terça-feira, 14 de maio de 2024

Folha quer bolsonarismo moderado

Quem teve o mínimo de estudo de história e teoria política deve ter lido sobre a Ditadura Civil Militar e a colaboração da Folha de São Paulo.

Então eu não estranhei quando a Folha emitiu um editorial elogiando o Inominável.
Então não se pode estranhar que um colunista defenda o bolsonarismo moderado.

Mesmo assim eu vou citar algumas matérias do DCM.
Citando:

Na noite do dia 29 de abril, o colunista Joel Pinheiro da Fonseca publicou no site da Folha de São Paulo um texto clamando para que a direita liberal no Brasil abra espaço para o que intitulou como “bolsonarismo moderado”, o qual é descrito pelo colunista como apoiadores do ex-presidente e seu programa de extrema-direita, mas que respeitariam a “democracia”.

O mito da “infabilidade democrática do liberalismo” é o que impede Joel Pinheiro da Fonseca e todo o establishment liberal mundial de chamar o fascismo pelo nome. Recorrem-se a mil e uma nomenclaturas: “populista de direita”, “ultraliberal”, “direita radical”, “extremista”, etc. Admitir que o fascismo está entre nós e que pode ascender ao poder por meio da própria institucionalidade vigente é quebrar o binômio liberalismo-democracia em que a devastação neoliberal dos últimos cinquenta anos se alicerça retoricamente. E para manter essa base econômica que alimenta o lucro dos 1% sobre a exploração dos 99% vale tudo, inclusive abrir os braços para o “fascismo moderado”. Uma versão atualizada do que as “democracias ocidentais” fizeram por meio da “política do apaziguamento” com Hitler e Mussolini nos anos 1920 e 1930 para que combatessem o “perigo vermelho”, seu inimigo em comum.

Para os liberais-colonialistas da classe proprietária brasileira, e a fração conservadora da classe média que a serve, inclusive nas colunas da imprensa empresarial, o “bolsonarismo moderado” é necessário, porque o autoritarismo é a sua prática política em toda nossa história. Parecem esquecer que já tentaram “moderar” Bolsonaro em 2018, quando foi a aposta bem-sucedida para evitar a vitória de Lula e do PT. Setecentos mil mortos na pandemia e algumas tentativas de golpe – das quais o 8 de janeiro foi apenas a mais explícita -, os fizeram mudar de ideia momentaneamente. Inelegível Bolsonaro, passam à criação de um novo mito, o do “bolsonarismo moderado”, que, apesar de bradar todos os dias contra o STF e de nunca terem reconhecido o ex-capitão como líder de um golpe de Estado, seriam passíveis de enquadramento nas “normas democráticas”.

Ao citar movimentos “extremistas” de outros países, o IRA da Irlanda e as FARC da Colômbia, o colunista novamente recorre a um lugar comum do pensamento liberal: a falsificação da história, igualando a violência dos oprimidos com a dos opressores. Tanto o IRA quanto as FARC surgiram justamente pela falta de democracia, não contra ela. O Exército Republicano Irlandês existiu porque ingleses sempre trataram irlandeses como subumanos, a ponto de teóricos críticos apontarem a Irlanda como ensaio do processo de colonização escravocrata no qual o capitalismo mundial – e principalmente a Revolução Industrial inglesa – se alicerçou. Chamar a Colômbia de "democracia” só pode ser piada de mau gosto. Um dos países mais violentos do mundo, controlado pelo narcotráfico, onde ser membro de um partido político ou movimento social equivale a pintar um alvo em suas costas. Movimentos guerrilheiros, armados e insurgentes, “extremistas” no linguajar da direita “limpinha”, não nascem do nada. São justamente reações à falta de espaços políticos democráticos que deixam a violência como único recurso para os explorados e oprimidos. Não lutam pela “democracia”. Lutam pela sua sobrevivência porque a alternativa é o extermínio.

(https://www.diariodocentrodomundo.com.br/joel-pinheiro-da-fonseca-folha-de-s-paulo-e-os-liberais-amantes-do-fascismo-moderado/)

Há um problema conceitual aqui sobre o que significa BOLSONARISMO. BOLSONARISMO não é sinônimo de DIREITA. Direita é um gênero, bolsonarista é a espécie. Uma ESPÉCIE de direita, radical e/ou extremista, antissistêmica e golpista, favorável à ditadura e à tortura. Então, quem defende a existência de “bolsonaristas moderados” e a conveniência de abrir diálogo com eles está equivocado, porque não existe bolsonarista moderado, e nenhum deles está aberto a conversa nenhuma.

Mas o sujeito por definição não pode ser “bolsonarista” no sentido forte, porque não é radical. Um político como este não é um “bolsonarista moderado”, mas de um conservador moderado que reclama a etiqueta de bolsonarista por razões utilitárias.

Um político pode se dizer bolsonarista sem sê-lo por razões pragmáticas, eleitorais. Mas um analista rigoroso não pode cometer esses escorregões. Ate porque, incorrendo na confusão entre gênero e espécies de direita, o analista cai involuntariamente no próprio jogo do radicalismo, que é generalizar a qualidade de “bolsonarista” a todos os conservadores.

Todos sabemos que, para o bolsonarismo, ou você é bolsonarista, ou não é “verdadeiramente” conservador. Os conservadores moderados estão o tempo inteiro sob pressão para aderirem sob pena de serem jogados na vala comum de melancias, comunistas infiltrados, etc. E assim vamos “normalizando” a expressão “bolsonarista” para tornar o radicalismo antidemocrático mais palatável e, com ele, agendas voltadas para anistia e outras de erosão óbvia do sistema.

Em suma: não existe bolsonarismo moderado. Há direita moderada. E é atrás dela que se deve ir, evitando sua captura pelos extremistas- ou seja, pelos bolsonaristas.

(https://www.diariodocentrodomundo.com.br/por-que-e-errado-falar-em-bolsonarismo-moderado-por-christian-lynch/)

Nota: o Inominável, diante da "tragédia" no Rio Grande do Sul, soltou a pérola:

"A problematização do clima realizada pela organização é pura desinformação como meio para atingir um fim.

Tudo orquestrado pelos gigantes que exigem dos outros o que não cumprem. Ou seja, inviabilizam o desenvolvimento de países com potencial garantindo aos líderes destas repúblicas a sua manutenção no poder sob o custo de escravizar ainda mais seu próprio povo.

No final quem paga por tudo isso é o contribuinte, com aumento de impostos, desemprego e mais dependência ainda do estado. Feito!"

E seus seguidores, no estilo bem conhecido desde 2018, ao invés de ajudar, disseminaram fake news sobre a "tragédia" no Rio Grande do Sul.

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