sábado, 10 de janeiro de 2009

Escatologia

A Mithos Editora relançou algumas de suas revistas em edição especial encadernada sob o título "Profetas, Magos e Bruxas". As matérias sobre profetas, a despeito da confusão feita entre estes e xamãs e oráculos, contém um tema muito frequente na cultura humana: a preocupação com o "Fim do Mundo".
Atualmente, a profecia do Calendário Maia relacionada ao Fim do Mundo é a mais citada e comentada. Os Maias podem ser considerados pagãos, mas nas culturas pagãs não havia essa preocupação com esse fim iminente e inevitável, o fim de um ciclo era apenas a véspera de um novo ciclo seguinte. Apenas nas culturas cristãs a idéia de "Fim do Mundo" resultou em uma paranóia.
As raízes dessa idéia de "Fim do Mundo" se encontra no Judaísmo, bem como no Monoteísmo em geral, na filosofia conhecida como escatologia.
A forma como profecia, religião e filosofia se mesclaram pode ser compreendida na cosmologia da religião transitória entre Politeísmo e Monoteísmo, que é o Zoroastrismo, o berço de conceitos como pecado, purgação e justiça divina.
Foram os Mazdeístas (seguidores do Zoroastrismo) que começaram a formular a idéia básica de que este mundo, a natureza e o corpo são coisas impuras e malignas que, por sua essência e constituição, sempre estarão em conflito e desobediência a Deus.
Os Israelitas assimilaram dos Mazdeístas a necessidade de rituais de purificação e purgação, por atos ou palavras que ofendesse a Deus, como um ato de reparação, o que desenvolveu a idéia de punição, castigo, juízo.
Mas esta justiça e juizo divinos ocorreriam apenas em circunstâncias ou épocas precisas, de acordo com regras e condições específicas e sobretudo para os Judeus isso implicava na vinda do Ha-Massiah: um anjo, um profeta, um rei que seria enviado ao Mundo com a missão de purificar seu povo do pecado. Após o juízo e o devido castigo aos ímpios e pecadores, o Mundo acabaria para dar lugar a um Mundo Novo, o Reino de Deus, onde apenas os puros e escolhidos de Deus habitariam.
Todas estas influencias convergiram para o Cristianismo que elevou até a histeria em massa a idéia messiânica, com profecias apocalípticas e movimentos milenaristas.
A escatologia recebeu recentemente uma embalagem mais contemporânea, travestida de ambientalismo. Toda a tônica alarmista sobre o Aquecimento Global é apenas o Juizo Final colocado nas mãos da Natureza, que está agindo para purgar e purificar a humanidade de seus erros, após o qual haverá um retorno à uma Era Dourada utópica e ilusória quando a Natureza e o Homem coexistiam em harmonia.

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