Quem realmente foi este misterioso homem que vivia entre as cortes europeias do século XVIII? Que trazia riquezas de lugares distantes do mundo? Que conhecia vários países, seus costumes e suas línguas? Que sabia contar boas histórias e com grandeza de detalhes, como se ele tivesse vivido naquele tempo? Realmente o Conde de Saint Germain foi tudo isso que muitas pessoas diziam? Ou foi um charlatão? Um homem santo? Ou um homem que se tornou uma lenda?
Pouco se sabe da vida deste homem, e o muito que se sabe é questionável de veracidade e credibilidade. Comumente alguns relatos apontam que o conde teria nascido em 1696 na Transilvânia, região hoje pertencente a Romênia, mas na época fazia parte da Hungria. Seu pai teria sido o príncipe Francis II Rákóczi, o qual havia sido exilado e afastado do trono. O conde teria sido o terceiro filho de Rákóczi, logo, herdeiro do trono húngaro.
No entanto, outros relatos apontam diversas hipóteses para a paternidade do conde, uns diziam que ele era filho bastardo da rainha Maria-Ann, viúva do rei de Espanha, Carlos II; outros diziam que ele era um filho bastardo de um rei de Portugal; outras versões apontam que seus pais eram da corte austríaca, francesa, alemã ou italiana. De qualquer forma, nenhum dos relatos consegue garantir a certeza da origem do conde, mas todos apontam que ele provinha de linhagem nobre.
Se por um lado sua origem ainda é um mistério, a própria identidade do conde perfazia outro mistério. Comumente ele se apresentava como Conde de Saint Germain, embora que relatos ingleses, alemãs e austríacos dissessem que o conde se apresentava sob outros nomes, fato este que talvez sugira que pudessem haver charlatões se tentado passar pelo conde, aproveitando a fama do mesmo, ou de fato o próprio conde realmente adotava distintas identidades.
A única imagem conhecida dele é uma gravura feita em 1783, hoje a mesma se encontra no acervo do Museu do Louvre. Mas por muito tempo passou de mãos em mãos. Não obstante, não se tem garantias que o homem retratado na imagem de fato seja o próprio Conde de Saint Germain. Versões dizem que ele teria morrido em 1784, aos 88 anos, no entanto o homem na gravura não apresenta ter a aparência de um velho de 88 anos, daí a dúvida se realmente este era o conde em si, modificado pelos traços do artista, ou teria sido outro homem? Ou de fato, era um um indicativo de que ele não envelhecia?
Independente de onde o conde tenha nascido, quem foram os seus pais e sua idade, ele era uma pessoa bem presente entre a alta sociedade europeia, de onde se encontram os melhores e mais detalhados relatos de sua pessoa e seus feitos. Nobres, burgueses, filósofos, políticos, aventureiros, estudiosos, falaram acerca da pessoa do conde, Voltaire e Rousseau elogiaram o conde por sua sabedoria e seu conhecimento.
No entanto, os melhores relatos sobre o Conde de Saint Germain advém dos nobres, onde comumente ele costumava estar em presença, já que era um nobre em si. O conde visitou a França, Prússia, Bélgica, Holanda, Áustria e Inglaterra, pelo menos possui-se certeza que esteve nestes locais, no entanto, se desconhece se teria viajado por outros países da Europa, ou teria realizado as viagens que ele diz ter feito pelos quatro cantos do mundo. Todavia, na corte francesa e prussiana, abundam relatos sobre suas visitas aos monarcas destes países.
Se por um lado, Saint Germain realmente parecia poder transformar metais vis em ouro assim como diziam os alquimistas, outro relatos dizem que este era um "homem do mundo", um aventureiro. Madame d' Adhemar, cortesã e dama de companhia da rainha Maria Antonieta (1755-1793), diz que em algumas de suas conversas com o conde, este lhe relatou suas viagens pela Ásia, e ela diz em seus relatos que o conde teria entre 1737 e 1742 frequentado a corte do Xá da Pérsia, e no ano de 1755, teria passado algum tempo em companhia do general Clive na Índia, onde teria ido estudar lapidação, metalurgia e outros saberes. Não obstante, o próprio rei Luís XV relata que o conde sabia falar e conhecia muito bem as estranhas línguas do Oriente, e já tinha viajado pela África e pelas Américas.
Além de seus conhecimentos sobre alquimia, lapidação, metalurgia, farmacêutica, história, geografia, política, etc., o conde era descrito como um artista nato. Era músico, compositor, poeta, escritor e pintor. De fato existem partituras assinadas pelo conde datadas do século XVIII, partituras para piano, violino, sonatas, cantatas, e outras obras em francês, inglês, italiano, alemão, etc. Embora não haja total credibilidade de que todos essas obras foram feitas por ele de fato. Além disso, o conde dizia que era colecionador de quadros, principalmente de Murillo e Velasquez, mas não há documentos que atestem a compra ou venda de tais quadros.
O livro mais conhecido de sua autoria chama-se The Most Holy Trisonofia, onde o mesmo falava sobre alquimia, ocultismo, filosofia, espiritualidade, cabala, maçonaria, etc. Relatos apontam que o conde teria sido maçom e um rosa-cruz. Além deste livro, existem os livros: Estudos sobre a Alquimia e A alquimia de Saint Germain, supostamente atribuídos a ele.
Não se tem precisão de até onde os relatos sobre a vida e os feitos do conde sejam verídicos. Fontes apontam que ele morreu em 1784, no entanto há relatos que dizem que ele estava vivo após esta época.
Pelo fato dele ser descrito e mencionado por várias pessoas nas cortes europeias, por reis, nobres, burgueses, estudiosos e jornais, é inegável que um homem chamado Conde de Saint Germain realmente existiu. No entanto, a hipótese de que pudessem ter havido impostores se passando pela figura do conde não é descartada; segundo, como não se sabe ao certo a data em que ele viveu e morreu, isso gera uma confusão nos relatos e nas épocas em que as pessoas conheceram o conde, daí dizer-se que ele tinha a mesma aparência.
No que diz respeito aos seus talentos, muitos desconfiavam que ele fosse um tremendo charlatão. Os supostos quadros que ele disse ter pintado, não se conhece nenhum deles. As óperas e canções que disse ter escrito, não são atestadas com total credibilidade. A coleção de obras de arte que ele possuía, não se sabe que fim levou. Seu suposto talento poliglota, era questionável, pois normalmente o conde, segundo atestam os relatos oficiais, pois ele foi diplomata a serviço de Luís XV e Frederico, o Grande, falava francês com sotaque carregado, e falava um pouco de inglês e alemão, onde estavam as dez línguas que diziam que ele sabia falar e escrever?
Seu talento como alquimista e lapidador também é questionável. Alquimia hoje pode parecer crendice e charlatanice, mas ainda no século XVIII, havia quem a levasse bastante a sério, e um exemplo disso foi o matemático e físico Issac Newton, o qual era estudioso de alquimia. No entanto, não se tem como precisar se realmente o Conde de Saint Germain estudou alquimia, ou apenas leu a respeito para poder conversar sobre o assunto. No que se refere a ter descoberto a "pedra filosofal", ele não foi nem o primeiro e nem o último a dizer isso. Desde o final da Idade Média, houve magos que disseram ter fabricado tal pedra mágica.
Se por um lado Saint Germain está morto para este mundo, na teosofia e em outras correntes espirituais, seu espírito está atuante. De acordo com algumas versões, Saint Germain teria deixado a Europa em fins do século XIX e se mudado para o Himalaia, vivendo entre os monges até o ano de 1981, onde finalmente teria morrido e deixado este mundo.
Não obstante, outros autores apontam que Saint Germain morreu no final do século XIX, mas continuou a se comunicar do Plano Astral com algumas pessoas, daí alguns relatos onde se diz que pessoas ao longo do século XIX e XX teriam conversado com o conde.
O Conde de Saint Germain ainda hoje consiste numa figura curiosa e misteriosa, homem de origens desconhecidas, de intenções duvidosas, de talentos questionáveis, ainda assim, foi uma figura real que acabou levando a origem de lendas. De sua vida apenas sabe-se com razoável certeza de que entre as décadas de 1750 e 1760 atuou como diplomata francês, mas antes e depois destas datas pouco se sabe.
Se ele seria um nobre de nascença, não há confirmações, além do fato de não se saber de onde vinha o dinheiro dele. O embaixador Choiseul tentou investigar de onde vinha a renda do conde, o qual dizia ser bastante rico, no entanto, Choiseul não conseguiu confirmar a origem do dinheiro, mas alegou em cartas que o dinheiro parecia vir de fontes francesas e não do exterior, como o conde alegava.
Acerca de sua tarefa em corrigir as falhas de um diamante do rei Luís XV, Kurt Seligmann apontou o fato de que o conde possuía contato com joalheiros na Bélgica e na Holanda, e durante o prazo de um mês, período que ele solicitou ao rei, poderia muito bem ter enviado a joia para um desses joalheiros.
A amizade que o conde possuía com algumas damas da corte francesa, assim como, com o próprio rei Luís XV e depois com o rei Frederico, o Grande, talvez possa ter sido exagerada por relatos de segundos, mas de fato se sabe que ele atuou com embaixador para estes homens, e pelo que parece, o conde fosse um homem bastante astucioso e tivesse um talento nato para conseguir convencer as pessoas a se encantarem por ele, daí alguns dizerem que ele fosse um mago.
Se o conde foi alquimista, artista, erudito ou mago, isso não sabemos, pois há dúvidas se realmente ele foi tudo o que disse, assim como, há possibilidade de realmente ele ter estudado alquimia e magia, por não ser algo incomum naquele tempo, e se valido disso para construir seu personagem, encenando toda uma grande farsa? São apenas conjecturas.
Fonte: https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2012/02/saint-germain-o-imortal.html
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