domingo, 4 de maio de 2008

O racionalismo da bruxaria

Bruxas não são tolas, alienadas ou supersticiosas. Elas estão vivendo no século XX, não na Idade Média, e elas aceitam o fato sem reservas; se elas tendem a ter uma preferência de um sentido de continuidade histórica, e um amplo espectro de tempo, do que muitas pessoas, isto torna sua percepção do presente mais vívida, não menos. Muitas bruxas são cientistas ou técnicas, e em nossa experiência a maior parte é muito boa. Se a bruxaria moderna não tivesse um racionalismo coerente, tais pessoas não poderiam continuar com esse tipo de esquizofrenia deliberada, com nenhum reservatório para suas vidas particularmente felizes – e nós não vemos sinais disso.
A bruxaria moderna tem um racionalismo, e um bastante coerente. Isto pode surpreender alguns de nossos leitores, que sabe somente que bruxaria vem das entranhas. E realmente vem, tanto quanto motivação e operação vêm. A força operacional e o atrativo do Ofício desperta das emoções, intuições, o ‘profundamente vasto’ Inconsciente Coletivo. Seus Deuses e Deusas fazem suas formas dos vários Arquétipos os quais são as poderosas pedras fundamentais da psique racial humana.
Mas Consciência é humana, também. A consciência individual é comparativamente nova no cenário evolutivo deste planeta, e – ao menos tanto quanto animais terrestres estão preocupados – isto é um presente único do homo sapiens. Nenhum outro animal terreno manifestado fisicamente possui isto, acho que um ou dois dos mamíferos superiores parecem possuir seus primeiros estímulos embrionários. Sentimentalistas creditam aos seus animais favoritos a um grau quase humano, mas é pura projeção (e um engano da natureza da consciência) colorindo pelo fato que alguns padrões instintivos animais, reflexos condicionados e habilidade de aprendizado sobrepõe com padrões reconhecíveis com os humanos. Donos de animais de estimação poderiam entender e aprender pelas criaturas que eles amam mais se eles deixassem essa fantasia e visse (por exemplo) um gato como um gato, com a dignidade de sua natureza, e não como um humano peludo.
A consciência não é apenas um presente, é responsabilidade. Ela dá ao homem ‘domínio sobre o peixe do mar, e sobre o pássaro do ar, e sobre o rebanho, e sobre toda a terra, e sobre toda criatura rastejante que rasteja na terra’. Dominação neste sentido não significa o direito de explorá-los; significa que, uma vez que a complexidade humana torna-o, para melhor ou pior, o ápice da evolução da Terra, ele tem a maior responsabilidade (realmente, ele é a única espécie com responsabilidade consciente) entre toda Natureza manifestada. As bruxas estão especialmente alertas a isso; Wicca por não ser política, congrega eleitores e ativistas de vários matizes; mas todas as bruxas tendem a aderir ao mesmo ideal quando isso envolve assuntos do meio ambiente.
Mas a consciência pesa no homem com uma responsabilidade consigo mesmo, para sua raça, também. Ele precisa integrar o consciente com o inconsciente, o intelecto com a intuição, a cabeça com o coração, o cérebro com as entranhas. Se ele não fizer, o conflito irá paralisar ou mesmo destruí-lo, e possivelmente a Terra também; ele terá traído a confiança de seus ‘domínios’.
Então é uma incumbência das bruxas, cuja religião e Ofício flui das profundezas interiores, em ser realmente o Povo Sábio e mostrar que a Wicca satisfaz o intelecto igualmente também. Elas precisam demonstrar a elas mesmas e ao mundo que suas crenças concordam com a realidade e então não contém (por mais bela que seja sua aparência) as sementes da auto-aniquilação.
O racionalismo da Wicca é um campo filosófico no qual todo fenômeno, de química até clarividência, de logaritmos até amor, pode razoavelmente se encaixar. E uma vez que a Wicca é um movimento em grande expansão, ativo em um mundo real, ela precisa (sem perder ou fraquejar sua preocupação com a profundidade da psique) constantemente explicar, examinar, desenvolver e aperfeiçoar essa filosofia. O racionalismo da Wicca, como nós o vemos, repousa sobre dois princípios fundamentais: a Teoria dos Níveis, e a Teoria da Polaridade.
A Teoria dos Níveis mantém que a realidade existe e opera em vários planos (físico, etéreo, astral, mental, espiritual, para citar uma lista simplificada mas geralmente aceita); que cada um desses níveis tem suas próprias leis; e que este conjunto de leis, enquanto especiais para seus próprios níveis, são compatíveis uns com os outros, suas ressonâncias mútuas governando a interação entre os níveis.
A Teoria da Polaridade mantém que toda atividade, toda manifestação, cresce de (e é inconcebível sem) a interação de pares opostos e complementares – positivo e negativo, luz e treva, conteúdo e forma, macho e fêmea, e assim por diante; e que esta polaridade não é um conflito entre ‘bem’ e ‘mal’, mas uma tensão criativa como a entre os terminais positivos e negativos de uma bateria elétrica. Bem e mal apenas aparecem com a aplicação construtiva ou destrutiva dessa tensão da polaridade (novamente, como no uso de uma bateria).
A Teoria dos Níveis descreve a estrutura do universo; a Teoria da Polaridade descreve sua atividade; e estrutura e atividade são inseparáveis. Juntas, elas são o universo.Vamos examinar cada uma delas em detalhe.
A Teoria dos Níveis (mesmo se simplificado a matéria, mente, espírito e Deus) era mais ou menos tido com garantia até a poucos séculos atrás, quando a avalanche da Revolução Cientifica (e sua descendência ruim, a Revolução Industrial) realmente começou a mover-se. A Revolução Científica, embora exclusivamente preocupada com o nível físico da realidade, era necessária se muitas vezes temporariamente desorientada no estágio desenvolvimento humano; o tempo chegou a ele para entender e conquistar a matéria e suas leis.
O problema estava que ele fez isso tão brilhantemente, com tal inspiração e sucesso mental, que ele iludiu-se em pensar que a matéria era o único nível da realidade. Ele começou a acreditar que a mente era meramente um fenômeno, uma atividade eletroquímica do cérebro físico; e que o ‘espírito’ era uma fantasia, uma projeção simbólica da mentalidade humana ou mesmo conflitos glandulares e incertezas, ou no melhor de sua urgência por perfeição, a verdadeira chave para isto (assim acreditava) repousa no progresso material.
Alguém poderia pensar que as religiões organizadas poderiam avançar com uma correção significativa a tudo isso; mas de fato sua voz era dificilmente ouvida chorando no selvagem materialismo triunfante. Em todas as arenas ativas das idéias humanas, religião era relegada para os lados da ética ou caridade, ou para racionalizações morais das conseqüências da industrialização. Assim como na filosofia, a interpretação da realidade cósmica, estava uma preocupação, ela apenas podia lutar reagindo. Materialismo era a força atual dinâmica da época.
E ainda assim, para aqueles com olhos para ver, as descobertas da ciência eram cheias de pistas de uma verdade maior. Dentro de sue próprios limites, a ciência refletiu a Teoria dos Níveis. As leis de cada uma de suas disciplinas – matemática, física, química, biologia e assim por diante – eram diferentes, entretanto compatíveis. Um botânico, analisando a estrutura e metabolismo de uma folha, tem que conhecer e fazer uso das formulas da química e matemática e física tanto quanto da sua própria. Cada conjunto de leis da ciência tem sua própria característica e relevância; ainda assim todas interagem, e nenhum conjunto de leis estão em conflito mutuo. Quando elas parecem contradizer uma a outra, o cientista sabe que isso acontece porque eles ainda não as compreenderam perfeitamente, e imediatamente eles as estudam e revisam até que o aparente conflito esteja resolvido.Foi apenas em nosso tempo de vida que os cientistas mais sábios começaram, em uma escala significativa, em ter duvidas sobre a visão do universo do século XIX ser um mero (entretanto complexo) mecanismo físico.
Esta duvidas, também, são um desenvolvimento natural. Se alguém empurrar a investigação do plano físico aos seus limites, a verdadeira natureza dessas fronteiras nos traz face a face com áreas de interação com outros planos; alguém continua a questionar sobre a parede dos limites – e começa a aumentar a dificuldade de ignorar o que está além.
A fórmula de Einstein e=mc² e a sutil transcendental da física subatômica (na qual os cientistas se vêem usando palavras como ‘indeterminância’, ‘estranhamento’ e ‘fascínio’ como termos técnicos) são dois dos mais óbvios campos nos quais a visão mecanicista do universo fica muito tênue.
Até muito recentemente, era suicídio profissional para um cientista respeitável investigar o ‘paranormal’ (percepção extra-sensorial, telepatia, telecinésia, precognição e assim por diante) ou mesmo admitir que pode ter algo a investigar. Mas hoje, mesmo nos EUA viciado em dólares e na oficialmente materialista URSS, universidades e departamentos de defesa estão alocando um bom dinheiro e cérebros de primeira classe para tal pesquisa.
E indo ainda mais longe em sustentar a Teoria dos Níveis, Sir Bernard Lovell, o pai da radioastronomia, pôde dizer no augusto corpo da Associação Britânica pelo Avanço da Ciência: ‘nós temos iludido a nós mesmos que através da ciência nós podemos encontrar a única alameda para o verdadeiro entendimento sobre a natureza e o universo...a simples crença no progresso automático pela descoberta e aplicação científica é um mito trágico de nosso tempo; ciência é uma poderosa e vital atividade humana, mas estas confusões de pensamento e motivo estão descontrolados’.
Alguns dos ouvintes catedráticos de Sir Bernard provavelmente tomaram essas palavras como meramente uma chamada aos cientistas estarem alertas com a responsabilidade moral e ética com a comunidade – importante o suficiente em toda consciência. Mas as implicações filosóficas são mais profundas, com ao menos uma minoria deve ter entendido e sem dúvida deve ter concordado.
Ou a afirmação de Sir Bernard significa que os níveis não-físicos da realidade existem e devem ser considerados, ou então são vulgaridades vazias. Garantindo, enquanto se trabalham com as hipóteses, que a realidade é múltipla – quais são as implicações práticas?
Se as bruxas podem citar a Escritura Marxista para seus próprios propósitos (e nosso desejo de ver a humanidade realizar seu pleno potencial é tão forte quanto o dos Comunistas mesmo que nossos objetivos e métodos sejam diferentes deles), nós poderíamos citar a afirmação de Marx e Engels no Manifesto Comunista: ‘os filósofos apenas interpretaram o mundo de várias formas; o desafio, entretanto, é modificá-lo’, e no mais sucinto ditado de Lênin: ‘teoria sem prática é estéril, prática sem teoria é cega’.
As bruxas são pessoas práticas; filosofia para elas não é apenas um exercício intelectual – elas tem que por em prática em sua vida diária, e em seus trabalhos, se a filosofia tem algum significado. Semelhantemente, tanto quanto elas confiam no instinto, elas não apenas se apressam em resposta para suas sugestões sem alguma referência ou lógica – elas preferem entender o que elas estão fazendo, e porquê. Então na relação entre teoria e prática (se ao menos então) elas concordam com Lênin.
As bruxas sabem em teoria, e tem se satisfeito na prática, que existem pontos e áreas de interação entre os níveis; situações nas quais o plano mental age poderosamente no plano astral e afeta seus fenômenos – ou o espiritual no físico, e assim por diante. Cada plano está afetando ao outro todo o tempo; mas parece que pode ser chamado ponto de inter-ressonância onde este efeito é particularmente afetado e claramente definido para ser usado na prática.
Está na descoberta e entendimento desses pontos de inter-ressonância que constitui o grande acordo do qual as bruxas chamam ‘abrindo os níveis’; e é em sua exploração, em um trabalho construtivo, o que constitui o lado operacional do Ofício.
Para tornar isto claro, vamos dar um exemplo da ciência prática: digamos, televisão. Um evento envolvendo movimento e som acontece em um estúdio de televisão. Através dos equipamentos adequados, este evento é transformado em um evento em um plano diferente – o plano das vibrações eletro-magnéticas no qual os cientistas chamam de ‘éter’ (eles não usam o termo, porque o conhecimento mostrou ser uma excessiva simplificação; mas ainda é útil para ajudar ao leigo entender o que acontece).
Este evento no ‘éter’, enquanto ali, não é detectável pelos sentidos humanos. Nós não podemos ver ou ouvir, no ar ou passando através das paredes; mas está lá, real e coerente.
Em nossas salas, outro equipamento adequado toma esse evento ‘etéreo’ e o transforma, como por magia, de volta em um evento de movimento e som. Nós vemos e ouvimos uma reprodução notavelmente parecida do que está acontecendo no estúdio.
No momento da escrita, esta reprodução é meramente em duas dimensões de luz e sombra, cor e som mono; mas não há razoes técnicas (somente econômicas) porque isto não poderia ser em três dimensões e som estéreo. E no futuro, cientistas da televisão podem muito bem ser hábeis em nos oferecer cheiro, textura e sabor da mesma forma.
Os cientistas têm feito aqui, entre os sub-planos de sua própria realidade conhecida, exatamente o que as bruxas estão fazendo entre os planos maiores de suas realidades conhecidas: descobrindo e entendendo os pontos e as técnicas de inter-ressonância entre estes planos, e colocando seu conhecimento de forma prática. Em outras palavras, ‘abrindo os níveis’.
Nesse sentido, a televisão é magia; porque é exatamente isto que a magia é – nas palavras de Aleister Crowley, ‘a ciência e arte de causar mudanças para ocorrerem em conformidade com a Vontade’. Ele segue dizendo: ‘a Natureza é um fenômeno contínuo, acho que nós não sabemos em todos os casos como essas coisas estão conectadas’.
A descoberta dessas conexões é o objetivo do cientista (no plano físico) e da bruxa (em todos os planos). O uso dessas descobertas é ‘magia’. Magia não precisa quebrar as leis da Natureza; quando ela aparentemente o faz, é porque está obedecendo a leis que o observador ainda não compreendeu. Um cientista do século XVI, por exemplo, embora inteligente e bem informado, se ele pudesse ver televisão poderia muito bem ter chamado isso de sobrenatural.
Como nós dissemos, muito cientistas modernos estão começando a ficar alertas de (e alguns deles estão investigando) fenômenos que só podem ser explicados na hipótese que existem outros níveis de realidade além da matéria. Tentativas em explicar estes fenômenos nos termos de leis físicas ainda desconhecidas continuam colidindo sobre paradoxos recentes. Por exemplo, se a telepatia existe (e somente quem deseja ignorar as evidencias podem continuar a negar que ela existe) e é devido a algum tipo de radiação gerada pelo cérebro – porque todas as evidências mostram que isto não está sujeito à lei do quadrado inverso pelo qual todas as outras formas de radiação conhecidas pela ciência física estão governadas?
Alguém pode continuar em frente em pesquisas recentes em tais assuntos como telepatia, telecinésia, a influencia do pensamento no crescimento das plantas, a análise estatística dos tipos signos de nascimento zodiacais e assim por diante; mas este não é o lugar para fazê-lo. Para uma revisão superficial do assunto, nós recomendamos o livro ‘Supernatureza’ de Lyall Watson; e sobre telepatia em particular, o livro ‘Alcance Mental’ de Targ e Puthoff. Nós temos mais coisas a dizer sobre a Teoria dos Níveis nas próximas seções. Enquanto isso, vamos olhar de perto na Teoria da Polaridade. Esta teoria não é nova, igualmente; é muito comum a muitas filosofias, tanto religiosas como materialistas.
A armadilha na qual o monoteísmo caiu foi o de igualar a polaridade com bem versus mal. Eles reconhecem que a atividade do mundo em volta deles é gerado pela interação entre opostos; mas eles vêem esta interação somente como uma batalha entre Deus e Satan. Quando esta batalha termina com a vitória total de Deus na Ultima Trombeta, eles assumem que a atividade irá continuar – mas em que bases? Deixando de lado o coro da massa, e um excessivo uso do ouro na arquitetura, o prognostico é vago. Mesmo as inspiradas visões do Paraíso por poetas talentosos e visionários são realmente apenas descrições sem paixão de males contemporâneos que não existirão lá.
O exemplo mais citado, em Apocalipse XX! E XXII, exulta na Nova Jerusalém a ausência de lágrimas, morte, pesar, choro, dor, medo, descrença, abominação, homicídio, adúlteros, feiticeiros, idólatras, mentirosos, templos, portões fechados, noite, mar, maldições, velas, sol e lua. Mas a descrição positiva é puramente estática: cerca de 1500 milhas de largura, altura e profundidade (!) com paredes de 216 pés de altura, e fundações e portões feitos com pedras preciosas. A única menção de qualquer tipo de atividade ou movimento são dos virtuosos andando dentro dela (XXI:24), o rio da vida ‘prosseguindo’ (XXII:1), a arvore da vida atenciosamente frutificando todo mês (sem lua?) (XXII:2), e os servos de Deus o servindo (XXII:3). Verso após verso sobre males excluídos e sobre (para ser sincero, sem duvida simbólicas) dimensões e materiais, mas efetivamente nada a respeito do que acontece lá dentro.
Nosso ponto não está em rir da alta arquitetura de São João, nem mesmo de reclamar de sua abolição do sol, lua, mar, noite e velas, mas sugerir que sua descrição estática e negativa não é apenas seu estilo pessoal mas é intrínseco à visão não polarizada monoteísta. Sob a lei imutável de um Criador não polarizado, nada pode acontecer.
O Paraíso islâmico é muito mais interessante, se apenas porque Mohamed era sexualmente saudável e legou a seus seguidores nenhuma das inibições e neuroses das quais o misógino Paulo de Tarso impôs no Cristianismo. Então polaridade, em sua mais alegre forma humana, traz vida ao Paraíso muçulmano. Ao muçulmano, a mulher é inferior mas com a intenção por Alá de ser a doadora e receptora do prazer. Para o Cristianismo Paulino, a mulher não é somente inferior, ela é uma tentação ao pecado, e sua própria fraqueza moral se não pervertida (uma visão na qual a Igreja nunca se desembaraçou totalmente – acho que nós podemos achar nenhuma competência para isso nas palavras ou nos provérbios de Jesus). A visão dos muçulmanos, enquanto evidente inaceitavelmente chauvinista, dá boas vindas ao sexo no Paraíso; então no presente de ao menos um aspecto da polaridade, alguma coisa acontece por lá – e homem ou mulher, pode fazer algo pior.
O budista vai ao outro extremo; seu Nirvana é francamente estático, mas ao menos é consistente. Ele aspira a uma Existência pura, livre de polaridade e atividade, na imutável Mente Eterna; então ele não disfarça sua aspiração atrás de portões de perola, nem planta arvores frutíferas no Nirvana.
O Paraíso – seja coletivo, sexual ou imóvel – pode ser um longo caminho à frente para o crente individual; mas pelo estudo a sua visão dele, ele pode avaliar diretamente sua posição com a polaridade.
O Paraíso na Terra dos materialistas (onde mais eles poderiam colocar?) surge a partir da riqueza individual capitalista, desafia a morte, ruína e decadência o quanto for possível, para a sociedade igualitária comunista. Ambos reconhecem a polaridade ao menos na forma da luta de classes – o último apregoando, o primeiro praticando vigorosamente. Mas foi somente o Marxismo, por inteiro, que teve uma filosofia consistente da polaridade materialista.
Karl Marx não afirmou que seu Materialismo Dialético era original, ao menos em seu aspecto (atividade polarizada) dialético. Ele reconheceu sua divida com a dialética de Georg Hegel quem desenvolveu uma teoria elegante da ação da polaridade nos termos de Tese-Antítese-Síntese e a Interpenetração dos Opostos. Este sistema Marx tomou inteiramente. Mas Hegel era um idealista – o que no sentido filosófico significa não um filantropo ou sonhador otimista mas alguém que acreditava que a mente ou o espírito é a realidade básica, o qual a matéria apenas reflete; como oposto ao materialismo filosófico (como Marx) que vê a matéria como a base da realidade, com a mente e o espírito apenas a refletindo. Pela própria metáfora de Marx, a dialética de Hegel, em sua visão, estava em sua cabeça; e ele afirmou tê-la firmado em seus próprios pés. Então ele produziu o Materialismo Dialético, ou Marxismo – agora a filosofia oficial (e obrigatória) de cerca de um terço da população mundial.
Em termos estritamente filosóficos, as bruxas são idealistas; pois enquanto elas crêem que toda entidade ou objeto no plano físico tem sua contraparte em planos não-materiais, elas também acreditam que existem entidades reais nos planos invisíveis que não possuem formas físicas delas próprias. Para as bruxas, os planos invisíveis são a realidade fundamental, da qual a realidade material é uma de suas manifestações.
Mas rotular as bruxas como idealistas, embora correto, é talvez incompleto; talvez ‘pluralistas’ seria melhor. Porque a matéria é bem real para elas; elas estão amavelmente enraizadas na Natureza, o ‘Véu de Ísis’, vibrante com os tons de todos os níveis. A Natureza tangível é sagrada para elas. Eis o porque a Deusa delas tem dois principais aspectos. Ela é tanto a Mãe Terra, cuja fertilidade as sustenta e nutre durante a encarnação física, e a Rainha da Noite, ‘ela em cujo pó dos pés estão as hostes celestes, e cujo corpo engloba o universo’, de quem o símbolo mais vívido é a lua. A Mãe Terra é a soberana Natureza fisicamente manifestada, Isis Velada; a Deusa Lunar é a regente dos níveis invisíveis, Isis Desvelada; ainda assim, para as bruxas, ambas são uma e inseparáveis. Elas permanecem Uma, mesmo na complexidade dos níveis invisíveis é mais à frente simbolizado pelos aspectos cíclicos da Deusa Lunar como Dama, Mãe e Anciã – crescente, cheia e minguante. E em seu aspecto multiforme ela é movida e fertilizada por seu multiforme Consorte; para o Deus das bruxas, também, é simbolizado ao mesmo tempo pela figura de Pan, das florestas e montanhas e pelo sol ardente dos céus. A visão das bruxas de seus Deuses e Deusas expressam compreensivelmente suas crenças na realidade de todos os níveis, a matéria incluída.
Então as bruxas vêem falhas na visão dominante sobre os Níveis, e sobre a Polaridade, dessa forma:
A visão materialista (e, em particular, a Marxista) tem basicamente um conhecimento do atual trabalho da Teoria da Polaridade mas a distorce e empobrece por negar a Teoria dos Níveis.
A visão religiosa monoteísta aceita (de uma forma ou outra) a Teoria dos Níveis mas a distorce e empobrece por diminuir a teoria da Polaridade em um mero conflito entre Bem e Mal. Religiões politeístas e pagãs sempre aceitaram tanto a Teoria dos Níveis quanto a Teoria da Polaridade, sem distorcer mesmo para encaixar um conceito inadequado (ou mesmo negar) da outra. Somente temos que estudar os panteões do Egito, Grécia, Roma e Índia, com seus Deuses e Deusas criadores-destruidores, seus eternos ciclos de ser e cessar e recomeçar, suas Inter-relações dialéticas, para perceber o quanto ricas estas atitudes tem sido simbolizadas.
A filosofia wiccan está dentro desta tradição direta. Toda religião é original, mesmo quando é parte de uma herança maior. Wicca, como todas as demais religiões, tem suas próprias formas, suas próprias preocupações, sua própria atmosfera. E é um Oficio da mesma forma; para adotar as categorias de Margaret Murray, ela inclui tanto Bruxaria Ritual quanto Operacional.
Wicca inclui ritual, feitiço, clarividência, divinização, está profundamente envolvida em questões de ética, reencarnação, sexo, relação com a Natureza, psicologia e atitudes com outras religiões e caminhos ocultos.
Autores: Janet & Stewart Farrah
Obra: O Caminho das Bruxas
Tradução: Roberto Quintas
Nota: curiosamente esse texto que eu traduzi não estava neste blog mas encontrei em outro graças ao oráculo do Google. Eu fico feliz em ver que meus textos e traduções começam a receber alguma atenção.

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