quarta-feira, 22 de abril de 2015

Os quatro reis

Retomando a leitura de meus livros, eu gostaria de citar este trecho do "Witchcraft in Europe":

"...nomeando ou escrevendo os quatro reis em quatro pedaços de papel, deveras, rei Galtinus do norte, rei Baltinus do leste, rei Saltinus do sul, rei Ultimus do oeste..." [pg. 129]

Dos trechos de textos e leis oficiais que foram escritos entre os anos 400 a 1700, o que incluem testemunhos obtidos no Santo Ofício de suspeitos da prática de Bruxaria, este trecho, citando a evocação de quatro reis, cada qual em um ponto cardeal, aparece tão isolado que não se pode dizer que foi uma mera fantasia dos doutrores da Igreja.
Nos rituais wiccanos nós evocamos os Guardiões das Torres, cada qual em um ponto cardeal. No entanto os nomes são diferentes: Bóreas, Euros, Notos e Zéfiro. Como se isso não bastasse, há uma correlação de cada ponto cardeal e guardião com um elemento da natureza: água, terra, fogo, ar.
Eu ainda não encontrei a fonte de onde a Faculdade de Teologia da Universidade de Paris coletou esta informação ou prática. Do texto de Roger Dearnaley eu não vi nenhum vínculo com as fontes literárias que Gerald Gardner utilizou, o que resta deduzir que esta é uma prática tradicional nos cultos de bruxas.
Certamente a evocação aos quadrantes utilizada nos rituais da bruxaria e da wicca tradicional devem ter sua origem na Suméria, onde reis sacerdotes evocavam os Guardiões em suas fortalezas, servindo tanto como medianeiros, quanto como observadores, deste mundo e do mundo espiritual.
Estes reis sacerdotes eram também astrônomos. As torre, na Suméria, eram erguidas em locais escolhidos e adequados, para observar o movimento dos astros, cujo brilho e existência eram considerados a manifestação dos Deuses.
O conhecimento chamado astronomia é o conhecimento dos Deuses. As torres, por sua posição, garantiam que o poder dos Deuses se manifestassem de forma benéfica e harmoniosa neste mundo.
O ritual de evocar os quadrantes é como abrir os portões que separam o mundo humano do mundo divino. Devidamente executado, com a presença dos Guardiões, o sacerdote acessa os ancestrais, bem como o Deus e a Deusa. Devidamente executado, mantém o fluxo das estações e o ciclo da vida.

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