O serviço é sujo mas alguém tem que fazer.
Sullivan, nativo de um dos planetas da constelação de Cetus tem um cartaz com esse ditado.
Um longo caminho, de seu tempo como cadete até capitão de piratas espaciais.
Do lado oposto do cartaz, tem uma foto do capitão Kirk cravado com dardos.
Sullivan e Kirk cursaram o mesmo ano na Escola de Cadetes.
Kirk graduou. Sullivan tem sorte de ter sobrevivido.
O instrutor e o diretor tiveram muito trabalho para encobrir esse trágico desastre da Academia da Frota Estrelar, mas Sullivan lembra.
Era para ser apenas um exercício prático. As coordenadas estavam marcadas nas espaçonaves de treino. Os protocolos das inteligências artificiais garantiam que os cadetes seguissem com o plano de voo.
Mas Kirk resolveu improvisar. Estava chato demais. Previsível demais. Isso não era "educativo" para ele. Ele queria chegar a almirante e não via muito futuro nesse método de ensino.
Ele contou com a cooperação de seus dois melhores amigos e cúmplices. Kowalski e Spock. As coordenadas foram alteradas. O plano de voo foi aumentado. Os protocolos das inteligências artificiais foram suprimidos.
As espaçonaves de treino passaram próximas demais de um campo de asteróides. Ao menos duas foram atingidas.
A presença e atividade foi detectada por Romulanos e Klingons. Muitas espaçonaves tiveram que fugir e tentar escapar dessa perseguição. Enquanto Kirk sumia com alguns poucos mais afortunados, protegidos por uma nau capitânia, Sullivan salvou os demais.
Com poucas mortes e perdas. Sullivan conseguiu levar as naves de treino restantes, mesmo danificadas e com risco de explosão, a um porto neutro e seguro.
Ali Sullivan prometera a si mesmo que iria se vingar. Ali ele também foi proscrito. Pessoas influentes e poderosas, que tinham investido muito na carreira de Kirk, não poderia deixar que Sullivan voltasse para a Academia da Frota Estrelar.
Ele teria que achar outra forma, outro caminho, para ser um capitão de uma espaçonave. Achou entre os piratas espaciais.
Sullivan serviu por muitos anos, em diversas espaçonaves, para diversas tripulações, debaixo de diversos capitães.
Até conseguir juntar dinheiro para sua primeira espaçonave. Escolheu uma de classe D, discreta, esguia, desprovida de acessórios, mas com um excelente propulsor. Batizou-a de Dag Gadol.
A parte fácil ficou em instalar armamentos. A parte difícil foi arregimentar a tripulação. Isso não é algo que é anunciado em classificado de empregos. Fiel ao meio que escolheu, Sullivan buscou no Mercado Negro seus tripulantes.
Um indivíduo de Aracne. Tipo louva-deus. Assassino impiedoso. Deve rezar a algum Deus da morte.
Uma fêmea de URSSAL. Fugitiva da prisão política. Miliciana. Armas, bombas e guerras são a paixão dela.
Um grupo de piranhas netunianas. Machos e fêmeas. Desde que possam morder e beber sangue, topam qualquer coisa.
Criaturas diversas, de origens incógnitas, difíceis de serem descritas nos padrões da taxionomia. Excelente para cumprirem ordens sem perguntas.
-Senhores e senhoras! Nós vamos para Vegas (a estrela, não a cidade) e vamos literalmente estourar a banca.
(Aplausos, urros, assovios)
-Normalmente basta entrar, atirar e levar a grana. Mas nós podemos pegar muito mais se agirmos como sagacidade.
(Protestos, várias)
-Eu sei que todos estão com vontade de dar tiros, matar alguns guardas e pegar a grana. Eu selecionei um grupo. Por favor, confiem em seu capitão.
(A tripulação fica murmurando, como se esperasse algo)
-Arth, eu posso contar com seu apoio?
-Sempre, capitão.
-SayMore?
-Prontinho para realizar qualquer desejo seu, capitão.
Sullivan lista outros nomes. A parte difícil foi convencer a usar roupas elegantes. A ideia era se misturar com os frequentadores. Com Arthur fazendo a segurança e SayMore fazendo a parte de invadir o sistema, puderam levar vinte vezes mais do que pelo método de entrar e arrebentar.
Com o sucesso e a partilha, Sullivan concedeu licença aos tripulantes para que pudessem desfrutar do botim.
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