domingo, 7 de agosto de 2022

Muito além do jardim

Esse texto foi feito e inspirado pelo filme de título homônimo.
Segundo o Adoro Cinema:
Chance (Peter Sellers), um homem ingênuo, passa toda a sua vida cuidando de um jardim e vendo televisão, seu único contato com o mundo. Ele nunca entrou em um carro, não sabe ler ou escrever, não tem carteira de identidade, resumindo: não existe oficialmente. Quando seu patrão morre, é obrigado a deixar a casa em que sempre viveu e, acidentalmente, é atropelado pelo automóvel de Benjamin Rand (Melvyn Douglas), um grande magnata que se torna seu amigo e chega a apresentá-lo ao Presidente (Jack Warden). Curiosamente, tudo dito por Chance ou até mesmo o seu silêncio é considerado genial.
(https://www.adorocinema.com/filmes/filme-2818/)

Com isto em mente, usando meus vastos conhecimentos e habilidade de escrever, eu vou analisar o texto escrito por Ashley, publicada na seção Pagan, na coluna "The Gardnerian Librarian".
Link da postagem: https://www.patheos.com/blogs/thegardnerianlibrarian/2022/07/tending-to-tradition-part-1/

Ash escreve (traduzido com Google Tradutor):
Vamos fingir que cada pessoa envolvida em uma tradição religiosa ou espiritual é um jardineiro. Alguns de nós cultivam vegetais, ervas ou flores exóticas, e outros cultivam árvores frutíferas. Alguns de nós preferem a agricultura orgânica e outros usam pesticidas. Alguns de nós podem dizer “Meh” para jardinagem e seguir para a agricultura animal. Não importa o tipo de jardinagem que preferimos, todos devemos cultivar o solo em que nossas preciosas plantas crescerão.
Segure um pouco seu espanto. Sim, Ash escreveu "agricultura animal". Você planta uma galinha, um porco ou uma vaca e colhe uma coxinha, um pernil ou um bife.
Ash parece não entender muito sobre agricultura ou pecuária. Inevitavelmente você ainda irá precisar de solo, sementes e água. Algum delirante pode vir com a contestação - ah, isso é tradicional demais, antiquado, obsoleto, vamos mudar isso. Resultado: fracasso.
Ash parece esperar colher laranjas quando plantou maçãs.
Entes as plantas, além dos vegetais e verduras, nós temos as árvores frutíferas de onde, geralmente, se obtém sementes dos frutos, que são, majoritariamente, produzidos pelo cruzamento entre gametas masculinos e femininos.
Tem também a parte que se deve lavrar o solo. Você tem que enfiar a enxada no solo e isso tem uma enorme conotação sexual. Eu recomendo ao eventual e dileto leitor para que pesquise e leia os poemas de Inanna e Dumuzi. O solo somente irá produzir se tiver nutrientes o que, no caso da tradição, são os mitos e mistérios. Mas é bem possível que delirantes queiram abolir, mudar ou substituir os mitos e mistérios, anulando o que quer que queiram reencenar/celebrar.
Falando em cultivo, quem tem uma pecuária, certamente vai querer ganhar dinheiro fazendo filhotes de suas criações e - adivinha - isso é conseguido pela reprodução sexuada entre macho e fêmea. Na natureza, mesma entre as espécies que mantém alguma forma de união homossexual, a reprodução é heterossexual.
Quando Ash diz ser necessário estar aberto para novas ideias, fazendo referência à jardinagem e à tradição, usando da mesma analogia, novas ideias podem ser agrotóxicos, ou outra operação que é daninha ao ambiente e a nós.
Quem fala que a tradição tem que evoluir, não entende o que significa tradição e evoluir não significa o que acha que significa.
Certamente cada jardim requer diferentes formas de cultivo, conforme o solo e o que se quer plantar, mas absolutamente todas as técnicas possíveis foram devidamente mapeadas e descritas por pessoas experientes e sábias o que, na tradição, são nossos ancestrais. Mas é bem possível que delirantes queiram mudar isso, ousam dizer que nossos antepassados estão fazendo tudo isso errado. O resultado mais provável é fracasso.
Certamente a forma como Ash idealiza como se deve cultivar o jardim pode até funcionar para ela, mas o jardim dela (o mundo dela) é bem limitado, torna-se completamente irrelevante e inócuo como referência.
Então é esquisito e intrigante quando ela diz:
Imagine alguém se autodenominando jardineiro, mas que nunca criou ou cuidou de um jardim. Imagine outra pessoa se autodenominando jardineira, mas o máximo que ela já fez foi se beneficiar do jardim de outra pessoa. Agora imagine essas mesmas pessoas dizendo a jardineiros reais como jardinar “da maneira tradicional”.
Acontece que as pessoas que publicaram a "Declaração" são gardnerianos, não são autodenominados (algo que, infelizmente, tronou-se comum em nosso meio). Ao meu ver, Ash é uma dessas gardnerianas reformistas que, apesar de ter se beneficiado do jardim plantado por Gardner, quer ditar para os demais a visão dela.
Como eu disse anteriormente:
Quem critica esses gardnerianos tradicionais alegam que a Wica não tem uma autoridade central, mas se colocam na posição de autoridade. Faz todo sentido. Sim, isso é ironia e sarcasmo.
Eu acrescento:
Quem critica esses gardnerianos tradicionais alegam que os covens são autônomos. Então porque ficaram incomodados com a declaração?
Quando eu estudei a Wica Tradicional no Amber and Jet, tem um princípio interessante: adicione, mas não subtraia. A tradição e a ortopraxia continuam as mesmas, então essa gritaria não tem razão.
Eu recomendo ao eventual e dileto leitor que leia meu texto "Quando defender a tradição incomoda".
Ash, pelo texto que escreveu, parece muito com Chance. Eu cogito, inclusive, que além da idade mínima de 21 anos, que os pretendentes devam, no mínimo, comprovar que terminaram o Segundo Grau.
Esse desleixo com a redação, argumento e lógica é inaceitável.

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