segunda-feira, 11 de setembro de 2023

O bastão para o cego

Eu achei um texto de Adam Lee que afirma que Deus é um porrete.

Adam Lee diz:
"É por isso que defendo que, embora existam pessoas boas que são religiosas, não é a sua religião que as torna melhores. Você nunca precisa que Deus justifique por que você deveria ser mais gentil com seus semelhantes. Você nunca precisa de um livro sagrado ou de um sacerdócio para explicar por que deveria ser justo, por que deveria ser compassivo, por que deveria ser empático. Tudo o que precisamos para fundamentar a moralidade é o simples princípio da reciprocidade, cujo sentido até uma criança pode perceber.

Por outro lado, você precisa que Deus justifique por que você deveria tratar os outros pior . A crença em Deus é como um lençol que você pode jogar sobre todos os tipos de atrocidades para cobri-las com um disfarce de santidade. Oferece justificativas ilimitadas para a crueldade: é para o bem final da vítima na vida após a morte; é um castigo merecido pelo pecado, e todos são pecadores; e por último mas não menos importante, porque Deus disse isso, e Deus é inefável e sua vontade não pode ser questionada.

É por isso que digo que Deus é um bastão que as pessoas usam para bater nos outros. Deus é o porrete que garante que a moralidade não precisa de razão, nem de lógica, nem de coração. Afirmar que Deus está do lado do poder dominante confere um manto de autoridade sobrenatural que sustenta as suas leis, por mais desumanas ou mal concebidas que sejam."

O ateu tem o péssimo hábito de reduzir a religião ao Cristianismo, o conceito dele de Deus é o cristão. Sim, a história do Cristianismo mostra que coisas horríveis foram feitas em nome de Deus. Eu estendo essa violência às outras formas da religião abraãmica e ao monoteísmo. Mas esta é uma alegação feita pelos homens, os Deuses não deram ordem alguma para quem quer que seja fazer algo. Em um sentido teológico (pagão) tudo que existe procede da vontade dos Deuses.
Nós podemos achar errado, injusto, absurdo, mas os Deuses seguem leis universais, não leis humanas, limitadas, falíveis e dúbias.
Por definição, o ateu não acredita na existência de Deus, então é um paradoxo e uma contradição culpar Deus pela dor e sofrimento inerente ao existir ou culpar pelos atos cometidos por homens alegando estarem agindo em nome de Deus.
O ateu sustenta sua descrença nos Deuses por que não há evidência. Ora, a moral (e a reciprocidade faz parte de nossos valores morais) também não tem evidência de existência, então eu pergunto ao ateu por que acredita na moral. Até agora, não teve um ateu (padre/pastor) que tenha conseguido responder minhas perguntas.
Adam esquece que todos os nossos valores morais (assim como a linguagem, as leis, a arte e a ciência) vieram dos povos antigos, todos religiosos. E a nossa história mostra que esses valores nem sempre são observados, nós encontramos (inventamos) justificativas para nossas ações mesquinhas e egoístas.
Por exemplo, um pedaço de pau pode ser um porrete para bater e quebrar, mas pode ser o bastão que conduz o cego. O problema não está na ferramenta, mas no ferramenteiro.
Nossa espécie caminha para a extinção por nossas mãos. A natureza vai permanecer. Enquanto a Terra não for engolida pelo Sol.
Foi o sentimento religioso, a expectativa de sermos tratados pelos Deuses como tratamos nossos semelhantes, que nós aperfeiçoamos nossa moral. Não foi pela ciência. Não foi pelo Humanismo. Não foi pela Razão.
Somente o divino (que existe dentro de nós) pode nos tornar melhor do que somos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário