sexta-feira, 14 de março de 2014

A guerra pela Ideologia de Gênero

Estamos em pleno século XXI, mas ainda nos vemos às voltas com um assunto que suscita muita resistência e polêmica: a questão do gênero. Mas por que, tio Bode, tem tanta gente querendo tomar conta da vida sexual alheia? Caro dileto e eventual leitor, não podemos nos esquecer que o poder, prestígio e influência de diversos grupos dependem da manutenção de um determinado sistema, cujos conceitos, definições, limites e conjuntura são mantidos pela opressão e repressão sexual.
Assim como houve uma verdadeira paranoia e neurose sobre a homossexualidade e a pedofilia, mexer com certas convicções mexe com a forma como a política e a sociedade encaram o sexo, o amor, o desejo e o prazer.
Um Estado de Direito Democrático, onde deve haver a inclusão de todos os cidadãos, sendo indiferente suas opções, opiniões e preferências, não poderia ficar intimidado com a resistência ou o protesto de setores da sociedade onde ainda vigora um puritanismo anacrônico. Infelizmente ainda vivemos em uma sociedade e um governo que sofre e muito a influência da cultura católica, imposta pela Igreja, onde a única “ideologia de gênero” aceita é aquela ditada pelo Vaticano.
Facilmente podemos achar textos no Oráculo Virtual [Google] com essa ditadura ideológica.

Site Católico #1:
- “Nos dias de hoje temos ouvido isso mais comumente. Isso é um movimento considerado anticatólico, que diz o seguinte: a criança nasce sem um sexo definido. Quando a criança nasce não deve ser considerada do sexo masculino ou sexo feminino; depois ela fará esta escolha. Essa é a chamada Identidade de gênero ou Ideologia de gênero.
Inclusive, já existem escolas para crianças na Suécia e na Holanda, onde não se pode chamar o aluno de menino ou menina, chama-os apenas de crianças, porque eles devem decidir quando crescerem se serão homens ou mulheres, o que é antinatural.”

Site Católico #2:
- “Nesta quarta-feira, dia 11/12, será votado o substitutivo do PNE (Plano Nacional de Educação), proposto pelo senador Vital do Rêgo.
Esse projeto, caso seja aprovado, introduzirá a igualdade de gênero e a orientação sexual como diretrizes da educação nacional para os próximos 10 anos.
Qual é o problema em relação à ideologia de gênero? A palavra “gênero”, segundo os ideólogos da ideologia de gênero, deve aos poucos substituir o uso corrente de palavra “sexo” e referir-se a um papel socialmente construído, não a uma realidade que tenha seu fundamento na biologia. Desta maneira, por serem papéis socialmente construídos, poderão ser criados gêneros em número ilimitado, e poderá haver inclusive gêneros associados à pedofilia ou ao incesto.
Ora, uma vez que a sexualidade seja determinada pelo "gênero" e não pela biologia, não haverá mais sentido em sustentar que a família é resultado da união estável entre homem e mulher.

Site Católico #3:
- “A Ideologia de Género, ou melhor dizendo, a Ideologia da Ausência de Sexo, é uma crença segundo a qual os dois sexos — masculino e feminino — são considerados construções culturais e sociais, e que por isso os chamados ‘papéis de género’ (que incluem a maternidade, na mulher), que decorrem das diferenças de sexos alegadamente ‘construídas’ — e que por isso, não existem —, são também "construções sociais e culturais".”

Site Católico #4:
- “A diferença da estrutura sexual biológica não é relativa, ao contrário é um fato dado, uma marca inegável e segundo a qual a própria criança se depara desde seus primeiros olhares para seu próprio corpo.
A psicologia está repleta de argumentos sobre a importância da organização dos papeis parentais para o desenvolvimento saudável de um ser humano, contudo não são os argumentos teóricos e científicos que parecem fazer diferença no debate midiático que se faz sobre a tão falada ideologia de gênero, tudo se circunscreve sob as defesas ou ataques de questões preconceituosas.”

Existe um texto mais extenso no site Eclésia [link morto], mas a tônica pode ser resumida nos trechos citados acima, nos termos de sustentar a visão da Igreja. Citar trechos de textos que corrobore a visão da Igreja e ignorar aquilo que cada disciplina considera em conjunto em relação ao gênero e sexualidade é omitir do público que a biologia distingue gênero de sexualidade e é omitir que a psicologia está repleta de argumento onde famílias homoparentais não demonstram diferenças em relação à famílias heteroparentais. Isto é feito não por que exista algum risco à sociedade ou à família, mas sim por que há um risco à autoridade, prestígio e influência da Igreja.

Neste sentido vale a pena citar um trecho do texto de Maira Kubik:
- “Refletir sobre o gênero significa mexer com a ordem das coisas e questionar o que aparentemente está estável. E isso incomoda.
A cada vez que novos caminhos são abertos em direção a uma sociedade mais horizontal, há uma reação contrária por parte daquelxs que não querem compartilhar seus privilégios. Pouco tempo antes do ataque ao gênero, o foco foi a luta contra a aprovação do casamento homossexual: certas pessoas acreditavam que esse direito era exclusivo delas. O mesmo ocorreu com a reprodução assistida e a defesa de que apenas mulheres heteros deveriam utilizar a técnica — algo que, por enquanto, se mantém.
Agora, a ideia é simplesmente impedir as as crianças de terem acesso ao conhecimento. Querem que parem de ensiná-las a pensar. Nada poderia ser mais perigoso.”

Neste blog o caro dileto e eventual leitor poderá ler os textos “Identidade Espiritual”, “Identidade de Gênero – Identidade Cultural” e “A Reconfiguração da Família” onde este pagão que lhes escreve discursa sobre o assunto.
Que a Igreja Católica irá continuar a se imiscuir na sexualidade alheia não é novidade. O que não pode ser aceito é que esta instituição, que mal consegue manter seu quadro de “funcionários” na linha, possa impor ou ditar como toda uma sociedade, que não é apenas composta de católicos e heterossexuais, deva conceber ou considerar as questões do gênero, da opção e preferência sexual. O que se espera é que os católicos se deem conta de que o discurso que fazem é também uma “ideologia de gênero”. O que este pagão pede, é um clamor que faz tempo que eu não faço.
APOSTASIA JÁ!

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