A data de fundação real do tengrismo não foi confirmada, mas acredita-se que tenha começado em algum momento por volta da Idade do Bronze, dentre 3300 AC até 1200 AC. É considerada uma das religiões mais antigas e incorpora características de xamanismo, animismo, totemismo, politeísmo, monoteísmo e adoração aos ancestrais. Aqueles que praticam o tengrismo mantêm a crença de que sua própria existência é sustentada pelo eterno céu azul (Tengri), pela fértil Mãe Terra (Eje) e pelo espírito do céu.
No Tengrismo as origens do universo começaram com Tengri e Kishi. Os dois caminhavam juntos acima da vastidão primordial até que um dia, Kishi decide querer voar mais alto que Tengri. Devido à sua arrogância, Kishi perde a capacidade de voar e cai no mar. Ele chama Tengri para salvá-lo. Tengri traz rochas e terra do mar, criando um monte primitivo para se apoiar. Desse monte cresce a Árvore Cósmica – a árvore da vida, e de seus galhos emergiam pessoas e deuses menores.
Tengri viveu em harmonia com Yer – o espírito da terra. Alguns dizem que eles eram casados, e foi isso que levou à criação do homem. Yer deu ao homem seu corpo físico. Tengri deu ao homem sua alma ao nascer e a devolve na morte.
Existem algumas variações no tengrismo entre os muitos que praticaram ao longo do tempo. Por exemplo, os mongóis tengriístas acreditam em 99 divindades, e os tengriistas turcos acreditam apenas em 17.
De maneira mais comum, acredita-se que as divindades do Tengriismo sejam Tengri e subdeidades:
Yer: Descrita como uma bela mulher que habita o “mundo do meio”, ou, mundo visível, e residia na montanha Lanshan (China), todas as coisas vivas eram subordinadas à ela, e ela encarregava os seus destinos. Representando a Terra, os Tengristas dizem que nós vivemos e morremos na Terra, e mesmo após a morte, a Terra nos engole. Era altamente reverenciada por fornecer abundância e sobrevivência.
Umai: Figura feminina associada aos espíritos e deidades benevolentes, habita a “área celestial”, encarregada de fornecer o poder divino e espiritual aos humanos, conectando o homem ao cosmos.
Erlik: Senhor do submundo, é descrito como um homem velho, de barbas longas e olhos pretos, era associado a desastres e epidemias entre humanos e gados, e a espíritos malignos. Porém, é dito que raramente causa dor as pessoas.
E as deidades associadas a:
Água: Nascida antes da Terra, sua irmã, no Tengrismo o Planeta se forma a partir da água. A água também era associada com o caos primordial e um portal para o “outro mundo”. No Tengrismo “lavar o rosto com água” era uma metáfora para a morte. Porém também era associada à vida e fertilidade, já que os Trengistas observavam sua importância na vida humana e na Terra.
Fogo: O fogo (Ut-Ana) era considerado uma deidade omnipotente associada com o nascimento e desenvolvimento da vida. Era representado por imagens de touros ou galos vermelhos e se acredita ser uma extensão do Sol (fogo divino).
Sol: Filho de Tengri, era considerado a força vital, diversos rituais eram feitos em homenagem ao seu nascer em equinócios e solstícios. Os seus raios eram considerados meios de transmitir vida de Tengri aos humanos.
Lua: (Ai) Filha de Tengri, representada como uma mulher, e associada a noite, magia, e seus ciclos associados a fertilidade e nascimento. Aqueles nascidos durante noite de lua cheia eram dados nomes com o prefixo (Ai) em sua homenagem, como: Aituly, Ainir, Aizirek, Aisylu, etc.
Entre outros como Estrela, Ar, Nuvens, Vento, Tempestade, Trovões e Raios, Chuva e Arco-Íris. Acredita-se que o respeito pelas divindades leve à prosperidade e ao bem-estar.
Os principais princípios do tengrismo são:
• Tengri é o único deus supremo. Ele é o onisciente e o juiz das ações das pessoas, boas e más. Ele é imprevisível.
• Tengri é o poder por trás de toda a natureza, e toda a natureza é controlada por ele.
• Existem muitos espíritos diversos em Tengri, bons e maus. Eles podem residir nos céus, no submundo ou como espíritos da terra. Eles podem prejudicar as pessoas.
• Não existe uma religião verdadeira do mundo. Um homem pode ter qualquer religião, e Tengri ainda pode julgar quem é justo.
• Todos os seres humanos são fracos, e deve haver tolerância a falhas pois ninguém é perfeito.
O tengrismo desempenhou um grande papel no Império Goturco e no Grande Império Mongol. Ghengis-Khan e muitos de seus seguidores acreditavam no tengrismo.
Também era conhecido por promover a tolerância a outras religiões e, ao contrário de muitas religiões, nunca houve um esforço para o Tengriismo dominar a paisagem religiosa. Möngke Khan, do Grande Império Mongol, disse:
“Acreditamos que existe apenas um Deus, por quem vivemos e por quem morremos, e por quem temos um coração justo. Mas, como Deus nos dá os diferentes dedos da mão, ele também dá aos homens diversas maneiras de se aproximar dele.”
Hoje, o tengrismo é praticado no Quirguistão, Cazaquistão, Lacútia, Buriácia, Tuva, Mongólia e Turquia, paralelamente ao budismo e ao Burkhanismo tibetanos. Um movimento tengrista começou na Ásia Central nos anos 90 e continua a se espalhar nos dias de hoje. Isso ilustra a durabilidade dessa religião antiga e como ela resistiu ao teste do tempo para permanecer algo em que as pessoas de hoje podem acreditar, assim como seus ancestrais antigos fizeram milhares de anos atrás.
Fonte: https://medium.com/@gabrielmendes_39119/a-religi%C3%A3o-do-tengrismo-cfc7c146039
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