segunda-feira, 8 de agosto de 2022

A mudança de pele

O mito da Medusa é traumatizante. Medusa é castigada por Atena depois que ela é estuprada por Poseidon. Não satisfeito, Hesíodo nos conta como Perseu cortou a cabeça dela. O que os mitos não explicam é porque Medusa era a única das irmãs Górgonas que era mortal. 

Talvez a melhor pergunta é porque elas escolheram ser conhecidas como Górgonas. Imediatamente os mitos nos contam de Gorgo, uma titã de aparência caprina. Levante a mão quem vê aqui uma semelhança com o Deus Chifrudo.

Mas Gorgo tem mais conexão com o sol, era considerada filha de Hélio. Talvez Amalteia, a cabra que foi babá de Zeus, seja irmã dela. E as Górgonas são descritas como filhas de Fórcis e Ceto, divindades descendentes de Oceano. Em outra narrativa, elas são descendentes de Tifão e Equidna. Sim, é confuso, mas Hesíodo deve ter compilado diversas tradições orais para escrever Teogonia.

Voltando para as Górgonas. Elas são descritas como seres ofídicos. A representação de seus rostos podem ser de guerreiras com máscaras de guerra. Talvez algum tipo de amazona. O interessante é que alguns mitos mostram que a humanidade pode ter descendência com uma entidade ofídica. Talvez sejamos, afinal, nossa pele descasca depois do bronzeado.

A serpente simboliza a mudança necessária e cíclica, assim, as Górgonas podem ser uma forma de curar feridas causadas pela violência física e sexual. Nós conhecemos as lendas dos shapeshifters e skinwalkers. Trocar de pele ou de forma é, então, um ato sagrado.

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