quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

A importância dos mitos

O que deve ser entendido é que há sempre um mito, um exemplo capaz de justificar qualquer teoria e prática, e que não deve ser interpretado como curiosidade cientifica, mas sim como o reviver de uma mentalidade primordial.
O mito desempenha uma função indispensável: exprime, enaltece e codifica a crença, revela e impõe princípios morais, garante a eficácia dos rituais e oferece regras práticas para a orientação humana.
Os mitos tem cinco aspectos fundamentais:
a) constituem a história das ações de Entes Sobrenaturais;
b) colocam essa história como absolutamente verdadeira e sagrada;
c) dão sentido de criação para as coisas, como vieram a existir ou como foi estabelecida;
d) são uma revelação: conhecendo-os, conhecemos a origem das coisas e, com isso, podemos dominá-las e submetê-las à nossa vontade, sendo que esse conhecimento é vivido ritualmente, por narrativas ou repetição do mito em forma ritual;
e) os mitos são vividos por sermos tomados pelo poder sagrado que engrandece os acontecimentos rememorados e reatualizados.
Os mitos são essencialmente uma revelação e são desenvolvidos para sustentar a crença religiosa.
Os mitos não criam os Deuses, revelam-os, juntamente com seus desejos e vontades.
Os mitos justificam os ritos, são a garantia da validade dos gestos e dos atos numa revelação primordial.
Os ritos reatualizam os acontecimentos iniciais do mundo nas festas e celebrações.
Os mitos surgem a partir do momento em que lembranças começam a ser esquecidas. Eles surgem para recriarem o que está a ponto de perecer.
Os mitos não só explicam como procuram dar sentido às coisas realizadas. Muitas vezes esses mitos são apresentados em forma de cânticos, numa narrativa de acontecimentos primordiais que visam a possibilitar a vinda das divindades. A imitação dos gestos divinos na dança cria a possibilidade de uma comunhão divina. Por isso, esses cânticos são narrados de forma solene, em momentos especiais e por pessoas especiais, devidamente iniciadas para tais ocasiões. Mesmo simbólica, a linguagem dos mitos possibilita esse acesso. O cantar e o dançar imitando os gestos divinos integram o ser ao mito e este à divindade, em uma recriação do mundo e de toda a realidade que ocorre na celebração. A divindade, a natureza e o homem voltam a reencontrar-se.
Autor: José Beniste
Livro: "Mitos Yorubás"

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