"Muita saúva e pouca saúde, os males do Brasil são" (Macunaíma - Mário de Andrade)
Parafraseando, os males do Brasil são muita saúva e pouca educação. O ensino púbico sofre e nunca foi prioridade na Terra de Vera Cruz, desde que os portugueses começaram a colonização.
Aqui cabe uma crítica, pois apesar dos dois anos e meio de governo do PT na esfera federal, pouco foi feito para melhorar o acesso público ao ensino básico e fundamental.
Eu sofro calado enquanto eu ouço meus colegas de trabalho explanando sobre ser mentira que o homem foi à lua e sobre a existência de reptilianos entre nós.
Eu chego a dar razão aos ateus e descrentes, afinal, é incongruente: por que é mais fácil acreditar que Cristo morreu e ressuscitou do que acreditar que o homem foi à lua?
O ateu e o descrente vão ficar chateados comigo, afinal, existem mais provas de que o homem foi à lua do que provas que Cristo sequer existiu.
A questão é que o ensino no Brasil está em estado de calamidade e vai piorar se adotarmos o chamado "home schooling", uma tendência que é adotada nos EUA.
O eventual e dileto leitor vai perguntar por que isso está sendo cogitado no Brasil.
Essa é a pauta proposta por conservadores e direitistas. Os mesmos que apresentaram o projeto "Escola Sem Partido", que causou sério dano ao mundo acadêmico e escolar.
Os mesmos que também querem adotar aqui no Brasil o modelo americano de posse e porte de arma. Se até Biden está falando em enfrentar o lobby das armas, eu devo ter deixado registrado em algum lugar aqui o que aconteceria no Brasil se adotássemos o modelo americano.
Não é mera coincidência que essa gente tem vínculos com o fundamentalismo cristão, supremacia branca, racismo, xenofobia e lgbtfobia.
Eles disseminam discursos absurdos sobre os perigos da "Ideologia de Gênero" e a "Agenda Gay". Sua posição contra o aborto é mais doutrinária do que científica, mas curiosamente defendem pena de morte.
Suas características paramilitares são bem visíveis, especialmente quando reiteram sua associação com o fundamentalismo cristão, ao veicularem discursos de ódio contra a comunidade LGBT e as religiões não-cristãs.
Eu devo ter comentado brevemente de uma notícia de 2015 sobre uma igreja neopentecostal ter veiculado um vídeo de pessoas nitidamente se organizando nos mesmos moldes das milícias fascistas.
Paradoxalmente neoliberais também adotam pautas e agendas similares aos dos conservadores e direitistas. Eu não lembro se eu escrevi sobre o MBL ter se tornado um novo tipo de Senhoras de Santana por causa do protesto que lideraram contra o Queer Museu.
Não é difícil encontrar textos de conservadores e direitistas negarem o conhecimento médico e científico da existência de pessoas intersexuais a quem é necessário a cirurgia de redesignação sexual, que são as pessoas transgênero.
Eu fiquei com coceira no dedo quando a Mattel lançou a Barbie Transgênero, eu não divulguei a notícia e pouco tempo depois apareceram políticos querendo discutir esse "problema". Esses políticos são chamados de bolsonaristas por uma simples evidência: apoiam, endossam e defendem as mesmas ideias do atual presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro.
Lá em 2018, na época da eleição, eu e muitos tentamos avisar, em vão, que a eleição desse sujeito para o cargo máximo da presidência da república seria desastroso. A despeito dos avisos e das evidências apresentadas, ele foi eleito por vários fatores.
Eu poderia apontar para o caso que ele falou o que a maioria dos brasileiros queriam ouvir e que o brasileiro é conservador. Mas isso não seria exatamente justo, a eleição foi fortemente influenciada pelos meios de comunicação de massa, pelas fake news e pelos grupos de WhatsApp.
Mal começou 2022 e eu sabia que esse ano seria tão polarizado e conturbado como foi 2018. Nós estamos em ano eleitoral e os meios de comunicação tentam encampar algum candidato viável da chamada "terceira via", mas considerando que os candidatos que essas empresas colocaram no poder foram prejudiciais ao brasileiro (Collor e Bolsonaro), não é exagero algum dizer que será igualmente ruim qualquer que seja esse candidato.
O eventual e dileto leitor vai perguntar: que m**** é essa de "terceira via"?
Na mente dos donos dos meios de comunicação (uma oligarquia que faz dos meios de comunicação seu "latifúndio midiático") - que é a mesma mentalidade da elite no poder - a eleição brasileira está dividida entre dois extremos: Bolsonaro e Lula. O que é estranho e paradoxal, afinal, foram eles mesmos que colocaram o atual presidente no poder e em todos os seus dias de mandato ele deu diversas demonstrações, por ações e palavras, que sua ideologia se assemelha ao Fascismo e ao Nazismo, que é a ideologia da extrema direita.
O que fica mais estranho, afinal, a direita "moderada" não tem muitas diferenças com a extrema direita. Está tudo ali: supremacia branca, racismo, xenofobia, lgbtfobia, intolerância religiosa. Não se deixem enganar quando fingem repúdio diante das palavras ou ações de alguma pessoa que apenas manifesta diante do público aquilo que defendem.
Por conclusão óbvia, Lula seria a extrema esquerda, o que demonstra que os meios de comunicação tem um viés classista e elitista. Lula não é extrema esquerda, basta observar suas palavras e ações, basta analisar seus dois mandatos na presidência.
Então o candidato da "terceira via" é, se me permitem usar um jargão pejorativo, é como o "isentão". Não toma partido, fica em cima do muro, mas fica paquerando tanto as causas sociais quanto os interesses empresariais.
O Brasil teve e tem diversos políticos que fazem políticas visando o social que tem mais um efeito estético do que efetivo. O que nossos políticos mais defendem desde a fundação da República são politicas visando favorecer a classe empresarial.
Nós devemos ser o único povo que vota em candidato que representa mais a classe patronal do que a classe trabalhadora.
Isso não vai mudar tão cedo, pois a educação do brasileiro (ou a falta dela) não enseja pela formação da consciência política. O brasileiro pobre inveja a classe média que inveja o rico e todos tentam imitar a cultura americana.
O nosso maior risco, entretanto, não é o candidato da "terceira via", mas os candidatos da "quinta coluna". Candidatos que apresentam plataformas típicas de esquerda, mas que na verdade visam manter os privilégios da elite dominante.
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