segunda-feira, 10 de março de 2014

O bule do Chapeleiro Louco

"De minha parte, poderia sugerir que entre a Terra e Marte há um pote de chá chinês girando em torno do Sol em uma órbita elíptica, e ninguém seria capaz de refutar minha asserção, tendo em vista que teria o cuidado de acrescentar que o pote de chá é pequeno demais para ser observado mesmo pelos nossos telescópios mais poderosos. Mas se afirmasse que, devido à minha asserção não poder ser refutada, seria uma presunção intolerável da razão humana duvidar dela, com razão pensariam que estou falando uma tolice. Entretanto, se a existência de tal pote de chá fosse afirmada em livros antigos, ensinada como a verdade sagrada todo domingo e instilada nas mentes das crianças na escola, a hesitação de crer em sua existência seria sinal de excentricidade e levaria o cético às atenções de um psiquiatra, numa época esclarecida, ou às atenções de um inquisidor, numa época passada." – Bertrand Russel.
Bertrand Russel caberia bem nas roupas do Chapeleiro Louco. Ele nos convida para tomar o chá das cinco, como bom britânico. Nem Alice com toda sua ingenuidade consegue acreditar no que ele diz. Balançando o bule diante dos convidados, o senhor Russel quer nos convencer de que o bule existe apenas na imaginação. O senhor Russel confunde Catolicismo, Cristianismo e diversas religiões, como se fossem uma única coisa. Religião não pode ser confundida com as organizações religiosas. Nem o sofisma do bule voador com a existência dos Deuses.
Não é necessário ser um detetive muito bom para investigar o caso do bule voador. O bule é chinês, então sem dúvida haverá um comprovante de exportação e há uma nota fiscal de compra que comprova sua existência. Sendo conhecida sua origem, deve haver uma explicação para que o bule tenha ido parar na órbita entre Terra e Marte. Explicações levam a meios, métodos, planejamentos que consistem em registros e evidências de que, efetivamente, o bule existe e foi enviado até esse ponto no espaço sideral. Não é necessário ser um Batman para descobrir tais fatos. Além do que se sabe que um objeto no espaço sideral mantém a sua massa e essa massa provoca uma distorção gravitacional nas emissões de luz, o que tornaria o bule detectável e comprovável, mesmo sem estas investigações anteriores. Portanto a analogia de Bertrand Russel é fraca e sem sentido, assim como a bronca geral dos ateus contra as crenças e religiões. Não são os livros antigos, por mais sagrados que sejam, quem afirma que são uma verdade, mas as instituições religiosas, cujo poder, prestígio, influência e riqueza dependem da manutenção incontestável de uma doutrina, de um dogma.
Carl Sagan não foi feliz com sua analogia do dragão na garagem. Bertand Russel não foi feliz com sua analogia do bule voador. Ateus são péssimos em analogias em suas tentativas fúteis de refutações filosóficas acerca da existência dos Deuses.

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