domingo, 11 de janeiro de 2009

Os profetas das chuvas

Prestando atenção aos sinais da natureza, os profetas da chuva de Quixadá, sertão cearense, se reúnem todo ano para checar prognósticos de inverno ou de seca.
Clementino e os demais sertanejos observadores dos fenômenos meteorológicos fazem parte de uma tradição agrária das mais antigas da civilização humana. Guardam na memória experiências que vêm de muito tempo, de quando a vida dependia exclusivamente da agricultura e as condições climáticas eram fundamentais à sobrevivência da comunidade. A previsão do tempo pela observação dos astros, das plantas, do comportamento dos animais está presente num livro como As geórgicas, do poeta latino Virgílio (século 1 AC), obra erudita que influenciou os popularíssimos livrinhos editados em Portugal desde a Idade Média e que chegaram, quase do mesmo jeito, até os dias atuais, no Nordeste brasileiro – os Lunários perpétuos. São eles as matrizes escritas que ainda orientam os profetas da chuva de Quixadá.
"O estudo da previsão das secas é uma necessidade. A seca não deve ser estudada apenas com a razão, mas também com a intuição. Por isso valorizo todos os profetas que se reúnem neste momento. O Homo sapiens tem dois instrumentos na busca da verdade. Um é a razão, o estudo crítico da reflexão do hemisfério cerebral direito. O outro é o da intuição, instrumento que faz parte da estrutura biofísica e psicológica, e que tem sua razão de ser. A intuição tem levado aos homens uma série de informações em benefício da humanidade.
O hemisfério sul, pela primeira vez, rompeu o equilíbrio ecológico. Até 2005, você não tinha ouvido falar de ciclone e outros fenômenos de natureza física no hemisfério sul. Isso não existia, foi decorrência da imprudência do homem. O desequilíbrio no hemisfério norte vem desde o século 19, com a Revolução Industrial. " [Caio Lossi - engenheiro, economista e astrônomo]
De onde vem esse conhecimento empírico do clima e como ele pode ser utilizado na viabilização do semi-árido? Existem métodos usados pelos profetas do Nordeste que já eram conhecidos no Oriente Médio há milênios, que provavelmente chegaram à Península Ibérica com os árabes e os judeus, e de lá vieram para as Américas.
Fonte: Revista Raiz [link morto]

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