sexta-feira, 13 de julho de 2007

O Deus de Chifres

Margareth Murray foi a autora q escreveu "O Deus das Bruxas" e foi uma das pessoas que ao longo do século XIX-XX escreveu livros com certa acuidade histórica sobre as religiões antigas da Europa antes do Cristianismo.
O nome mais comum atribuído ao Deus das bruxas é Cernunnos. Ele é um Deus da caça e também das feras; juntamente com sua Consorte divina, Arádia (também um nome comum à Deusa da Lua) ele garante a continuidade da vida e da fartura em nosso mundo.
Ele é o Sol que, em seu curso, repete a saga de Cernunnos em oito festas, os chamados Sabaths. Apesar dessa palavra ser igualmente usada pelos Judeus em seu descanso semanal, sabath pode ter se originado de Sabazius, um deus pagão de origem das culturas do Oriente Médio, de quem os Judeus fazem parte.
Em textos medievais ele também é chamado de Janicot, na Grécia foi chamado de Pan e Herne. Ele é também o Senhor dos Campos, responsável por abrir e preparar a terra para a sementeira e garantir a colheita. No momento da colheita, ele é o Rei Sagrado Sacrificado, os grãos, frutos e carne produzidos pelos fazendeiros.
Após seu sacrifício, ele se encaminha ao Submundo, tornando-se o Senhor da Morte. Nesse momento, a terra começa a ser coberta pelo frio, a escassez de alimentos aumenta e chega o Inverno.
Quando tudo parece que vai acabar, nós celebramos a Descida da Deusa, quando Aradia vendo a tristeza e fome de seu povo, segue até o Submundo para reclamar com o Deus das Sombras. Este mistério é celebrado em um belíssimo ritual onde se encena a Deusa tendo que se despir de todos os seus adornos e poderes para poder entrar no Mundo dos Mortos, o Mundo dos Ancestrais para falar com o Senhor da Morte.
Com a ausência da Deusa a terra fica mais fria e desolada, é o momento de celebrar Yule, o solstício de Inverno, onde deixamos todas as esperanças para que venha a aurora da Primavera novamente.
A Deusa e o Deus se encontram. O Deus se encanta com a beleza da Deusa e pede para que ela fique, mas ela não o ama e o questiona porque Ele tira a vida. Ele então revela que assim deve ser, é o Destino e a Fatalidade de tudo que existe, contra o que Ele nada pode fazer, mas concede repouso e paz aos que partiram. Ele pede novamente para que a Deusa fique e o ame, o que Ela recusa o que o faz então expô-la ao destino de todo aquele que entra no Submundo. A Deusa aceita e recebe a fria mão do Deus, sofre de dor e amor, sente o Mistério da própria existência. Só então Ela compreende e se apaixona pelo Deus, no que ele a reconsagra com cinco beijos, um sinal de que Ela passou pelo desafio de se compreender. Eles se unem, se amam e sua conjugação faz com que o Inverno se afaste, permitindo a chegada da Primavera, que acontece no momento em que ambos retornam ao Mundo Físico para serem novamente o Deus dos Campos e a Deusa das Plantações, recebendo a todos os seus filhos em seu casamento em Beltane, a Festa da Primavera, festa que é de júbilo pois a Criança da Promessa está no ventre da Deusa, como as sementes no veio da terra.
Assim, a Roda do Ano dá mais uma volta. Os Deuses vivem, crescem, morrem; renascem, encarnam e retornam. Mistério dos Mistérios, a Existência, em que é preciso morrer para novamente viver, pois para amar é necessário renascer entre os nosso, relembrar, reconhecer e amar mais uma vez.

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