quarta-feira, 29 de abril de 2015

O uso cerimonial de ossos

O uso de ossos, animais e humanos, em cerimônias religiosas é tão velho quanto o homem. O osso é a ultima coisa que resta quando há tempos a carne desvaneceu.  Ossos podem estar vinculados à ruinas de velhas construções onde antes habitava uma vida vibrante. Mas como as ruinas agora permanecem como uma silenciosa lembrança de que a vida não é permanente, mas transitória.
Nas cerimonias religiosas ao redor do mundo se celebra a vida e muitas vezes a morte e o que está além das portas da morte. O uso de ossos em cerimônias serve para mostrar a natureza curta da vida e que o tempo chega para todos. Para muitos de nós a morte é um grande e temido mistério.
Ossos de animais como ferramentas e objetos cerimoniais têm sido usados por incontáveis anos pelos antigos xamãs. Os ossos de certos animais eram frequentemente engastados na forma de um ser vivente e, na forma da magia simpática, possuíam-se os poderes do animal. Ossos de animais eram frequentemente usados por xamãs para divinação.
O ritual conhecido como “chod”, que significa “cortar” é uma mistura de práticas culturais antigas, tendo suas raízes no xamanismo Bon. Hoje devem ter mais pessoas que praticam o chod do que antes. Esta é uma prática que se encaixa muito bem para os tempos degenerados que vivemos, onde as pessoas procuram por saúde e segurança material acima de qualquer coisa, uma necessidade que jamais está satisfeita. Estes desejos e ambições são as raízes de muitas de nossos sofrimentos. A prática do chod é uma forma eficiente de lidar com esses problemas e ilusões que tão fortemente afetam nossas vidas.
Quanto à prática em si mesma, o praticante visualiza sua consciência fluindo como uma luz através da coroa da cabeça para então se transformar em um Dakini. A Dakini desce ao corpo vazio e com uma foice corta o topo da cabeça formando então uma tigela na qual é colocada uma grade de três caveiras humanas que surgiram instantaneamente de uma chama. Retornando ao seu ofício, a Dakini corta a carne e os ossos remanescentes e os coloca na tigela. Esta se expande e se torna vasta e o conteúdo se transforma e se torna um néctar de substâncias benéficas. Este néctar se torna uma oferenda a todos os seres de todos os reinos, os seres partilham a substâncias do néctar e eles se tornam plenamente saciados e beneficiados por esta suprema oferenda. Todos os demônios de nossa mente, as raízes de nossos sofrimentos, tomam forma como seres que são purificados por nossas ações. Com isso tudo se torna vazio em existência e forma.
Pode se ver que a prática do chod trata diretamente dos problemas e obstáculos ao nosso caminho para a iluminação. Torna-se um método e um meio para perceber que tudo é inerentemente vazio. Ao aplicar esta prática aos problemas da vida, nós podemos superá-los e ao mesmo tempo alcançar grande mérito ao nos oferecer como sacrifício.
Fonte: Black Moon Archives.

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