sexta-feira, 1 de novembro de 2024

A filosofia surrupiada

Um texto no Patheos, na seção Muslim, na coluna Islam Ahmadiyya.

Citando:

“Em uma época em que a crença em Deus parece estar diminuindo, com mais pessoas se voltando para o ateísmo ou agnosticismo, a história de Hadrat Mirza Bashiruddin Mahmud Ahmad (ra) oferece um exemplo convincente de investigação espiritual. Com apenas 11 anos de idade, ele embarcou em uma jornada profunda para responder às perguntas fundamentais: Deus existe? Muhammad (sa) é um verdadeiro profeta? O Messias Prometido (as) é genuíno?”

Refutando:

Quando um escritor que professa uma crença monoteísta fala de Deus, tal como o ateu (que ironia!), este de refere ao divino tal como está configurado nas religiões abraâmicas. Então eu sempre coloco a pergunta - qual Deus? Eu tenho muitos.
Outra coisa em comum que as religiões abraâmicas têm é a figura do profeta e do messias. Então eu sempre coloco a pergunta - por que esse Deus, sendo tão poderoso, precisaria de profetas ou messias?

Continuando:

“A busca por Deus não se limita à tradição islâmica. Sócrates, que é considerado um profeta enviado ao mundo ocidental com base na teologia muçulmana Ahmadiyya, deixou um tesouro de provas da existência de Deus. Um dos alunos de Sócrates, Aristóteles, descreveu as famosas “quatro causas”, que fornecem uma estrutura para entender a existência e o propósito.

1. Causa material: Os componentes físicos que compõem o corpo humano.

2. Causa formal: A forma ou estrutura do corpo humano.

3. Causa Eficiente: O processo de evolução que levou à nossa forma atual.

4. Causa Final: O propósito ou função da existência humana.”

Refutando:

Pouco sabemos sobre Sócrates. Aquilo que sabemos nos foi dito por Platão, um de seus discípulos. Aristóteles foi discípulo de Platão. A filosofia de Aristóteles sobre Deus faz parte da escola do neoplatonismo, de onde a teologia cristã se escora. Os cristãos, judeus e muçulmanos tem enorme facilidade de esquecer (omitir, esconder?) que o Deus que cultuam é completamente diferente do Deus neoplatônico.

Continuando:

“O Messias Prometido (as) enfatizou que cada palavra do Alcorão aponta para a existência de Deus. Ele aplicou as quatro causas de Aristóteles para explicar o propósito do Alcorão:

1. Causa material: O Alcorão é feito do conhecimento de Deus.

2. Causa formal: Esse conhecimento está na forma de um livro.

3. Causa Eficiente: Ao contrário de escrituras anteriores falhas, o Alcorão não contém dúvidas ou contradições.

4. Causa Final: Serve de orientação para os justos.”

Refutação:

Por que esse Deus, sendo tão poderoso, precisaria que alguém escrevesse suas palavras? O Corão, como os demais textos sagrados, tem o inconveniente de ser uma obra humana. Repleto de erros, contradições e absurdos. Se o Corão é uma revelação dada por Deus, por que existe a divisão entre sunitas e xiitas? Se o Corão é “justo”, por que, como os demais textos sagrados, condena os “infiéis” ao tormento eterno?

Conclusão:

Eu escrevi sobre a última realidade em algum lugar aqui. Eu não tenho certeza se foi na coluna Catholic ou Evangelical que um cristão usou o mesmo conceito de Aristóteles sobre Deus. Só tem um problema. O Deus de Aristóteles não é o Deus Cristão, ou o Deus Judeu, ou o Deus muçulmano. E isso deve incomodar, pois toda a teologia das religiões abraâmicas deve muito ao neoplatonismo.

A Summa Teológica foi devidamente refutada.
Especialistas provaram que a Bíblia (e a Torah) é repleta de interpolações, adulterações, traduções mal feitas e inúmeras contradições.
O Corão não é diferente.

Não foi dessa vez. Melhor sorte na próxima.

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