quinta-feira, 23 de abril de 2015

Reimaginando a jornada do herói

Este é o título do texto de Sarah Sadie no canal do Paganismo no Patheos. A proposta dela é bem simples, ela pretende provocar o público estimulando-nos a imaginar a jornada do herói com outros olhos. A jornada do herói é uma teoria de Joseph Campbell que lê os mitos como arquétipos que são compartilhados pelo Inconsciente Coletivo, portanto, presentes em toda cultura e povo.
Sarah descreve a jornada em etapas: o herói como um exilado ou um desconhecido, há um chamado ou missão, o herói recusa e encontra um mentor, o herói embarca em uma viagem, marcada por diversos testes e provações, o herói encontra o Grande Amor e a Grande Tentação, o herói deve enfrentar seu maior medo e a própria morte, o herói conquista seu objetivo ou recebe um magnifico tesouro, o herói retorna para seu lar aonde tem seu teste final e o herói finalmente é reconhecido ou é coroado como rei. Então ela pergunta: E se...
Essa é a única e melhor pergunta que um escritor se faz para compor sua obra. Um bom escritor precisa de uma Musa inspiradora, mas e se... infinitos desdobramentos cabem em uma história, lenda e mito. Como uma Musa contaria a mesma história que ela inspirou, em seus próprios termos?
O que podemos recriar quando sabemos que o Grande Amor e a Grande Tentação são a Deusa? E se o personagem for uma heroína? E se ela for uma nobre, uma rainha, uma sacerdotisa? E se ela quem dá início à história? E se ela tem toda a sabedoria, poder e riqueza do mundo? O que mais ela buscaria? O que a motiva nessa busca? E se aquilo que almeja alcançar seja ela mesma? Sendo ela o centro e razão da história, como ela poderia testar a si mesma? Quem ou o que poderia ser o Amor e a Tentação? Por que ela temeria a morte, por que ela teria qualquer medo? Sendo ela a regente do mundo, haveria um lar para retornar? Se tivesse, deveria voltar? Sendo ela a regente do mundo, precisa de reconhecimento ou de coroação? E se ela ficasse aonde sua jornada terminou e ali mesmo fizesse seu trono? E se o Reino Proibido, o Mundo dos Monstros, fosse igualmente sua morada, uma morada sagrada? E se o Diabo que o herói tem que matar fosse o verdadeiro amor e servo da Deusa? E se o malvado é o herói e o verdadeiro inimigo é Deus?
Este é um dos motivos pelos quais eu gosto de anime e alguns filmes recentes. Finalmente alguém se perguntou “e se” e percebeu que Deus, anjo, messias, profeta, santo, são títulos que podem esconder uma verdade maior. Este é um dos motivos pelos quais eu gosto de ser o maldito, o perseguido, o renegado, o banido. Eu perguntei “e se” para a saga de Joãozinho. Simplesmente para ter a chance de estar na jornada onde a Deusa há de passar. E hei de testemunhar quando os véus forem suspensos, graças a Deus.

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