sábado, 2 de maio de 2015

O Grande Rito e a filosofia wiccana

A Wicca, como uma religião da natureza, exige um grande respeito e apreciação de todos os processos da natureza. Ela também encoraja não apenas um relacionamento místico com seus mistérios, mas também um relacionamento prático. Os ritos de fertilidade são direcionados tanto para influenciar a mente, como também para influenciar o ambiente.
Na Wicca, iniciação é transformação e outro aspecto dela é a sacralização do sexo. Para os wiccanos, sexo é a energia criadora do universo e, como tal, é realizada com reverência. Esta atitude simples faz uma enorme diferença em como vemos o sexo.
Na jornada iniciática, o Grande Rito é consumado, não entre duas pessoas nos papéis de sacerdote, sacerdotisa e iniciado ou iniciada, ou como dois membros do círculo, mas como o Deus e a Deusa. A união que acontece recaptura o momento da criação. Através do Grande Rito abre-se as portas para se apreciar a sexualidade oculta. Ao celebrar a união sexual, não apenas como um fenômeno sensual e emocional, mas como um ato sagrado ritualístico, ela convida ao iniciado a perceber os aspectos espirituais da união sexual. Isto dignifica o sexo em uma experiência estética e espiritual.
O Casamento Sagrado [Hiero gamos – NT], a transferência de poder de acordo com a metade do ano é simbolizado como uma regra. Assim que a sacerdotisa começa a cerimônia, o casamento sagrado pode ocorre entre ela e seu sacerdote, então o Hiero Gamos é mais um rito iniciático do que um rito de fertilidade.
Muitas lendas celtas mostram a união que acontece entre um herói e uma Deusa, cujo nome significa a terra ou o país. O herói que encontra a Deusa em um mundo sobrenatural tem um paralelo com o iniciado que entra no mundo sobrenatural do círculo mágico e encontra sua sacerdotisa. O fruto da união não é fertilidade, mas poder e majestade. O Grande Rito é a redescoberta da dimensão espiritual da união sexual. A expressão do sexo sagrado é uma das formas mais elevadas do amor. Ao unir o sensual e o espiritual, o observável e o misterioso, o Grande Rito conduz a pessoa a ter um contato direto com os Deuses.
Viajar ao centro do círculo, ao local do místico Grande Rito, é atravessar o mundo do nome e forma e ir ao centro do universo. Mas tudo isso representa apenas uma forma do Grande Rito. A outra forma é a união das forças masculinas e femininas, resultando então na criação do hermafrodita, ou o divino andrógino. Cada um de nós, a despeito do gênero, é um hermafrodita. Esta natureza hermafrodita é importante ser entendida para conquistar um crescimento espiritual equilibrado. Além de todas as diferenças existe uma unidade oculta.
A maioria dos sistemas reconhecem uma força descendente do firmamento e uma força ascendente da natureza. Um Grande Pai ou Deus, que desce ao universo da matéria e uma Grande Mãe o Deusa, que é toda a natureza em nossa volta. Estas forças circulam por nosso corpo, através de nossos nervos, através de nossa espinha dorsal.
Quando falamos em rituais sexuais deve-se manter na mente que eles são planejados para alcançar o ponto além do tempo e do espaço do ego e torna-lo realidade. O Grande Rito nos garante realizar a Vida além da Vida.
Um dos primeiros passos é trabalhar as várias preferências e preconceitos sexuais e aprender em como canalizar suas expressões sexuais sem sentimentos de culpa ou ciúmes. Uma religião da natureza sempre abraçará um objetivo supremo – conhecer por dentro e por fora o sagrado da natureza e o desconhecido poder que vem do sexo. A Wicca, ao invés de alterar seus ritos sexuais para se ajustar às mentes das pessoas inibidas, deve reconhecer sua importância e restaurar sua dignidade. Todas as restrições, empecilhos legais e convenções devem ser suspensos dentro do círculo.
Mesmo quando os ritos de fertilidade são honrados por seus objetivos agrários, seus princípios não são de ensinar o campo a crescer, mas a de que o excitamento sexual irrestrito serve para nos sintonizar com o funcionamento da terra. A orgia wiccana é um festival religioso no qual o êxtase do deleite sensual é misturado com a exuberância espiritual. O propósito destes rituais é recapturar o ato sacramental do sexo.
O maior presente que pode ser dado aos Deuses é o Fogo sagrado – a Chama do Amor. Durante esse momento, todos os sentimentos de posse, de exclusividade e segregação devem ser abolidos, portanto convenções sociais e outras proibições deixam de existir por algum tempo.
A união sexual em uma atmosfera reverente de um ritual é uma forma de adoração extremamente poderosa e bela porque combina os estados mais intensos que podemos experimentar – sexo e prece. Por si mesmo o sexo é a experiência mais importante e poderosa na vida ordinária. Quando sexo e culto são combinados ambos podem alcançar a transcendência. O êxtase sexual se equipara ao mistério religioso. De nossos encontros periódicos com os Deuses nós aprendemos sobre as forças mais básicas da natureza e em como trazer a graça da sabedoria para o mundo comum, nos dando um vislumbre da transpersonalidade.
Autora: Lady Galladriel.
Fonte: Black Moon Archives.

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