia a luta que
se travava entre Louvois, Ministro da Guerra, e Colbert, Ministro das Finanças
da época. Louvois comandava uma investigação paralela e secreta por ordem do
Rei, enquanto que os acusados mais ilustres eram pessoas próximas a Colbert.
Magdelaine de La Grange (c.1641-1679) foi uma cartomante francesa
envolvida no Caso dos Venenos . Sua prisão em 1677 marcou a abertura da
investigação oficial. Ela apelou para François-Michel Le Tellier, Marquês de
Louvois alegando que ela tinha informações sobre outros crimes de grande
importância. Louvois relatado ao Rei, que disse Gabriel Nicolas de la Reynie ,
que, entre outras coisas, era o chefe da polícia de Paris, para erradicar os
envenenadores.
Magdelaine de La Grange trabalhou como uma cartomante após a
execução de seu marido para receber bens roubados. Sua especialidade era
revelar a clientes que estavam preocupados com a sua saúde que tinham sido
envenenado, e oferecer-lhes antídotos. Desde 1669, ela viveu no luxo à custa
dos ricos advogado Jean Faurye. Em 17 de agosto de 1676, Magdelaine de La
Grange e um homem que se apresentou como Faurye apareceu antes de um caixeiro de
lei. O homem disse que eles eram casados, e tinha uma vontade emitido para o
benefício do seu cônjuge, Magdelaine de La Grange. Pouco depois, Jean Faurye
morreu, e sua família relatou a matéria. A certidão de casamento provou ser uma
falsificação emitida por Abbé prego, que apareceu como Faurye no escritório do
caixeiro de lei. Depois de ter estabelecido uma ligação entre ela e Louis de
Vanens , o caso convencido Gabriel Nicolas de la Reynie que existia uma rede de
envenenadores em Paris, e de La Grange e Nial foram mantidos sem julgamento por
meses para interrogatório. Ela nunca revelou nada de real importância, no
entanto, e após a prisão de Marie Bosse em 1679, o julgamento contra ela foi
autorizada a prosseguir.
Marie-Madeleine Marguerite d'Aubray, Marquesa de
Brinvilliers (ou Brinvilliers-Lamotte), (Paris, 2 de julho de 1630 — Paris, 17
de julho de 1676) é apontada por estudiosos como a primeira mulher da história
a cometer envenenamentos em série.
A marquesa viveu na França do século XVII e era descrita
como uma dama educada e encantadora. Ainda jovem, restou insatisfeita com seu
casamento e iniciou mórbidos estudos acerca de venenos, num tempo em que o
divórcio era uma entidade desconhecida.
Há rumores de que tenha sido iniciada sexualmente por seus
irmãos ou talvez pelo próprio pai, o qual teria sido sua primeira vítima. Pôs
fim à vida do irmão e de duas irmãs - alguns autores alegam que o fez para se
apoderar da herança de Madame Lafargue. Também o fez em relação ao marido, à
filha e a outros membros da família dele.
Costumava testar o efeito de seus preparados em pacientes
enfermos nos leitos de hospitais e em seus criados: ora provocava mortes
fulminantes, ora lentas e marcadas por profunda agonia.
Ao se tornar suspeita, fugiu para a Inglaterra e,
posteriormente, para os Países Baixos. Então, rumou para Liège, onde se
refugiou num convento.
Em 1676, foi presa, torturada e julgada no Supremo Tribunal
em Paris que a condenou à morte.
Após a execução de sua mãe, a filha de "La Voisin"
pôs em cheque a posição de Madame de Montespan : esta mantivera relações com
"La Voisin", sem dúvida para obter, assim pensava ela, certos pós
apropriados para conseguir o amor de Luís XIV, além de haver participado de
cerimônias de conjuração. A "câmara ardente" pronunciou, no Caso dos
Venenos, 36 condenações à morte e outras tantas às galés. As personalidades
destacadas foram poupadas. A "câmara ardente" foi dissolvida em 1682,
por ordem de Luís XIV, sem que fossem julgados os acusadores de Madame de
Montespan, os quais foram encerrados em fortalezas reais, como a Fortaleza de
Saint-André, em Salins-les-Bains.
La Voisin foi julgada com 36 cúmplices, condenada à morte e
queimada na Praça de Grève, em 2 de Fevereiro de 1680. Vários condenados foram
presos na cidadela de Vauban du Palais, em Belle-Île-en-Mer. Quanto a Madame de
Montespan, estando sob a proteção do rei, não foi molestada. Era mãe de vários
filhos ilegítimos de Luís XIV e permaneceu na Corte. Bani-la seria evidenciar
sua culpa, e o rei não queria que essa culpa (como a de Racine) se tornasse
pública. Madame de Montespan, relegada a um modesto apartamento no Palácio de
Versailles, caiu em desgraça, assim permanecendo por dez anos. O rei só passava
em frente a seus aposentos quando de dirigia aos de Madame de Maintenon.
Étienne Guibourg ( ? 1610 – Janeiro de 1686) era um abade da
Igreja Católica Apostólica Romana da França, tendo sido associado ao Caso dos
Venenos.
Ele foi sacristão de Saint-Marcel em Saint-Denis, sendo ex
capelão do Conde de Montgomery. Ele afirmava ser o filho ilegítimo de Henri de
Montmorency. Teve um longo relacionamento com sua amante, Jeanne Chanfrain, com
qual teve vários filhos.
Em 1680, Françoise Filastre, apos interrogação a respeito
com o Caso dos Venenos, afirmou que Guibourg havia realizado uma missa negra
para Catherine Deshayes entre 1672-3. Guibourg foi preso e confessou o ato
junto com outros crimes. Foi condenado à prisão perpétua e morreu na cadeia em
1686.Marie Bosse, também conhecida como La Bosse (falecida em 8 de maio de
1679) foi uma envenenadora francesa, vidente e suposta bruxa. Ela era uma das
acusadas no famoso Caso dos Venenos. Foi Marie Bosse que denunciou a figura
central no caso: Catherine Deshayes, conhecida como La Voisin.
Marie Bosse era viúva de um comerciante de cavalos, sendo
uma das videntes de maior sucesso em Paris. Presumivelmente ela também era uma
envenenadora, que fornecia venenos para pessoas que queriam cometer um
assassinato com discrição. Em 1678, Marie Bosse participou de uma festa
realizada por sua amiga, Marie Vigoreaux, que também era vidente e suposta
bruxa. Durante a festa, ela ficou bêbada e vangloriou-se livremente de ter se
tornado rica com a venda de venenos mortais para membros da aristocracia. Na época,
a polícia estava investigando a venda de venenos em Paris. Um convidado da
festa, o advogado Maitre Perrin, relatou a conversa à polícia. A polícia enviou
a esposa de um policial até a casa de Marie Bosse, fingindo estar interessada
na compra de um frasco de veneno. Marie vendeu-o para a mulher, afirmando que
seria um veneno mortal e que jamais seria descoberto, com a vítima morrendo aparentemente
de causas naturais.
Na manhã de 4 de janeiro de 1679, Marie Bosse foi presa.
Além dela, sua filha Manon Boise e seus filhos, François e Guillame Boise
também foram presos. Seu filho mais velho era um soldado da guarda real. De
acordo com o relatório da polícia, quando a família foi presa, foram
encontrados na única cama existente na casa, praticando atos de incesto. Marie
Vigoreaux foi presa no mesmo dia, revelando ter estreitos laços com a família
de Marie Boise. Suas confissões revelaram que a venda ilegal de veneno em Paris
era praticada por um grupo de videntes. Tal fato levou à detenção de quase 40
pessoas, entre estes a figura central do caso, Catherine Deshayes, além da
abertura do Caso dos Venenos, que envolveria também Madame de Montespan. Marie
Bosse confessou ter fornecido o veneno usado por Marguerite de Poulaillon em
sua tentativa de assassinato do marido.
Marie Bosse foi condenada à morte na fogueira e executada em
Paris em 8 de maio de 1679. Seus filhos e associados também foram condenados à
morte. Marie Vigoreux morreu durante o interrogatório sob tortura, em 9 de maio
de 1679.
Claude de Vin des Œillets, conhecida como Mademoiselle des
Œillets(Provença, 1637 - Paris, maio de 1687), foi a fiel dama de companhia de
Madame de Montespan, à época amante do Rei Luís XIV de França. Ela era filha de
Nicolas de Vin e de Louise Faviot.
Foi acusada, durante o episódio conhecido como "O Caso
dos Venenos", de ter participado de Missas Negras representando sua
patroa. Protegida pelo rei e por Colbert, ela não foi incomodada mas estas
acusações contribuíram para afastar o Rei da marquesa de Montespan. Acabou seus
dias em seu hôtel particular da Rua Montmartre, em Paris, onde levou uma vida
retirada a partir de 1678, com um certo luxo, servidores e carruagens.
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