sábado, 19 de agosto de 2023

O cultivo do pânico moral

Eu visito o blog do Thoth, recheado de teorias da conspiração e delírios relacionados à "religião dos ovnis".
Foi ali que eu li uma matéria, típica de páginas ligadas ao conservadorismo, ao fundamentalismo cristão e à extrema direita. Eu costumo dizer que não é mera coincidência dessa gente ter tanta coisa em comum e que é redundância associar esses grupos.
A matéria é sobre o filme The Sound of Freedom e "por acaso" eu encontrei notícias que mostram aquilo que quem costuma lucrar com o pânico moral não querem mostrar.
Citando:

Aclamado pelo público e criticado por boa parte da imprensa internacional, o filme Sound Of Freedom (Som da Liberdade), da produtora cristã Angel Studios, tem causado muita polêmica desde a sua estreia nos Estados Unidos, no dia 4 de julho, feriado do Dia da Independência. O debate gira em torno do longa ser inverossímil e até mesmo fazer referência à QAnon, uma teoria da conspiração criada pela extrema-direita no país.

A obra é protagonizada por Jim Caviezel, do também controverso A Paixão de Cristo, e, de acordo com a produtora, foi baseado em histórias reais vividas por Tim Ballard, um ex-agente especial do Departamento de Segurança Interna do governo dos Estados Unidos. Ele teria comandado, em 2013, uma operação a fim de resgatar crianças de traficantes que comandavam uma rede de exploração sexual na Colômbia.

Uma das polêmicas, no entanto, começa justamente quando se fala na veracidade do filme. Isso porque Tim é conhecido nos Estados Unidos por ter fundado a OUR (Operation Underground Railroad), uma organização anti-tráfico de pessoas a qual ele atribuiu o resgate de várias vítimas. Acontece que tais informações já foram questionadas pela imprensa estadunidense, que afirma que não há provas suficientes para comprová-las.

(https://canaltech.com.br/amp/cinema/sound-of-freedom-conheca-o-filme-cristao-que-virou-alvo-de-polemica-258012/)

O diretor Alejandro Monteverde declarou que a ideia do filme veio a ele como um "chamado". Ele disse ter escrito o roteiro em 2017, depois assistir a um noticiário noturno que falava sobre tráfico de crianças. “Eu assisti e não consegui dormir. Eu sabia sobre o tráfico humano. Eu só não sabia sobre o tráfico de crianças para exploração sexual", contou para a revista Vanity Fair.

No dia seguinte, Monteverde contatou o roteirista Rod Barr. Juntos, eles criaram um roteiro fictício baseado na história de um homem rico que descobre um comércio clandestino de crianças exploradas sexualmente, e que começa a comprar essas crianças de volta. Só que, no meio do caminho para um novo filme, um produtor perguntou se Monteverde já tinha ouvido falar de Tim Ballard, um ex-agente de segurança que fundou a Operation Underground Railroad (OUR), para resgatar crianças traficadas.

Entretanto, o trabalho de Jim Ballard na Operation Underground Railroad não ficou imune a críticas e polêmicas. Há uma acusação permanente sobre a falta de transparência na organização, não deixando claro como a OUR é sustentada e quais são os interesses por trás dela.

Em 2020, dois jornalistas da Vice começaram a investigar a OUR e Tim Ballard. Eles denunciaram que a organização faria uma exploração midiática dos sobreviventes. Em suas palavras, a OUR seguiria "um padrão de polimento de imagem e construção de uma mitologia baseada em exageros que, no fim das contas, são bem enganosos". Em seguida, os jornalistas alegaram que as missões seriam "desastradas - boa parte delas realizadas por agentes imobiliários e doadores ricos que estariam mais interessados em criar vídeos emocionantes com as vítimas".

(https://www.tecmundo.com.br/minha-serie/267235-sound-of-freedom-conheca-historia-real-tras-polemico-filme.htm)

Não é novidade que o conservadorismo, o fundamentalismo cristão e a extrema direita fazem uso da mídia para disseminar desinformação e cultivar o pânico moral.
Tem um ditado (não muito conhecido) que diz que papel aceita tudo. Vídeo é pior, pois pode ser editado e falseado. Mas a pessoa média acredita que um vídeo conta uma verdade. Só que não. Fica a dica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário