Lilith, a primeira mulher, havia desafiado a ordem divina. Recusando-se a ser submissa a Adão, ela havia voado do Jardim do Éden, suas asas recém-descobertas a impulsionando para um mundo desconhecido. Vagou por terras áridas e florestas exuberantes, buscando um lugar onde pudesse ser livre.
Em uma noite estrelada, ao lado de um lago cristalino, Lilith se deitou para descansar. A lua, em seu esplendor, iluminava uma figura feminina que se aproximava. Era Inanna, a deusa suméria do amor, da guerra e da fertilidade. Seus olhos cintilantes, como estrelas, penetraram a alma de Lilith.
– Quem é você, criatura da noite? – indagou Inanna, sua voz melodiosa ecoando no silêncio da noite.
Lilith, tímida, contou sua história. Inanna ouviu com atenção, fascinada pela coragem daquela que ousara desafiar os céus.
– Você é livre, Lilith. Mas a liberdade tem um preço. – Inanna sorriu enigmaticamente. – Você precisa aprender a sobreviver neste mundo.
E assim, Lilith tornou-se aia de Inanna. Aprendeu os segredos da magia, da sedução e da guerra. A deusa a ensinou a dominar seus poderes, a controlar suas emoções e a navegar pelas complexidades do mundo divino.
Com o tempo, um sentimento profundo nasceu entre elas. A admiração inicial de Inanna por Lilith se transformou em afeto, e o respeito de Lilith por Inanna em amor. Elas se entregaram a uma paixão intensa, vivendo uma relação proibida e avassaladora.
Em uma de suas viagens, Lilith e Inanna encontraram Ishtar, a deusa babilônica do amor, da fertilidade e da guerra, equivalente a Inanna. Ishtar, com sua beleza exuberante e personalidade forte, atraiu Lilith imediatamente. As três deusas, unidas por laços profundos, passaram a viver juntas, explorando os prazeres da vida e os mistérios do universo.
Lilith, que antes se sentia sozinha e perdida, encontrou em Inanna e Ishtar uma família, um lar. Ela aprendeu que Yahweh não era o único Deus, que existiam outras divindades, cada uma com sua própria visão do mundo. A convivência com as deusas a fez questionar tudo o que havia aprendido sobre o paraíso e o pecado.
Lilith, a exilada do Jardim do Éden, tornou-se uma figura poderosa e respeitada no panteão divino. Ela era mais do que apenas a amante de Inanna e Ishtar; era uma guerreira, uma maga e uma amante apaixonada. Sua história, contada em sussurros e canções, inspirou gerações de mulheres a buscarem sua própria liberdade e a desafiar as convenções.
E assim, Lilith, a primeira mulher, encontrou seu lugar no mundo, não como uma pecadora, mas como uma deusa, vivendo em um eterno verão ao lado das mulheres que amava.
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