terça-feira, 7 de abril de 2015

O arcano do eremita

Recentemente eu li o seguinte comentário de uma celebridade pagã: “Quando as pessoas aprenderão que o maior desafio do caminho do autoconhecimento é tornarem-se mestres de si mesmas?”. Para comentar e refletir sobre essa declaração, eu escolhi o arcano do eremita.
O arcano mostra um senhor em um hábito semelhante dos monges, com um cajado e uma lanterna. Como segura uma lanterna, podemos supor que está muito tarde ou é noite. Como segura o cajado, podemos supor que o senhor perambulou por um longo percurso. Como seu hábito é semelhante a de um monge, podemos supor que ele seja um sábio, um profeta, um mestre, um sacerdote. O arcano não mostra, mas podemos supor que ele está esperando alguém ou procurando alguma coisa.
Ele pode ser um mestre que espera um discípulo ou que oferece sua luz aos que peregrinam pelas estradas incertas da vida. Ele pode ser um sábio que admite saber coisa alguma então continua procurando pela Verdade.
A base do caminho iniciático é a jornada do buscador. Como não sabemos o que buscamos, apenas sentimos um chamado, vagamos pelo mundo. O caminho e a experiência que temos nos dão o conhecimento e a sabedoria.
O caminho iniciático é introvertido e extrovertido. O buscador lê na entrada do Oraculo de Delfos: Conhece-te a ti mesmo. Conhecer o si mesmo não é difícil. O si mesmo não está escondido. O si mesmo está onde sempre esteve. O difícil é aceitar a natureza do si mesmo.
O caminho iniciático não é sobre o si mesmo, senão não haveria a necessidade dos mitos, dos ritos, da iniciação, do sacerdócio ou do divino. A partir do conhecimento do si mesmo alcançamos a transcendência do ego, conquistamos a maestria sobre nós mesmos, mas o caminho iniciático não se resume a isso. O caminho iniciático é o mistério da existência, dos homens e Deuses.

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