sexta-feira, 8 de março de 2024

O minotauro brasileiro

a mitologia minotáurica tem sua versão brazuca.

cordelistas nacionais contam que essa horrenda criatura - metade homem, metade gado -, está aprisionada em um labirinto que ela própria construiu.

já aí nota-se a diferença entre o nosso mito e o mito grego.

o nosso nasce, e nisso concordam todos os cordelistas que consultei, da cruza entre os militares e a midiazona.

leio em um cordel que durante a ditadura militar, a mídia nacional se apaixonou pelos milicos e, durante anos, trocaram afagos e afetos. 

a turma de farda, como sabemos, são como as vacas indianas, intocáveis.

porém, não são incomíveis, desde que o comer seja metafórico e para fins reprodutivos.

foi nessa toada que os barões da mídia se meteram nessa zoófila parafilia.

como resultado, nasceu, do ventre dessa vaca sagrada, o nosso minotauro verde amarelo.

e, assim, a vaca foi pro brejo.

ainda bezerro, mino foi embalado no regaço da bela luciana gimenes, que ficou encarregada de amamentá-lo.

coube aos intrépidos e brincantes cqc e pânico na tevê o papel de entreter o bichinho.

foi ali que a pequena criatura deu seus primeiros mugidos.

quando se tornou garrote, abriram a porteira e o deixaram livre para dar coices e pinotes no ratinho, no jornal nacional e nos jornais de enrolar peixe.

os chifres começaram a brotar, ainda segundo os cordéis, quando mino se aproximou de valdemar da costa neto que, perto do nosso fagueiro garrotinho, já era um bípede búfalo bufante e parrudo.

mas não é só o chifre que dignifica um minotauro.

enquanto lhe crescia a galhada, o danado passou a encorpar.

sua ração era um mix de viagra, farofa de frango e leite condensado.

nutrido por essa estranha farinata, em pouco tempo mino taurificou-se e tornou-se líder de um grande rebanho.

chegou mesmo liderar uma espécie híbrida, chamada motoboi, que são uns centauros cornificados, cujas patas parecem rodas.

sabe-se que o nosso mitológico vacum, tal qual o seu homônimo grego, alimenta-se, também, de pessoas vivas.

foi ele mesmo quem mugiu, certa vez, que usava verba pública pra comer gente.

o primeiro que ele comeu foi o major olímpio; em seguida, mastigou bebiano, depois devorou frota, mais adiante papou joice.

aí veio a pandemia do coronga e percebeu-se que o danado tinha uma fome insaciável. 

passou, inclusive, a ingerir pix, joias e imóveis.

a dieta descuidada lhe provoca refluxos, prisões de ventre e bucho quebrado.

por anos, mino pastou pelo gramado da esplanada, livre, leve e solto.

passou a fazer na vida pública o que fazia na privada.

cagando e andando, como se diz na linguagem bovina, indiferente a tudo e a todos.

até que um dia, do nada, surgiu um teseu: careca, espada em punho e com uma capa preta nas costas.

o tesão de teseu é churrasquear o minotauro.

usando a constituição como um fio de ariadne e conheceddor da heráldica arquitetura de dédalo, o piroca adentrou, corajosamente, o sinistro e obscuro labirinto.

lá encontrou diversas carcaças pelo caminho: ligações miliciosas, falso cartão de vacinação, minuta de golpe, abin paralela, gabinete do ódio, falcatruas com joias, pegadas de lavagem de grana e formação de quadrilha...

uma infinidade de cacarecos.

o diabo se vê, agora, encurralado.

em breve, o nosso estranho minotauro será recolhido a um curral federal, com porteira de ferro.

sua despedida do mundo livre será em cima de um trio elétrico, ao lado de malafaia, o bezerro de ouro.

por ter conseguido entrar na mente do minotauro, o nosso teseu trocará a toga pelo manto de arthur bispo do rosário.

e, por essa brava tauromaquia, entrará para o anedotário popular como o senhor dos labirintos.

palavra da salvação.

Fonte: https://www.brasil247.com/blog/o-minotauro-verde-amarelo

Nota: mantido conforme o original.

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