domingo, 3 de novembro de 2024

Arriscando na diversidade

Em uma das muitas salas de reunião da Disney Company, executivos da Marvel e da Pixar conversam em busca de um projeto em comum.

- Nós precisamos de ideias novas.

- Não está bom, com a franquia Vingadores e outros personagens Marvel?

- Bom, bom, está. Mas os fãs querem mais. Está ficando tudo muito previsível, repetitivo.

- Mas o nosso público é mais infantil.

- No entanto, a ideia de vocês, a franquia das princesas, foi um enorme sucesso. Queremos algo assim na Marvel.

- Bom, você exploraram bastante a mitologia nórdica, não foi?

- Sim, nós nos apropriamos dessa rica mitologia.

- Que tal usar algo da mitologia hindu?

- Ah, não! Vão falar que viramos Bolliwood!

- Pensaram na mitologia sumeriana e babilônica?

- Quem sabe ou tem algum livro sobre essas mitologias?

Não tinham nem sabiam. Fizeram dois times e começaram a percorrer pelos corredores e salas da Disney Company, procurando por alguém que soubesse ou tivesse um livro falando sobre essas mitologias do Oriente Médio.
Em uma sala onde se reuniam redatores e ilustradores, acharam um grupo que estava tentando adaptar os animes de garotas mágicas para o padrão Disney. uma dessas roteiristas era wiccana (ou dizia ser) e sabia tudo sobre a mitologia sumeriana e babilônica.
Com a oferta de uma generosa promoção e aumento substancioso no salário, a garota, estagiária, forneceu assessoria aos executivos da Marvel e Pixar por uma série de filmes e animações com os Deuses da suméria e babilônia.

- Vamos ver se eu entendi. Os Annunaki são deuses que vieram do espaço?

- Sim, de acordo com a mitologia sumeriana e babilônia, eles que geraram o ser humano através de manipulação genética.

- Nossa, isso vai causar rebuliço com judeus, cristãos e muçulmanos.

- Enki pode ser considerado o pai da civilização?

- Ele drenou as águas onde tornou possível a criação das primeiras cidades.

- Nossa, isso vai causar rebuliço com gregos, italianos e ingleses.

- Eu gostei dessa Deusa. Inanna.

- Eu gostei de Ishtar. São a mesma pessoa?

- Existem controvérsias. Podem ser aspectos de uma mesma Deusa ou podem ser Deusas distintas.

- Espera. Ishtar não foi usada em um anime, Fate Grand Order?

- Foi, mas não foi uma adaptação aceitável.

- Nós falamos tanto em multiverso. Seria possível contactar com essas Deusas?

- Quereis falar conosco, mortais?

Um facho dourado surge do teto e de dentro dele sai duas figuras esplendorosas. Eram as Deusas Inanna e Ishtar.

- Oh, meu... Quando eu li sobre a mitologia nórdica, eu fiquei muito interessado por Freya. Mas essas Deusas...

- Sim, eu sei. São extremamente sensuais. Talvez demais para o público da Pixar.

- Talvez demais para o Multiverso Marvel. Até Thanos seria facilmente vencido por essas Deusas.

- Nós podemos restringir um pouco nossa excessiva sensualidade. Mas para vossos projetos, nós temos uma sugestão.

- Qual seria, Deusas?

- Tcharã! Venha, amiga!

Um facho vermelho veio do chão e de dentro dele surge uma mulher incrivelmente linda, alta, longos cabelos escuros e olhos cor de púrpura.

- Saudações, mortais. Eu sou a Primeira Mulher. Aquela que se rebelou contra os Elohim e a submissão humana. Aquela que muitos consideram, ou um demônio ou uma Deusa.

- Eu... não acredito... seria possível... Lilith?

- Sim, mortal. Eu vejo que eu não fui esquecida.

Os executivos ficaram com brilho nos olhos. Era perfeito. Drama, tragédia, traição, conspiração. Lilith tinha uma beleza fenomenal, um corpo magnífico e sabia se vestir com classe e elegância.
Um instante enquanto eu tento parar de babar.

Os executivos colocaram uma pequena e breve referência ao massacre do povo palestino. Uma referência crítica ao poderio e interferência militar dos EUA. Uma referência crítica apontando a responsabilidade da crise climática ao sistema capitalista.

Evidente que eu paguei pelo ingresso e fiquei na primeira fila. Com óculos 3D.

- Escriba... eu sei que me amas. Eu te disse diversas vezes que eu sei que existe, eu sei que escreveu sobre mim e eu tenho enorme carinho por você.

- Oh, amada musa... tem coisas que eu não posso escrever. Mas eu posso falar em teu ouvido...

(rindo)- Eu sei bem o que quer. Que se dane a audiência. Venha e vamos realizar o nosso ritual de sempre.

Prezado/a leitor/a, dá licença que eu tenho que me ausentar. Eu tenho um ventre a preencher com meu creme de nozes.

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