Antes da unificação do Egito, existiam duas regiões: o Baixo e o Alto Egito. Essas regiões eram formadas por nomos, que nada mais eram que divisões de governo. Cada nomo possuía sua divindade principal e cultuava milhares de deuses, tinha seus líderes, seus templos, seus sacerdotes e era muito organizado.
(https://antigoegito.org/baixo-e-alto-egito/)
A unificação do Egito foi um trabalho intenso de pacificação entre os dois lados. Narmer e os Faraós seguintes casaram-se com princesas do Baixo Egito a fim de mostrar união entre os lados. A ideia não era demonstrar superioridade, e sim mostrar que a unificação fortaleceria o Egito.
Mesmo com o esforço de alguns para tentar soluções pacíficas, outros fizeram frente às regiões. Peribsen, Faraó da 2ª dinastia, na tentativa de acabar com a rivalidade entre o Alto e o Baixo Egito ou almejando mostrar o poder do Alto Egito (há muitas divergências sobre a real finalidade), escolheu o Deus Seth ao invés de Hórus e nas representações de seu nome usava o animal associado a Seth (deus do Alto Egito), abolindo totalmente o até então principal deus, Hórus. Vale ressaltar que Hórus, mesmo sendo o deus do Baixo Egito, foi escolhido por Narmer como divindade, muito provavelmente a fim de mostrar que realmente a unificação seria uma união entre os lados.
O Faraó Khasekhemui foi o sucessor de Peribsen e pouco se sabe sobre a sua vida, mas foi o único faraó da história a ter os dois deuses, Hórus e Seth, em seu Serekh, sendo essa mais uma tentativa de mostrar ao povo a ideia de unificação. Depois da morte de Khasekhemui, o Deus Seth foi retirado de seus Serekhs, passando Hórus a ser novamente a divindade principal. Seth, de modo geral, começava a ser visto como um deus maligno, sendo associado às inúmeras mortes necessárias para a unificação.
(https://antigoegito.org/a-unificacao-do-egito/)
Ísis era uma deusa que estava presente na religiosidade dos egípcios na Antiguidade e que ao longo dos anos se tornou uma das divindades mais populares desse povo, sendo associada de alguma forma a todos os outros deuses egípcios e considerada a mãe de todos os faraós, tendo, portanto, uma forte relação com o trono egípcio.
A relação de Ísis com o trono e com os faraós é reforçada de diversas maneiras. O nome pelo qual os egípcios a conheciam — Eset — é traduzido como assento, em referência ao termo “trono”.
Na mitologia egípcia, Ísis é filha de Geb e Nut, sendo irmã dos seguintes deuses: Osíris, Set, Néftis e Hórus (conhecida como outra forma do deus Hórus). Ísis era casada com Osíris e, como mencionado, eles são considerados os primeiros governantes da Terra de acordo com os mitos egípcios. A relação de Ísis e Osíris é tema de um dos mitos mais famosos da mitologia egípcia.
A religiosidade egípcia em geral, junto do culto a Ísis, se associou fortemente aos gregos durante o Período Helenístico e a colonização do Egito. Esse processo se iniciou com a conquista do Egito por Alexandre, o Grande, durante o século IV a.C. O culto a Ísis foi associado ao da deusa grega Deméter, deusa da agricultura.
Essa associação foi feita porque a busca de Ísis por Osíris no mito que mencionamos nesse texto se relacionou com a busca de Deméter por sua filha, Perséfone, quando esta foi raptada por Hades. Acreditava-se que o culto a ambas as deusas garantia uma boa vida após a morte. Além disso, tratava-se de rituais marcados por serem exclusivos aos iniciados.
(https://www.preparaenem.com/historia/isis.htm)
Depois do século XII a.C., o Egito foi sucessivamente invadido por diversos povos. Em 670 a.C., os assírios conquistaram o Egito, dominando-o por oito anos. Após libertar-se dos assírios, o Egito começou uma fase de recuperação econômica e brilho cultural conhecida com renascença saíta. Essa fase recebeu esse nome porque a recuperação egípcia foi impulsionada pelos soberanos da cidade de Sais. A prosperidade, porém, durou pouco. Em 525 a.C., os persas conquistaram o Egito. Quase dois séculos depois vieram os macedônicos, comandados por Alexandre Magno, e derrotaram os persas. Finalmente, retirando Cleópata do trono de faraó, o Egito foi dominado pelos romanos, que governaram por 600 anos, até a conquista Árabe.
(https://m.historiadomundo.com.br/amp/egipcia/decadencia-do-egito.htm)
A egitomania foi uma onda de interesse a respeito do Antigo Egito durante o século XIX e início do século XX, como resultado da campanha egípcia de Napoleão Bonaparte (1798–1801) e, em particular, como resultado da apropriação de objetos e do extenso estudo científico dos vestígios e da cultura egípcios, que resultaram desta campanha.
(https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Egitomania)
A fascinante história e cultura dos egípcios chamam a atenção de milhares de pessoas ao redor do mundo há séculos. Tanto que, durante o século 19, a elite da Era Vitoriana tinha o costume de organizar festas para tirar a paz eterna das múmias. O que era, no mínimo, bizarro.
Nessa época, os europeus demonstravam um grande interesse pelo Egito Antigo. A tradição de comprar múmias – que já existia desde a época de William Shakespeare devido à percepção do valor medicinal que elas tinham – reascendeu após a entrada de Napoleão no Egito e na Síria. O fascínio pela cultura egípcia era tão grande que até recebeu um nome: egiptomania.
(https://aventurasnahistoria.uol.com.br/amp/noticias/reportagem/egiptomania-a-pratica-macabra-de-desenterrar-mumias-na-era-vitoriana.phtml)
No entanto, esta origem egípcia anterior da deusa é posteriormente ladeada por um multiculturalismo cada vez maior de sua figura que é difundido nas costas do Mediterrâneo. Isso se deve ao advento do Ptolomeus, que durante o período do helenismo tentará reunir a alma grega e egípcia na figura de Ísis. Assim aparece a Ísis ptolomaica, que é dada em casamento a Serápis, outra divindade fundamental do Egito ptolomaico. Esta nova Ísis aparece com mais personagens gregos, o aspecto de mãe e noiva é acentuado enquanto o aspecto de feiticeira e curandeira desaparece em segundo plano. Ísis e Serápis são duas divindades que encarnam a vontade real e, portanto, são impostas de cima.
(https://axismundi.blog/pt/2022/05/26/o-culto-de-isis-durante-o-per%C3%ADodo-helen%C3%ADstico/amp/)
Por preguiça, ignorância ou motivos torpes, não faltam pessoas, celebridades do Paganismo Moderno, que (talvez seguindo a tendência de transformar tudo em produto de consumo) espalha o "culto da Deusa Mãe", repetindo a frase (da Teosofia) "todas as Deusas são a Deusa ". Juntamente com essa fake news, endossam o culto a Ísis (ou Diana) completamente esquartejado de seu contexto cultural e ritualístico.
A Deusa Ísis é eminentemente étnica, vinculada ao faraó, ao trono e à monarquia (hereditária e divina). A Deusa Ísis não é um ícone pop.
Nenhum comentário:
Postar um comentário